Fuga escrita por Natã Cruz


Capítulo 5
Capítulo 4 - Cadeira sobre rodas


Notas iniciais do capítulo

Bom povo, este capítulo é menor, mas aí esta =))
Espero que gostem, não esqueçam de correr e comentar, flw?
ÊÊÊÊ, o/.



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Semanas haviam passado. Mattew procurava algo nas gavetas baixas de John e não havia achado.


– John! John! – gritou Mattew.

Logo, o velho com o telefone grudado no rosto apareceu aparentemente nervoso.

– Eu não achei as achei. – respondeu agressivo.

– Tudo bem, espere. – disse John impaciente voltando ao telefone.

Mattew suspirou alto, virou sua cadeira de rodas e saiu do quarto impaciente com tudo aquilo. Já se passavam quase um mês e ali estava Mattew, aos cuidados de um coroa desconhecido solteirão alcoólatra. Havia recebido tudo ali, tratamentos médicos, comida, tudo! E, segundo o médico de John, ele estava paralítico por tempo indeterminado e que passava por algum tipo de amnésia, que fazia Mattew esquecer o motivo pelo que fugia e porque tinha tanto medo da polícia. John procurava sempre explicações e conhece-lo sempre mais.

– Achei! – disse o coroa passando pela sala mostrando um grampeador. Ainda estava impaciente como Mattew.

Mattew observava a lareira vazia de John e pensava no quanto estava perdendo seu tempo ali, estava impaciente e insatisfeito com tudo aquilo. Queria algo mas não se lembrava do que.

Mattew não era mal, sempre queria as coisas rápidas, queria sempre correr e vivia sempre de atitudes bem pensadas, era uma pessoa intensa.

Era conhecido pelo seu temperamento frio às vezes e por ser “durão” e por ter ótimos conselhos. Mattew queria sair daquela casa, queria respirar, queria deixar aquele lugar logo, não precisava mais da ajuda de John! Mesmo com a mente confusa, ainda queria respirar e ser seu próprio “pai”, não criar raízes e talvez arranjar um novo nome, outro país. Quem sabe.

Mattew não estava paralítico. Como o médico havia dito, era por tempo indeterminado, logo ele voltaria a andar, e já faz dias que Mattew já tinha condições para se movimentar em pé. Mas ainda permaneceu na cadeira de rodas, precisava pensar e ficar ali. A ajuda de John ainda não era dispensável.

– Mattew, eu vou sair agora, ok? Voltarei depois das seis. – dizia John sem olhar. Sem resposta, virou-se e o chamou – Mattew! Mattew!

Sério, ele virou a cadeira.

John suspirou alto.

– Olha, eu sei, cara... Precisamos conversar... Mas agora estou de saída, tem comida na geladeira, põe no micro-ondas e manda a ver.

Mattew sorriu, não pode se conter, era banal o jeito que John tentava se popularizar com gírias. Mesmo às vezes parecendo que ele tentava sugar isso de jovens suburbanos, ele na verdade pegava dele mesmo, John era jovem, era solto e sempre muito atento e com ótimos reflexos.

John acenou e saiu atendendo mais uma ligação, era um homem de negócios.

Mattew se levantou da cadeira de rodas e foi até o armário de John. Pegou uma garrafa de whisky e encheu um copo. Bebeu em um gole e encheu o copo novamente. Foi até a cozinha e debaixo da geladeira, pegou um maço de cigarros. Retirou um e logo estava o tragando com um copo de whisky.

Passou algum tempo e a campainha toca, Mattew assistia TV, levanta, ainda fumando e vai atender a porta, checa no olho-vivo e vê que é uma mulher.

Sem perder tempo, Mattew abre a porta.

– Pois não? – disse franzindo a testa.

– John esta? – disse ela com a cara amassada, moletons e um vestido do tamanho do joelho, sapatilhas e unhas extremamente grandes.

– Não. – respondeu curto e grosso enquanto tragava.

A mulher tossiu e espantou a fumaça.

– Eu espero. – disse incomodada com a fumaça e entrando na casa sem permissão.

Mattew a estranhou e achou muita ousadia dela entrar daquela forma.

– Sou a ex-mulher de John, esta casa também é minha e eu não gosto de gente fumando nela. – disse se virando para Mattew com uma cara “azeda”.

Era Becca.

– Ex? – disse com o cigarro na boca. – Hum. – disse jogando o cigarro no chão, o apagando e pegando sua cadeira de rodas e indo para seu quarto.

– De quem é isso? – perguntou Becca se referindo a cadeira de rodas.

Mattew não respondeu e saiu a empurrando.

Ela ficou confusa na sala e sentiu calafrios. Mattew parou, olhou pra trás e a observou, era uma mulher que não se cuidava mais, mas com muita beleza, Mattew a imaginava em roupas de grife e com homens de casino. Finalmente olhou para os quadris dela.

Era uma mulher atraente e que atraía de verdade a atenção de Mattew.

Ele riu consigo mesmo e foi para seu quarto. Não poupando de pensamentos maldosos.

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Dorethe acabava de vomitar pela quarta vez no dia, não aguentava mais sentir o gosto do próprio vômito.

– Dore, desculpa. – disse Lorel com luvas de cozinheiro na porta do banho.

– Sem problemas, Lorel, estava uma delícia, o problema sou eu mesmo. – e ela vomitou mais uma vez.

– Eu não entendo... Eu fiz tudo direito, não tem nada estragado... Você é alérgica a atum? – perguntava Lorel preocupada.

– Não, eu... eu... adoro atum. – dizia com ânsias de vômito. – ultimamente, tudo tem me feito vomitar.

– Temos que ir ao médico. – disse Lorel.

– Olha, Lorel, eu sei o que você deve tá pensando, que eu devo estar grávida ou algo parecido, mas não, eu não vou fazer parte desse clichê humano médico. Eu sou Dorethe Binsfeld e eu me previno, tudo bem?

– Tudo bem, quando parar de vomitar, me fale e vamos jantar fora.

Lorel e Dorethe tinham se aproximado mais do que nunca nessas semanas, ficaram íntimas, pareciam duas amigas de infância.

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Lion, Maddie e Cate acabavam de por gasolina no carro e já estavam na estrada novamente.

Maddie é uma mulher de vinte e nove anos, morava com Cate, sua filha de cinco anos, as duas moravam sozinhas até conhecerem Lion, o solteirão e cobiçado de Lorel, sim. Lion tinha uma namorada e uma filha postiça, mas era segredo.

Não tinha mais de dois meses que Maddie e Lion decidiram viver juntos.

Mas o problema é viver em paz. Lion estava levando as duas para um hotel na estrada vinte e dois na entrada de Seattle.

Maddie olhou pro banco de trás e viu como Cate dormia feito um anjo, com seus cabelos dourados e pele clara, era possível ver suas veias do pescoço.

– Acha que vamos poder ficar bem la? – disse Maddie com seus olhos castanhos trêmulos. Sentia medo, sentia seu corpo pulsar devagar, parecia estar na beira da morte.

– Esteremos seguros lá, Maddie, é um bom lugar, é seguro... Você verá. – disse Lion olhando pra sua parceira enquanto dirigia.

Houve silêncio.

– Temos que chamar a policia, Lion. – a voz de Maddie era madura e parecia uma melodia quando falava.

Lion olhou pra ela sério.

– E você ir presa? Não, isso vai passar, Maddie. Dê tempo ao tempo.

Houve um silêncio até que Maddie apoiasse o rosto em suas mãos e começar a chorar.

– Qual é, Maddie... – dizia Lion.

– Não, não, não, Leonard! Não! A vida de Cate esta em perigo e é por minha causa! - disse quase sussurrando.

Lion estacionou o carro e virou completamente para o lado de Maddie.

– Olhe querida, eu estou aqui. E nada, nada! Esta me ouvindo? Nada irá nos machucar, muito menos a Cate, tudo bem? Tudo bem? Pode confiar em mim? – dizia enquanto a abraçava.

– Tudo bem, Lion, tudo bem. – Maddie às vezes achava melhor concordar com Lion do que persistir em algumas coisas como estas.

Naquele momento o celular de Maddie vibra, ela o pega e vê uma mensagem de texto.

Ela começa a gritar e a chorar.

– O que foi? – perguntou Lion assustado.

– É o Bill, Leonard, é o Bill!

Lion para o carro novamente e lê a mensagem.

“Eu vou estraçalhar você, sua vadia.”

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– Animada para o emprego no exterior? – perguntava Dorethe enquanto ia junto com Lorel para o restaurante mais perto. Estavam famintas!

– Vai ser daqui a um ano ainda, então... Acho que vai demorar um pouco até eu terminar meu curso de francês...

Sim o emprego que ela tinha ganhado era para o exterior, para trabalhar em Paris!

– Estou muito feliz por você. – disse Dorethe.

Dorethe não era a melhor amiga do mundo, era sempre muito odiada pelas pessoas, sempre vivia na pior, não acostumava estudar na faculdade e gostava de dormir com caras comprometidos. Lorel não a conhecia por completo, não sabia quem era de verdade a pessoa que dividia com ela as tardes, filmes e segredos. Dorethe gostava da amizade que havia feito, não tinha amigas. Mas desejou profundamente o emprego de Lorel no momento que ela contou, semanas atrás.

Ainda hoje deseja mesmo se sentindo um 1% culpada, a sorte e a casa que Lorel tem.

Não era uma pessoa ruim, mas também não era a amiga perfeita e nem aquela que você gostaria de ter do lado.

As duas chegaram no restaurante e acabaram deparando com todas as mesas ocupadas.

– Ei, ei! – disse uma voz simpática.

As duas captaram e viram um homem elegante, de terno e já comendo.

– Se quiserem, não importo em dividir a mesa com vocês.

Era John.

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Notas finais do capítulo

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