Meu Deus, como era bom estar nos braços daquele garoto novamente. É como se eu estivesse afogando durante todo esse tempo, e agora alguém havia acabado de me puxar para a superfície, onde eu consegui encher os meus pulmões de ar de novo. O abraço de Finn era forte, urgente, e eu correspondia na mesma intensidade. Eu sabia que ele estava prestes a enlouquecer quando o vi. Ele só fica assim quando algo que realmente o deixa nervoso acontece. Como no dia que um olheiro veio ao Mckinley e escolheu outro jogador do time pra patrocinar, e não ele. Senti ele tento pequenos tremores, e não precisava olhar para o seu rosto pra saber que ele estava chorando. Abracei-o com toda a força que consegui reunir em mim, apesar de não ser fácil, porque ele era enorme e estava me esmagando com tanta força que ele punha no abraço. Mas eu não me importava. Muito pelo contrário. Eu preferia mil vezes estar sendo sufocada pelo seu abraço do que pela falta dele.

Passava a mão em seu cabelo e costas, e cochichava em seu ouvido que tudo ia ficar bem. Não sei por quanto tempo ficamos ali, simplesmente abraçados, mas sei que foi por bastante tempo. Mas nenhum de nós dois queríamos nos soltar. No final, Finn foi se soltando calmamente, já limpando o seu rosto das lágrimas que escaparam.

– Hey... – Eu disse, enquanto o ajudava a limpar suas lágrimas. – Eu tô aqui, tá? – Sorri meio torto pra ele. – Eu to aqui e não vou sair enquanto você não me enxotar. – Sorri de novo. Meu coração parou quando percebi que ele também sorriu, e pegou a minha mão que estava acariciando o seu rosto e deu um beijo bem na palma dela, logo depois a colocando de volta em seu rosto, só que dessa vez ele também a segurava. Ela pressionava a minha mão em seu rosto e fechava os olhos, como se estivesse sentindo o meu carinho.

– Não vai não. Por favor. – Ele me olhou, com olhos mais tristes que de um cachorro abandonado. Meu coração se despedaçou em milhões de pedacinhos e o abracei de novo. – Eu vou ficar aqui. Por quanto tempo você precisar. É aqui que eu devo estar. – Sussurrei pra ele, que me abraçou em retorno.

Eu não queria que aquele momento terminasse nunca.

Eu e Santana ficamos ali por mais um tempo. Eu sentada do lado de Finn, e ela consolava Kurt e esse, tentava consolar a madrasta.

– Burt é como o meu pai pra mim. – Ouvi Finn dizer, e olhei pra ele. – Meu pai de verdade era um marginal desgraçado que abandonou minha mãe. Mas Burt não. Burt é o pai que eu nunca tive. É o homem que eu quero ser quando for adulto. Eu não posso perde-lo, Rachel. Não posso. – Suas mãos já estavam ao redor de sua cabeça, voltando pra posição que ele estava quando cheguei aqui.

– Hey... Hey. – Me ajoelhei na sua frente e peguei seu rosto com as minhas mãos. – Olha pra mim. – Ele, com muito custo, fez o que eu pedi. – Não vai acontecer nada ao Burt, você tá me ouvindo. – Ele sinalizou que sim com a cabeça. – Ele é um cara forte e vai sair dessa, eu tenho certeza. Confia em mim, tá? – Ele me encarou por mais um tempo.

– Porque você é assim? – Ele me disse.

– Assim como? – E de repente imaginei do que ele estava falando. “Por que você é doente? Por que não pode ser normal?” Mas pela minha surpresa, não foi isso que saiu de seus lábios.

– Por que você está aqui, me ajudando, quando eu só fiz te abandonar? – Por essa eu não esperava. Ele reconheceu que me abandonou.

– Porque a gente não desiste de quem ama, Finn. Por mais que seja difícil. Eu sei que não é nem um pouco fácil pra você entender a minha situação, por isso não te culpo por fazer o que fez. Mas independente do que aconteça, o que eu sinto não mudou e nem vai mudar. Estou aqui por que é a coisa certa a se fazer. Estou aqui, por que como eu te disse, é onde eu devo estar.

Instalou-se um silêncio torturante entre nós. E pra agravar, nossos rostos estavam perigosamente perto demais. O que eu queria fazer não era novidade nenhuma, mas o medo da rejeição era mais forte.

– Familiares de Burt Hummel? – Um senhor de jaleco branco entra na recepção.

–Sim. – Kurt diz, já se levantando, seguido por todos nós.- Como ele está? Ele esta bem? – Kurt era uma pilha de nervos. E com toda a razão, afinal era a vida de seu pai que estava em jogo.

– Ele está estável. Teve muita sorte de chegar ao hospital a tempo. O seu ataque foi bem forte, mas conseguimos reverter a situação. Ele ainda está dormindo devido aos remédios, mas a família já pode ir vê-lo, se quiser. Quarto 102, 3º andar. – E com isso saiu da sala.

Todos soltaram a respiração que ninguém percebeu que estava presa, aliviados. Kurt abraçava Carole e o meio-irmão, todos sorrindo. Corri para abraçar Kurt e Santana fez o mesmo. Abracei Carole a ela sorriu pra mim. Já sabia o que estava por vir.

Encarei Finn, que estava feliz. Sorri ao vê-lo daquele jeito, bem na hora que ele também me encarou. Vi aquele sorriso torto que eu tanto amo brotar em seu rosto e ele vir em minha direção, novamente me abraçando e me devolvendo o ar.

– Obrigada. Obrigada por ficar aqui, obrigada por me ajudar. E...Eu não sei o que teria acontecido se você não tivesse vindo. Obrigada mesmo. – Ouvir aquelas palavras foi o maior dos presentes pra mim. Valeu muito a pena todas as horas de espera naquela recepção

– Eu estou onde devia estar, esqueceu? Não precisa me agradecer por isso. – Sorri, enquanto nos soltávamos do nosso abraço. – Agora vai lá ver o seu padrasto. Ele está precisando de vocês. – Meio que o empurrei em direção a Kurt e Carole que o chamavam em direção ao elevador.

– Ok. – Mas antes de sair, me plantou um beijo comportado na bochecha.

Agora sei o que Santana sentiu hoje de manhã. Apesar de toda a felicidade em falar com Finn, aquilo nunca era o suficiente. Eu queria mais. Eu sempre ia querer mais.