Fiquei rubra novamente. Esse Creeper me faz sentir algo... estranho.

— I-Issso é para você... por me proteger. Fui pegar quando você foi para a vila, mass acabei me dissstanciando demaiss e, quando eu finalmente tinha te achado, você esstava dormindo e eu não quiss te acordar...

Estava com a metade do rosto para dentro do meu cachecol... Peguei a flor de sua mão e fiquei fintando-a para que eu não precise olhar para aqueles olhos...

— Ender...

Escutei sua voz... e sua mão tirando o meu cachecol do rosto...

— V-Você fica bem mais bonita asssim...

Fiquei mais vermelha ainda... olhei para ele e vi que fez um maior esforço para alcançar meu rosto. E ele estava... sorrindo...

— O-Obri... obrig... — Ele botou seu dedo em minha boca.

— Eu quem devo agradecer...

Dei um abraço nele... Não resisti. Não sei como ele mexia tanto assim comigo. Eu sentia algo estranho quando ele estava comigo...

— Oinc!

— Ah, os porcos...

Dei as cenouras para o Pequeno e me sentei ao lado de Alfred. O vi alimentando os porcos... por que... por que me sinto estranha perto dele? Deve ser, porque eu não me relaciono com alguém já faz muito tempo.

Fiquei fitando a flor por um tempo, então botei ela em cima de Alfred. Estava ficando com fome...

— Hey, Pequen... quer dizer, Creeper, quer comer algo?

Ele se virou. Estava comendo uma cenoura.

— Hum?

— Ah... Já está comendo...

— Sssim, eu fiquei com fome...

— Q-Quer que arranje algo melhor? O quê você gosta? — Eu ainda estou falando estranhamente, mas também, nós nos conhecemos ontem, isso deve ser normal.

— Eu não quero te atrapalhar...

— Isso não atrapalha em nada. Sem problemas. — Sorri e o Creeper sorriu com a cabeça baixa. Me ajoelhei na sua frente.

— O quê você quer?

— H-hum... cookiesss. — Ele levantou a cabeça e eu concordei.

— Então eu vou procurar biscoitos e já volto... — O Pequeno puxou a minha manga e olhou para mim.

— E-Eu possso ir com você? N-Não quero ficar sssozinho.

— Claro. — Sorri e nós fomos andando... Ele segurava a minha mão... O Creeper deve estar se sentindo solitário e ainda com tristeza com o que ocorreu com a família.

Fomos até um jungle bem grande. Queria pegar logo os ingredientes, estava com muita fome.

— Precisamos de trigo e cocoa bean. Aqui tem bastante.

— Você sssabe fazer?

— Sim. — Afirmei, chegando perto de uma árvore e pegando um pouco de ingrediente.

— Como aprendeu? Issso é comida de humano, penssei que você sssó iria roubar de um. — Fiquei desconfortável com a palavra ''roubar''. Por que sempre pensam que Endermans só roubam? É... parece que ele não é tão ''diferente'' assim dos outros.

— B-Bom... — Tentei ignorar o que ele disse e continuei — quando eu era criança... minha mãe gostava tanto dos humanos que sempre ficava os observando, então acabou aprendendo de tanto ver...

Meus olhos estavam quase transbordando, quando sinto o Pequeno me abraçando. Parei de andar e ajoelhei para ver seu rosto, ele também estava com os olhos marejados, então, dei um beijo em sua testa.

— M-Me desculpe, e-eu...

Até que um barulho vindo de trás interrompe. Levantei rapidamente e o Creeper foi para trás de mim.

— Quem está aí? — Perguntei.

Surgiu uma pequena... Creeper.

— Carne nova... he he... — Fiquei parada observando ela.

— Uma Enderman e um Creeper? Interesssante...

— O que quer?

— Calma, não quero atrapalhar nada. — Nesse momento, o Creeper saiu de trás de mim.

Ela foi se aproximando, então me teleportei para a sua frente, bloqueando a passagem. O Creeper a observou.

— Ela me não parece ofensssiva... Podemoss continuar á pegar cocoa bean...

— Hum... que voz bonita... — O Creeper corou um pouco.

Fiquei um pouco brava. Isso não significa ciúmes.

— Mass cocoa bean, para quê?

— Não é da sua con...

— Cookiesss. — Fui interrompida pelo Creeper. Por que ele estava querendo falar com ela?

— Hum... possso experimentar também?

— Claro, mass vai ter que ajudar a pegar...

— Claro que eu ajudo você a pegar. — A Creeper o interrompeu, com um sorriso estampado na cara.

Como assim? Que sorriso foi esse dessa Creeper? Eu não estou gostando do jeito dela...

— Pegar os INGREDIENTES, tá? — Falei irritada, o Pequeno se assustou um pouco, mas não vou deixar ela falar assim... Ela estava sorrindo, um sorriso bem estranho...

— Claro, claro. Foi isso que eu quis dizer. Vamoss logo pegar essses ingredientess, então.

Ela foi andando e quando passou pelo Creeper piscou para ele... FOI ISSO MESMO QUE EU ACABEI DE VER?!

Enfim, acabamos de pegar os cocoa beans e fomos à procura de trigo. Fomos até aquela vila que estava perto dos porcos... Fui pegar os trigos e quando terminei e fui virar, eles estavam lá atrás conversando, rindo... Tive a sensação de flechadas nas minhas costas... Subi meu cachecol. Olhei para trás para ver se não era realmente um humano ou um esqueleto atirando em mim e fui me teletransportando até chegar a caverna que Alfred estava... P-Porque fiz isso? ...

Preparei os cookies, deixei em cima de uma pedra dentro da caverna, peguei 2 e guardei em meus bolsos, mas não estava com fome... Fui descendo na caverna... cada vez mais e mais fundo.

Agora estou eu, aqui em baixo em um lugar cheio de lava, não sei como voltar, mas isso não vem ao caso, estou sem palavras do que aconteceu...

— Aqui está muito chato... — Pensei alto.

Vou continuar andando para ver se acho algo legal.

Vi uma mina abandonada com vários trilhos... isso me faz lembrar o tempo que eu passava com o meu irmão nas cavernas... Ele, ao contrário dos meus pais, pode ainda estar vivo. Ele fugiu a muito tempo e a unica lembrança que eu tenho dele é o Alfred...

Vou procurar um minecart... Avistei um grande baú, me teleportei para ele e fui vasculhar para ver se tinha algo...

— HEY! Quem é você, e por que está mexendo em meu baú?

— M-Me desculpe, e-eu... — Me viro e vejo um Spider...

— Você sabe como é chato ver as pessoas roubando as suas coisas?

Sei... pior que sei... o humano roubando a vida de meus pais... e também o Creeper com a...

— Ei! Está acordada?

— Me desculpe... e-eu só estou procurando um minecart...

— Ah, devia ter falado isso antes. — Ele me entregou um minecart.

— Agora já sabe que essa área é minha, então não abra meus baús!

— Tudo bem... — Fiquei de cabeça baixa.

Botei o minecart nos trilhos e entrei nele. É claro que as minhas pernas ficaram para fora do mesmo, mas não liguei muito... eu estava deslizando naqueles trilhos até que avisto um bloco de pedra com vários... diamantes!

Parei o minecart e peguei aquele bloco. Sentei novamente no carrinho e fiquei fitando aqueles diamantes, até que começa a descer lágrimas de meus olhos...

Flash Back On

— Mãe, mãe! O quê é aquilo?

— São diamantes filha. É muito valioso para os humanos...

— É tão bonito... e parece ser mesmo valioso...

A Mãe bota a mão na cabeça de Ender.

— Um dia você terá a sua... a pedra mais valiosa de sua vida. Para mim, você é a pedra mais brilhante e importante de minha vida, junto com seu pai e seu irmão. Vocês valem mais do que todas as estrelas do céu juntas...

— ... — A pequena monstrinha abraça a sua mãe.

Flash Back Off

A minha pedra preciosa... não vou perdê-la... tenho que voltar para a superfície...