Apesar de não acreditar, algo em mim precisava saber se aquilo podia ser verdade. Mas e se você o que seria aconteceria comigo? Eu teria que me tornar como ele? Ou talvez eu já fosse e nem desconfiava.

  A tensão aumentava, minha cabeça rodava muito rápido e mil perguntas surgiam na minha mente, e se fosse verdade? O juízo, me dizia que aquilo era mentira, mas o coração parecia pedir que pelo menos, a parte de eles serem meus pais fosse verdadeira. Eu já havia me apegado demais a eles para simplesmente, ter que abrir mão deles, por uma história confusa.

 Will volta até mim, trazendo nas mãos os frasco que continham o liquido vermelho que eu tomava como substituto da maioria das refeições.  

- Veja. - ele me alcança o frasco -  O que você pensa que é isto?

  NÃO. Não isto podia ser o que eu penso que é. Mas não havia outra explicação, eu teria que inventar uma.

- Suco, de alguma fruta vermelha ou planta exótica.

- Por que você mente para si mesmo? Sebastian, apenas diga o que você realmente pensa.

- Alimento de vampiro, ou seja, é...sangue. - eu disse secamente, torcendo para que isso fosse apenas uma brincadeira de mal gosto. Como eu poderia ter passado messes bebendo sangue sem nem perceber. 

- Você está correto. - não deixei ele terminar a frase.

- Como assim? Isso não pode ser sangue, como eu bebi isso por messes sem perceber nada? -acabei falando mais alto do que eu pensava e Emma se assusta e intervem.

- Querido se acalme, para tudo há uma explicação.

- Eu não consigo acreditar que você acredita nisso! Você sempre me pareceu muito correta, do tipo que buscava a perfeição e quando a perdia, entrava em colapso. Ou então, Emma você é uma "vampira" também?

- Não sou. Como eu já te disse na infância e parte da adolescência, tive constantes pesadelos e sonhos sobre a vida passada. Por isso e outras coisas, eu acredito no que Will diz e peço para você também acreditar. 

- Obrigado Emma. Sebastian, por favor acredite em mim, se você fizer logo entenderá tudo.

- Logo, depois, brevemente, sempre há mais alguma coisa escondida. Eu cansei disso! Estou indo embora.

 Nunca pensei que os deixaria, mas era minha única opção. Não consigo viver mais com tantos segredos e lembranças dolorosas de um passado que nem sei se existe. 

 Vou para meu quarto e arrumo uma mala. Deixo algumas lágrimas rolarem pelo rosto e percebo que Emma está atrás de mim, também chorando. Instintivamente abraço ela, quando nos separamos, ela olha no fundo dos meus olhos, eu vejo que ela não esta mentindo, mas mesmo assim eu irei embora.

- Por favor filho, fique e acredite em nós, apenas queremos o seu bem. Eu e seu pai te amamos muito e sempre iremos te amar.

- Eu também amo vocês, mas...me desculpe, eu não posso. Adeus.

 Saio do quarto e passo direto em direção à porta, sem olhar para Will.

- SEBASTIAN! - viro para trás e o encaro - Você não pode ir.

- Por que? No código dos vampiros não existe livre arbítrio? - digo sarcasticamente.

- Você não sobreviveria sem mim.

- Eu posso não ter mais família, mas eu ainda sei como viver. Posso arranjar trabalho, fazer qualquer coisa, eu não preciso de você.

- Não é disto que falo. Você perderia o controle sobre si, sem a minha ajuda.

- Perder o controle? O que você quer dizer com isso?

- Eu não queria ter feito isso, mas eu fiz. Não havia outra saída no momento...