Se eu não tinha certeza de que estava apaixonado por ela, agora já não restam duvidas.

I´m in Love with you,

And all your little things….

(...)

P.O.V Charlie

Eu não sei como tive coragem de subir ao palco. Todo mundo estava lá. Na mesa 2, reconheci uns colegas da escola. Mesa 14, a tia da cantina, e a zeladora. Agora, na mesa 7, todas as pessoas realmente importantes. Hanna não blefou quando disse que tem um vídeo meu beijando um pôster do Sebastian.

Quando tinha 14 anos, eu era enlouquecida por ele, e tinha um pôster enorme – ainda tenho – na parede do meu quarto. Eu nunca tinha sido beijada, e imaginava que meu primeiro beijo seria com ele. Pensava em quão perfeito deve ser o beijo dele. Isso nunca aconteceu, quem sabe um dia.

Pensei em tocar uma musica que expressasse o que estou sentindo agora. “Say it Now” foi a melhor escolha. É uma musica sobre você falar os seus sentimentos. Clichê, eu sei. Não consegui olhar para a mesa 7 durante toda a musica, mas no final eu olhei. Meus olhos encontraram uma imensidão verde e meus pensamentos começaram a fervilhar. Eu não sei o que estou sentindo, Dan realmente mexe comigo. Não sei se isso é bom ou ruim.

Acabou a musica e recebi alguns aplausos e gritinhos –Hanna- do publico. A opinião que eu queria ouvir mesmo, era a dele.

P.O.V Dan

Charlie acabou a musica e eu não conseguia parar de aplaudir. Senti o olhar de Blake sobre mim, e percebi que ele ria sozinho. Ela chegou e todos começaram a falar com ela, o pessoal das outras mesas também vieram. Ela acabou se sentando na outra ponta de mesa e eu não consegui falar com ela.

–Ei – Blake me cutucou – Para de babar. – Eu ri.

– Nada a ver.

–Cala a boca, eu te conheço. – Ele sorriu.

–Eu sei, eu só não sei o que é isso. – Falei sincero.

–Precisamos conversar. – Ele falou sério.

–Pode ser amanhã?

–Pode. Amanhã à tarde. Agora, eu preciso ir embora.

–Onde você esta hospedado?

–No único hotel da cidade – Nós rimos – E não, não usei o nome Blake. – Notei que Charlie tentava prestar atenção na conversa.

–Vamos lá fora?

–Claro. – Nos levantamos e fomos.

Senti o olhar de Charlie me fuzilando.

Chegamos lá fora, e o vento frio do inverno nos deu um choque. Blake esta de costas, provavelmente pensando na coisa certa a se dizer.

–Bem, você me deve explicações. – falou me encarando.

–Antes, eu quero fazer uma coisa. Eu queria te pedir desculpas – Ele me olhou surpreso – É a segunda vez que faço isso hoje. Eu quero te pedir desculpas, Blake. Por tudo.

–Por que isso agora, Sebastian?

–Porque eu percebi como sou um idiota. – Ele riu.

–É, você é um idiota. –Nós rimos – É por causa dela não é? Da Charlie?

Talvez..

–Ela parece ser uma garota legal

–Ela é – Falei sincero.

–Então não a magoe.

–Eu não vou – Falei olhando dentro de seus olhos.

–Fico feliz então, você merece alguém assim. Principalmente depois da Rebecca Stuart.

–Nem me fala – Nós rimos. Rebecca é a namorada falsa que Foster arrumou para mim, ele queria alavancar a carreira dela. Não deu muito certo.

–Atrapalho? – Uma Charlie desconfiada disse.

P.O.V Charlie

Achei estranho quando Dan e Ethan saíram de lá.

–Tá louca pra ouvir a conversa né? – Hanna me cutucou.

–Claro que não, por quê?

–Nada não. – Ela ficou quieta.

–Agora fala, sua mala – Ela riu.

–É só que, eu vejo como ele te olha. Ele não tem nada com aquela Alyssa de uma figa. Guria escrota.

–Ah, não sei.

–Eu tenho certeza. Confia em mim.

–Tá, ta. – Senti meu celular vibrar.

“Charlotte, cadê você? Vem pra casa agora! Se o tio Bob descobrir.... vish

To te esperando, você tem 30 min!

Xoxo

Sua prima linda/diva/maravilhosa”

–Eu vou ter que ir agora. – Falei para Hanna – Vou deixar o Dan falando com o primo dele, e vou ligar para o taxi.

–É, mas a tua vontade era ficar lá com eles.

–Cala a boca! – Ela riu, e eu fui até o banheiro para ligar.

Depois de 10 minutos resolvi ir até lá fora.

–O taxi já deve estar chegando – Falei para Hanna

–Mande beijos para os meninos – Ela riu.

–Engraçadinha. – Sai de lá e ela ficou rindo. Paguei a conta e fui em direção a Dan. O vento frio me fez tremer. Estava só com um cardigã fino. Droga. Eles estavam rindo.

Meu Deus, ambos eram lindos. Que genética.

–Atrapalho? – Perguntei.

P.O.V Dan

–Não, o Dan não parava de olhar para dentro – Blake falou espontâneo. Charlie corou, e tenho certeza de que eu também, porque a temperatura em minha bochecha esquentou.

–Há, há. Esse, Ethan. – Falei fazendo com que os dois rissem.

–Eu liguei para o taxi. Valerie me mandou uma mensagem, ela já esta em casa.

–Então tá, eu vou indo. – Blake falou.

–Como você vai para o hotel? – Charlie perguntou.

–A pé. Não se preocupe, eu gosto de andar. Bem, tchau Charlotte. – Ele a abraçou.

–Pode me chamar de Charlie. – A olhei bravo. Como assim? Só eu que não posso chamá-la assim?

–Tchau, primo – ele riu, e me abraçou.

–Me encontre no café, amanhã às 14 horas. Você vai saber onde é, é o único da cidade. – Sussurrei.

–Ok. Bom, tchau pessoal. – Ele saiu andando pela noite fria.

–O taxi não deve estar demorando – Charlie falou, chegando perto. Sua mão encostou-se à minha. – Nossa, você tá muito gelada. Toma – Falei tirando meu casaco – coloca ele.

–Não vou recusar porque estou com frio, e também porque não estamos em um filme adolescente - se ela soubesse o papel que estou interpretando - Obrigada. – falou corando. Ela nem sabe como fica linda assim. Eu sorri, e nós ficamos em silencio.

–Olha ai, o taxi chegou.

Entramos morrendo nele, ambos cansados. Não falamos nada, apenas escutamos o radio. Musicas dos anos 80 tocando. Minhas preferidas, diga se de passagem. Chegamos em “casa” e eu paguei o taxi, já que Charlie teve que pagar o jantar. Antes de entrarmos em casa, segurei a pelo braço.

–Sabe, eu ainda não sei o porquê de você deixar todo mundo, todo mundo mesmo, te chamar de Charlie menos eu. – Ela somente riu. – Charlie, queria te falar uma coisa.

–Pode falar – Falou olhando em meus olhos.

–Ahn.. – esqueci o que queria falar – Eu queria te pedir desculpas, por tudo. Eu disse coisas que não queria ter dito, e se pudesse voltar atrás mudaria isso.

–Eu não – Falou sincera

–Não? – Fique confuso.

–É, se não fosse por isso, nós nunca iríamos ter tido essas conversas.

–Eu gostei de não brigar com você.

–Eu também – Falou rindo.

–Devemos não brigar mais vezes.

–Concordo.

–Charlie – Segurei em sua mão – A musica que você tocou hoje, tem algo a ver com o que você ta sentindo agora? –Aqueles gigantes olhos azuis me encararam.

–Dan... – Ela olhava freneticamente para minha boca. Me inclinei e deixei as emoções me levarem.

– Eu não faria isso se fosse você. –Valerie abriu a porta da casa atrapalhando nosso quase-beijo. Nos separamos, e ficamos nos olhando constrangidos. – Tio Bob está chegando, melhor vocês entraram.

–Você está certa – Charlie disse. – Boa noite, Dan – E abriu um sorriso. – Valerie.

–Boa noite, meninas. – Falei entrando na casa.

–Ah, essa juventude – Valerie disse.

–Falou a velha – Charlie gritou da escada.

Eu apenas fui dormir, pensando na noite que tivemos. Hoje o dia foi realmente surpreendente.

P.O.V Charlie

Acordei meio mau humorada. Hoje era sábado, e Valerie me acordou para fazer compras. Odeio shopping. Temos que ir para a cidade vizinha para comprar, é uma beleza. Me levantei e fui até a cozinha.

–Não, ele não esta em casa. – Valerie falou, ela estava sentada no sofá.

–Saiu tão cedo assim?

–Cedo? Charlotte é quase uma hora da tarde.

–Nossa, dormi muito então.

–Você acha? – Ela falou sarcástica e eu fiz uma careta – Depois da noite de ontem né, to sabendo.

–Do que você tá falando?

–Aquele mel de vocês, nossa, que coisa mais clichê – Ela ria

–Para com isso, você e a Hanna não sabem falar de outra coisa.

–Hum, então ela também concorda? - Eu assenti - Bom saber. Agora come, porque nós vamos ao shopping.

–Argh – Comi ligeiro. Miojo, claro.

Subi as escadas e entrei em meu quarto. Me arrumei ligeiramente, e coloquei um casaco apressada. O primeiro que vi, na verdade. Desci e então embarcamos no carro da minha prima.

–Casaco legal – Valerie disse.

–Obrigada – Falei sem prestar atenção, procurando uma estação no rádio.

Chegamos ao shopping e passamos uma tarde “divertida” acho que foi isso o que Valerie disse quando chegamos em casa. Ela comprou muitas roupas, e me deu alguns conselhos que pretendo usar.

–Eu to com fome – Falei.

–Você sempre tá, mas vou avisando, estamos sem comida.

–Como assim? Ah, vai ao mercado. Eu vou lá no Café comer alguma coisa.

–Charlie! – Deixei ela falando sozinha e sai de casa. Não demorei muito e cheguei ao café. Estava um pouco cheio, mais que o normal. Vi Dan escorado em um balcão. Ele estava lindo. Casaco de gola rule, e um cachecol branco.

–Para de babar – Reconheci a voz irritante – Ele tá comigo, não percebeu ainda? – Alyssa me encarou.

*Play: With Me – Sum 41

–Ele ta me esperando, se você me dá licença. – Ela foi em direção a ele. O abraçou por trás, e ele se virou rindo de alguma coisa.

Minha cabeça começou a girar, como eu fui tão idiota. Ele brincou comigo, esse tempo inteiro. Seus olhos encontraram os meus. Eu tinha raiva, estava morrendo de ódio. Virei as costas e sai de lá, a passos largos.

–Charlie! – Escutei Dan gritar – Charlie, pela primeira vez para de andar. Me escuta! – Me virei para encará-lo. Os cachos caindo sobre a testa.

–Escutar o que? Suas mentiras? - Como eu fui burra.

–Charlie, eu não tava com ela lá. Ela só fez isso para te provocar, eu não gosto dela.

–“As pessoas são estranhas, um bando de caipiras” “Não, cara, ela não é gata” Eu sabia que isso era verdade. Só não queria acreditar.

–Charlie, - Ele pegou em minha mãos – Eu não gosto dela. Eu gosto de outra pessoa.

–Ah, mais uma que você tá enganando. – Falei rindo sarcástica.

–Meu Deus, Charlie. É você. Eu to gostando de você. – Seus olhos encontraram os meus

–O que? – Falei confusa.

–Eu sei que você também gosta de mim. – Falou sorrindo.

–Gosto nada. – Menti descaradamente. Eu não queria aceitar a verdade, droga. E comecei a andar.

–Tá com o meu casaco porque então? – Dan me puxou, segurando firme meu braço e me olhou sorrindo.

Eu fiquei sem ação, pela primeira vez não sabia o que falar ou o que fazer. Ele então o fez. Me puxou mais para perto, e me segurou firme. Olhou bem em meus olhos, como se enxergasse minha alma, e então foi involuntário. Era o que devia ter acontecido há muito tempo. Deixei que tudo em minha volta desaparecesse, só conseguia pensar nele.

E então, nos beijamos.

These words are my heart and soul

I'll hold on to this moment, you know

'Cause I'd bleed my heart out to show

That I won't let go...