Diário De Um Pseudopsicopata escrita por Ramon Leônidas


Capítulo 15
Volta Turbulenta - Capítulo XIV




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Richard? Onde está indo? Já descobriu suas responsabilidades e está fugindo? — Já estava prestes a embarcar, passando as malas na vistoria quando fui surpreendido pela Inês Miller dizendo-me isso. Estranhei: - Hã? Quais responsabilidades? A minha família está me esperando, eles precisam de mim e eu preciso deles. Esse lugar quase me destruiu. Eu preciso ir embora! — Na hora que fui caminhando para o embarque, ela segurou meu braço e falou, aparentemente com muita raiva: - Você não vai a lugar nenhum! Lana está grávida e o bebê só pode ser seu. Você ficar e vai criar essa criança! — Aquelas palavras ecoaram pela minha cabeça durante alguns minutos até que caísse a ficha. Eu ia ser pai? Não, não estava pronto para isso. Assistindo-me aéreo diante daquela situação, Inês me beliscou e disse: - Terra chamando Richard. Você vai ser pai e vai visitar a Lana agora mesmo! Ela precisa de você mais que nunca! — Empurrei-a e respondi: - Sinto muito Inês, mas não vou assumir essa criança. Quem me garante que a Lana não encontrava o Klaus antes de ele ser sequestrado pelo irmão maluco dele? Não vou assumir essa criança até que ela nasça e o teste de DNA seja feito. Agora, se me der licença, preciso ir. A minha família me espera! — Saí andando pelo corredor até a aeronave, um segurança me parou na hora do embarque e indagou: - Senhor? Desculpe, ouvi aquela moça chamar-te de Richard, você não se chama Chuck? — Sorri e chamei o segurança para perto para que pudesse sussurrar algo para ele. Quando ele se aproximou, sussurrei: - Ela é meio maluca. Conheci ela numa balada e lógico que dei o nome errado. Ela jura que eu sou um tal de Richard e que a irmã dela está grávida de mim, coisa de gente louca, olhe só a cara dela nos encarando... — O segurança começou a rir e deu duas tapinhas no meu ombro e fez sinal para que eu embarcasse. Antes de ir, olhei para trás uma vez e vi que a Inês estava com o dedo do meio apontado para mim. Melhor assim do que estar fazendo escândalo. Pelo menos ela e a irmã aparentemente voltaram a se dar bem.


O voo era noturno, tinha pouca gente na aeronave, o que era estranho. Fiquei ao lado de uma janela e observei a minha vida passar diante dos meus olhos esses meses que estive em Gladstone. As luzes da cidade me lembraram-me uma época negra, mas de descobrimento, exploração do meu eu e de quem eu me tornei para ser capaz de completar a minha vingança. Um senhor que tossia muito sentou-se ao meu lado. Durante uma turbulência, ele apertou a minha mão e disse: - É a primeira vez que viajo sozinho. As minhas filhas sempre viajavam comigo e seguravam a minha mão quando essas coisas aconteciam. Espero que não tenha te incomodado, filho. — Sorri disfarçadamente e balancei a cabeça levemente em negação. Ele continuou: - Ela morreu. As minhas meninas morreram. A mãe me culpou por não ter estado presente na vida delas, mas ambas tinham um gênio difícil. Vou pegar uma foto para que você as veja — O senhor com muito esforço, tirou uma foto meio desbotada do bolso do seu casaco e me entregou. Não podia ser. Eram as gêmeas Sullivan! Entreguei a foto para o senhor e ele terminou: - Quando chegarmos aos Estados Unidos, já estarei morto. Tomei 15 remédios de tarja preta para que isso aconteça. Quero morrer no meu país amado. Vou partir em busca das minhas meninas, elas estarão no céu e acho que também irei para lá. Quero tocar seus lindos cabelos pela eternidade. Sei que elas me esperam, sei que elas sentem a minha falta. Agora poderei ficar com elas para sempre... — O senhor começou a fechar os olhos vagarosamente e a perder a voz, quando disse: - Filho, preciso que fique com essa foto. Quero que conte a mãe das minhas meninas, tudo que eu te falei. Sei que brevemente ela estará conosco. A mulher da minha vida está com câncer em fase terminal, ela vai nos encontrar em breve. Você fará isso por mim, filho? — Meus olhos estavam cheios de lágrimas. “Era tudo minha culpa”, voltei a pensar novamente. Beijei a testa do senhor e sorri dizendo: - Vai. Pode ir. Pode deixar comigo, farei o que me pediu. — Fechei os olhos do senhor com os meus dedos e virei para a janela. Já estava sobre as nuvens, acima do mar. Outra lágrima escorreu na minha face. Era inevitável.


Acordei em Westview. Haviam vários paramédicos ao meu lado tentando acordar o senhor. Era impossível. Tinham muitas viaturas policiais na pista de decolagem. Peguei minhas malas e saí do aeroporto em busca de um táxi. Iria fazer uma surpresa para a minha família, eles não sabem que eu estava chegando. A cidade mudou muito no período pouco mais de dois meses. Havia cartazes com a foto do meu pai incentivando sua eleição política por todas as casas, ele provavelmente tinha ganhado, o período de campanha já tinha passado pelas minhas contas. Na hora que cheguei em casa, eles estava comemorando alguma coisa. A minha mãe estava feliz e batia palmas enquanto uma vela de bolo espirava faíscas. Aproximei-me da janela e vi que estavam comemorando o aniversário da Julie. Todos estavam lá, incluindo a irmã e a mãe da Julie. Logo após os parabéns, o meu irmão deu um longo beijo na boca dela. Todos estavam empolgados. Abri a porta vagarosamente e todos estavam encarando-a, pra ver quem estava entrando. Na hora que entrei, todos desmancharam suas caras de felicidade. Pude ouvir a mãe da Julie falar para a irmã dela: - Juno, vamos embora. Já está na hora, essa festa já deu o que tinha que dar. — Juno e a sua mãe saíram da minha casa esbarrando em mim. O meu pai olhou-me da cabeça aos pés e se retirou do cômodo também. A minha mãe vendo toda aquela situação, apenas sorriu e me abraçou enquanto sussurrou no meu ouvido: - Eles sentiram sua falta. Só não querem admitir. — Maldita vadia, destruiu minha vida e agora quer tomar minha família. O meu irmão se sentou no sofá e começou a fumar maconha, algo que era muito comum na nossa casa. Julie estava parada, atônita, atrás da mesa do bolo. Hesitou, mas logo veio me dar um abraço com um sorriso sarcástico no rosto, sussurrou no meu ouvido: - Está vendo? Tomei e coloquei todos contra você. Todos te odeiam. Você é a ovelha negra, o perdedor. Acostume-se, alguns nascem pra vencer, outros pra perder. E felizmente, o seu caso não é o primeiro. — Na hora que ela parou de me abraçar, segurou meu rosto e disse em alto e bom som: - Sem ressentimentos agora, ok? Vamos esquecer tudo! É um novo tempo! — Balancei a cabeça em sinal de reprovação enquanto sorria. O meu sangue fervia. Minha mão levantou para esmurrar aquele rostinho de porcelana até que ele estivesse completamente quebrado, mas eu resisti e coloquei a mão no seu rosto suavemente e respondi: - Não se preocupe! É tempo de novas coisas, eu mudei! Espero que possa me perdoar. — A minha mãe apenas aplaudia aquilo tudo enquanto chorava de emoção. Pobrezinha, mal sabia que era tudo atuação. Sorri para a minha mãe e subi para o meu quarto. Estava tudo igual a como eu tinha deixado. O meu pai estava sentado na cama, enquanto fumava seu charuto, disse: - Sente-se. Precisamos conversar. — Sentei-me na cadeira do computador e olhei para ele atentamente. Ele apagou o charuto e jogou-o pela janela dizendo: - As coisas estavam boas sem você por aqui, não posso negar. Pudemos enfim ser a família perfeita e sem erros. As pessoas pararam de me olhar torto na rua e comentar coisas quando eu passava. Mas, eu senti a sua falta. Você é e sempre foi o meu filho predileto. Errei na criação do Robert e sei o que ele fazia com você. Descobri alguns dias atrás. Foi por isso que você fez aquilo com a Julie, Richard? — Fitei os olhos dele e respondi: - Não fiz aquilo com a Julie. É hora de colocarmos as coisas em pratos limpos.


Continua...


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Notas finais do capítulo

Personagens no capítulo:
Richard Rhodes (Protagonista)
Charlotte Rhodes (Mãe de Richard)
Carl Rhodes (Pai do Richard)
Julie Sharp (Vadia #1)
Juno Sharp (Irmã mais velha de Julie)
Jessica Sharp (Mãe de Julie e Juno)
Lana Miller (Garota mais rica e poderosa de Gladstone)
Inês Miller (Irmã de Lana Miller)
Robert Rhodes (Irmão de Richard)
Violet Sullivan (Irmã de Vivien / 1ª morta)
Vivien Sullivan (Irmã gêmea de Violet Sullivan / Suicida)
Lugares:
Berna (Capital da Suiça)
Gladstone (Internato)
Westview (Cidade Natal do Richard)