–Charlie - Ela estava rindo conversando com Hanna e parou para me olhar.

–Sim?

– Preciso falar com você, é importante. - Ela me olhou curiosa;

–Ai Meu Deus - Hanna falou com espanto.

Charlie se virou para ver onde ela olhava, e eu também. Um garoto estava desembarcando de um táxi.

–Michael? - Charlie falou surpresa.

Espera, esse não era o nome do babaca do ex dela?

(...)

P.O.V Charlie

Era ele mesmo. O mesmo sorriso, o mesmo cabelo, o mesmo jeito. Ele desceu do táxi com a mala na mão. Seus olhos encontraram os meus, e por uma fração de segundo eu me esqueci de tudo que ele fez comigo. Desviei o olhar, e Hanna estava me olhando.

–Chars, fica calma. Respira fundo - Ela se aproximou de mim, tentando me "segurar"? Mas eu não vou fazer nada.

–Charlie - Michael falou chegando perto da escada.

Ah, não. Agora que eu escutei a voz dele, me deu vontade de dar uns bons socos. Hanna me segurou firme.

–O que você está fazendo aqui, Michael? - Perguntei com a voz tremula.

–Você não atende as minhas ligações, não responde mais minhas mensagens, me bloqueou das redes sociais. Eu tive que vir até aqui para ter noticias suas, meu amor. - Ele sorriu.

Meu amor? Agora foi a gota d'água.

–O que você esperava, hein? Seu idiota! Eu não quero te ver, é tão dificil de entender isso? Pelo amor de Deus! Me deixa em paz. - Eu estava gritando, mas foda-se, estou na minha casa.

Me soltei de Hanna, e passei a centímetros de distancia dele, dando um esbarrão.

Saí de lá, eu precisava de um lugar para pensar. Já que na minha própria casa eu só tenho problemas.

O tempo estava fechado, a chuva de antes deixou o clima parecido com o clima Londrino. Acabei deixando tudo em casa, meu celular, guarda chuva, meus fones. Uma tragédia atrás da outra.

Ri sozinha.

Uma musica da Demi Lovato estava buzinando em minha cabeça, na verdade era a trilha sonora perfeita para minha vida nesse momento.

Sorry I'm not sorry for the times

I don't reply, you know the reason why..

É, Michael. Não se faça de sonso. Parece até que esqueceu o pequeno incidente com a loira burra - que de tão burra mostrou não ter nada.

Maybe you shouldn't come back,

Maybe you shouldn't come back to me.

Tired of being so sad, tired of getting so mad, baby

Stop right now, you'll only let me down, oh oh

Maybe you shouldn't come back

Maybe you shouldn't come back to me

Ele não deveria ter voltado. Não devia mesmo. A unica coisa que sua volta me trouxe foram péssimas lembranças.

Quando me dei conta, já estava em meu lugar favorito. A pracinha. Me sentei no banco de sempre, e fiquei olhando a grama molhada. Dessa vez ela estava vazia, sem ninguém.

E era bem assim que eu estava me sentindo agora.

Encarei o nada.

–Você continua a mesma, não? - Me virei, mas já sabia quem era o dono dessa voz.

–Que parte do "eu não quero mais te ver" você não entendeu? - me culpava mentalmente por ser tão previsível.

–Charlie, você nunca me ouviu - Ele sentou ao meu lado.

–E não quero! - gritei.

–Eu não vou desistir - segurou em minhas mãos, e fez aquele olhar.

–Pode parar - Falei me levantando - Eu não caio mais nesse seu olhar aí! - Idiota, idiota, idiota, sussurrava mentalmente.

–Charlie, para com isso. Se desarma um pouquinho - O encarei - Você só pensa em si mesma.

– O que? Como você pode me falar essas coisas? O errado aqui é você! Não fui eu que trai você beijando a pessoa que você mais odeia - Despejei tudo.

–É, mas você pensou em mim em algum momento? Não! Você vivia naquele hospital, não falava comigo direito, estava arredia - Falou gritando.

–Meu irmão estava morrendo! - Falei no mesmo tom de voz.

–Eu também estava! - O encarei - Eu estava perdendo você, Charlie! Você estava morrendo junto com ele! Você era minha vida - Estava sem palavras.

–Então você trai a sua vida? - Ri sarcástica.

–Ela me seduziu! Eu estava fraco, e tinha bebido, não sabia o que estava fazendo.

–Claro, Claro! Sempre essa desculpa! Eu sei muito bem que foi mais de uma vez! A vadiazinha me contou os detalhes sórdidos de vocês dois, seus hipócritas!

–Charlie, me desculpa - Ele se aproximou - Eu nuca quis te magoar.

–Magoar? - Olhei no fundo de seus olhos azuis - Foi muito pior do que isso. Você era a unica pessoa que eu tinha, e me deixou sozinha! Você me abandonou! - Ótimo, eu estava chorando agora.

–Charlie - Ele levantou meu queixo - Eu estou aqui agora, não vou te deixar.

E me beijou. Foi tudo muito rápido. Quando percebi, o empurrei.

–Michael! - Me afastei - O que você está pensando? Não temos mais nada!

– Por enquanto - Ele sorriu e saiu.

Percebi que estava sozinha de novo, e em choque pelos acontecimentos de instantes atrás.

–Eu não esperava isso de você, Charlie - Me virei, e notei que era Dan - Beijando esse cara ai.

–Eu não beijei ele, ele que me beijou - Percebi que estava me explicando para ele, mas porque? Nós não temos nada.

–Não achei que você fosse dessas ingenuas que acreditam em tudo - Ele riu fraco.

–Do que você está falando? É claro que eu não sou! - Aumentei o tom de voz.

–Aposto que ele deve ter feito você se sentir culpada, como se a culpa de tudo isso estar acontecendo fosse sua - seu olhar estava vazio.

–E porque você está me dizendo tudo isso? Como se você se importasse! Eu não sou nada sua, e você não é nada meu. Não te devo explicações do porque estou beijando outras pessoas.

–Charlie eu me importo sim! - Ele foi se aproximando - Além do mais esse cara é um idiota! Olha como ele já te fez sofrer. Como ele te faz mal. Ele não presta. Você não seria tão idiota a ponto de cair na lábia dele. - Ele não pode ter dito isso.

–Ah, é? Pois saiba que tudo que ele já fez, você fez pior também! - Ele me encarou sério. Lagrimas tentava escapar de meus olhos - O problema Dan, é que eu gosto muito mais de você do que eu gostava dele. O que deixou tudo pior, e mais doloroso. Será que você não enxerga como me faz sofrer? Você me engana, diz uma coisa, e faz outra. É legal comigo, e depois é frio. Fala que gosta de mim, e beija outras garotas na minha frente. Acha que eu não tenho sentimentos? Eu nem sei se você fala a verdade quando esta comigo - Eu soluçava e gritava ao mesmo tempo.

–Charlie, eu amo você - Ele foi chegando mais perto - Nunca duvide disso.

– Sabe Dan, eu tenho medo de acreditar em você, de te desejar tanto e acabar descobrindo que eu ainda tenho um coração, e que ele ainda pode amar muito alguém. Não, eu digo a mim mesma, eu não vou me apaixonar e nem desejar saber tudo ao seu respeito, querer conhecer sua mãe e ser apresentada aos seus amigos. Você não sabe, mas quando eu chego em casa eu repasso cada palavra que você disse, cada gesto que você fez, cada beijo seu e me pergunto se vale mesmo a pena… e o pior - Falei soluçando - Eu nem sei mais se vale.

O deixei sozinho lá, e sai correndo.

–Charlie, espera! - gritou, mas eu não queria ouvi-lo.

Eu queria ficar em paz.

Vi uma luz forte vindo em minha direção, e senti um impacto forte. Senti meu peso multiplicado por mil, e fui jogada ao chão.

–Charlie! - Dan gritou, mas já era tarde demais.

Espera, eu não estava falando em morrer.

Cause you are the piece of me

I wish I didn't need

Chasing relentlessly

Still fight and I don't know why

If our love is tragedy why are you my remedy?

If our love's insanity why are you my clarity?