P.O.V Charlie

Sai de lá, e o deixei sozinho. Um sorriso besta não saia do meu rosto. Esse garoto me tira do sério, aqueles olhos. Eca.

–Charlie, vai me deixar aqui sozinho? – Ficou sério – Não tenho como voltar para sua casa. – Ele sorriu meio envergonhado.

–Como você chegou até aqui? Na verdade, como você sabia que eu estava aqui?

–Valerie me contou – obvio – e eu peguei uma carona. – Ele ficou pensativo de repente.

–Bem, eu vim de taxi - dei de ombros - É só ligar pra ele, e pronto - minha barriga deu sinal de vida - Nossa, eu to morrendo de fome.

Me afastei dele ,e liguei para o taxi. Não temos muitos taxistas aqui, dois na verdade. Sr. Marx e seu filho. Não demorou muito, e o taxi chegou. Entramos e ficamos em silencio. Eu. Odeio. Silencio.

–Sr. Marx, você pode ligar o radio? – Ele me olhou com cara feia. Era muito sério. – Por favor? – Pedi com jeito.

Ele bufou, mas ligou. Começou então a tocar uma música do Underground Legends – Baby It´s Time – uma das minhas preferidas. Ah Deus, como eu amo a voz do vocalista. Sebastian Campbell é tudo de bom.

Eu tentei me controlar, juro que tentei. Involuntariamente minha boca começou a cantar baixinho a musica. Fiquei vermelha, e vi Dan rindo baixinho.

Não demorou muito e estávamos em casa. Paguei Sr. Marx e descemos do carro.

–Você está com as suas chaves aí. Não é? – Falei procurando em meus bolsos.

–Não, eu sai correndo quando Valerie me contou que você estava no hospital. – Ele me olhou sem jeito.

–E agora? O que vamos fazer? Meu pai está de plantão, minha mãe esta em um congresso, e Valerie só vai chegar mais tarde. Vamos ter que esperar.

–E você falou que estava com fome.

–Não tem problema, não era tanta fome assim. – Infelizmente minha barriga denunciou minha mentira. Ela fez um barulho gigantesco. – Corei um pouco.

–Aé? – Dan riu.

–Não ri, eu não posso fazer nada. – Falei fazendo bico.

–Pode sim, pode aceitar meu convite para jantar. – Ele sorriu divertido.

P.O.V Dan

–Jantar, com você? – Ela me olhou intrigada.

–É, quer dizer, eu estou com fome. Você também esta com fome. Podemos não passar fome juntos, nada do tipo um encontro. – Sorri ao ver que Charlie adoraria ter um encontro comigo.

–Então tudo bem, vou ligar para o táxi. – Ela se afastou.

Em pouco tempo o taxi estava ali, não tinha ido muito longe. Entramos e Sr. Marx nos olhou com cara feia, de novo.

–Olha só, aqui estamos nós de novo. – Charlie disse. Só nós dois achamos engraçado. – O Senhor pode nos levar até o restaurante? – Ele ficou nos encarando – Por favor? – Ele assentiu e arrancou.

Charlie se encostou-se ao banco.

–Nós só temos três restaurantes aqui. Um fica aberto só para almoço, o outro está em férias coletivas, e então sobrou a pizzaria. Espero que não se incomode. Cidade pequena, sabe como é? – Ela riu nervosa e olhou para frente.

Utilizei desse tempo casa/restaurante para observa-la de novo. Eu podia fazer isso o tempo inteiro, mas sempre descobri algo novo. Charlie tinha os cabelos escuros que contrastavam belamente com sua pele branca. Ela tinha sardas e os olhos azuis mais bonitos que já vi. Também tinha uma pinta, no lado direito da boca. Não havia notado antes, mas era uma graça. Agora ela estava tirando o resto do esmalte preto com os dentes, ri da cena e ela me encarou.

–Pronto – Sr. Marx falou.

–Eu pago – falei.

–Imagina, eu pago – ela me encarou.

–Charlie, o cavalheiro aqui sou eu. –ela me olhou emburrada e saiu do carro. Paguei o ele e sai atrás dela.

–Ei – gritei e ela se virou – vamos ficar de boa, pelo menos essa noite.

–Tudo bem – ela sorriu.

Entramos no local e uma garota – da nossa idade, acho – veio nos atender. Ela me encarava e sorria bastante. Charlie ficou irritada com isso.

Ciumes?

Será?

P.O.V Charlie

Aquela garota só faltava ter sentado no colo dele. Que oferecida, me lembrou muito Alyssa. Que horror. Sentamos na mesa 7. Meu numero preferido, por ser meu numero da sorte. Apesar de que muitas pessoas tem esse número como seu, é quase clichê.

– 7 é meu numero da sorte – Dan falou enquanto se ajeitava na cadeira.

–Eu ia falar isso agora, é o meu também. – Nós rimos.

–Olha só, que coincidência. Parece que nós temos algo em comum. – Eu corei. Pelo menos alguma coisa.

–Eu contei boa parte da minha vida hoje, agora me fala um pouco sobre você.

–Falar o que? Sou só um garoto normal – Ele riu, achando graça na parte do normal.

–Normal você não é.

–Por que diz isso?

– Olhe para os lados – ele olhou – desde que chegamos aqui, as garotas – e mulheres – não tiram os olhos de você. – Eu ri, e ele corou desconcertado. Escondeu o rosto com as mãos, o que deixou ele mais lindo ainda. Parei de encara-lo/babar quando alguém nos interrompeu.

–Com licença?

P.O.V Dan

O garoto usava roupas normais, óculos, e estava usando um boné. Espera eu conheço esse boné, é meu. Blake. Não acredito que esqueci que hoje era o dia de me encontrar com ele. Me levantei, e fui abraça-lo.

–Por favor, não diga nada. Apenas confirme o que eu disser. Não me chame de Sebastian, é Dan. Ninguém pode saber quem nós somos. – Sussurrei enquanto o abraçava. Ele assentiu com a cabeça.

–Não vai me apresentar, Dan? – Charlie falou. Nem me lembrava dela.

–Esse aqui é o...

–Ethan, meu nome é Ethan. – Blake falou me salvando. – Sou primo dele.

–Eu sou Charlie.

–Quer se sentar conosco? – Perguntei. Ele assentiu e se sentou.

–Então Ethan, me responda uma coisa. O Dan sempre foi chato assim, ou está piorando com o tempo? – Ela riu.

– Ele está cada vez pior – Blake respondeu e os dois riram. Como se fossem melhores amigos de infância. Ciúmes, não é uma boa hora para aparecer.

–Há há – disse.

–Você não me disse que seu primo estava vindo.

–Pois é.. – Procurei algo para falar, mas Blake foi rápido.

– Eu falei com meu “tio” – Foster, com certeza- e ele me falou que Dan estava aqui.

– Humm, mas você não falou que estava com problemas em casa Dan? –Charlie perguntou desconfiada.

–Ahn...

–Charlie! – Fui para responder mais fui atrapalhado. Graças a Deus.

P.O.V Charlie

–Hanna! – Ela veio ao meu encontro e me abraçou – Dois gatos, tá bem hein – sussurrou em meu ouvido e eu ri.

–Olá gente, e garoto que eu nunca vi na vida – sincera, como sempre.

–Eu sou Ethan – ele veio cumprimentar – muito prazer.

–Epa, epa. Eu sou Owen, o namorado – Owen apareceu com uma pizza na mão e abraçou Hanna pela cintura. Ethan apenas riu.

–Vocês querem se sentar? – Dan perguntou. Eles então se sentaram com a gente na mesa.

–Graças a Deus um pouco de paz – Owen falou.

–Cala a boca – Hanna riu – Charlie, o Owen veio o caminho inteiro reclamando da Underground Legends. Fala pra ele o que você pensa sobre isso. – Eu ri. Vi que Dan trocou um olhar com Ethan e os dois ficaram esquisitos.

–Vou te falar o que eu acho disso.

P.O.V Dan

Tremi quando Hanna falou sobre a Underground Legends. Olhei para Blake e percebi que ele estava do mesmo jeito que eu.

–Eles não são apenas uma boa banda – soltei o ar que estava em meus pulmões.

–Além de serem lindos – Hanna falou fazendo com que eu e Blake ríssemos, menos Owen que mostrou a língua. – Você é mais meu amor. Apesar de que se eu tivesse uma chance, Blake não me escapava – Dito isso Blake que estava tomando água cuspiu tudo para fora. Eu e Charlie apenas nos divertíamos com a cena.

–Então é assim né? – Owen disse fazendo um bico

–É brincadeira amor, te amo. – Ele logo abriu um sorriso.

–Eles além de cantarem bem, serem bonitos fazem um trabalho incrível com projetos de caridade.

–Ano passado eles levantaram 6 milhões para uma instituição – Blake falou baixo mais todos pararam para ouvir.

– A Kids for the changed – Ele e Charlie falaram juntos.

–É um trabalho realmente incrível, virei mais fã ainda quando descobri isso. Ela abriu um sorriso. Isso me fez sorrir. Virei o rosto e encontrei Blake me encarando. Ele estava me olhando de uma forma diferente.

–Ah, mas você bem que tem uma crush pelo vocalista desde o começo que eu sei – Hanna falou rindo fazendo com que eu e Charlie corássemos.

–Ah, então o vocalista é o seu preferido? – Blake perguntou esperando minha reação.

–Chega disso, as pizzas chegaram. Vamos comer – Charlie desconversou e começou a comer. Então ela gostava de mim como Sebastian? Bom, saber disso.

Comemos tudo, e ouvi Hanna cochichando para Charlie.

–O microfone é aberto hoje, vai lá.

–Sabe que não vou.

–Charlie, você adora musica. Vai lá e canta. Ou se não vou ter que mostrar o vídeo que eu tenho de você beijando o seu pôster do Sebastian.

–Você está blefando – Charlie falou séria.

–Será? – Hanna riu

Charlie olhou em minha direção, e eu olhei para baixo.

–Com licença – Charlie pediu e se levantou da mesa. Ela foi em direção ao palco. Deu o nome para o cara e pegou um violão de outro musico.

–Olá!– falou no microfone – Eu sou Charlotte, e hoje vou cantar uma musica da banda Underground Legends – Meu coração deu um salto – Espero que gostem.

Ao dedilhar no violão, a melodia já não parecia mais a mesma. Era doce e suave. Reconheci logo de cara. “Say it now” minha composição. Olhei para Blake e ele estava maravilhado. Nunca vimos um cover tão bom de uma musica nossa. Charlie cantava muito bem, e deu outro significado a letra.

Se eu não tinha certeza de que estava me apaixonando por ela, agora já não restam duvidas.

I'm in love with you

And all your little things…..