As crônicas de Nárnia - Feiticeira verde escrita por Isa Holmes


Capítulo 19
Vingança.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/311811/chapter/19

~ POV Edmundo ~

Enquanto Tyler matava sua fome de algumas semanas eu sentei debaixo da uma laranjeira e tentei arranjar algo para fazer. Do meu lado só havia algumas flores e laranjas caídas no chão. Escondido entre as flores estava um graveto. O peguei e comecei a rabiscar no solo. Fiquei tão concentrado nos meus rabiscos e devaneios que esqueci completamente das coisas em minha volta.

– Você desenha bem Edmundo.

De volta ao mundo, olhei para o lado e encontrei Tyler sentado.

– Obrigado.

– Quem são? Se me permite perguntar.

Olhei para o desenho. Não tinha percebido o que estava desenhando até observá-lo.

– São... meus pais. – respondi.

– Sente saudade deles, não é? Sei como é.

– É...

Tyler parecia entristecido. Mexia no bolso direito da calça. Parecia procurar algo. Ele pegou um papel que estava dobrado, e, naquele papel, havia uma pintura.

–Como eu disse, sei bem como é... – respondeu, entregando-me a pintura.

Observei a imagem. Eles eram uma família bonita. A pintura era antiga. Concluí apenas pelo fato de Tyler ainda ser criança. Ele e uma garotinha ao seu lado.

– Qual o nome dos seus pais?

– Minha mãe chama-se Sue. Meu pai, Colin.

­– E a garota? Quem é ela? – perguntei, apontando para a menina de cabelos longos e castanhos.

– É a Amy... ela era a minha... irmã.

­– “Era” sua irmã?

– Sim... era! – exclamou ele. – Ela... morreu... por disputa de território.

– Disputa de território, é? – arqueei a sobrancelha.

– Sim. – Tyler olhou para mim. – Eu e minha família tínhamos achado um ótimo lugar para morar, mas outros de nossa espécie queriam roubá-lo de nós. Nossos pais sempre queriam o melhor para nós, e eles acharam que aquele lugar era único, achavam que era um lugar lindo. Foi então que lutaram com os outros para preservar o habitat – ele suspirou – Meus pais estavam dando conta de declarar vitória naquela luta, mais Amy sempre teimosa quis ajudar, mesmo meu pai proibindo. Amy desde pequena era ótima com arco e flecha e achou que daria conta de derrotar dois adultos de nossa espécie. Quando pequenos não temos o dom de transformação, apenas o conseguimos por volta da adolescência. Amy acertou um dos oponentes, mas suas fechas eram muito fracas. A única ameaça que ele poderia ter seria um pequeno arranhão, porém ela tinha uma pontaria excelente. A espertinha acabou acertando o olho esquerdo dele. O bicho tão furioso com ela que acabou querendo vingança. Eles foram embora, mas mal sabíamos que o pesadelo estava apenas começando – Tyler pigarreou – No dia seguinte estávamos todos na maior felicidade. Meu pai havia saído para pescar para que minha mãe fizesse algo especial. Eu e minha irmã estávamos no jardim brincando de rei e rainha. – ele riu, como se lembrança fosse boa – Eu tinha uma espada de madeira e a minha irmã o arco e flecha dela. Adorávamos fingir que estávamos em guerra – seu sorriso se desfez – Mas, como esperado, os dois tigres voltaram querendo a vingança, fazendo um dos melhores dias de nossas vidas, se transformar no pior.

Me senti um pouco incomodado. O sorriso do garoto tinha ido para o brejo.

– Tudo bem se quiser parar, Ty...

– Não. Tudo bem. – ele suspirou e continuou: – Eles voltaram em forma humana. No começo não deu para reconhecê-los. Cada um deles estavam segurando uma espada. Percebi que o objetivo deles era vingança dupla. Aqueles doentes queriam matar a mim e a minha irmã! Nunca descobri o porquê deles quererem por as mãos em mim. Quando eles atacam novamente, desta vez em forma humana, minha mãe havia pedido ajuda na cozinha. Eu era o mais velho, não é mesmo? Tinha que ajudar. Fui e Amy continuou no jardim. Eu sempre ia vigiar minha irmã quando podia, e então eu os vi se aproximando dela e saqueando-a com a espada. Meu bom Deus, foi tão horrível... Enquanto um se divertia em vê-la morta, o outro me viu e não perdeu tempo em me perseguir. Mamãe não demorou a notar minha situação. Transformou-se para lutar rapidamente e avançou no louco que estava na minha cola. Ela o matou. O outro? Fugiu com o corpo de Amy. Quando papai apareceu... quando contamos a ele...

Tyler dobrou e guardou a pintura no bolso. Não terminou de falar, mas estava claro que foi apenas um banho de lágrimas.

– Sinto muito pela sua irmã, Tyler.

– Tudo bem. Já superei toda essa história, mas obrigado pela força, irmão.

Irmão?

Tyler me encarou, arregalou os olhos e levantou, desajeitadamente.

– D-Desculpe-me, De-Desculpe-me. Irmão não. Edmundo, Edmundo. Como sou tolo. Perdoe-me. N-Não cometerei o mesmo erro duas vezes.

– Tudo bem Tyler. – levantei-me e sorri – Irmão é legal.

Mesmo pelo sorriso no rosto, Tyler ainda parecia um tanto chateado.

– Que foi? Aconteceu alguma coisa? – perguntei.

– Não.... mas... Edmundo, lembra quando expliquei que me perdi dos meus pais ao quatorze anos?

– Sim. Lembro.

– Você acha que vou conseguir encontrá-los novamente?

– Claro! Porque não? É só ter fé que você vai encontrá-los! Você conversou com Aslam não foi? Você contou toda a sua história.

– Ah. Sim.

– Bom. Acho que já está na hora de voltarmos. Lúcia é rígida enquanto ao meu sumiço.

O menino riu e então seguimos de volta.

– Eu já ia procurar vocês – disse Lúcia quando nos viu.

Mostrei a língua para ele. Lucy não deixou de retribuir.

– Como está o Eustáquio? – perguntei então.

– Melhor, melhor. Bem melhor. – Lúcia encarou-o.

– Você acha que ele deve conversar com o Tyler?

– Todo cuidado é pouco – respondeu ela.

No momento em que Tyler e Eustáquio conheciam-se melhor, contei para a Lúcia sobre a conversa que tive com o meu novo irmão. Logo pegamos novamente a trilha para Cair Paravel. Tyler e Eustáquio ficaram conversando. Rilian e Lúcia como sempre estavam juntos e atrás de todos nós. Pedro ficou junto com Cristal e Eclipse. Eu, pelo contrário, fiquei com Aslam. Conversei com ele sobre os pais do Tyler como Lúcia havia sugerido.

~ POV Lúcia ~

– O que foi Lúcia? – perguntou Rillian. – No que está pensando que está te deixando tão perturbada?

– Como sabe que o que estou pensando está me perturbando?

– Sua expressão parece perturbada.

– É, estou. – entreguei as cartas. – Comecei a pensar na feiticeira. Sinceramente, não sei o porquê.

– Será que posso ajudar em alguma coisa? – perguntou, apertando minha mão – Acho que fui a pessoa que passou mais tempo com ela.

Sorri e ele riu-se.

– Eu não sei. Não entendo o motivo de tudo que ela fez. Não foi só por causa da aparência dela. E... ela não o sequestrou por nada. Tem uma parte dessa história que ainda não foi contada.

O principezinho ficou em silêncio.

– Ela tinha um motivo a mais. – disse por fim.

– E qual era? Pode me contar?

– Vingança.

– Vingança pelo o que Rilian?

– Pela morte da irmã mais velha, Jadis.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!