POV Ethan
Eu havia pensado desde ontem, desde a porta na cara que levei de Audrey. Será que fiz algo pra ela? Eu a magoei? Por que Audrey faria uma coisa dessa?
Realmente Audrey está mudando, ela não é a mesma garota que conheci.
Ela sempre foi a minha melhor amiga, eu sempre zoou ela, e claro ela sempre me bateu. Mas não entendo porque ela teve uma atitude dessa!
Juro que não entendo essa menina. Ela mudou desde os 13 anos. Certo que conhecemos a Madson antes, e não posso culpá-la. Mas depois que ela completou 13 anos, ela mudou. Claro não radicalmente, mas mudou. Sei que mudou.
E agora, ela bateu a porta na minha cara! Já vai dar seis horas e eu nem dormi, fiquei pensando nisso. Voltando na memória, como uma rebobinar uma fita, e não achei explicação pra ela ter feito isso. Não me lembro de ter feito nada. E além de pensar nisso, dessa coisa sem sentido que ela fez, me lembrei dos momentos que passamos, das risadas, das loucuras que aprontávamos, das brigas, de tudo, e eu sinto muita falta disso.
- Aê cara não vai dormir não? – perguntou Will.
- Sem sono – virei de lado.
- Fala sério, você tá sim por causa de garota! – cutucou minha cama.
- Não é nada disso! – o sono agora estava vindo.
- Hm sei, com quem que você brigou? A morena ou a de cabelo verde? – riu.
- Elas tem nomes, seu idiota! Audrey e Madson – revirei os olhos.
- Ok ok, senhor revoltado! Fala logo quem foi! – insistiu.
- Audrey – me lembrei da grosseria que ela fez.
- Brigou com ela?? – disse interessado.
- Na realidade não, nem sei o que fiz pra ela. Só sei que chamei ela pra sair por aí, e ela bateu a porta na minha cara – falei irritado.
- Hm, algo tem aí! – disse ele com um ar de Sherlock Holmes.
- Não me lembro de ter feito nada. Só a chamei de Barney na sexta-feira, mas ela nunca levou a sério minhas brincadeiras – falei chateado.
- Acho que ela não ficaria brava com você nesse ponto  de bater a porta na sua cara por causa disso – riu. – Vou dormir, ah, relaxa depois ela volta a falar com você normal.
- Talvez.
Eu já escutava os roncos de William, Josh então nem se fala, aquele deveria estar no milésimo sono.
Tentei dormir, mas a imagem de Audrey batendo a porta na minha cara não saia da minha cabeça. E depois eu relembrava dela, quando costumávamos ser mais íntimos. Saudade desse tempo.
****
- Ethan! Acorda!! – gritou Josh.
- Ai o que você quer garoto! – tentei abrir devagar os olhos, mas a preguiça e o sono não deixavam.
- Nós vamos pra casa da vovó, levanta preguiçoso! – disse ele.
- Eu não quero ir! – coloquei o travesseiro na cara e voltei a dormir.
- Ok vou falar pra mamãe! – saiu correndo.
- ETHAN LEVANTA! – gritou mamãe – Amorzinho da mãe.
- Aff eu não vou pra casa da vovó, qual o problema de entenderem isso! – levantei da cama com a ira incorporada em mim.
- Ah vai sim! – ela me olhava irritada.
- Não, eu não vou não! Eu tenho 17 anos, e você não vai me obrigar, tenho minha opinião própria! – pulei da beliche e sai andando.
- Ethan, volte aqui! Não terminei de falar com você. E você vai sim, tá achando que é quem para desrespeitar sua mãe? – me olhou mortalmente.
- Um garoto de 17 anos, que tem sua opinião e quer ter liberdade e espaço. – respondi.
Peguei qualquer moletom, peguei meu converse sujo mesmo e sai fora dali.
Will me olhou sem entender nada, Josh me olhava torto. Acho que esse menino desde que nasceu nunca gostou de mim, só pode.
Saí correndo, com o cabelo todo bagunçado, com um short enorme e amassado, enfim, todo desarrumado.
Olhei para o meu celular, marcava dez horas, o que eu faria?
Resolvi ir num lugar que me tranquiliza: praia. Não era tão perto, mas valia a pena andar pra chegar lá  e escutar o barulho das ondas se quebrando nas pedras e chegando na areia, indo e vindo. Assim como a minha vida, entrando pessoas e saindo.
Demorei uns 20 minutos para chegar lá, a serra estava um pouco alta, mas eu sentia a paz interior que o mar me causa. Tirei os tênis e deitei na areia, fiquei ali olhando para o céu e escutando o mar, acho que não tem mais nada relaxante que isso.
- Ei Ethan, sério que vai ficar com raiva? – veio andando atrás de mim
- Você quer o que Audrey Walker? Que eu sorria, por você ter me ignorado na frente daquele moleque idiota? Se sim, olha aqui o meu sorriso, olha a minha felicidade lá em cima. – sorri ironicamente.
- Irônico! Desculpa, eu não quis ter te chateado. – segurou meu braço.
- Pensasse nisso, antes de ter feito. Fiquei que nem um idiota te procurando na escola inteira, pra quê? Pra você me fazer de palhaço, só porque tinha um garoto bonito que tava dando em cima de você! – revirei os olhos.
- Ei, espera! – disse.
Então eu parei e fiquei olhando para o seu rosto.
- O que? Diz logo, porque estou com pressa!
- Pressa?
- É, não tô afim de ser otário de novo... Aliás, porque não vai lá com ele!
- Porque eu gosto da sua companhia!
- É mas não parecia.
- É mas eu prefiro você, mil vezes você. E sempre, sempre mesmo vou preferir você – sorriu.
- Hm..
- Ethan, me desculpa, sério mesmo. – disse ela vindo até mim e dando um abraço, que logo não aguentei e correspondi.
- Tudo bem... – disse resistindo, acabando com a minha oposição firme e forte.
- Eu te amo, vou sempre querer você perto de mim, porque sua amizade é algo que eu preciso pra sempre – deu um beijo na minha bochecha.
- Também te amo, baixinha! – ri.
- Já vai começar com os xingamentos, aff!
[...]
Olhei pro lado, vi que era apenas uma lembrança passada, de um dos melhores momentos que passei com ela.
É realmente difícil tirar Audrey da mente, parece que escrevi com uma caneta resistente a tudo pra não apagar ela. Assim como ela também não saíria do meu coração.
Novamente estava eu lá vagamente pensando nesses momentos, mas também nem tinha como esquecer. Só queria saber por que ela fez isso.
Meu celular toca.
- Alô?
- Ethan, vem pra cá o mais rápido possível!
- O que você quer?
- É sério vem, se trata de assunto importante.
- Tá bom! Já vou indo.
Desliguei o celular, coloquei meus tênis, tentei arrumar o meu cabelo, levantei e tirei o excesso de areia que tinha em minha roupa. E assim me despedi do mar e do céu que estava um pouco nublado, e fui ver o que ela queria comigo.
***
- Oi Ariel! – sorri.
- Oi Ethan!! – me abraçou. – Quanto tempo hein?
- Pois é... Faz tempo que eu não venho te encher o saco né?
- Ah que nada, entra! Mad tá te esperando lá em cima – piscou.
Entrei e subi as escadas, encontrei Caio e o cumprimentei. Bati na porta, e abri.
- Oi Madson o que você qu... – não completei minha frase.
- Hm acho que vou deixar vocês a sós! – sorriu e saiu.
Só ficamos eu e ela.

POV Audrey
- É.. Oi – a vergonha esbanjava..
- Oi – falou sério e fitou a janela.
- Ethan...
- Audrey... – disse imitando.
Ele sempre fazia isso quando estava chateado ou com raiva.
- Ethan, desculpa –falei.
- Hm, ok! Posso ir – levantou-se.
- Não espera! – segurei seu braço. – Eu preciso te contar porque fiz aquilo.
- Fala logo – revirou os olhos.
- Dá pra parar de ser seco assim? – me irritei.
- Você quer o que Audrey? Que eu esteja sorrindo porque levei uma porta na cara da minha melhor amiga?? – bufou.
- Ethan eu fiz isso porque...
- Por quê..?
- Bem, porque... Eu.. Eu estou de TPM – não consegui dizer o que realmente deveria ter dito.
- Ah.. – me olhou fixamente. – Audrey, sei que está mentindo.
Droga!!
- Claro que não – sorri nervosa.
- Está sim, sempre quando mente você enrola pra contar, morde os lábios e depois dá um sorriso nervoso. Audrey eu te conheço melhor do que pensa! Agora me conta – ele me encarou.
- É.. É.. – eu sentia minha pele queimar. E agora?
- Audrey fala logo! – me pressionou.
Era um beco sem saída, eu não tinha mais para onde correr, precisava de ajuda, mas eu sabia que a Madson não iria se intrometer nisso. Respirei fundo e disse:
- Eu gosto de você!
- Eu também gosto de você... – sorriu.
- Não você não entendeu! – me irritei e pulei na cama.
- Claro que entendi você gosta de mim, assim como gosto de você. Nós somos melhores amigos – ele explicou o que entendia. Mas não era bem esse o ponto de vista.
- Não droga, não assim! – eu realmente não conseguia falar.
- O que você quer dizer Audrey?
- Ethan você é muito lerdo! Esqueça.
- Não eu não quero esquecer, dá pra falar logo – ele segurou meus ombros.
- Se você não entende minhas palavras, então essa é a prova de que gosto de você! – falei irritada e então o beijei.