Marca Negra escrita por Pikenna


Capítulo 7
Lucius Malfoy


Notas iniciais do capítulo

Hello gente :33 Demorei para atualizar a fic, mas atualizei. Tive um surto de criatividade com o Lucius e cá estou eu com o capítulo sobre ele fresquinho pra vocês. :3 Não ficou tão grande quanto alguns, mas estou até que satisfeita com o que saiu sobre esse comensal. Espero que gostem e boa leitura. :33



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Lucius Malfoy

Você era rei, não era Lucius? Carregava um sobrenome imaculado que fazia tremer qualquer bruxo em sã consciência quando proferido. Lucius Malfoy. Você possuía uma altivez desmedida em relação ao seu nome. Sentia prazer em pronunciá-lo, não é verdade? Mais prazer que aquele que sua mulher gélida o proporcionava em dias de inverno naquela cama de casal suntuosa. Malfoy. Você se orgulhava de sua descendência, sustentando um olhar repleto de um brilho arrogante que quase transbordava de seus olhos acinzentados, a marca registrada de um verdadeiro Malfoy. Carregava em seu rosto traços aristocráticos que denunciavam sua posição na sociedade. Você estava no topo da cadeia hierárquica. Era o rei afinal de contas. E o resto? Ah, o resto era tudo súdito.

Esbanjava dinheiro que quase não cabia em sua conta no Gringotes. Montantes de galeões lhe davam uma vida luxuosa com direito a muito conforto e diversas futilidades. Mas você não estava contente em mostrar apenas o quanto rico você era. Queria mais, não queria? Aquela sede de poder o dominava. Precisava mostrar que podia mais. Que tinha mais. Que era digno de ser um rei e sustentar uma coroa banhada em ouro com diamantes incrustrados. Sua ambição era inexorável. Necessitava de todos aos seus pés, beijando cada dedo e implorando por sua misericórdia. Precisava honrar o sobrenome Malfoy, tão pesado, porém, tão perfeito. Então você cometeu seu primeiro erro que o rebaixou a mão direita do rei. Você se tornou um comensal da morte.

Quantos anos tinha mesmo Lucius? Somente 17 anos. Não acha que foi uma decisão precipitada? Imatura? Não. Você sorriu internamente quando seu pai o olhou de outra forma. Aquele brio nos olhos acinzentados de seu progenitor lhe encheu de uma falsa prepotência. Achou que seria grande. Achou que iria orgulha-lo. Achou que teria a atenção dele como nunca tivera antes em sua infância. Oh Lucius! Como pode se enganar dessa forma? Seu pai não sabe amar. Ele não sabe demonstrar amor. Ele não ama. Ele é implacável como o mais forte inverno russo. Ele é um verdadeiro iceberg. Uma marca no braço não lhe trouxe dias de glória. Lhe trouxe apenas dias sombrios e lúgubres. E tudo isso por uma ambição desenfreada. Uma necessidade irrisória de brilhar, de ser rei. Você foi rei sim. Mas não aquele rei que queria. Foi o rei da piada. Porque no final, todos riram de você e do seu fracasso.

Não conseguiu matar quando o todo poderoso Lorde das Trevas lhe ordenou. Não pode se quer torturar. Não sabia usar uma avada. Não sabia usar a maldição Cruciatus. Era uma piada. Um pobre adolescente de 17 anos fraco, que possuía compaixão pelos outros. Você poderia ter sido melhor, Lucius. Poderia ter sido diferente de todos os seus ancestrais. Mas não. Você queria ser igual. Queria orgulhar seu sobrenome. Precisava honrar a família da qual descendia. Para isso, você precisou pisar em si próprio, sufocar qualquer bondade existente dentro de si, esmagar essa compaixão. O desejo por matar começou aparecer. A insanidade passou a lhe visitar. Você falava até consigo mesmo. Iniciava seus dias de loucura. Era um louco. Um louco ambicioso.

Então você matou. Torturou. Não riu como Bellatrix. Não demonstrou qualquer emoção como os demais. Matou. Torturou. A sangue frio. Sem rir. Sem esboçar reação. Gélido, tal qual o inverno russo, tal qual seu pai. Os olhos cinzentos estavam foscos. Nitidamente o verdadeiro Lucius havia se esvaído. Era somente uma casca. Uma casca que não sabia amar. Que não tinha compaixão. Uma máquina de matar. Era assim que pensava. Era assim que via o mundo. E esse foi seu segundo maior erro. Achar que tinha vencido a si próprio. Você era um covarde Lucius! Um covarde que se escondia por detrás de uma marca no braço. Um covarde que fingia ser a crueldade em pessoa. Você não passava de só mais um soldado de Lorde Voldemort. Não era rei. Nem mais a mão direita do rei era. Era apenas um peão. Um peão que se movimentava no tabuleiro de xadrez pronto para ser liquidado a qualquer hora.

E quase foi morto. Quase. Mas o salvaram. Em uma tentativa frustrada de derrubar um bruxo, um inimigo, um componente da Ordem da Fênix, você percebeu quem realmente era. Um covarde. Implorou pela vida. Implorou como um miserável. Você até chorou! Que vergonha! É assim que honrava o seu sobrenome imaculado do qual tinha tanto brio? Abraxas Malfoy revirou no túmulo aquele dia. Poupado. Você foi vergonhosamente poupado pelo seu inimigo. E então seus companheiros comensais o resgataram. Novamente, motivo de piada. Naquele dia você decidiu que não iria mais para o campo de batalha. Não queria perder a vida. Agiria por outro meio para chegar ao poder. Influência. Ministério. Seria lá que se tornaria grande. Preciso dizer que foi seu terceiro erro? Pois é. Foi.

Se infiltrou no ministério. Começou a influenciar bruxos a seu favor. A guerra prosseguia. Muitos temiam Voldemort, não Lucius Malfoy. Malfoy não era nada perto do tão poderoso Voldemort. Um mestiço. Um bruxo perdendo para um mestiço. Que vergonha para a família! Jogando o sobrenome Malfoy na lama. Como faria para resgatá-lo? Para trazer os dias de glória outra vez para a família imaculada? Não tiro o seu mérito de tentar. De se esforçar para limpar seu nome. Mas foi em vão. Lorde Voldemort foi derrotado por um bebê. A guerra se findou. Você voltou a sua colocação de Malfoy. De influente no ministério. Perdoado por seus crimes diante do falso arrependimento. Ninguém mais se preocupava se era ou não comensal. Ninguém se preocupava mais com você. Porque ninguém mais o temia. Você já não era ninguém. Nem rei. Nem nada.

Ensinou tudo o que aprendeu de seu pai para seu filho. Pobre menino. Desde cedo carregando o fardo que você deveria carregar! O fardo de trazer orgulho para a família Malfoy. Mas já dizem por ai que filho de sereiano, sereianozinho é! Se você não teve capacidade para fazer seu trabalho, o menino de 11 anos também não teve. Fracassou em sua missão simplória de se tornar o melhor amigo de Harry Potter, o menino que sobreviveu. Draco Malfoy era o seu reflexo, Lucius. Você se projetou em seu filho. Ele trouxe para si suas qualidades e seus defeitos. Era um covarde igual a você. Tinha compaixão igual a você. Era fraco igual a você.

Ambos fracassaram em sua missão de derrotar o filho dos Potter. E Voldemort não gostou nada disso! E muito menos ao saber que você não o procurou. Sim! Seu amado mestre estava vivo. Retornou para o mundo naquele ano do torneio tribuxo. Você só foi ao encontro dele ao sentir a marca negra arder. Que belo comensal da morte você é! Não honra nem seu mestre e quer limpar o sobrenome da família que cada vez mais se enfia na lama?! Uma piada como sempre! Ah! Já sei qual sua profissão Lucius! Bobo da corte. Você era o bobo da corte. E todos riam de você. Voldemort nem se quer lhe destinou missão a ser cumprida. Deu-a para seu filho. Seu pobre filho que não tinha coragem para matar. Que não tinha desejo de torturar. Seu filho. Que como você quando adolescente, se juntou a causa negra para orgulhá-lo. Vê como o passado tende a retornar? A história se repete quando necessário Lucius.

Você deixou. Você deixou que seu filho se virasse sozinho. Não se importou com a missão impossível lhe destinada. Você só queria saber de honra. De glória. De poder. Se não fosse por Narcissa, Draco talvez estivesse morto. Será que você choraria diante do túmulo de seu filho? Provavelmente não. Um Malfoy não pode chorar. Um Malfoy homem não pode mesmo chorar. É vergonhoso. Ele morreria por honra e deveria sentir orgulho disso. Ainda bem que Draco sobreviveu, não é verdade? Afinal, se ele tivesse morrido, você teria se lamentado em demasia. Com certeza viveria em constante arrependimento, afinal, ele era seu primogênito, aquele que daria a continuidade ao sobrenome da família. Se ele tivesse morrido, Narcissa jamais o teria perdoado por ter se calado diante do Lorde das Trevas. Mas o que você poderia ter dito afinal? Ele era o rei. E ao rei se deve obediência. Ou então... Cortem a cabeça dele! Avada Kedavra!

Draco obteve sucesso em uma de suas missões, mas fracassou miseravelmente na outra, demonstrando que era um garoto de compaixão. O sobrenome Malfoy se enfiava mais ainda na lama. De lá não sairá nunca mais, Lucius! Aceite! Vocês perderam a guerra! Perderam tudo. Já não são mais nada. Só uma família de pobres coitados dignos de pena. A guerra se arrastava, vocês ficavam escondidos dentro da mansão. Nem mais no ministério você atuava. Era um nada. Um completo nada. Um verdadeiro covarde escondido em seu lar, sua proteção. Se Abraxas estivesse vivo, você teria sido torturado para aprender a ser um bruxo sangue-puro descente. Ele o deserdaria. Não o deixaria mais carregar o sobrenome Malfoy, já não mais imaculado. Sobrenome que após a guerra não causava qualquer impacto nas pessoas ao ser proferido.

Você era rei, Lucius. Rei da piada. Digno de pena. Correu para se salvar durante a guerra. Largou seu mestre. Afinal, já não importava mais nada daquele circo de horrores. Você queria apenas preservar a família, era tudo o que havia lhe restado no mundo. Seu primogênito. Sua esposa. Você achou que poderia ser seu pai. Ser tão gélido quanto ele. Não amar. Não demonstrar qualquer emoção. Frio. Implacável. Exatamente como o inverno russo. Mas você não era seu pai. Você era Lucius Malfoy. O jovem que carregava amor dentro de si. Amor pela família. Amor pelo sobrenome. Amor por si próprio. Lucius Malfoy, o rei da piada, aquele que possuía compaixão pelos outros. Ah Lucius! Se você tivesse percebido isso antes! Talvez não almejasse assim com tanto afinco a coroa de pedras. Mas o desejo pelo poder o cegou. O cegou a um ponto crítico. E você custou para acordar. Quando acordou não foi tão tarde.

Afinal, ao fim da guerra, você implorou por perdão. Entregou seus companheiros comensais em troca do perdão. E foi perdoado. Você e sua família. Não foi preso. Teve a liberdade concedida após julgamento. Pode retornar para sua esposa amada. Para seu primogênito. Para aquilo que deveria ter preservado em prol do sobrenome, porque família vai além de um nome. Você voltou como Lucius. Somente Lucius. Não Lucius Malfoy. Esse havia morrido na guerra em algum momento dela. Você havia deixado que Draco carregasse o fardo dos Malfoy, fardo que você não conseguiu sustentar, mesmo sabendo que Draco não tinha essa ambição que você possuía. E Draco se mostrou completamente oposto a seus ideais, casando-se com alguém que você não aprovava, criando o seu neto de uma forma que você não achava correta.

Mas ao menos, ele o orgulhou lá no fundo, ainda que você não expusesse isso. Draco trouxe o orgulho que você queria ter dado ao seu pai. Draco foi mais rei do que jamais você seria um dia. Afinal de contas, Lucius Malfoy não nasceu para reinar. Não nasceu para alcançar as expectativas de seu pai. Não nasceu para honrar seus ancestrais. Não nasceu para prosseguir com o sobrenome imaculado, puro, de respeito. Então, você nasceu para o quê afinal de contas, Lucius? Você nasceu para ser você mesmo. Mas você falhou na missão de ser a completude de si mesmo em sua nobre existência. Logo, você como você não existiu, o que existiu foi um reflexo distorcido de seu pai. Você foi o reflexo distorcido dele. E você ainda é, porque antes ser o reflexo distorcido dele com chances ilusórias de alcançar a coroa de rei do que ser apenas Lucius, um ninguém, um nada. Ah Lucius!

Você não é rei e jamais será, porque quem nasceu para ser bobo da corte nunca se sentará no trono.


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