Diário De Um Pseudopsicopata escrita por Ramon Leônidas


Capítulo 18
Ainda mais solitário - Capítulo XVII




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Hora do intervalo, Rhodes. Saia do quarto agora! — Eu estava desamarrado quando acordei, nem notei quando dormi. Conversei várias horas com a Vanessa, até o momento que ela me deu um comprimido. Na hora que saí do quarto, haviam pacientes no hospital. Alguns correndo, outros batiam a cabeça na parede, dançavam, e tinham aqueles que mantinham relações sexuais com outros pacientes  no meio da área de convivência, eles levavam choques das enfermeiras. Eram poucos enfermeiros para muitos pacientes. A sala de convívio parecia mais uma área de convivência de um hotel. Era um hospital muito bem estruturado, apesar do pessoal que havia ali. Sentei no sofá de couro marrom e uma moça negra e de cabelos cacheados e super volumosos, sentou ao meu lado. Ela pegou minha mão e olhou a palma por alguns segundos e falou enquanto olhava: - Você também não é um deles. Posso ver nos seus olhos e nas marcas da sua mão. — Puxei minha mão e disse: - Não ligo, daqui a dois meses serei retirado daqui por bom comportamento. — A moça deu uma risada contida e replicou ironicamente: - Quem falou isso pra você? Foi a Vanessa McClain? Ela diz isso para todos os pacientes que saem da solitária. Se você não for maluco, esse lugar vai transformar você em um. Pode apostar. — Estava um pouco assustado. Encarei o assoalho de madeira por alguns segundo e logo falei: - Ela não mentiria pra mim. Ela não seria capaz disso! Ela foi muito verdadeira comigo! — Ela me encarou alguns segundos e perguntou: - Espera. Você é o tal paciente que tocou fogo na casa e falou que tinham sido manifestantes? — Balancei a cabeça confirmando. Ela balançou a cabeça negativamente e falou: - Vanessa riu da sua cara na frente de todos nós. Toda quarta-feira sentamos em uma roda para falar como estamos nos sentindo. Ela disse que naquele dia havia atendido o paciente mais ridículo de todos e contou tudo que você falou. Não confiaria nela se fosse você. Tenho um amigo, o Brian, ele é como nós. Estamos planejando uma fuga, quer ir conosco? — Pensei durante alguns segundos e indaguei: - Como você se chama? — Ela pegou minha mão novamente e enquanto alisava a palma da minha mão, respondeu: - Alice McClain. Por mais que não pareça, sou irmã da Vanessa. Ela me colocou aqui para que pudesse ter uma vida mais fácil depois que nossos pais morreram. Ela dirige esse lugar faz cerca de cinco anos. — Um sino tocou e Alice saiu rapidamente, sem sequer olhara para trás. Deu um longo beijo em um homem muito bonito que estava encostado na parede fumando um cigarro e eles saíram de mãos dadas. Acho que era o tal do Brian. Perdi ambos de vista em meio aos inúmeros corredores e pacientes do hospital. Uma enfermeira me pegou pelo braço e sem dar uma palavra, levou-me até outro quarto. Era bacana, ficava no 3° andar. Tinha uma janela com cerca de três grades, mas dava pra ver a cidade, os prédios e as pessoas. Aquilo seria a minha única forma de contato com a cidade nos próximos dias.

Fiquei olhando para o teto e repassando mentalmente tudo que havia acontecido nos últimos dias. Foi quando ouvi uma pessoa bater no vidro da minha porta suavemente. Assustado, tirei os olhos do teto e fitei a janela. Não havia ninguém ali. Voltei meus olhos para o teto e a batida tornou a ficar mais forte, voltei meus olhos no vidro novamente e não havia nada. Eles estavam tentando me enlouquecer aos poucos. Queriam de qualquer forma me convencer de que eu estava louco. Decidi dormir. Quando fechei os olhos, notei que alguém estava arrastando a poltrona que tinha no quarto para mais próximo da cama. Abri os olhos repentinamente e me surpreendi com quem estava me visitando.

Lana? O que você está fazendo aqui? — Indaguei enquanto encarava sua imensa barriga de gestação. Estava muito perto de o meu filho, ou filha,  nascer. Lana levantou-se pegando na barriga e respondeu: - Vim me despedir de você, Richard. Essa é a ultima vez que você vai me ver. É a ultima vez que vai ter algum contato próximo ao seu filho. Ou melhor, ao meu filho. E sim, é um garotinho. Ele se chamará Enzo. Consegui tirar o Klaus do manicômio e vamos nos casar em breve, tão breve que será antes do meu filho nascer. Fui inocentada daqueles crimes, toda a polícia da Suíça procura por Richard Rhodes agora. Á propósito, você nunca verá essa criança. Não quero que ela cresça remoendo a ideia de ter um pai que é serial killer e ainda é louco. Quero que você mantenha distância de mim e da minha nova família. Você só me trouxe problemas. Se eu souber que você algum dia, ou por algum segundo, trocou pelo menos um sorriso com o Enzo, eu matarei você. Esteja avisado desde já! Adeus Rich. — Não esbocei nenhuma reação. Apenas coloquei as duas mãos no rosto em um gesto mais próximo de desespero. Lana pegou sua bolsa e saiu do meu quarto sorrateiramente no alto de seu salto vermelho e suéter branco. Que loucura! Sentei no chão, no canto da parede, encostei minha cabeça e comecei a chorar como uma criança. Percebi que estava completamente só. A unica pessoa que podia estar ao meu lado, me deu as costas. Percebi que ela me espiava pelo vidro da porta. Maldita! Depois de tudo que fiz por ela, é assim que sou agradecido? Isso não iria ficar assim. A minha vingança tinha que começar, eu tinha que colocar tudo em prática e me vingar de todos aqueles que me prejudicaram. Mas, antes disso, tentaria buscar ajuda com o meu pai. Não podia contar com a minha mãe, tendo em vista que ela que tinha me enfiado aqui dentro. Fiz uma promessa para mim mesmo: nunca mais confiar em ninguém. Nascia ali, um Richard ainda mais impiedoso. 

Continua...


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Notas finais do capítulo

Personagens no capítulo:
Richard Rhodes (Protagonista)
Vanessa McClain (Psiquiatra do manicômio em Westview)
Alice McClain (Irmã de Vanessa McClain / Paciente do manicômio)
Brian Parker (Namorado de Alice McClain / Paciente do manicômio)
Lana Miller (Ex namorada e cúmplice de Richard / Mãe do filho do Richard)
Lugares:
Westview (Cidade Natal do Richard)
Casa de Saúde St. Agostinho (Manicômio)