Imprinting escrita por Ana Flávia Mello


Capítulo 12
Capítulo 6 - Jacob


Notas iniciais do capítulo

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Acordei com a cabeça doendo. Minhas roupas estavam largadas no chão. O céu nublado escuro do lado de fora dava a impressão de ser de tarde. Todo meu corpo doía. Droga de vodca.

Meu BlackBerry estava jogado em um canto do pequeno quarto. Eu não fazia ideia de que horas eu tinha chegado em casa hoje. Quatro da manhã eu ainda estava na casa de Nessie... Agarrando uma garota. Quem era mesmo? Eu não conseguia lembrar o nome. Só esperava que ela não fosse da escola. Ela tinha vindo aqui em casa? Faria sentido, pelo meu estado sem roupas. Pelo menos eu estava de cueca, um bom sinal.

A casa estava em um silencio tão estranho que dava arrepios.  O dia lá fora não era o dos mais bonitos. Parecia que a qualquer momento ia começar a chover forte.

Suspirei.

Com o maior cuidado do mundo, me levantei e pus um short. Fui até a sala, depois voltei à cozinha, mas nada de alguém aparecer. Os quartos de Rachel e papai estavam com portas abertas, mas não tinha ninguém dentro.

Que legal. Com fome, de ressaca e sozinho. Ótima maneira de começar o dia.

Depois de acabar com o resto de comida que tinha na minha geladeira, eu não sabia mais o que fazer. Tentei ligar para Remesmee, mas o celular dela estava dando fora de área.

Eu não consegui me despedir dela direito. Por um tempo ela simplesmente tinha sumido da festa, e depois de quase quarenta minutos reapareceu, agitada. Ela ficou mais dez minutos lá embaixo e sumiu de novo, reaparecendo vinte minutos depois. Nessa hora eu já estava enganchado com a menina que eu não lembrava o nome, e não dei muita atenção a ela.

Obviamente a menina a qual eu tinha beijado não estava nem de perto tão linda quando Renesmee. Nessie estava simplesmente perfeita, radiante. Na hora de nossa dança, minha vontade era de não largá-la nunca mais. E que, claro, essa vontade não pode ser realizada. Era a vida.

Escutei o toque estridente do meu celular.

- Alô? Ness? Nessie?

- Cara, você antes não gritava tanto ao telefone. É Quil, idiota.

Miserável.

- Que foi? Estou meio ocupado... – Com o quê? Nem eu sabia.

- Fazendo o quê?

- Ocupado fazendo nada. – Suspirei. – Onde você tá?

- Na praia... Quer vim dar uma passada aqui?

- Quem tá aí? – Eu escutava gritos ao longe.

- Jared, Seth, Embry e Sam.

Flexionei os dedos em volta do pequeno telefone ao ouvir aquele nome. Senti a raiva consumindo minha cabeça.

- Mas Sam está indo embora com Seth... – Sua voz era baixa. – Venha para cá, seu sem futuro.

- Quando tempo eles ainda vão demorar aí?

- Sam já está no carro. Seth está jogando as coisas na mala. Menos de 5 minutos, provavelmente.

- Já estou indo para aí.

Um trovão ressoou acima da minha cabeça enquanto eu entrava no meu carro. Olhei-me no espelho retrovisor, procurando nada específico em meu rosto –, só estava enrolando para não dar de cara com Sam lá.

Observando bem, eu estava com uma cara de cansado. Não, uma cara de acabado para ser mais correto. Eu só tinha ficado de ressaca umas três vezes em toda a minha vida, e não me lembrava de ter essa aparência toda vez que acordava. Uma mancha roxa redonda estava na base do meu pescoço, quando eu toquei latejou um pouco. Era uma mordida. Ai. Aquela garota era uma canibal.

Depois de 10 minutos enrolando dentro do Rabbit, resolvi partir para a praia. Sam já devia ter dado o pé de lá. Se não tivesse, eu o tiraria de lá fácil fácil, mas ele não iria para casa, e sim para um hospital.

O carro de Seth não estava mais ali, o que era o bom. Desci para a areia e encontrei Paul e Jared deitados na areia úmida, olhando o céu de nuvens roxas com a cara franzida.

- Vagabundos. – Chamei.

Os dois olharam.

- Vagabundos? E quem dorme até às duas da tarde é o quê? – Quil levantou uma sobrancelha.

Chutei areia.

- Cale a boca.

- Foi o que eu pensei. – Ele sorriu de lado.

- Cadê Embry? – Perguntei, sentando-me ao lado deles.

- Foi embora. E eu acho que também vou. – Jared se levantou e abanou o short.

- Vai me deixar sozinho com ele? – Apontei para Quil. – O que eu te fiz de ruim?

- Eu sobrevivi, acho que você também consegue – Jared bateu nas minhas costas. – Tchau, meninas.

Eu estirei o dedo para ele

- Tchau, viado. – Gritei.

Quil olhou para mim e sorriu. Mas seu sorriso estava estranho. Não era bem o sorriso. Eram os olhos. Seu olhar estava distante, em um ponto fixo no meio do nada.

- Mas diz aí cara... – Empurrei o ombro dele. – Você e aquela tal de Marlene... – Sorri de lado.

- É Margaret. É. Ele até que beija bem. E é gostosa.

- Eu vi você indo para o banheiro – brinquei.

- Não pense merda, não teve nada demais.

- Ela é tão puritana assim? Tipo, mais que Nessie?

Quil olhou para mim de lado.

- Você já beijou Renesmee? Ou deu algum tipo de amasso nela?

- Não. – respondi depressa.

- Então não pode saber que ela é puritana. – Ele disse de forma ácida.

- Eu falo pelo jeito dela...  O que deu em você? Só porque não está mais afim de Renesmee...

- Eu ainda gosto dela. Só faz duas semanas. Só que eu já vi que não vai dar certo. Eu pensei que... – Ela chutou a areia. – Não vai dá. Não acho que ela queria nada...

- Você pelo menos já tentou? Devia tentar algo com ela, não com qualquer outra garota. Ontem era a oportunidade perfeita... – Minhas frases não estavam coagindo com meus pensamentos. Eu estava feliz por Paul não conseguir nada com Nessie.  

- Eu vejo que não vai dar certo.

O que ele sabia? Por que ele estava agindo desse jeito? O que tinha visto?

- Paul, me conte. Por favor.

Paul ficou calado. Eu não sabia mais o que dizer. Eu estava triste por ele desistir desse jeito, mas estava ao mesmo tempo feliz por ele desistir dela. Por algum motivo oculto em minha consciência, eu não queria que Renesmee tivesse algo com ele. Um pensamento totalmente egoísta e até... ciumento. Por mais que eu odiasse admitir. Eu não era o dono dela. E além do mais eu tinha... Namorada? Que namorada? Ter namorada tinha sido a minha desculpa por todos esses pensamentos levianos que vinham em minha cabeça. Mas agora eu não tinha mais namorada. Não tinha mais o quê para usar como desculpa.

Amigos sentiam ciúme uns dos outros, certo? Bom, tinha que ser.

Eu nunca tinha sentido ciúmes de um amigo ou amiga. Nunca fui do tipo grudento. Isso era uma sensação diferente, um sentimento estranho. Desejar aquela pessoa ali do seu lado e ter medo e raiva de dividi-la com outros era um tanto insano. Mas era o que eu sentia. Toda vez que via Renesmee com Paul, Michael, Jared, Riley... Principalmente Riley. Eu não gostava dele. O jeito que ele a olhava... Era tão possessivo. Parecia que ele a qualquer momento a levaria embora no colo. E eu simplesmente não conseguia imaginar isso. Ele poderia levá-la embora – depois de passar por mim, é claro. Mas Nessie tinha prometido que sempre estaria ao meu lado, isso me deixava mais tranquilo. Eu confiava demais nela.

Paul continuava quieto. Eu já estava agoniado. Não queria ficar com os meus pensamentos. Preferia cuidas dos outros.

- Paul, cassete, me conta logo!

Paul suspirou e ficou em pé. Eu levantei junto com ele.

- Você quer saber mesmo?

- Conte.

- Eu peguei Renesmee se agarrando com outro.

Senti o mundo girando para trás. De repente, ficar com os pensamentos da minha cabeça deveria ter sido melhor.


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