P.O.V. Dani

Sempre falei que a Carol era desastrada, mas ela nunca acreditou. Além de desastrada, é sortuda, porque puta que pariu, ela trombou justamente nele.

Tudo bem que ela foi apaixonada - e eu ainda acho que ela é - por ele e tudo mais, mas eu tenho direito de achar ele bonito. Meus deuses, o que é AQUELE braço tatuado.

– Mas pelo visto vocês duas não mudam nunca não é mesmo ? – ele perguntou com um tom divertido.

Nessa hora, Carolzita congelou, e eu discreta como sempre, o cumprimentei e saí da loja - SEM O MEU CD - em direção à praça de alimentação. É, eu tava com fome de novo.

Ah, sou Daniela, mas se quiser meu respeito me chame de Dani. Desde sempre morei em Bradford, só agora que vim pra Londres pra morar com a Carol e cursar a minha tão sonhada faculdade de Medicina.

Deixando de lado as apresentações, cheguei na praça de alimentação, fui direto ao Burger King e fiz meu pedido. Logo depois, me sentei numa mesa não muito longe de onde a Carol estava e fiquei vendo o movimento ao meu redor.

Foi quando vi um garoto loiro e de olhos azuis vindo em minha direção.

– Oi Daaaaaani. Quanto tempo! Não sabia que você estava aqui em Londres.

– Ah, oi Nicolas. Nem eu sabia que você estava aqui.

Porra! Tem tantas pessoas no mundo, e por que eu tinha que encontrar o primeiro menino que beijei? Sacanagem isso.

Nicolas era o bad boy da escola, sabe? E eu era a garota feia e estudiosa. Ele não gostava de mim e eu gostava dele. Aquele velho clichê.

Daí, ele apostou com os amigos dele que ele iria me pegar e tudo mais. Nós ficamos e os amigos começaram zuar, foi ai que fiquei sabendo da aposta. Até pouco tempo atrás, ele nem olhava na minha cara de tanta vergonha, mas foi quando a Carol percebeu que ele tava afim de mim.

Eu tive certeza desse fato quando ele alugou aqueles carros de som e começou a cantar I Wil Always Love You na frente da minha casa de madrugada - e acreditem, a beleza dele não é nada parecida com a voz.

– Mas então, você tá namorando?

– Então Nicolas, pra você eu to. Mas deixa eu ir, que a Carol tá me chamando. Beijos beijos.

E eu quase corri em direção a Carol.

– Então, Carol, vamos que já tá tarde, né? E a gente tem faculdade logo cedo. - Eu disse a puxando pelo braço.

– Tá bom. Tchaaaau.

Fomos pro carro e pela primeira vez a Carol me deixou dirigir o carro dela. Porque ela tinha insistido em deixar meu carro em casa.

Chegando em casa, ouço o telefone tocar e atendo alegremente.

– Alô?

– Oi filha, tudo bom? Então como tá ai? Beijou muito? Usou camisinha? E as notas? Tá gostando da faculdade? Tá arrumando a sua cama todo dia? Tá almoçando direito? Tomou seu remédio? Tá usando touca e luva? Ah, não esquece que seu primo vai pra ai essa semana, tá bom? Deixa a mamãe ir, porque tem gente batendo na porta. Beijo e tchau.

– Ah, tchau pra você também.

Deus, como uma mulher pode falar tanto?

– Dani, acabei de receber um email da faculdade dizendo que as aulas estão canceladas essa semana, olha que maravilha! Festa todo dia.

– Claro, tirando o fato que meu primo tá vindo pra cá.