RACHEL POV

– Tô muito preocupada. – Disse, enquanto comia umas batatas fritas deliciosas.

– Preocupada com o quê, Berry? – Santana se lambusava com o seu cheeseburger.

– A tia Apri mentiu pra mim. Tenho certeza que ela está falando sobre outra coisa com o meu pai.

– Ah Rachel, você tá sendo paranoica. Vai ver ela tá mandando ver com ele lá no consultório uma hora dessas.

– Santana!! Arg que nojo!

– Ah fala serio! Vai dizer que você não percebeu o climão entre eles? Pelo amor de Deus Rachel, você é cega mulher?

– O que? Não! Você acha mesmo? – Essa ideia estava me perturbando mais que eu esperava.

– Eu acho. – Santana disse, dando de ombros.

Será? Será que realmente estava acontecendo algo entre meu pai e a tia April?

HIRAM POV

–Espera um pouco Hiram, eu preciso que você entenda o que isso realmente é.

– Então me diz o que é. Você não pode simplesmente me dizer uma coisa dessas e esperar que eu escute numa boa. – Como assim? – Tem chances da minha filha ser curada?

– Hiram, presta bem atenção, eu tô te dizendo que isso é uma CHANCE pra cura. Mas nada mais que isso. Uma CHANCE. Funcionou com os ratos no laboratório? Sim. Mas é um passo enorme quando se trata de seres humanos, e por enquanto os humanos que testamos ainda não apresentaram resultados. Por isso quis dizer isso longe da Rachel. Não quero que ela fique criando expectativas. Mas você sabe como essa doença é traiçoeira. Um dia ela está bem e no outro ela pode não estar. Nós estamos no período de testes da vacina, e nada ainda foi confirmado. Mas se você tiver algum interesse, eu te aviso assim que tiver novidades.

– Cl- Claro que quero, April. Quero que me atualize com tudo que receber, por favor. – Me levantei, mas ainda estava meio zonzo com a notícia. Apertei a sua mão. – Foi um prazer revê-la, April.

– Foi um prazer te ver novamente também Hiram. E me desculpe se te deixei confuso com a informação, mas é que eu realmente estou esperançosa em relação a isso, e achei que talvez você iria gostar de saber.

– Tudo bem April. Fico grata que você tenha compartilhado isso comigo.

– Mas Hiram, assim como não quis criar expectativas na Rachel, também não quero que isso aconteça com você. Isso é uma chance, é um tiro no escuro, e não tem como saber se vai funcionar ou não.

– Eu entendo April. Não se preocupe. E pode deixar que não vou falar sobre isso com ninguém. Imagino que uma informação como essa seja bastante confidencial.

– Ah, muito obrigada, é sim. – Ela sorriu.

– Então até daqui a 6 meses. - Brinquei.

– Até, Hiram. Faça uma boa viagem. E mande outro abraço à Rachel e à Santana.

– Mandarei.

Saí do consultório e sentei na primeira cadeira que avistei. Preciso pensar no que vou fazer com essa informação.

RACHEL POV

De volta pra casa, Santana e eu nos preparávamos pra mas um dia de escola.

– Berry, até agora não engoli aquela sua história de abraço com o Finn. – Ela disse, enquanto terminava de colocar os livros na mochila.

– Foi só uma coisa de momento, Santie. Tenho certeza. Nenhum de nós dois sabíamos muito bem o que estávamos fazendo. – Comentei, enquanto fazia o mesmo com os meus livros.

– Ah, pra mim isso é besteira. Ele te quer e você quer ele. Só não entendo porque aquele poste não pode largar de ser cabeça dura logo e voltar com você. – Santana dizia, mais pra si mesma do que pra mim.

– Será que a gente podia parar de falar disso? – Disse, quando senti meus olhos queimando. Santana percebeu que o assunto ainda me magoava muito e não esticou o assunto.

Fomos pra escola normalmente, com o mesmo tédio de sempre, só que dessa vez todos nós estávamos dando um duro, pois a semana de provas estava chegando e ninguém queria bronca dos pais quando vissem o boletim.

Estava dando uma revisada na matéria de biologia na biblioteca quando avistei Santana andando pelo corredor, com um sorriso no rosto que era extremamente raro no rosto da latina. Quando ela andou um pouco mais, percebi o motivo de tamanha felicidade. Ela estava conversando com Brittany. As duas pareciam estar bem, já que ambas riam durante toda a conversa. Com o sinal tocando ao fundo, as duas se despediram com beijos na bochecha. Se não conhecesse tão bem Santana, mesmo estando de longe, eu não teria percebido a pontada de decepção e tristeza que passou pelo seu rosto. Mas como era Santana Lopez, ela ergueu a cabeça e não deixou ninguém perceber, enquanto desfilava pelos corredores do McKinley High.

A próxima aula era o glee club. E assim como nas outras matérias, o glee club estava a todo vapor. As preparações para as regionais ocupavam a cabeça de todo o grupo, que fazia aquecimentos vocais e Mr. Shue falava e falava sobre como a competição vai ser mais difícil dessa vez e blá blá blá. Mas a única coisa que eu conseguia fazer era reparar a falta de um certo grandão que tira o meu ar na sala do coral. E estranhamente, a do meu melhor amigo gay também. Será que aconteceu alguma coisa. Perguntei a Marley e à Mercedes, mas elas não sabiam. Já que o único jeito de saber era se eu falasse com um dos dois, e já que Finn nem olhava mais na minha cara, disquei o número de Kurt enquanto Mr. Shue não prestava atenção.

– Alô? – Meu melhor amigo respondeu, com uma voz cansada.

– Kurt? Está tudo bem? Eu não te encontrei aqui no glee club e... sei lá... fiquei preocupada. Aconteceu alguma coisa?

– Aconteceu sim Rachel. – A voz dele realmente parecia muito cansada. Meu coração gelou. O que será que aconteceu?

– O que foi Kurt? – Consegui perguntar.

– Por favor, não faz um alarde aí na sala, de preferência não conta pra ninguém, mas o meu pai sofreu um ataque cardíaco Rachel. Estamos aqui no Lima State Hospital.

– Eu tô indo pra aí.- Foi tudo que eu disse, antes de desligar o celular e sair em disparada da sala, parando apenas pra dar uma desculpa qualquer ao Mr. Shue.

–Berry! Me espera! – Santana vinha atrás de mim. – O que aconteceu? Desembucha. – Como ela sabia que algo tinha acontecido? Santana e seu maldito terceiro olho mexicano. Mas tudo bem, acho que Kurt não ia se importar de Santana ir junto, então contei o que havia acontecido enquanto entrávamos no meu carro e praticamente voávamos até o hospital.

Encontrei Kurt na recepção e já corri para abraçá-lo. Ele parecia estar precisando desse abraço, e fiquei muito grata por poder estar ali para o meu amigo. Senti ele chorando e o abracei mais forte ainda, enquanto afagava suas costas.

– Shhh... vai ficar tudo bem. – Senti Santana atrás de mim e resolvi dar espaço pra ela abraçar Kurt, pois sei que ela também queria muito. Enquanto isso, corri para abraçar Carole, que parecia desolada. Não deu certo com Finn, mas ela sempre gostou muito de mim, e eu sempre gostei muito dela.

– Sinto muito, senhora Hummel. – Disse, enquanto também a abraçava forte.

– Obrigada querida. – Ela disse, enquanto me soltava e tentava controlar suas lágrimas com um lenço. Sorri solidariamente pra ela, e meu coração parou quando me virei.

Finn estava lá, sentado em uma das poltronas, com os braços apoiados no joelho e a cabeça entre as mãos, do jeito que eu sei que ele ficava quando estava extremamente nervoso.

Por um momento, não soube o que fazer. Até que, como se ele sentisse a minha presença, levantou a cabeça lentamente e me encarou.

Ficamos nos encarando por um tempo. Minha vontade era correr para abraça-lo e dizer que tudo ficaria bem, mas ele nem sequer olha mais pra mim. Para a minha surpresa, me peguei andando em sua direção, passo por passo, até parar ao seu lado. Ele ainda me encarava, olhando no fundo dos meus olhos, como não fazia a muito tempo.

Para a surpresa de ambos, ele se levantou e veio em minha direção, me abraçando forte, como se ele precisasse daquilo pra respirar.