– Lily e eu temos um filho. Príncipe Rilian – começou o homem.

– Sério? Onde ele está? – a garota, tão animada por um novo amigo, interrompeu Caspian. Mal sabia ela o que tinha por vir.

– Aí é que está Lúcia — o rei demonstrou um ar tristonho —, ele não está aqui. Irei explicar a história toda. Tenha calma, tenha calma. – o homem deixou escapar um suspiro longo – Eu estava resolvendo uns problemas em Cair Paravel enquanto Rilian e Liliandil estavam passeando no jardim do reino e...

No mesmo momento houve uma interrupção. Lilliandil, vestida em um longo vestido de seda branca — o mais lindo visto desde então —, abriu as portas daquele grande salão. Seu sorriso doce desenhava os lábios de cor quase pálida quando avistado os convidados de honra — grande honra!

– Olá para todos, meus amigos. Saibam que é muito bom revê-los!

– Oh, olá! – cumprimentou a menina de cabelos acastanhados.

Edmundo apenas cumprimentou-a com um aceno de cabeça. Eustáquio, por outro lado, ainda dava maior atenção à refeição.

– Oh, muito prazer Liliandil — Pedro beijou a mão da moça, assim que aconchegada na cadeira ao lado —, mas acho que não fui lhe apresentado. Sou Pedro Pevensie, irmão mais velho de Lúcia e Edmundo, primo de Eustáquio e, como talvez saiba, rei de Nárnia – suas últimas palavras, como sempre, soaram com um grande ar de superioridade. Ora, ora, quanto orgulho!

Lilliandil apenas sorriu a ele, dirigindo-se em seguida ao marido.

– Perdi alguma coisa, querido?

– Bem, eu estava contando a história do Rilian, mas já que você que estava com ele, querida, não gostaria de contá-la?

– Tudo bem Caspian, eu conto – concordou a mulher, suspirando. Encarou todos ali presentes e começou: – Rilian e eu estávamos indo para a floresta; iríamos colher algumas maçãs das árvores. Rilian, meu querido Rillian. Sabe ele bem que já tem 16 anos, mas mesmo assim adora brincadeiras. Sendo assim quis fazer algumas. Claro que eu aceitei. Já que tínhamos colhido maçãs suficientes para uma torta, não seria nenhuma desordem jogar um jogo.

– E ele sumiu? – deduziu Lúcia.

– Sim, minha querida. Não tínhamos nem começado a brincar e ele sumiu. Óh meu querido Rillian, não o achei em lugar algum. Mas sabe de uma coisa? Vi uma pequena nuvem verde se espalhar por todo aquele local. Tentei segui-la, mas infelizmente não deu em lugar nenhum. Voltei para Cair Paravel o mais rápido possível. Precisava avisar ao Caspian sobre o ocorrido.

– Quando Liliandil me disse que Rilian havia desaparecido, invoquei alguns guardas para darem uma vasculhada na floresta. Meus homens chegaram com só um resultado — Caspian segurou uma das mãos da esposa — Eles perguntaram para alguns habitantes da floresta se havia alguma coisa fora do normal. Os narnianos disseram que viram uma mulher com uma beleza absurda. Uma mulher nunca vista antes.

– Então ela é uma feiticeira. — disse Edmundo, dando uma última garfada no seu prato — Apenas as feiticeiras têm grande beleza.

– As feiticeiras e as ninfas. – corrigiu Pedro. Sua ação arrancara gargalhadas de todos.

– Não há mais ninfas em Nárnia. Pelo menos não que eu tenha as visto. Elas simplesmente sumiram de uma hora para outra – disse Caspian.

– Então é uma feiticeira — insistiu Edmundo — Isso explica a nuvem verde. Pode ser alguma magia que ela tenha ou esteja fazendo.

– Já que vocês descobriram quem esta por trás do desaparecimento do meu Rilian... conseguem trazê-lo de volta? – perguntou Lilliandil.
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– Claro, Liliandil. Derrotaremos a feiticeira verde, e traremos Rilian de volta – o mais velho dos irmãos sorriu.

– Feiticeira verde, Pedro? Que criativo! – ironizou a mais nova.

Todos novamente riram.

– Caspian, tenho uma pergunta. Você sabe como eu, Edmundo e Pedro voltamos à Nárnia? Eu me lembro muito bem que Aslam disse que não poderíamos mais voltar, a não ser Eustáquio. Isso tudo tem alguma explicação?

– Bem, essa também é uma longa história — pigarreou Caspian — Depois de toda a nosso busca não ter sucesso, consegui conversar com Aslam. Tivemos uma boa conversa sobre o desaparecimento de Rilian, e perguntei se vocês poderiam comparecer à Nárnia mais uma vez para me ajudar na procura. Afinal de contas, Rilian é o próximo rei. Aslam prometeu pensar, e disse que não prometeria nada, mas acho que ele conseguiu trazer vocês de volta. Mas, acreditem, creio que essa seja a última vez.

Silêncio...

– Agora que já sabemos o motivo da nossa vinda, como viemos para Nárnia novamente, e que já jantamos, não é melhor irmos dormir? – perguntou Edmundo ­­– O tempo passou voando.

– Claro, mas antes quero mostrar uma coisa para vocês. Venham comigo. – sorriu Caspian, levantando, fazendo com que sua cadeira rangesse na madeira do salão.