Era domingo, e Finn havia acabado de me buscar em casa e estávamos indo pra casa dele. Ia ser oficialmente apresentada aos meus sogros. Não tenho a mínima ideia do que fazer ou dizer, afinal nunca tive que passar por isso antes. Finn é o meu primeiro namorado. Será o que eles iriam pensar se descobrissem que o filho deles namora uma garota que tem AIDS? Eles certamente não iam permitir o nosso namoro... se bem que acho que nem Finn iria querer esse namoro depois que soubesse do meu segredo.

- Por que tá tão calada, pequena? - Finn disse, apertando a minha perna e me dando uma olhada rápida, voltando a sua atenção para a direção. Saí do meu transe de medo e dúvidas e respondi o mais natural possível:

- Desculpa, é que tô meio nervosa... Tenho medo dos seus pais não gostarem de mim. - Admiti.

- Que isso, mon petit, é impossível não gostar de você. - Ele me deu um largo sorriso, me confortando na hora. Ah, como eu adoro quando ele me chama assim. - Meus pais são muito legais, não precisa se preocupar.

Finn estava certo. Não sei porque estava tão receosa. Carole e Burt ficaram felizes com a minha chegada e me tratavam super bem. Carole já me chamava de norinha. O almoço foi servido e todos fomos para a mesa.

- Hmmm Carole, isso está divino! - Tenho que admitir,  mãe de Finn era uma cozinheira de mão cheia.

- Muito obrigada, querida. Fiz com muito amor. - Ela sorriu pra mim.

- Então, conte-nos como vocês dois se conheceram. - Burt puxou conversa e eu percebi ele segurar a mão da esposa. Os dois eram loucos um pelo outro, dava pra perceber. Nessa hora, Finn também pegou a minha mão, e senti meu corpo se arrepiar com o toque dele.

- Marley. Ela me apresentou ao Finn logo no primeiro dia de aula. Eu já senti algo por ele de cara. Aos poucos isso foi crescendo e crescendo... e... vocês sabem.... - Senti o rubor subir no rosto e abaixei a cabeça na hora. Ninguém merece essa coisa de ser tímida. Ouvi Carole dizer um "awwwn" mas nem me virei pra olhar. Devia estar parecendo um tomate. Finn acariciou minha mão.

- Pra mim, teve um momento em especial que me fez abrir os olhos e ver a Rachel em minha vida. - Finn disse e levantei a minha cabeça para encará-lo. Agora fiquei curiosa.

- Foi no momento que você subiu naquele palco do show de talentos e cantou aquela música. Não sei explicar, mas a sua voz tocou o fundo do meu peito de uma maneira que fez o meu coração disparar e minha boca ficar seca. Me lembro de pensar que a sua voz era tão angelical que nem parecia real. Foi desde aquele dia que passei a te olhar de outra forma. - Ele sorriu.

OMFG!!! O que foi isso? Alguém me belisca que eu tô sonhando, tenho certeza. Ele disse essas coisas mesmo? Finn me deu um selinho comportado, afinal estávamos em frente aos pais dele, e acariciou minha mão novamente.

- Então quer dizer que você canta, Rachel? - Carole parecia interessada.

- E muito bem, mamãe. - Finn disse. Sussurrei um "shiiiu" pra ele, e ele riu.

- Ahh, mas agora eu fiquei curiosa, preciso ouvir sua voz. Canta pra gente, Rachel. - Carole sorria, junto a Burt.

- O quê? Não. Não consigo... - Senti o rubor subir novamente. Mas que droga!

- Ahh, por favor Rachel, até eu fiquei curioso agora. - Burt também me encorajava.

Olhei para Finn e ele estava segurando o riso. Maldito! Lhe dei um empurrão, mas como ele é bem maior do que eu, mal consegui fazer ele se mexer.

- Só canto se Finn cantar comigo. - Me fiz de decidida e Finn, que estava tomando o último gole do seu suco, quase botou tudo pra fora de surpresa.

- O quê? Não! Não mesmo! - Finn ria.

- Ahh filho, vai lá, já te ouvi cantando no chuveiro, você manda bem. - Disse Burt.

Olhei pra ele, também segurando o riso. E com a pressão que os pais dele estavam fazendo, não tinha como recusar.

Ficamos de pé e rapidamente decidimos a música. Finn pegou duas escovas de cabelo e me entregou uma, pra servir de microfone,o que fez todo mundo rir. Fizemos a batida da música com as próprias mãos e então ele começou:

Do you hear me, I'm talking to you

Across the water across the deep blue ocean

Under the open sky oh my, baby I'm trying

Tive que me esforçar pra prestar atenção na letra e não em Finn. Comecei:

Boy I hear you in my dreams

I feel you whisper across the sea

I keep you with me in my heart

You make it easier when life gets hard

Então cantamos juntos:

Lucky I'm in love with my best friend

Lucky to have been where I have been

Lucky to be coming home again

uh uh uh uh uh uh uh uh uh uh uh uh uh uh

They don't know how long it takes

Waiting for a love like this

Every time we say goodbye

I wish we had one more kiss

I wait for you I promise you, I will

Lucky I'm in love with my best friend

Lucky to have been where I have been

Lucky to be coming home again

uh uh uh uh uh uh uh uh uh uh uh uh

uh uh uh uh uh uh uh uh uh uh uh uh uh uh uh

Burt e Carole nos aplaudiram de pé. Eu só consegui reparar em Finn a música inteira. O quanto ele é bonito, por dentro e por fora, o quanto ele me faz feliz e o quanto eu não quero perdê-lo.

Depois de algum tempo, me despedi dos meus sogros e Finn se preparava pra me levar pra casa.

- Acho que eles gostaram de mim. - Disse, prendendo o cinto de segurança.

-Eu te disse que iam te adorar. É impossível não te adorar, pequena. - Finn chegou mais perto e me deu um beijo longo, demorado, e logo se afastou. Confesso que fiquei meio desapontada, mas Finn entende que não é muito moral ficar se pegando com o namorado dentro do carro. 

- Finn? - Perguntei, meio receosa.

- Sim, bebe. Ele ligou o carro e olhou pra mim.

-Eu te amo.

Finn ficou paralisado. Deixou o carro morrer, e ainda me encarava, com os olhos arregalados. Merda. Merda! Fiz merda! Falei muito cedo, foi isso. E ele não se sente assim por mim. Meu Deus, eu sou uma completa idiota!

- De... desculpa, eu não devia ter falado nada... Não quero que você pense que estou te pressio... Interrompida.

Os lábios de Finn me impediram de terminar a frase. Eles estavam sedentos, ágeis, entre os meus. Não entendi muito bem, mas correspondi ao beijo. Depois de longos segundos, nos afastamos. 

- Eu também te amo, mon petit. Muito. Muito. Muito. Muito. - Ele sorriu, e pegou meu rosto sorridente em suas mãos e me beijou novamente. 

E não tinha outro lugar no mundo que eu queria estar, que não fosse ali, nos braços de Finn.