Imprinting escrita por Ana Flávia Mello


Capítulo 8
Capítulo 4 - Jacob


Notas iniciais do capítulo

As reações de Jacob estão quebrando meu coração. | Boa leitura! Não se esqueça de comentar!



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Mil pensamentos e imagens vieram na minha cabeça: o nosso primeiro beijo, os abraços, os amassos, os momentos, os atrasos dela, as desculpas sem noção, o jeito frio e distante…

Eu vi vermelho.

- Leah! – gritei.

Vi a cor deixar seu rosto no momento em que ela deixou de beijar o outro e me olhou.

- Jacob…

Minhas mãos tremiam.

- O que você pensa que está fazendo, sua vadia?

- Não fale assim com el… – eu reconheci a voz: era de Sam. Sam Uley. Leah dizia que tinha abuso de Sam, eu já a pegara mil vezes falando o quanto ele se achava o dono da reserva, o quanto ele se garantia. O quanto ele era irritante.

- Cale a boca, Sam. – respirei fundo.

- Jacob, isso…

- Isso o quê? Não é o que parece? – berrei. – Leah, você acha que eu sou idiota? Porra!

Sam levantou.

- Não vou deixar que você fale assim com ela! – Ele andou vários passos a frente de Leah.

Serrei os pulsos.

- Não preciso falar mais nada com essa vagabunda. Acabou.

- Vagabunda é a sua mãe. Epa, esqueci, ela não está mais com você, não é? – Sam deu um sorriso cético.

Foi o suficiente.

Dei um soco no rosto de Sam tão forte que escutei seu nariz quebrar. Ele caiu no chão, com a mão segurando o nariz sangrento. Leah correu para socorrê-lo e eu os deixei sozinhos.

 Dentro da floresta eu comecei a correr. Não sabia para onde estava indo – eu só precisava sair dali. Sentia como se tivessem esfaqueado meu peito. Pela traição, pelas mentiras e pelo o que Sam dissera. Agora, o que eu mais queria era minha mãe comigo, só ela me entenderia. Queria sentir suas mãos delicadas e pequenas em meus cabelos e sua voz calma tentando me tranquilizar… “Calma, meu pequeno. Isso passa, tudo passa.

Mas ela não estava aqui.

Senti meus olhos se enchendo de lágrimas. O mundo não era justo. A vida não era justa. Parecia que tudo o que era bom tinha de ser arrancado de nós, permanentemente ou por um tempo. Alguns diziam que isso servia de aprendizado –, que deixava a pessoa mais forte. Talvez não fosse bem assim. 

Eu não sabia para onde estava indo – só corria e corria. Uma hora ia dar em algum lugar. Na estrada, na outra parte da praia –, não importava o rumo, eu só queria ficar longe da realidade por um tempo.

Mas eu não queria ficar sozinho. Eu precisava de alguém. Alguém para me confortar, alguém para passar as mãos nos meus cabelos e dizer que ia ficar tudo bem, como mamãe fazia.

Vi espaços entre as árvores e o som dos carros passando na rodovia de La Push. Agora eu sabia onde estava.

Sai para o asfalto frio, gelado e escorregadio da rodovia. Meu senso de direção me dizia que eu estava a pelo menos 4km de distância da minha casa. Eu teria que ir andando.

Era bom ter esse tempo sozinho. Durante todo o caminho até o estacionamento de La Push, eu tentei não sentir dor. Não que ela fosse grande, mas me incomodava. Eu gostava de Leah, como amiga principalmente, e não aceitava o que ela tinha feito comigo. Por quê? Por que ela simplesmente não terminava comigo antes?

Todos aqueles atrasos, aquelas saídas repentinas, as noites em que ela dormia fora de casa… Tudo dava sinal. E eu nunca tinha percebido. Por que eu nunca achei que ela poderia fazer isso comigo. Eu merecia uma placa de trouxa grudada na minha testa.

Cheguei no estacionamento da praia, entrei no Rabbit e dirigi o mais rápido que o carro aguentava até em casa. Papai e Rachel estavam sentados do lado de fora, conversando. Que ótimo, teria que passar pelo interrogatório deles agora.

- Jake, por onde andou? – Rachel se levantou e estendeu um guarda-chuva para mim. Eu nem tinha percebido que começara a chover. – Já faz mais de três horas que a aula já acabou! Está escurecendo!

Três horas? Por quanto tempo eu andei dentro da floresta? Eu parecia estar em outra realidade.

- Ah. Fui à praia. Terminei com Leah. Me perdi na floresta. Fui da rodovia até a praia andando pra pegar o carro. – Suspirei.

Um silêncio tenso durou por alguns segundos.

- Hã, Jake… – Rachel estendeu os braços. Eu a afastei, bufando.

- Me deixa, Rachel. Por favor, me deixa.

Caminhei no curto espaço da varanda até meu quarto em poucos passos. A única coisa que eu queria era deitar e dormir. Meus pés estavam criando calos em cima dos calos já formados, e minha cabeça parecia que ia explodir. Um dia que começara perfeito, agora estava arruinado.

                                          ***

A estrada estava fazia. Pisei fundo, chegando a 150km/h. A sensação de correr a essa velocidade em um carro era incrível.

Algo no escuro refletia o farol.

Continue acelerando.

Então a imagem tomou forma. Era Renesmee.

Tentei por tudo apertar o freio do carro, mas estava muito próximo. Atingi Renesmee com uma força imensa, ela gritou por um segundo, então se calou. Estava embaixo do carro, eu sabia disso. Comecei a entrar em desespero. Lágrimas quentes caíam do meu rosto.

O que eu fizera? Eu matara Renesmee. Minha amiga doce e gentil, que agora estava embaixo do carro, em um estado que eu não desejava olhar para saber.

Eu a perdera também. Outra pessoa que eu amava.

- Querido, você precisa se acalmar – uma mão gelada tocou meu ombro.

Era mamãe.

Mas seu corpo estava estranho, translúcido.

- Eu a matei – grasnei.

Shii… - Ela estendeu o dedo indicador, pedindo silêncio.– Você não sabe que está condenado a perde todos que ama? Não devia ficar surpreso por perder Renesmee.

- Mas…

Shii, Jacob. – Pediu silêncio mais uma vez. – Vai ficar tudo bem.

Ela passou a mão pelo meu rosto e sorriu.

Pulei da cama, arfando. Meu corpo tremia e meu rosto estava molhado das lágrimas. Meu coração ainda martelava forte, parecia que ia sair pela boca. Estava escuro – eu não conseguia enxergar nada.

Tentei respirar regularmente. Fora um sonho. Só um sonho.

Mas que parecia se basear em toda a realidade.


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