Os Últimos Hérois - Fic Interativa escrita por Jack White, Redbird


Capítulo 10
Corra, Dylan, Corra


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Red aqui de novo. Estão sentindo falta do Jack? Por que eu estou. Bom, eu realmente espero que vocês gostem desse capítulo. Let's go
Bjoos



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I Just Wanna Run- Downtown Fiction


http://www.youtube.com/watch?v=HrWnfx8uRPw

Dylan


Correr. Quando se vive nas ruas essa é a palavra chave para sobreviver. Sorte que eu faço isso desde que me entendo por gente. Você tem que correr quando rouba um pouco de comida, tem que correr de outros garotos de rua maiores e mais malvados que você, tem que correr do desespero dos usuários de drogas que, embora já estejam no seu limite, sempre conseguem forças para roubar o que for para vender.


Mas, mais importante do que saber correr, tem que aprender a ser invisível. Saber por onde andar, perceber em que lugares você pode roubar ou não.  Ser invisível não é muito difícil.  As pessoas geralmente não dão a mínima para um garoto de rua, contanto que você mantenha distância, eles nunca realmente vão te enxergar.

Por isso aqui estou eu, pela terceira vez em dois dias, escondido na pequena igreja Anglicana do centro de Nova York, fugindo por causa de mais um roubo bem sucedido. Espero mais uns dez minutos e saio como quem não quer nada.  Desta vez, felizmente, o dono da padaria não me viu.  Hoje deve ser meu dia de sorte.  Dois pães e um pacote de bolacha de recheada. Esse açúcar vai me manter vivo por pelo menos mais um dia.


 Com certeza Neythan deve ter alguma coca-cola. Acho que posso até me dar ao luxo de trocar um pão por uns goles. Outra lição que você aprende na rua: Você tem que aprender com quem contar. Confiar na pessoa errada pode ser fatal, não confiar em ninguém também.


Neythan é um cara legal. Podíamos ser amigos, mas eu nunca fico muito tempo na mesma cidade.  Costumo viajar pelo país, de carona, escondido em um ônibus, tanto faz, eu sempre encontro um jeito.  Ficar por muito tempo em um mesmo lugar é complicado. É muito mais fácil sobreviver quando não te conhecem. 


Nasci aqui em Nova York, no famoso bairro de Chinatown. Meu pai sumiu logo depois que eu nasci, então sempre fomos minha mãe e eu. Até o dia em que o câncer chegou. Foram quatro meses. Depois disso, todo o mundo que eu conhecia se foi como num passe de mágica.  Eles me levaram para um abrigo no dia em que ela morreu.  Não fiquei lá nem duas horas. Fugi assim que consegui.  Aprendi rápido a escapar e me esconder. Sai do abrigo direto para rodoviária. Com o dinheiro que eu tinha roubado do diretor do local peguei o próximo ônibus para Washington, o mais distante que eu podia imaginar dali naquele momento. 


 Eu simplesmente não sei por que, mas sempre volto para Nova York no mês da morte da minha mãe.  Eu sei que é idiotice, mas quando volto a ver os músicos de rua no nosso antigo bairro é como se ela estivesse comigo.


 “O que nós fazemos quando tudo dá errado meu filho?”- ela me perguntava sempre que estava triste, o que acontecia com muita frequência, “Nós dançamos”. Então ela me pegava para ver alguém tocando flauta na rua, segurava minhas mãos e começava a dançar comigo. Eu sempre reclamava.  Gostaria de ter dançado mais uma vez com ela.


Quando estou prestes a sair da igreja encontro uma mulher. Ela é ruiva, tem uns olhos azuis. Eu a reconheço. Era minha vizinha na época em que minha mãe ainda era viva.  Lembro-me que a moça costumava sempre dar bom dia quando passávamos por ela todas as manhãs.  Congelo esperando que ela me reconheça, mas a moça passa direto por mim, sem nem ao menos  me olhar. Com certeza, é muito fácil se tornar invisível quando se é das ruas. Principalmente aqui em Nova York.


Ver a mulher me deixa triste de um jeito que eu não me sentia há anos.  Três anos para falar a verdade. Pego (invado, melhor dizendo) o metrô ainda preso em lembranças.  Sobreviva, digo para mim mesmo. Não importa o que aconteça. Sobreviva. “O que fazemos quando tudo dá errado? Nós dançamos”. Observo com uma certa inveja um homem vestido para correr.  Eu corria antes de minha mãe morrer. Ela costumava me chamar de seu corredor e fazer bolo de chocolate toda vez que eu batia meu recorde.  Eu não devia fazer isso. Lembrar dela só vai deixar as coisas bem piores.  Já está na hora de eu partir de novo.


Assim que chego na minha antiga rua, Neythan está tendo uma briga daquelas com mais  dois garotos.  Sinto raiva. Eles se aproveitam porque ele está velho demais para se defender. Velho e bêbado.


-Ok garotos deixem Neythan em paz – digo tentando dispersar os dois. Eles são grandes. Eu por outro lado, sou apenas magrinho.


-Vamos deixar magrelo. Mas você vai ter que passar esse pão para cá- diz o que parece ser o chefe e o mais gordinho.


Eu olho meus dois pães. Sorte que coloquei a bolacha no bolso da calça. Suspiro. Se eu resolver  brigar com eles estarei em desvantagem. Neythan não está em condições de me ajudar. O melhor que tenho a fazer é negociar. E lá se vai meu dia de sorte.


-Ok, dou um. Mas vocês tem que sair daqui agora.


-Um? Eu acho que você pode nos passar esses dois pães ai- diz o gordinho.


- Não. Por que se eu não comer esse pão, vou morrer de fome. Se eu morrer de fome vou cair por aqui mesmo. Vocês não querem a assistência social xeretando por essas áreas não é?


Nós não damos a mínima para polícia, ela não liga para nós, mas a assistência social pode ser um pé no saco ás vezes. É por isso que eu nunca fico no mesmo lugar por muito tempo.  Meu truque funciona.


-Ok tampinha, passa para cá o pão.


Entrego o pão e os dois saem correndo. Olho para Neythan


-Eu ia trocar aquele pão por um gole de coca. Você está me devendo.


-Ok, garoto. Eu divido a coca com você.


E assim comemos tranquilamente. Tão tranquilamente quanto é possível quando se é um morador de rua. Assim que terminamos nosso pequeno piquenique me levanto.


-Acho que está na minha hora.


Posso ver que o velho se entristece um pouco. Ter companhia é algo raro para nós.


- Por quê?  Está com medo daqueles dois garotos? Qual é! Fique mais um pouco – diz enquanto bebe mais um gole da cachaça que conseguiu roubar também.  Para variar ele preferiu tomar a cachaça e me deixou com a Coca.


-Não tem nada haver. Você sabe que tem patrulhamento hoje. Não vou me arriscar a ser pego. Espero que você faça o mesmo.  Não deixe esses garotos te atormentarem.

-Pode deixar. O velho aqui manja das coisas. Não vai se deixar abater tão fácil.


Dou um sorriso para ele.  Viro as costas para sair. Mas antes de dar três passos me lembro do pacote de bolachas escondido. Pego minha pequena faquinha em um dos bolsos e corto o pacote pela metade. Entrego uma delas para Neythan. Apesar de terem sido só três dias, me apeguei a esse velho bêbado.


-Se cuida cara.


Meia hora depois chego à rodoviária e como o ônibus que está indo para o Colorado é o próximo a sair decido tomar esse mesmo.  Aproveito enquanto uma das moças está atendendo os turistas e invado o ônibus. Aqui vou eu, para mais uma aventura. Dessa vez vou conhecer as montanhas rochosas no sul.  Aposto que nem aqueles riquinhos mimados viajam tanto quanto eu.  Eu já fui até a Disneylândia uma vez.  Infelizmente não posso voltar.  Tudo por causa de uma briga que tive com um cara vestido de Ursinho Puff. Uma longa história.


O restante dos passageiros nem me olha. Fico feliz com isso. A ideia de tomar banho naquele banheiro público do Central Park funcionou. Provavelmente o cheiro das ruas chamaria a atenção.  Observo o restante dos passageiros. Alguns deles estão com camisetas de bandas, filmes, frases.  Talvez, se eu não estivesse na rua, poderia conhecer todos esses filmes e todas essas bandas. Mas isso é tão estranho de se pensar que afasto essa ideia da cabeça na hora.


Cinco horas depois o ônibus para na Rodoviária do Condado de El Paso, no Colorado. Depois de uma semana na selva de pedra meu corpo e minha mente estão pedindo por um pouco de natureza então me dirijo para o Parque Nacional de Pico Peaks. Como sempre, consigo entrar sem ser visto.  Acho que entrar nos lugares sem ninguém me notar é um dom.


Ficar nas montanhas é uma sensação incrível.  Quase consigo esquecer toda a solidão, todo medo, tudo que tenho passado há três anos, desde que minha mãe morreu.  Ainda não há muitos turistas.  Eles provavelmente só vão vir bem mais tarde.  Então aproveito para me sentar e observar a paisagem.   E ela é linda. Verde, branca, azul. Perfeita.


Mas, quando estou ali, satisfeito olhando a montanha, algo estranho acontece.   Vejo com o canto do olho uma luz dourada. Minha primeira reação foi me afastar um pouco daquele objeto.  Era uma caixa. Pelo que eu pude ver, a caixa era de bronze, parecia mais uma arca antiga, daquelas em que as pessoas colocavam tesouros nos filmes.  Olhei para os lados, não havia ninguém me observando então aproveitei para verificar mais de perto.  Afinal de contas, nunca se sabe que coisas úteis você pode encontrar por ai.


Quando cheguei mais perto quase levei um susto. A caixa estava endereçada a mim! Abri o mais rápido que eu podia.  Eu não estava conseguindo me conter de tanta excitação e medo. Quem teria deixado isso aqui para mim? E Por quê? Essas perguntas rodavam minha mente sem cessar enquanto eu abria o pacote.


Assim que abri, vi que dentro da pequena arca havia uma espada. A luz dourada que eu tinha visto vinha dela, apesar de eu ter certeza de que ela era feita de bronze.  Mas de um bronze diferente, mais... Nobre.


Fiquei segurando a espada por um bom tempo, tentando assimilar o que estava acontecendo.  Perguntas não paravam de ir e vir na minha cabeça.  Mas algo me tirou do transe. Gritos.  E eles estavam aumentando cada vez mais, como se pessoas estivessem correndo em minha direção. Fiquei parado, não sei bem porque, mas logo percebi que essa não foi uma decisão muito sábia.


Havia um leão correndo em direção a mim. Um leão muito grande. Eu nunca tinha visto algo como aquilo. As pessoas ao meu redor gritavam desesperadas. Pude sentir suas presas, prontas para me perfurar.  Ok, quem mandou essa espada, agora eu entendo tudo, obrigada.  Mas precisava ser assim tão claro!?


O leão parte para cima de mim. Faço o possível para me defender, fazendo alguns poucos cortes. Mas a pele dele parece ser impenetrável. Sinto uma dor lancinante e percebo que ele fez um corte profundo com as garras em minhas costas.  Continuo dando estocadas mas nada parece funcionar.   Ele se afasta um pouco para melhor pegar sua presa e aproveito para correr.  Como posso lutar contra uma coisa daquelas?


Há uma pedra grande. Uma ideia de repente me ocorre. Subo nela.


-Eii bichano. Você quer brincar?


Eu devo ter enlouquecido. Simples assim.

 O leão se aproxima eu dou um pulo e me agarro em seu pescoço. Ele começa a correr e sinto meu estômago chacoalhando.  Ok, agora é hora.  Escorrego um pouco em direção à barriga do bicho e enfio a espada em sua garganta.  Espero que sangue jorre, mas nada disso acontece.  


Caio no chão com um baque, enquanto uma poeira estranha se dissolve bem na minha frente.  Mas o que foi isso?  Antes que eu possa pensar em mais alguma coisa vejo um homem e um menino vindo em minha direção. 


-Bem na hora Etnos!


-Não sei, parece que chagamos depois da festa Jason.


Os dois se aproximam de mim.


-Dylan não é? Esse é o seu nome?


Dou um leve aceno de cabeça para o garoto.  Estou muito confuso para saber se ele é um amigo, se é esperto lhe dizer quem sou. Dou mais um aceno de cabeça e isso faz meu corpo todo doer.


- Ótimo.  Nós viemos resgatá-lo.   Bem vindo Dylan, escolhido de Hermes.


A única coisa que consigo fazer é dar um sorrisinho para os dois antes que tudo se torne escuridão. 


Dylan:

























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Notas finais do capítulo

Espero que tenham curtido. Beijos!!



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