Brave Heart escrita por Gih Hamish Watson


Capítulo 1
Coração de carne (único)


Notas iniciais do capítulo

Minna-san!
Eu resolvi fazer uma shot que mostrasse o período entre o Naruto Clássico e o Shippuuden. Vamos combinar, três anos é um longo tempo e tenho quase certeza que algo aconteceu neste período além de treinamentos com os tios Orochimaru, Tsunade e Jiraya-sama @.@
Lily-sama, espero que você goste T.T ♥
E vocês também leitores queridões! ONEGAAAI, não deixem de comentar T-T Cada review é uma lareira a mais que é construída em meu coração ♥
Espero que esteja satisfatório (=
Boa leitura.



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Há tempos não pisava no solo daquela vila. A nostalgia invadia deliberadamente o seu ser.


Era como se estivesse pisando no chão de sua casa.

Mas sabia que agora não tinha volta. Havia traído seus companheiros e, mais que isso, tentado matá-los.

E estariam mortos, se não fosse por aquelas lembranças guardadas em sua memória pela antiga equipe que um dia lhe trouxera muitos momentos felizes e que um dia mostrou àquele coração gélido o sentido da amizade.


Mas o poder da vingança é devastador. Ela rompe os laços mais fortes e torna as pessoas seres sem sentimento algum.


De fato, Sasuke era um rapaz frio. Mas não sem sentimentos.


Seu coração de carne ainda pulsava dentro de seu peito. E tinha uma pessoa...


Uma pessoa que ele nunca pôde esquecer, mesmo com anos de distância.


Aquela figura com cabelos róseos, orbes esverdeadas da qual ele sentia o enorme prazer em chamá-la de irritante ainda brilhava e aquecia o frígido interior de Sasuke.


Sentiu seu coração bater ligeiro ao lembrar-se do rosto de Sakura quando mais jovem. Será que depois de tantos anos, ela manteve aquele tão grande amor por um ‘traidor’, como era de costume ser chamado?


Era o que ele queria descobrir.


Aproximou-se ainda mais da entrada de Konoha. Estava encapuzado e por isso não fora reconhecido. Sentiu seus passos pesados na terra macia. Suspirou baixo.

Finalmente concluiu sua meta. Olhou aquele prédio de cima para baixo e pensou um pouco se o que estava fazendo não era um tanto... assustador. Afinal de contas, não pertencia a personalidade de Sasuke ser romântico. E, orgulhoso como era, não queria ser visto como um. Apenas... sentiu a necessidade de revê-la e pedir perdão. Uma necessidade que se não fosse suprida ele não descansaria.

Pela primeira vez em anos, viu-se seguindo as palavras de seu coração e não de sua mente.

Sasuke escalou a árvore que se erguia de frente ao dormitório da garota. Chegando ao topo, pensou rapidamente em tudo o que vivenciaram juntos e respirou fundo para bater de leve em sua janela, que, graças ao frio, estava fechada.

Viu ela se mexer um pouco assustada. Também pôde visar o brilho da kunai que fora sacada por Sakura, em caso de aquele barulho significar algo ameaçador.


“Ela tornou-se tão desconfiada...”


Delicadamente, Sasuke postou seus dedos na janela pressionando-os para cima, desejando que ela estivesse destrancada. E estava.


Escutando o barulho do ranger que a janela provocou, Sakura se sobressaltou de sua cama com a kunai apontada para a janela e, um pouco zonza, mal pôde acreditar na imagem que via a sua frente.

– S-sasuke-kun?! – disse ela, suando em pleno frio.

– Ainda me atende pelo ‘kun’, Sakura?

Sakura tentou encontrar equilíbrio. Viu-se diante sua morte. E nada podia fazer. Chorar? Não mais. Cansou de chorar. Se Sasuke a quisesse morta naquele instante, não haveria melhor oportunidade.

Mas seu instinto de sobrevivência acordou involuntariamente, fazendo com que ela arremessasse a kunai que estava em sua mão na direção da face de Sasuke. E ele não esquivou. Apenas deixou aquela lâmina cortar seu rosto sem mudar a expressão que nele havia.

– Previsível como sempre.

– Me mate logo, Sasuke!

Riu debochado.

– Não vim para lutar, quanto menos para matar.

Sakura franziu a testa. Ela não esperava por aquilo. Se não era por isso então...

– Por que está aqui?

Sasuke olhou-a com firmeza nos olhos. Não eram aqueles olhos álgidos de tempos atrás, que ela vira em seu último reencontro. Eles tinham uma pequena chama acesa. Um brilho, que antes só fora visto quando ele era apenas uma criança.

– Lembro-me perfeitamente da nossa equipe... - desviou os olhos, um pouco envergonhado- Não pude matar essas lembranças.

– O que quer dizer?

– Que ela é maior que minha vingança.

– Quem?

Mas que droga... Por que ela não entendia de uma vez? Era preciso de mais explicações, além daquelas bochechas coradas e do incômodo que estava completamente visível?

– Sakura... Você é realmente muito lenta.

Eles se entreolharam por um instante, diante de um silêncio desconfortante. Sasuke era péssimo na artimanha de expressar seus sentimentos, isto por que ele sempre via este ato como uma forma de se humilhar.

Neste ponto, sentia inveja de Naruto.

– Eu não precisava ter vindo aqui. Ninguém, nem mesmo Orochimaru sabe da minha presença em Konoha, a não ser você.

Sakura finalmente pôde entender. Um pouco, mas entendia. Seu peito queimava assim como suas bochechas.

– Você veio...

– Sakura, lembra-se daquele dia... Quando éramos mais novos? Que te chamei para ir ver o céu comigo?

– Eu nunca me esqueci, Sasuke.

– Eu também não.

Sim. Aquilo nunca abandonou a memória de ambos.

FlashBack on


Era uma tarde quente e, mais uma vez, a equipe 7 concluíra uma missão de ranking A. Exausto, Naruto foi comemorar com Iruka, pois sabia que o mesmo lhe pagaria uma boa tigela de lamen.

Sakura ia para casa como de costuma, para repousar em busca de forças para um novo dia. Seria a mesma coisa de sempre se não fosse por aquilo.

Sasuke a viu sair. Estava linda como nunca; ele próprio estava confuso. Ela era nada mais nada menos que sua irmã. Mas... Naquele dia, Sakura era algo bem maior que isso.

Alguém que tocava seu coração de uma maneira que ninguém mais ousou fazer.

Antes que ela fosse, Sasuke a pegou pelo pulso. Ela, em um sobressalto, virou-se para trás buscando uma explicação para aquilo.

– Quero que fique aqui comigo.

– S-sasuke-kun?

– Por favor.

Ele sentou-se e apoiou seu peso nos joelhos ralados que ainda sagravam. Visto aquilo, Sakura logo pegou seu kit de medicamentos e retirou dele uma faixa.

– Posso?

– Claro.

Pegou uma perna, depois a outra. Cortou a faixa em dois enfaixou os ferimentos estancando o sangramento.

– Pronto. Logo vai melhorar.

– Obrigado, Sakura.

– Hã... – disse, sem saber o que falar, pois não esperava que ele agradecesse – Imagine, é um...

– Não. Obrigado, de verdade. Eu sou ingrato, não? Com você e com o Naruto. Sou orgulhoso. E mesmo depois de tudo isso, você ainda sente alguma admiração por mim? Eu não entendo.

Sakura, novamente, estava surpresa. Ele nunca havia tocado nos sentimentos mais íntimos dela antes. Claro, era óbvio que ela o amava. Mas quando ele falava sobre aquilo, parecia que seu coração iria sair por sua garganta, desesperado por encontrar uma maneira de parar de se debater contra seu peito.

- Eu nunca deixei... de sentir isso por você Sasuke. Desde que tinha meus sete anos, essa admiração não sai de mim, e, pelo visto, não pretende sair.

- Hm. Você é especial Sakura. Acho que ninguém continuaria amando alguém que um dia já te humilhou tanto.

Ela permaneceu em silêncio, lutando contra uma timidez que ela própria nunca tinha presenciado.

“Sakura, sua grande idiota. Este é simplesmente um dos dias mais felizes de sua vida e você fica aí, calada?”

– S-sasuke-kun, você por acaso... sente-se igual?

“Mas que pergunta tola!” falou para si mesma. “É claro que não, Sakura! Ele é o Sasuke, aquele garoto rodeado por garotas bonitas e mais interessantes.”

– Sim.

Ela estava pasmada. Como, em um único dia, sua cabeça fora tão contrariada pelo seu coração? Ela, nem em um milhão de anos, esperaria pelas respostas que Sasuke acabara de dar.

– Isso é... verdade?

– Quando eu digo algo, sou sincero, Sakura. Eu não sentiria pena de você.

Os olhos verdes da garota brilhavam. Sakura nunca aprendera a conter as lágrimas, e isso a envergonhava. Deixou as lágrimas escorrerem livremente pelo seu rosto. Finalmente podia sentir um garoto que, mesmo sendo Sasuke, era outro.


Um garoto caloroso. Apaixonado.

Ele a olhou com firmeza, mas não a achou patética. Limpou o rosto dela com sua manga. Feito isso, deitou-se sobre a grama que estava úmida.

Fechou os olhos esquecendo-se dos problemas que lhe tomavam a cabeça por anos. Que lhe impediam de viver.

E dormiu em uma paz agradável, que, há tempos atrás, presenciou ao lado de sua mãe.

Sakura o olhava com admiração. Pensou em pousar seus lábios nos dele, mas caso ele despertasse ela não conseguiria explicar.


FlashBack off


– Porque Sasuke? Até hoje eu não entendo muito bem.

– Você me traz calma, Sakura. Tenho de confessar que cheguei a odiá-la, assim como todas as garotas que me perturbavam enquanto eu refletia sozinho. Mas acabei me acostumando com o seu carinho e me tornei um pouco mimado – sorriu ao dizer.

– Mas... Por que eu?

– Apenas porque não me via só como um objeto valioso do qual deveria ser alcançado, assim como as outras garotas me viam. Você também me reconheceu como seu amigo.

Ela prometeu que não choraria mais... mas não se pode sustentar as lágrimas por muito tempo. Elas apenas rolaram por seu rosto. Depois de anos tentando, ela finalmente fora reconhecida por Sasuke. Ela sorriu com toda a pureza que possuía em seu coração.

E ele retribuiu o sorriso.

Pegou-a pelo pulso e a trouxe para perto de seu peito, que latejava em passo acelerado. Avançou para a sacada do dormitório, a fim de olhar para o céu, que estava cinza.

– Os tempos mudaram.

– E nos mudou também.

– Sim.

– Por que fugiu, Sasuke?

– Você sabe a resposta, por que insiste em retirá-la de minha boca?

– Por que não desiste de tudo isso, por mim e pelo Naruto?

– Não posso Sakura. Entenda, o assassino de meu clã está vivo. E Naruto... eu tentei matá-lo, e não será a última vez.

Olhou cabisbaixa para o solo, há quatro metros de altura de seu andar. Ela sabia que nada mudaria a situação. Nada mudaria, nem mesmo ela.

– Então... Por que me deixou?

– Envolvê-la seria perca de tempo...

“Isso mesmo, Sakura. Você é um peso nas costas de qualquer um que a leve consigo. Com Sasuke não seria diferente.”

– ... porque não quero colocá-la em risco. Orochimaru te mataria, pois você não é do interesse dele.

Ela olhou para aquele par de olhos negros que também a olhava. Ela não queria deixá-lo mais. Se pudesse, prendê-lo-ia ali mesmo e comunicaria a Tsunade sobre a aparição do Uchiha na vila.

Mas ela o respeitava demais e não faria com que ele se arrepende-se de ter voltado especialmente para vê-la.


Nunca.

Uma brisa gelada surgiu, fazendo com que os fios finos dos cabelos de ambos esvoaçassem livremente.

Então, lentamente, Sasuke se aproximou da garota que estava suando ansiosa ao pensar na conclusão daquele ato.

E, finalmente, foi como ela imaginou.

Ele cerrou os olhos, o que provocando a mesma reação em Sakura, e, delicadamente, tocou os lábios rosados dela. Pegou-a pela cintura a fim de aproximá-la de seu corpo para acariciar aquele cabelo rosado macio. E ela fez o mesmo.

Ela podia sentir o coração dele. Um coração vívido, vibrante, ardente.

Um coração humano que estava produzindo adrenalina em excesso. Amor.

E ele sentiu o coração dela batendo contra seu peito. Estava nervosa e, pelo visto, feliz.

Ao descolarem seus lábios ele a abraçou fortemente, passando seu calor para ela.


Sasuke era quente como um ser humano qualquer.

Mesmo, para ela, sendo bem mais que um simples ser humano.

– Sasuke, não me deixe mais.

– Não tenho outra escolha. Mas haverá um dia... Sei que haverá... Em que tudo voltará a ser como era. Você não acha que pretendo entregar meu corpo à Orochimaru, acha?

– Hm... Às vezes, tenho minhas suspeitas.

– Não, Sakura. Orochimaru só me usará quando eu estiver mais forte e, quando isso acontecer, estarei pronto para enfrentá-lo. Pelo menos é o que planejo.

– Por favor, Sasuke... Não vá agora.

– Eu só voltei por que aquele “obrigado” não foi o suficiente. Não voltei para ficar.

– Eu... não posso deixar que isso aconteça. Se você não ficar, buscarei você por toda parte, junto com Naruto.

– Que assim seja.

Segurou fortemente a nuca da garota, massageando os fios rosados. As lágrimas retornaram e permaneceram no canto de seus olhos.

– Eu te amo Sakura. E nunca direi isso a mais ninguém.

– Sasuke...

– Agora, por favor, deixe-me ir. Sabe-se lá o que poderia acontecer se me descobrissem fora da vila oculta do Som – forçou um sorriso.

Ela não conseguiu soltá-lo daquele abraço. Sabia bem que se o fizesse, provavelmente não o veria mais. O dia mais feliz de sua vida logo se tornou o mais sombrio e solitário.

Não.

Ela não o soltaria.

A não ser que...

– Desculpe-me por voltar a fazer isso, mas você não me deixa escolha.

E ela adormeceu.

Ele não viu ao certo com que expressão ela acabou por apagar. Mas desejou do fundo de seu coração de que aquela aparição não tivesse feito mal a ela.

Ele não a queria com o coração pesado, mesmo sabendo que ela passaria por isso.
Assim como ele próprio.

Sim. Sasuke Uchiha com o coração denso, consumido por amor. Ninguém poderia acreditar.

Nem mesmo seu irmão de sangue poderia imaginar que um dia seu irmãozinho vingador fosse cair nas garras do amor. Mas, se soubesse, estaria feliz por ele. Afinal, Sasuke era apenas um menino que conhecia muito pouco o seu coração.


E que logo mais, esqueceria o pouco que conheceu.



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Notas finais do capítulo

Desculpem-me pela estrutura do texto TT.TT' Meu Nyah é meio maluco...
Foi um prazer escrever esta fic ^-^ ! Espero que tenha sido um prazer lê-la também ;)
Obrigada amores.