Virgem Em Apuros escrita por Victor Bedoze


Capítulo 7
Capítulo 7 - Minha querida Prima


Notas iniciais do capítulo

Samanta reencontra a sua prima "Gabriela". Louca, louca, rica, e mimada. Tudo o que ela não precisava era de uma visita da sua prima.



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Acordar com um garoto de cueca ao seu lado. A sensação de que a qualquer momento a minha mãe pode entrar pela porta a qualquer hora.

Um Deus grego, diferente do Caio ele é bem mais quente, a sua pele é clara, de olhos castanhos, cabelos cacheados na altura do pescoço, e um corpo de deixar qualquer garota de queixo caído. Mas resisto a qualquer tentação e tento acorda-lo.

– Acorda Matheus – sacudo a perna dele.

– O que foi que aconteceu? – Ele aperta os olhos por causa da luz no quarto.

– Você precisa ir embora – digo.

– Eu estou de cueca na sua cama, agente... – já estou ciente do que ele iria perguntar.

–... Não, não aconteceu nada.

– Que pena – ele diz com um sorriso sacana no rosto.

– Você tem que ir embora Matheus – o interrompo.

– Tudo bem, mas como?

– Vou despistar a minha mãe, ela ficará aqui apenas essa semana...

– Então você está me chamando para vir aqui de novo?

– Não. Não é isso me deixa terminar – digo, tentando lembrar do que acabara de dizer. – Como ela está de folga, ela está nesse exato momento dormindo, então eu vou despistar ela, abrirei a porta e você sai em disparada.

– Tudo bem, mas você não vai me dar um beijinho de boa sorte?

– Ainda não sei cozinhar, mas quando souber mando beijinhos para sua casa. Pode deixar.

– Engraçadinha – ele ri.


***


Desci as escadas, na ponta dos pés com medo da minha mãe estar acordada. O Matheus está logo atrás de mim, com os pés pesados, como se calçasse sapatos feitos de chumbo, e solto um “Shhhh”, bem baixinho para ele que parece ter obedecido. “A barra está limpa” digo para o Matheus, e ele me beija e saí correndo, como uma criança que rouba um doce do amiguinho. Eu solto uma gargalhada dos tropeções dele, e abafo com a boca o som da minha risada. Quando o telefone toca e eu grito escandalosamente tapo a boca com toda a força, mas a minha mãe parece ter ouvido. Fecho a porta e vou até o telefone.

– Alô.

– Oi, Sam... - Um Leo envergonhado se acanha do outro lado da linha. –... Desculpa por ontem está brava comigo?

– Até parece que vou ficar brava com meu melhor amigo – digo.

– Que bom. Você vai à escola hoje?

– Sim, vou me arrumar.

– Passo aí então, tchau!

– Tchau – ele diz suspirando de alegria, não conseguindo conter.

Demora alguns minutos até eu desligar o telefone – tenho que conferir se ele não vai dizer algo inesperado – então vou até a cozinha e percebo que todo o plano de fuga do Matheus foi inútil. A minha mãe deixou um recado na geladeira.

“Fui ao buscar sua prima Gabriela. Ela está de carro, mas não sabe o caminho. Volto já”.

– Ufa – pelo menos não corremos o risco da minha mãe nos pegar no flagra.

Durante o banho penso no bilhete de como a presença da minha prima aqui irá piorar tudo. Ela consegue ser a mistura de tudo o que é ruim, não que ela seja ruim, não é isso, ela tem apenas um problema “Ela não consegue mentir”.

Loura de cabelos cacheados longos, pele de bebê e dona de um guarda-roupa enorme cheio de roupas rosa, ela é a garota mais ‘fresca’ que eu conheço na face da terra, mas não pense que ela é patricinha ou essas “it girl”, ela é apenas a filhinha mimada que tem um closet enorme e que foi demitida do seu emprego como modelo porque transou com o namorado da dona da agencia de modelos. Mas tirando a parte piranha sangue-suga ela é gente boa.

Ela já ficou afim do Leo, desde que meus pais se mudaram para São Paulo que ela quer passar as férias aqui para rever o Leo.

Agora o Leo chegou, consigo ouvir a barulhenta campainha daqui do quarto.Visto as roupas, desço as escadas pego uma fruta para comer no caminho e abro a porta, encontro o Leo e caminhamos pela calçada até o Colégio.

– Alguma novidade Samanta? - perguntou ele.

– Você sabe que não gosto de fofocas - ou seja adoro. - Mas tenho um babado para te contar sobre a Savanna.

– Então conta - ele diz com entusiasmo.

– A Savanna é filha da empregada do Caio.

– Mentira... E ela ela diz para todo mundo que o pai dela é dono de uma empresa de Canal de TV.

– Não sei do pai dela, mas parece que a mãe dela é a empregada do Caio.

– Nossa, e você vai contar pra todo mundo, e se vingar dela?

– Não. Não quero me igualar a ela, jogando tão baixo assim.

– É, ninguém merece passar por essa humilhação, nem ela.


Eu conto um trecho de uma musica e nós dois rimos "Deixa acontecer naturalmente". É tão bom voltar a falar com meu melhor amigo, não tenho muitos amigos, mas o Leo vale por muitos amigos, e sei que com ele posso contar.


– Ah, já estava esquecendo. a sua namoradinha voltou - digo rindo.

Sei que é errado falar isso agora que ele me contou - eu descobri - que ele é gay, mas sinto como se nada do que acontecera fosse verdade, e também não toco no assunto para não machuca-lo.

– Namorada? O que foi, bateu com a cabeça na parede?

– A Gabi, está esquecido? - riu disfarçadamente.

– A sua prima louca?

– Sim - digo - "Você parece um bombom de chocolate"– tento imitar a voz dela.


***



Nós dois rimos até que chegamos no portão do Colégio e fomos direto ao armário pegar alguns livros da aula de hoje, quando a Savanna empurra o Leo e ele derruba os livros no chão.



– Não liga Leo, ela vai fazer isso pra te intimidar - ajudo-o a levantar.


– Estou cansado Sam, de ser invisível. - ele diz.

– Invisível? Se você é invisível o que eu sou então?

– Mas você tem o Caio agora.

– Enganou-se, pois eu tenho a você, e você tem a mim, irmãos são para isso apoiar uns aos outros.

– Obrigado. Sam. - nos abraçamos.

– Agora vamos para sala antes que toque o sino.

– Beijos - ele solta beijos no ar.

A sensação de chegar cedo pela primeira vez na sala em toda a minha vida, é radiante, agora eu posso sentar ao lado do Caio e poder escolher o assento.

– Oi - digo para um Caio cabisbaixo entretido com os livros.

– Oi, Samanta Claro, senta aqui ao meu lado - ele aponta uma cadeira ao seu lado, eu sento.

– Aí Caio, hein, tá pegando a esquisita. - diz o Lucas com a voz ampliada como se com um auxilio de mega fone e todos que ali estavam presentes riem.

– Cala a boca garoto - digo furiosa.

Bom o pior não foi o Lucas e a sua piadinha sem graça, mas sim, ver que o Caio nunca se defende ou ao menos se defende, ele apenas ri igual ao um idiota. Desisto de sentar ao seu lado e sento na ultima cadeira onde encontra-se vazia. Agora estou enraivada pela Savanna tomar o meu lugar.

A aula começa e a professora de português e Literatura está ditando uns versos de Shakespeare, e eu só consigo notar os peitos caídos dela. Será que quando chegar em sua idade, os meus também vão cair como os dela?

Ela não é tão velha assim tem aparência de uns quarenta anos e por baixo de toda aquela roupa de cor morta parece ter menos idade. O Lucas como sempre não perderia uma chance de soltar uma das suas piadinhas sem graça e como uns robôs os alunos automaticamente riem como aqueles risos de series americanas computadorizados quando a piada não tem graça, mas eles usam para forçar a todo mundo rir. Então as aulas foram: português historia, física e duas aulas de matemática parece até que para testar até onde vai a nossa sanidade mental. Toca o sino, fim das aulas.

Re-encontro o Leo com a cabeça enterrada no seu armário.

– Oi - digo ao cabeça de armário que parece ter se assustado e batido a cabeça .

– Oi, estava procurando livro de português.

– Ah, que bom. Vamos?! - Não escuto o que ele falou e passamos pelo corredor e chegamos à porta onde encontro uma roda de pessoas amontoadas todas vislumbrando um carro cor rosa.

Aperto os olhos para enxergar a loura dentro dele, quando vejo a Gabi. Ela solta um grito agudo e ensurdecedor enquanto eu sussurro para o Caio. "Eu quero morrer, por favor me mata".

***


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Notas finais do capítulo

Continua...