Quando a porta do quarto bateu e a coisa a quem Diogo chamava de pai saiu o bicho pegou naquele quarto.

_ Qual é a tua? Endoideceu de vez? Que lance é esse de falar pra seu pai que sou sua namorada?

_ Veja isso como a paga de me ter metido nessa. – Diogo me largou logo.

_ Metido nessa?

_ Sim. Ou já se esqueceu daquilo que você falou ontem á noite na sala de convívio?

_ Aí é que está é que eu não falei nada! Sua amiga é que entendeu tudo mal.

_ Pois ela entendeu mal mais meu pai entendeu mais daquilo que nunca devia ter chegado a entender.

_ E eu tenho culpa alguma que ela num saiba entender as coisas nem raciocinar? E mais, eu tenho culpa alguma de seu pai num saber interpretar as coisas como devem ser?

_ Num quero saber de nada do que você está para aí falando agora estamos acertados. Veja mais é se agora se sabe comportar minimamente como minha namorada, em frente de minha família e da Liz. – Diogo estava saindo quarto.

_ Eu vou matar você Macedo, eu vou matar você…

…

Era segunda feira, dia de aula! Porcaria.

O fim de semana naquele colégio foi horrível. Isso aqui parece uma jaula e a gente é animais. Num podemos fazer nada, nem sequer ir num bar curtir um som e beber.

Mais o pior nem foi isso, foi mesmo ter que fazer de namoradinha de Diogo. Todos os olhares em cima da gente, já para num falar de Liz, que se pudesse me comia viva.

Acordei com alguém pinchando em cima de mim. E fui abrindo o olho pra ver quem era. Apesar de num ser muito difícil de adivinhar com olhos fechados.

_ O que você quer, hein?

_ Tem aula em 15 minutos, se não se despachar se vai atrasar.

_ Fala a sério que foi por isso que você me acordou? Está com medo que eu me atrase?

_ Não.

_ Bem me parecia! O que você quer Macedo? – Levantei a cabeça do travesseiro e o enxerguei. Para ele me acordar com toda aquela alegria trazia água no bico com certeza.

_ Quero que você me acompanhe até á aula, para assim eu puder afirmar para todo o mundo que a gente namora mesmo.

_ Não. Você só pode estar brincando. Eu não vou… - ele pousou seu dedo indicador em cima de meus lábios.

_ Shhh. Você vai fazer o que eu quiser entendeu?

_ Ah. Ainda está pra nascer o garoto que me vai dar ordem!

_ Eu acho melhor você fazer o que eu quero, onde eu quero, como eu quero e quando eu quero, porque se não eu acabo com a sua raça nesse colégio! – pela primeira vez tive medo daquelas palavras. Ele falou frio e bravo. – Agora se despache.

_ Caraca, como eu gosto dessa cama, na outra vida com certeza eu só posso ter sido um colchão.

Diogo que está ao pé de sua cama me olhou e riu. Eu num resisti e ri também. Como da minha boca podia ter saído uma coisa daquelas e mais como meu cérebro foi capaz de fazer uma frase como aquelas.

_ Se levante, mais é e viva essa vida e não a outra. – ele estava apertando sua camisa e devo confessar que seu peito era gostoso. Levantei o olho e depois levantei o corpo. Ele tinha as pontas do cabelo ainda molhadas, devia ter acabado de tomar um banho.

Fui no banheiro e me vesti lá. Quando sai ele remexia no celular.

_ Tá pronta.

_ Sim. Vamo embora? Espero bem que esse dia passe depressa. E espero que seja menos realista com o seu teatrinho de quinta.

_ Até parece que você num gosta! – ele falou quando já estávamos no corredor nos dirigindo para a aula. Já não tínhamos tempo para o café da manhã.

Quando lá chegamos a professora ainda num tinha chegado. Era Geografia a primeira aula e com certeza iriamos receber o resultado das provas.

Quando ela chegou e como se eu fosse adivinha ela trazia mesmo as provas corrigidas. Não temia minha nota pois já sabia que iria ser boa. A internet foi a minha melhor amiga na sexta.

_ Agora fodeu. – Diogo falou e eu o olhei. A dele ao contrário da minha ia ser péssima e do jeito que ele falou, parecia que já tinha se mentalizado disso.

_ Bom. As notas não foram muito boas, nem muito más, quer dizer tirando um caso ou outro. Foram satisfatórias! - ela foi chamando pelos nomes e distribuindo. – Rita? Foi bom mais podia ter sido melhor… Sophia Muito bem. Para novata me surpreendeu pela positiva. – não sei o que me deu mais num fiquei contente, bem pelo contrário me senti mal, arrumei a folha para um canto e fiquei olhando o resto da turma receber as provas. Diogo foi o ultimo a ser chamado. E isso ao meus olhos num parecia ser coisa boa. – Diogo? Para variar a sua nota foi a pior da turma. Quem num teste desses tira uma nota vergonhosa como essa! Vou falar pro diretor sobre o seu caso e vamo ver qual o corretivo que ele vai dar pra você. Pode ser que com sorte ele aceite minha proposta e tire você do team de futebol, substituindo o tempão que você passa chutando uma bola e treinando por mais horas de estudo.

_ Não. Você não pode fazer isso. Do team não, por favor! – Diogo se levantou.

_ Aqui quem sabe o que pode ou não pode fazer sou eu. E falo já que não só posso como vou fazer isso mesmo! – o resto dos que pertenciam ao team e que estavam dentro daquela sala também ficaram meio que á toa, ao saberem que Diogo corria o risco de sair da equipa.

Cada vez me sentia pior. Olhei em volta e depois de pensar umas quantas vezes me levantei também e acabei com o papo que estava entre a professora e Diogo, fazendo todo o mundo depositar atenção sobre mim.

_ Se vai castigar ele por ter feito a prova e ter má nota, tem também que me castigar por eu ter feito a prova e ter tirado boa nota!

_ Como assim? Onde quer chegar?

_ Eu tirei boa nota porque cabulei. Achou o quê que sendo nova no colégio e tendo prova um dia depois de minha chegada teria boa nota se não copiasse?

_ Você o quê?

_ Foi o que ouviu. Eu cabulei. Quer que eu explique o que é cabular? Se vai penalizar ele tem que fazer o mesmo comigo, afinal que eu saiba quando alguém cabula tira um 0 redondo no espaço da onde se escreve a nota da prova, né?

_ Professora eu acho melhor você tomar medidas se não! – cacarejou a galinha da Liz.

_ Cala a boca, ó vadia! – Diogo falou.

_ Vocês os dois para a sala de diretoria, já! – não adiantou resmungar, o que havia a fazer era obedecer e esperar.

Saímos os dois ao mesmo tempo da sala e fomos percorrendo aqueles corredores gigantes em direção á sala do Teles de Brito.

Ficamos á espera da permissão da entrada, na sua sala de espera. Diogo se sentou numa cadeira que por lá havia e eu fiquei de pé. Depois de um silêncio incomodativo Diogo abriu a boca.

_ Porque se confessou na frente de toda a turma e da professora se afinal iria tirar boa nota? Porque me defendeu?

_ Quem disse que eu defendi você?

_ E não defendeu?

_ Os amigos servem pra essas coisas.

_ E a gente é amigo? Você me considera um amigo? – o encarei. Ele sorria de canto esperando algum tipo de resposta.

_ Eu considero você um amigo. Mais daqueles que todo o mundo adora e ao mesmo tempo odeia ter!

_ Pera aí isso quer dizer que você me odeia mais também me adora?

_ Eu odeio esse seu jeitinho, mais por outro lado também o adoro!

_ Sabe que eu acho o mesmo!

_ Você também me considera uma amiga?

_ Eu acho que sim. Mais você é diferente de todas as outras. – não intendi mais também não queria perguntar.

_ E isso é bom ou mau?

_ Se quer saber nem eu sei! – ele respondeu coçando a cabeça.

O diretor saiu da sala e nos olhou.

_ Sophia, Diogo entrem.

Diogo fez sinal pra eu passar.

_ Primeiros as senhoras.

_ Ué, ainda á pouco me chamou de Menezes e agora já sou senhora? Como as coisas evoluíram, hein!!

_ Tá bom. Primeiro você Menezes. – ele acentuou com a voz “Menezes” e eu ri.

_ Depois você Macedo! – rimos e entramos para ter uma conversa que nem eu sabia o que esperar.