Imprinting escrita por Ana Flávia Mello


Capítulo 27
Capítulo 14 - Renesmee


Notas iniciais do capítulo

Pois é | Espero que gostem do capítulo, boa leitura! ~comentem viu, rs~



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Eu não sabia para onde estava indo. Eu nem conseguia enxergar um palmo a frente por causa das lágrimas em meus olhos.

Porque de novo? Porque comigo? Estava tudo tão bem. Eu tenho certeza de que nunca fiz nada tão ruim para merecer isso. O destino, Deus, ou sei lá quem, não gostava mesmo de mim. Diziam que tudo aquilo que não te faz bem, te faz mais forte. Comigo estava sendo o inverso.

Estacionei o carro em um lugar alto. Era uma roxa. Embaixo eu conseguia ouvir o barulho das ondas do mar. Demorei um pouco, mas consegui distinguir o lugar da festa da fogueira. Tão distante a lembrança. Tão boa. Saí do carro cambaleando. Minha cabeça gritava de dor e eu mal me conseguia por de pé. Sentei na beira do penhasco e abaixei, tentando controlar os soluços.

Gravidez. Leah estava grávida. Jacob tinha transado com Leah. Enquanto ainda namorávamos. Eu não acreditaria nisso se não tivesse visto o exame. Mas estava lá. E no momento em que eu vi deixei as descrenças para trás. A verdade é que eu botaria minha mãe no fogo se alguém dissesse que Jacob seria capaz daquilo. Agora vejo que me sacrificaria por uma mentira.

Olhei para baixo. Estava com os pés pendurados a mais de 20 metros de altura. Embaixo tinham somente rochas e mar gelado. As ondas batiam com força, parecia que a terra em pouco tempo desabaria sob meus pés.

– Saí daí – escutei a voz atrás de mim.

Neguei com a cabeça.

– Carly, você pode cair. Não desperdice sua vida por quem não merece. Venha. – Riley me puxou pelos ombros.

Ele me apoio e me puxou para longe da beirada. Enterrei a cabeça em sua camisa e comecei a chorar mais uma vez. Ele passava lentamente os dedos pelo meu cabelo. Como ele tinha me encontrado, eu não sei. Mas estava feliz por tê-lo ali. Eu não queria ficar sozinha.

– Shh – Beijou minha cabeça. – Ele não merece suas lágrimas.

Bufei. Olha quem falava.

– Você não pode nem falar nada – choraminguei.

– Eu nunca te traí, Renesmee – Riley sussurrou no meu ouvido.

Meu coração doeu ao escutar isso. Porque lá no fundo, eu nunca soube se eu o que eu tinha visto era real. Nunca o deixei se explicar. Será que eu estive enganada esse tempo todo?

– Obrigada – sussurrei.

– Não precisa agradecer – ele sorriu.

– Eu te amo, sabia? – murmurei baixo demais.

– Não, mas é bom saber. – Não sabia que ele tinha escutado.

Ele continuou me abraçando até eu parar de chorar. Eu não sabia bem o que eu tinha. Como era possível amar duas pessoas ao mesmo tempo? Era uma loucura. Parecia que eu era uma lua perdida entre dois planetas com gravidades gigantes. Uma hora eu teria de decidir em qual eu ia parar.

Riley se remexeu e eu olhei para ele.

– Não vai – choraminguei.

– Não vou – ele me abraçou. – Vou ficar aqui do seu lado.

Saber disso me fez instantaneamente mais feliz. Não, não feliz. Porém menos triste. Ele tinha esse efeito em mim. Como Jacob também tinha. De novo, eu estava perdida.

Mas é claro que eu sempre iria para quem me fizesse bem. Riley nesse momento era indispensável. Talvez, só talvez, ele fosse indispensável desde o começo e eu não tenha percebido.

Não sei quanto tempo ficamos ali, sentados na pedra. Riley não forçou nada. Ele não era disso. Ele ficava feliz só de me ter ali. Eu ficava feliz dele estar ali me abraçando. Eu ainda estava abalada, eu não sabia como reagir a tudo aquilo. Nem o que pensar.

Eu sabia que não iria conseguir aguentar outro dia naquela escola. Teria de pedir para mamãe me transferir de volta para Carriot. Talvez voltar para a equipe de torcida. Qualquer coisa para me fazer melhorar. Estava decidida a não ficar do jeito que eu tinha ficado no passado. Eu não podia me dar ao luxo de ficar deprimida de novo. Lembrei-me da citação de uma das minhas músicas favoritas: “Olhe pela janela e lembre-se: a vida continua”.

E era o que eu iria fazer.

***

Era, de certo modo, estranho caminhar de novo pelos corredores sempre muito limpos e cheios da Carriot Academy. Era estranho ter de usar uniforme de novo, mesmo que fosse só a blusa com o emblema da escola. Era irritante ver as pessoas olharem para você, e saber que elas estavam pensando o que você fazia ali no meio do semestre. Era estranho estar de volta.

– Eu. Nem. Acredito. Que. Você. Está. Aqui! – Jil gritou e pulou em cima de mim. – AIMEUDEUS, cadê o resto do pessoal? Precisamos encontrá-los!

– Mas eu tenho que esperar a...

– Ness! – Jenna gritou. – Oi! Jil, olha a vergonha que e você está passando, solte o braço dela. – Jenna riu. – Como você pode perceber, nada mudou muito. O resto do pessoal tá no jardim do pátio. – Cassie e Maggie chegaram.

– Ness... eu pensei que você não... – As meninas sabiam da coisa do Jacob. Elas tentavam não tocar no assunto.

– Cale a boca, Maggie – Cassie a cortou. – Eric está chamando a gente para o Jardim, para aproveitar o tempo antes da aula.

Patty, James, Lincoln, Eric e Paul estavam sentados na grama, sempre bem cortada e superverde, do jardim. Patty tinha a cabeça ruiva sobre as pernas de James, e ele conversava com Paul e Lincoln. Como sempre, Patty, Jil, Jenna e Cassie estavam vestidas com o uniforme preto, branco e prata dos Tigers. Os olhos cinza de Patty praticamente saltaram quando ela me viu com a farda da Carriot.

– NÃO C-R-E-I-O! – Ela pulou do colo do James. – Mentira? Sério? Resolveu seguir meu conselho?! AIMEUDEUS. – Ela me abraçou mais apertado. – Para ficar mais perfeito você tem que voltar pro Tigers.

Fiz uma careta.

– Ahn...

Jenna se meteu no meio de nós duas e me encarou.

– Está aqui seu uniforme. – Eu escancarei a boca. – Ah vai, estamos precisando de uma flyer e uma dançarina principal. Você. Toma. Segure. Isso. – Jenna tacou o pacote na minha mão.

– O.k. – Eu disse. Jil e Patty bateram palmas.

De longe vi Riley se aproximando. Ele parou e sorriu gentilmente para mim. Seu cabelo louro estava molhado e caia para frente.

– Ah, não – Jenna suspirou. – Aquele...

– Jenna, menos. – Falei e me dirigi a ele. Algumas meninas me olharam, e fizeram caretas. Provavelmente Riley era o famoso “Gato Intocável” da escola.

– Eai – falei timidamente. Desde a última sexta, quando ele me ajudou, nossa amizade tinha voltado aos poucos. Eu percebi que não queria ficar longe de Riley como achava antes. Tudo era tão confuso.

Ele me abraçou e beijou o alto da minha cabeça. Senti os olhos dos meus amigos em nós.

– Olá. Bem vinda. – ele sorriu. – Qual é a sua primeira aula?

– Artes e depois teatro. – Dei uma checada no horário. – E as suas?

– Francês, depois teatro também! – Ele riu. – Seus amigos não gostam muito de mim.

– Eles são uns idiotas. Eles acham que você vai me fazer... – pigarreei – sofrer de novo.

– Nunca tive a intenção.

– Eu sei. – Suspirei. O sinal bateu. – Até mais. – Beijei a bochecha dele.

Voltei para o grupo dos meus amigos.

– Como você... – Patty levantou a sobrancelha.

– Não tentem me entender. – Falei. – Jil, antes de irmos para a aula de artes, vai comigo no banheiro? Preciso me trocar.

– Cara, a melhor coisa que você fez foi voltar para o time. – Jil sorriu.

O resto do dia foi tranquilo. Carriot era enorme. Gigante. Eu até que sentia falta daqui. A aula de teatro com certeza tinha sido a minha favorita. E o treino das lideres tinha sido tão bom! Eu já estava esquecendo Jacob, superficialmente. Eu adorava ser a flyer. Sentir seu corpo flutuando no ar era maravilhoso, e as acrobacias me faziam sentir superpoderosa. Eu não estava nem um pouco enferrujada. Pelo contrário, eu tinha mais energia que tudo. Se conseguíssemos ganhar da California, o nacional seria nosso.

O único problema é que Jacob tinha aparecido depois da aula e tinha arranjado confusão com todo mundo. Ele saiu com um nariz sangrando, por causa de Riley. Toda a escola tinha visto a confusão. Eu já sabia quem seria o assunto das fofocas durante o ano todo. 

Durante o caminho de volta, decidi que ia voltar a ler o diário de Riley. Era uma decisão estranha, porém certa e confusa ao mesmo tempo. Parte de mim queria saber o que se passava com ele, outra parte não. Quando cheguei em casa me sentia cansada e agitada por causa da briga com Jacob na frente da escola.  Depois de tomar banho, peguei o diário do cofre.

Sentei-me na cama e suspirei, eu estava com medo de descobrir o que tinha ali.


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Notas finais do capítulo

Aconselho vocês a clicarem no link da música (a palavra em azul do começo do capítulo) porque é uma ótima música, pela minha banda favorita, o Emblem3.
Ah, e eu criei o nome do time de cheerleaders da Carriot, assim como eu criei a Carriot. :)
As coisas estão para ficar mais claras nos próximos capítulos da Renesmee, é só esperar!