Outsider - A Estrangeira escrita por Bruna Guissi


Capítulo 10
Adolescente


Notas iniciais do capítulo

Ahh, dessa vez eu consegui! Eu cumpri o prazo com muita dificuldade, mas cumpri!
Vocês me devem amor!
UAHSUAHSHASU
Mas agora sobre o capítulo;
Ele está bem mais doce, mais voltado para a vida pessoal da Annita, por isso o nome!
Espero que vocês gostem, eu me diverti fazendo cada segundo dele, especialmente a primeira cena!
E para finalizar essa nota, um obrigado cheio de abraços para Francieli por favoritar essa fic!
Boa leitura, minha gente!



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-Ah, me desculpe! – suplicou Annita, ofegante.

Ian e Radmilla deram de ombros, acostumados com os atrasos da garota.

-Vamos variar, vocês vão juntos para as masmorras hoje. A Weasley me chamou. – disse Radmilla, autoritariamente.

Ian revirou os olhos para a mania mandona da colega, mas não respondeu. Então Annita acenou com a cabeça, observando Radmilla ir.

Annita se virou para a direção das masmorras, distraída. Acabara deixando Ian para trás, que precisou correr para alcança-la.

-Ei, espera um pouco! – reclamou ele ao alcança-la.

Então Annita se virou surpresa, como quem acabara de lembrar que o garoto a acompanhava.

-Ah, desculpe-me. – murmurou ela – Eu me desacostumei a ter companhia nas rondas. – então dera um sorrisinho.

O garoto abana a cabeça, como quem não liga.

-Por que se atrasou dessa vez? – perguntou Ian, notando os olhos levemente inchados da garota.

Annita fez uma expressão estranha de como quem diz “nada de mais”, e continuou andando.

Os dois continuaram caminhando em silêncio por mais alguns minutos, até que chegaram às masmorras escuras do castelo.

-Sabe, é a primeira vez que faço ronda aqui. – disse Annita, observando o lugar – É bem complicado de se achar aqui durante a noite, não?

-Não se você conhece bem o lugar. – disse Ian, como quem diz mais do que aparenta.

-Como assim? – perguntou a menina.

Então Ian abriu um sorriso branco enorme, e levantou o queixo. Então ela compreendeu.

-Você fica trazendo garotas aqui na hora da monitoria! – gritou Annita chocada, apontando para ele.

Ian arregalou os olhos, tapando a boca da menina.

-Shhhh! – disse preocupado – Menina, seja discreta! – esbravejou ele, ainda pasmo – Como você pega as coisas rápido! – adicionou reclamando, deixando a garota respirar normalmente.

-Ian, seu... Cachorro! – adicionou, sem conseguir se lembrar do termo em inglês.

-O quê? – perguntou ele, meio sem graça.

-Você entendeu. – disse ela acusadoramente, cruzando os braços e estreitando os olhos.

-Ah, não sei não. – disse ele – Você falou em português, não foi? O que significa essa palavra? Cashórro? – disse ele, tentando imitar o som da palavra.

Annita deu uma risadinha para a pronúncia dele.

-Significa que você não presta. – respondeu ela, continuando a andar.

Então ele sorriu e seguiu ela.

-Mas disso eu já sabia. – disse ele. Então segurou o braço dela e a empurrou rapidamente para a parede, sem se esquecer de ser gentil.

-Masoquê?? – disse a menina sem entender, enquanto Ian a cercava com os braços.

A expressão em seu rosto se tornou sugestiva, fazendo seu coração acelerar com a adrenalina. “MASOQUÊ?” pensou desesperada.

Com os olhos arregalados, Annita tentou se mover, mas o garoto mais velho era bem mais forte. Manteve-a segura na parede, a fim de se aproximar.

-Sabe, aqui é um lugar bem interessante, depois que se conhece bem. – disse o garoto sugestivamente, cada vez mais próximo.

Então Annita colocara os braços para cima, escorregando em direção ao chão, se ajoelhando. Engatinhou por debaixo das pernas do rapaz surpreso, e se levantou com a varinha na mão.

Então o garoto se virara para observar a garota a sua frente. Ela estava ofegante e obviamente assustada; mantinha a varinha na mão enquanto tentava voltar a respirar normalmente.

Não parecia estar brava, só assustada.

“Primeiro beijo.”, concluiu Ian, sorrindo.

-O que foi? – perguntou a menina, agora um pouco irritada.

-Não precisa ficar assim, garota. – disse ele, pondo as mãos no bolso – Sabe, uma hora tem de acontecer, não tem? – disse ele como quem explicasse a situação.

Annita se viu pela primeira vez corada. Não conseguia acreditar na naturalidade com a qual o garoto lidava com a situação.

E mais: ele sabia que ela nunca havia beijado ninguém. Tal fato só a fazia ficar mais, e mais vermelha, sem conseguir responder.

-É a primeira vez que te vejo sem graça. – observou ele, com a mesma expressão sugestiva de poucos segundos atrás – Interessante.

Annita mordeu com força os próprios lábios, tentando conter seu embaraço; ainda não conseguia dizer nem pensar nada.

Então ele voltou a caminhar em sua direção, muito lentamente. Surpreendentemente, Annita não correu: ficou estática, sem saber o que fazer.

Isso só fez o sorriso do rapaz mais sugestivo ainda.

Dessa vez, Annita não estava assustada; na verdade, sentia-se atraída pelo rapaz que sempre fora o mais desaforado dos amigos que fizera naquela escola. Sentia-se atraída em muitos aspectos.

Mas não tinha certeza se queria aquilo, naquele momento. Sabia que seus olhos estavam inchados de chorar por causa das fotos de alguns minutos mais cedo.

Sentia-se estranha; como se a situação não fosse a melhor para isso.

Ian notara o estado-de-espírito confuso da garota, mas não parou a aproximação.

Quando estava próximo o suficiente para que Annita sentisse o hálito do garoto em seu rosto, Ian tocou a mão com a qual a garota segurava debilmente a varinha e a abaixou. Aproximou-se mais, fazendo com que Annita se visse presa novamente na parede.

Ian quebrou o resto da distância, fazendo com que seus corpos e lábios se tocassem de leve. Uma descarga elétrica passou pelo estômago de Annita. Ian aumentou a pressão na boca da menina por alguns momentos, com os olhos semiabertos.

Então ele recuou um pouco, sorrindo atraentemente.

-Você quer que eu continue. – sussurrou ele, com os lábios quase tocando nos dela – Mas tem que querer mais.

Então ele colocou uma mão na cintura da garota, e com a outra acariciou a bochecha vermelha dela.

O toque dele pareceu despertar alguma coisa na cabeça dela, quase que como um estalo audível. Então Annita colocou as mãos no peito do rapaz e fez menção de empurrá-lo.

Ian cedeu facilmente, aumentando o espaço entre os dois.

Annita manteve as mãos no peito do rapaz por mais alguns segundos até ter certeza de que ele não se aproximaria de novo.

Então baixou a cabeça, colocando a mão na testa.

-É melhor voltarmos. – murmurou finalmente.

Em instantes, Ian voltou a ser aquele garoto mais velho descontraído, e concordou com a cabeça.

Quando ele fez menção de deixar as masmorras, notou que a garota ainda encarava o chão, com uma expressão confusa.

-Vamos, menina, a ronda está quase acabando. – chamou alegremente.

Então Annita levantou a cabeça e concordou, seguindo o rapaz com alguns passos de distância. Quando chegaram ao salão comunal, Radmilla ainda estava fora. Annita não quis fazer sua estadia naquele ambiente muito longa, então seguiu para as escadas do dormitório.

No salão, dando um sorriso brincalhão, Ian chamou sua atenção, fazendo Annita virar-se com uma expressão mista de confusão e embaraço.

-Até o fim deste mês, Boderdad. Até o fim deste mês.

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-Hmm! – emitiu a jovem enquanto se espreguiçava logo no início da manhã.

Levantou-se e seguiu em direção ao banheiro para fazer sua higiene matinal. Pegou sua escova-de-dentes e colocou um pouco de pasta.

Ainda com a visão embaçada, molhou a escova e colocou-a na boca, levantando os olhos em direção ao espelho.

-Blah! – suspirou surpresa, ao olhar o reflexo. Seus cabelos louro-escuros lisos e o tom moreno da pele com os quais estava acostumada não estavam lá.

Terminou todo o processo, evitando olhar para cima, e seguiu para o quarto a fim de escrever uma carta.

“McGonagall,

A poção perdeu o efeito; tenho que dar o descanso.

Não poderei dar aula hoje.

Sinto muito.”

Ela enrolou o pergaminho e amarrou na pata da águia que tinha como fiel companhia.

-Raizel. – disse a mulher, acariciando a cabeça da ave antes desta abrir as asas e sair pela janela.

A mulher se jogara na cama, sentindo os efeitos da poção. Nos dias de descanso, seu corpo ficava pesado.

Levantou-se da cama e seguiu para o banheiro. Parou na porta, onde ficou encarando a imagem que via.

-Dinartea.

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-Annita! – sussurrou Mona, pelo que deveria ser a décima vez naquele minuto.

-Hm? – respondeu distraidamente, aumentando a irritação da colega.

-Me conte logo o que aconteceu. – exigiu Mona.

-O que aconteceu? – perguntou Annita, se virando para a amiga, confusa.

-Eu é que pergunto! – respondeu exasperada – Você está distraída demais.

-Ah, mas não aconteceu nada comigo. – respondeu automaticamente.

Annita estava extremamente pensativa naquela manhã, o que era normal, se não fossem pelos lapsos de respostas que vinha dando desde que acordaram.

Mona tinha certeza que Annita escondia alguma coisa; a menina chegara com uma expressão confusa no rosto na noite anterior, e não pegara para ler o livro que vinha estudando antes de dormir.

-Eu não acredito em você. – respondeu Mona, levemente chateada.

Annita suspirou de leve, cansada. Mona sabia ser insistente, mas antes de falar qualquer coisa Annita precisava entender uma coisa.

Entender não; descobrir.

No momento em que Ian tocara seu rosto (a lembrança fazia o estômago de Annita se agitar) o flash de alguma coisa aparecera em sua mente, impedindo-a de deixar a situação se prolongar.

Irritantemente, Annita não sabia o que era essa “coisa” que aparecera em sua cabeça.

-Quando eu tiver, e se, eu tiver algo para te contar, eu contarei Mona. – disse Annita, tentando acalmar os nervos da amiga curiosa.

Mona bufou, mas aceitou os termos da menina.

Sabia que se Annita não estivesse pronta para falar algo, não diria absolutamente nada sobre o assunto.

-Mas você está bem?

Annita sorriu para a amiga, dizendo um “sim” silencioso.

O restante da aula de história da magia se passou como o início: tedioso. As meninas deram graças ao sair da sala escura, a qual Mona insistia em dizer que atacava sua rinite inexistente.

As duas caminharam entre alguns alunos da Lufa-lufa que saiam da mesma aula e seguiram para a aula de “Trato de Criaturas Mágicas”.

Annita resolveu deixar o ocorrido para refletir depois, uma vez que já se distraíra o suficiente.

Nos corredores em direção à entrada principal, Scorpius apareceu, indo para a mesma aula que as meninas.

-Olá! – saudou Annita, sorridente de maneira involuntária. A mudança de estado de espírito da menina não passou despercebida por Mona.

-Olá. – respondeu o garoto, sorrindo de leve.

-Ei, você já conhece a Mona? – perguntou Annita, apontando a amiga.

-Na verdade, conheço sim. Olá, Zabini. – disse o garoto simpático.

-Olá, Malfoy. – respondeu simpática.

-Se conhecem? – perguntou Annita. A ideia a fez sorrir.

-Nossos pais são bons amigos. – explicou Mona – Nos conhecemos desde pirralhos.

Scorpius alargou levemente o sorriso, como que se lembrando de alguma situação.

-Mas Zabini não ia muito em casa; ela tem medo do meu pai. – disse Scorpius.

Annita deu risada e Mona revirou os olhos.

-Claro que não tenho! – defendeu-se Mona – Pelo menos, não muito...

Annita riu ainda mais, seguida por Scorpius.

-Não se esqueça, muitos dos jantares de negócios você foi dormir chorando, Malfoy. – Mona disse estreitando os olhos, tornando a sentença uma leve ameaça.

-Jura? - perguntou a outra menina, no meio daquela reunião de lembranças.

-Podemos falar sobre isso depois. – comentou Scorpius, desviando o assunto.

-Vou procurar Alicia e Narriet. Até. – dissera Mona repentinamente, acenando e seguindo para os jardins com mais velocidade.

-Mas Mona... – Annita não teve tempo de contestar, Mona já tinha saído de perto – Por que ela saiu?

-Me desculpa, acho que foi por minha causa. – disse o garoto, sorrindo desanimadamente.

-Não, não diga isso. – interrompeu a garota.

Scorpius levantou o rosto e se deparou com a expressão consternada de Annita.

Sem perceber, sorriu para a menina.

Annita tinha essa habilidade; fazê-lo sorrir sem perceber. Inconscientemente, tirou uma das mãos do bolso e passou de leve no rosto da menina.

“É isso!”, pensou surpresa, pondo a mão na boca.

Scorpius recuou, surpreso com a reação da menina.

-Ah, m-me desculpe... – disse o garoto, recuando alguns passos.

Annita voltou sua atenção para o colega que parecia extremamente sem graça. Ele entendera errado.

-N-não, não é isso! – disse a garota, antes que ele decidisse se afastar mais.

Então Annita baixou a cabeça, enquanto tentava explicar sua reação, ao mesmo tempo em que sentia um formigamento no estômago.

-Tudo bem, Annita. Não precisa explicar. – disse o garoto, com a voz involuntariamente chateada.

-Não, você não entendeu!

Então a menina levantou o rosto e deu alguns passos determinados até o amigo.

-É que eu me lembrei de uma coisa, foi só isso.  – disse sorrindo, tentando conter a vontade de abaixar o rosto novamente.

Scorpius ficou encarando aquele par de olhos preocupados. Eram sempre assim; o par de olhos que sempre demonstrava se importar.

Scorpius sorriu de leve como resposta.

-De qualquer jeito, me desculpe. Não é como se eu pudesse... Invadir seu espaço pessoal deste jeito. – disse ele, pesando as palavras.

Inesperadamente, Annita abaixou a cabeça.

-Annita? – Scorpius chamou uma vez.

A garota só balançara a cabeça em resposta, ainda sem levantar o rosto.

-Você está bem?

Ela balançara a cabeça de novo.

“Sai, sai da minha cabeça!”, pensara ela, tentando expulsar a imagem que aparecera em sua mente.

-Annita? – chamou o garoto novamente, segurando firmemente os braços da menina.

O coraçãozinho dela se descompassara mais ao toque do menino.

O que está acontecendo??”, pensava consigo mesma.

-Annita! – então ele levantou o rosto dela – Anni...?? – ela estava extremamente vermelha, e parecia respirar com dificuldade.

-Você... – ele não terminou a frase.

Então o garoto pegou a mochila dela e colocou nas próprias costas.

-O... quê...? – Annita tentou falar, mas as palavras saíram fracas. Ela apertou o peito.

Scorpius não pediu licença; levantou a menina nos braços e seguiu para a ala hospitalar. Apesar da pouca idade, carregou Annita sem muito esforço, ignorando os olhares ambíguos e perguntas curiosas que as pessoas mandavam nos corredores.

-Senhorita Abbot? – chamou Scorpius, ignorando os protestos murmurados de Annita.

A mulher apareceu na porta da pequena sala dentro da ala hospitalar. Quando viu Annita, apontou para uma das macas.

Scorpius colocou-a gentilmente na cama, com um olhar determinado.

-Tá...tu... be..! – tentava dizer a menina.

-O Potter ou a Weasley tem alguma carta-instantânea? – perguntou ele ignorando os murmúrios, com o olhar menos severo.

Annita franziu o cenho por um segundo, então acenou que sim.

-Com licença, Sr Malfoy. – pediu a senhorita Abbot, colocando a mão nas costas da menina – Poderia me ajudar a tirar a capa dela?

Scorpius acenou que sim, e se aproximou da maca. As orelhas   da menina ficaram um pouco mais vermelhas com a aproximação do rapaz.

Ela fez que não com a cabeça, fazendo força para respirar, mas o garoto ignorou. Segurou-a com firmeza e desfez o laço da capa; escorregou os braços dela pelas mangas e colocou o objeto no mancebo ao lado da maca.

A enfermeira acalmou a menina, e deu um saquinho de papel para ela.

-Respire nisso. – disse docemente.

Annita fez o que a mulher mandou, e aos poucos foi melhorando.

Scorpius se encontrava no canto da sala, usando uma das moedas que Annita ganhara dos grifinórios.

“Weasley e Potter,

Annita está na ala hospitalar, mas já está melhor.

Eu não tenho como avisar a Zabinni.

Eu estou com ela.

SM”

Ele caminhou de volta para a maca, onde Annita conversava calmamente com a enfermeira.

Quando ele se aproximou, Annita sorriu sem graça.

-Querida, tome cuidado a partir de agora, sim? Você está tomando conta de muita coisa, e aparentemente algo te fez ficar muito nervosa para que você chegasse a esse ponto. – disse a mulher docemente, sorrindo para a menina – Obrigada por trazê-la Sr Malfoy.

Scorpius sorrira para mulher que se distanciou.

Então olhou para a maca, onde via a garota deitada. Annita estava evitando olhar para ele; a vergonha tomava conta dela, que a impedia de dizer qualquer coisa.

-Ei. – chamou.

-Hm.

Ele continuou encarando a menina que insistia em não manter o contato visual.

-Annita. – chamou ele, sem que ela respondesse.

Então ele colocou a mão gelada em cima da dela. Annita não esperava a ação, e se virou para encarar o garoto. A expressão no seu rosto era confusa. Quando ela fez menção de falar, foi interrompida.

-Annita! – chamaram algumas vozes na porta da ala hospitalar.

Potter e Weasley vinham em passos rápidos até a maca onde Annita estava deitada.

-Annita... – chamou o garoto, vermelho por causa do exercício – Você está melhor?

-Sim, estou sim. – respondeu sorridente. Mal parecia que a garota havia acabado de ter um surto.

-Ainda bem que estava lá, Malfoy. – disse Rose, sorrindo para ele. Ele respondeu com um aceno.

-O que aconteceu? – perguntou Alvo, olhando sugestivamente para a mão firme de Scorpius na mão da menina.

-Ela hiperventilou. – respondeu o garoto, ciente dos olhares em suas mãos.

Alvo alcançou a outra mão da garota, determinado. Suas bochechas parecem corar com o súbito ato de coragem, mas não soltou seus dedos dos dela.

**Início do Flashback**

-Mas, hm... O que a Zabini disse? – perguntou [Alvo] como quem não quer nada.

Rose sorrira de lado.

-Que Annita não nega já ter se sentido atraída por algumas pessoas.

-E quem seriam?! – perguntou o garoto automaticamente, olhando para cima.

Rose estreitara os olhos maliciosamente, e o garoto corou.

-Adivinha.

-Rose! – reclamou o garoto, curioso. Então ele baixou a cabeça, sem graça.

-Você está gostando mesmo dela, não está? – perguntou a menina, com uma expressão mais solidária e séria no rosto.

-Eu não sei dizer. – respondeu o menino, com expressão confusa.

-Bem, você quer mesmo a resposta?

-Acho que sim.

-Você tem concorrência.

**Fim do Flashback**

Alvo respirou fundo ao toque suave da mão da menina.

Annita sentia-se em uma situação estranha; sentia que aquelas mãos não eram somente os gestos de apoio que esperava.

Em uma mão o toque quente e suave da mão de Alvo; na outra o toque frio e firme de Scorpius. Aquela palpitação no peito pareceu voltar.

Rose percebera a situação que estava se instalando ao redor daquela única maca, e resolveu se aproximar também.

-Espero que melhore rápido. – disse ela, sentando-se na ponta da cama – Vai ter que ficar muito tempo aqui?

-Não, claro que não. – disse Annita, revirando os olhos – Não foi nada sério. Sc... Scorpius que se preocupou demais. – adicionou gaguejando levemente.

O garoto fez uma expressão séria; como se aquele surto não o tivesse assustado. Ela parecia estar em chamas até poucos segundos atrás.

-Meninos. – chamou de repente a voz doce da enfermeira – Você deveriam voltar para suas aulas, a senhorita Boderdad ainda vai ter de passar alguns minutos aqui.

Os três jovens estavam a beira de protestar quando Annita interveio.

-Vão logo, eu estou bem. Madame Abbot já disse que vou ficar só mais alguns minutos de qualquer jeito.

Alvo olhou para os olhos sorridentes da menina e concordou. A contragosto desenlaçara os dedos dos dela.

-Vamos então. – chamou Rose.

Porém os dois grifinórios pararam quando viram que outro garoto que estava ali não movera um músculo sequer.

-Você não vem? – perguntou Alvo, levemente incomodado.

-Ainda tenho que resolver umas coisas. – respondeu o outro, virando para encarar os olhos do colega – Obrigado por virem tão rápido. – adicionou com um sorriso cansado.

Alvo acenou com a cabeça. No fim das contas, o Malfoy era amigo de Annita. O garoto deu um tapa leve nas costas do colega, que foi pego de surpresa.

Rose sorriu para o sinal de intimidade que o amigo dera ao garoto.

-Nos vemos mais tarde. – disse ela, olhando para os dois que ficaram na enfermaria.

A enfermeira despachou os dois, e se virou para o acompanhante que ainda restava.

-E o senhor não vai para aula? – perguntou ela.

-Não tem importância; o professor já foi avisado da minha ausência. – respondeu o jovem, de forma educada.

-Não vá se cansar. – adicionou a mulher, seguindo para o escritório.

Então Scorpius virou para Annita, que voltara a não olhá-lo. Suas mãos ainda estavam entrelaçadas.

Malfoy olhara para a menina que parecia esgotada. O que havia acontecido nos últimos minutos?

-Annita... – chamou o garoto, com a voz repentinamente rouca.

Pela primeira vez depois do incidente, Annita parara para encará-lo. Ela manteve-se quieta, com medo de falar.

-O que tem de errado? – perguntou ele, com os olhos baixos.

Annita mordeu os lábios ao ver a aparência triste do menino. Estava passando a impressão errada, seja lá qual fosse. Não queria chateá-lo.

-Desculpe-me. – foi o que conseguiu dizer.

Scorpius fixara seus olhos nos dela.

-O que queria me dizer? – perguntou ele, lembrando-se de que                         ela havia sido interrompida quando seus colegas chegaram.

-Eu não sei bem. – suspirou ela.

O amigo encarou os olhos confusos da menina.

-É melhor você dormir. – disse ele com um sorriso leve, acariciando com as pontas dos dedos as costas da mão macia dela.

O coração da menina voltou a palpitar, mas menos intensamente. Annita não conseguia entender o motivo.

Scorpius finalmente se desfizera dos dedos dela, sentindo um leve formigamento na mão. Percebeu que a sensação era agradável.

Sua pele era quente, assim como seu olhar e suas palavras. Annita era quente. O garoto foi sentindo-se inquieto à medida que aqueles pensamentos chegavam à sua mente.

A garota caíra no sono rapidamente, encolhendo-se na cama.

-Ela deve estar com frio. – murmurou Scorpius, que já havia puxado uma cadeira para o lado da cama dela.

Ele procurou algo para cobri-la, mas só tinha suas capas em mãos. Como a dele era maior, colocou em cima dela, cobrindo-a quase que completamente.

Annita sorriu dormindo ao toque da capa.

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-Mas onde ela está? – reclamou Mona, quando já havia acabado a segunda aula daquela manhã e não achara sinal de Annita em lugar nenhum.

Mona saiu marchando dos campos.

“Tudo bem, eu deixei ela sim com o garoto, mas não precisava largar a aula!”, pensava consigo mesma.

Batendo os pés fortemente no chão, Mona conteve-se quando ouviu seu nome.

E qual foi sua surpresa ao notar que a pessoa que a chamava era o meio-gigante com o qual acabara de ter aula.

-Professor? – perguntou surpresa.

Hagrid sorriu para ela através da barba grossa, e ofereceu chá para a menina.

Mona foi tomada por sua curiosidade e aceitou.

De longe, alguns alunos tanto da Sonserina como da Corvinal olharam admirados para a cena.

-O que o senhor queria me dizer? – perguntou Mona, de maneira formal.

-Oh, não precisa disso de senhor, não estamos nem em aula, não é? – disse o guarda-caça para a menina.

Mona sorriu intrigada.

-A verdade é que tenho um recado para você. – disse ele, sentando-se na poltrona velha ao lado da lareira.

Um cachorro grande, de aparência velha deitou-se ao lado do meio-gigante.

-Para mim? De quem? – perguntou ela, dando um gole na caneca que mais parecia um balde.

-Alvo e Rose pediram para avisar que sua amiga está na ala hospitalar. – disse ele, coçando a barba.

-Annita?? – perguntou surpresa, levantando-se.

-Sim, sim. Mas disseram que ela já está bem; parece que ela está com algum amigo. – acrescentou ele.

-Um amigo...? – murmurou para si mesma. “Malfoy.” – Obrigada pelo chá, gigante. – disse a menina, sorrindo.

Hagrid olhou desconcertado para a garota.

-Você é bem interessante, sabe? Mas acho que vou ver a garota, agora. – então Mona chacoalhou um dos dedos do gigante, como se desse as mãos para ele num aperto e saiu, deixando Hagrid para trás.

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-Ela está bem, está com um amigo, na verdade. Assim que ela acordar, ela estará liberada para sair. – respondeu a enfermeira chefe, acalmando a garota agitada.

Mona sorriu em reposta e seguiu para a mulher, e seguiu para a maca indicada.

Ela parou atrás de uma cortina, para analisar a situação. Malfoy estava dormindo em uma cadeira, com a cabeça apoiada na cama e uma mão em cima do braço de Annita, que estava dormindo.

-Bo? – chamou Mona de leve, se aproximando da cama.

Annita levantou a cabeça, acordando lentamente.

-Soube que você deu trabalho. – sussurrou Mona, cutucando a menina.

Então Annita olhou para a amiga com uma expressão pensativa no rosto, levemente preocupada.

-O que foi?

-Aconteceram umas coisas, sabe. – respondeu a garota sonolenta, como quem diz mais do que aparenta.

-Pode me contar, você sabe que me deve isso. – dissera a outra, dando de ombros.

Annita sorriu sem graça encarando o garoto que dormia pesadamente ao seu lado.

Suspirou e começou a falar.

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“Acho que a Mona não vai conseguir parar de rir da minha cara tão cedo, Sr Caderno. Eu contei para ela ontem, e o assunto parece ser a melhor piada da história.

“Mas acho que no fundo, ela tem razão. É realmente desconcertante o fato de que uma lembrança tenha feito com que eu parasse na ala hospitalar. Carregada.

Annita pousou a pena dentro do caderno de couro batido, pensando. Não conseguiu evitar corar ao pensar na situação. Aparentemente seu coração aguentava tudo, menos relacionamentos.

Mona estava conversando avidamente com Rose, trocando informações.

Por mais barulhento que fosse o salão, aquele estava sendo o café-da-manhã mais silencioso de Annita.

Quando já estava enjoada de mexer na comida, e cansada de esperar o sinal para a aula tocar, Mona e Rose pararam de pé ao lado de Annita.

-O quê? – perguntou.

-Vamos conversar, Annita. – chamou Rose, sendo incentivada por Mona.

As duas levaram a menina até a árvore do lago, colocando-a de frente para seus olhares intensos.

-O que foi? – perguntou Annita, cautelosa.

-Annita, Mona e eu chegamos à conclusão de que ou você é cínica, ou de que você simplesmente não se enxerga direito.

-Desculpe?

-Bo, não é possível que você não tenha notado como alguns amigos seus vem reagindo a você. – disse Mona, como que explicando algo óbvio.

-Desculpe? – insistiu Annita, sem entender.

-Para uma pessoa tão inteligente, você pode ser bem densa, não? – acrescentou Rose, massageando as têmporas.

-Annita,o que aconteceu com Ian é basicamente sobre o que nós estamos falando aqui. – disse Mona, diretamente.

Annita sorriu sem graça. Rose já estava sabendo também do ocorrido, por meio de Mona. Fazê-las amigas foi algo que trouxe um leve arrependimento à Annita.

-E o que isso tem a ver? Sejam claras. – pediu a menina.

-Alvo gosta de você. – jogou Rose.

-Malfoy obviamente compartilha desse sentimento. – completou Mona.

Annita continuou a encarar as duas garotas de estavam em sua frente.

-Não. – dissera automaticamente.

-Sim. – disseram as outras duas.

Annita encarou-as, dizendo não com os olhos. Elas não estavam ali para argumentar.

-Não estamos dizendo para que escolha alguém, Annita. – disse Rose, docemente.

-Só para que comece a enxergar o óbvio. – completou Mona, mais rudemente.

Annita encarou as duas meninas seriamente. Aquilo não podia ser sério.

-Parem com isso. – disse Annita, dando risada.

-Não estamos brincando, Bo.

-Não mesmo, Annita. – concordou Rose.

Annita parou de rir, substituindo o sorriso por uma expressão de choque. Seu coração começou a palpitar.

-Esse tipo de coisa não acontece. – respondeu ela, séria. Não que ria acreditar em uma situação tão constrangedora como essa.

-Não diga ao Alvo que eu contei, obviamente. – lembrou Rose, coçando a testa.

Annita começou a balançar a cabeça, negando a situação, enquanto flashes apareciam em sua cabeça; Alvo segurando-a embaixo da árvore, Ian colocando-a contra a parede, e aquela “maldita” imagem do rosto de Scorpius que impedira a situação com Ian de se prolongar.

-Isso complicaria as coisas... – murmurou a garota, com um tom de desespero na voz fraca.

Mona olhou para Rose, que sorriu em resposta.

-E qual seria a graça, se fosse o contrário?

Annita massageou as têmporas.

-Se acalme, garota. – disse Rose, com força – Antes de qualquer coisa, todos são seus amigos, não?

-O que só me daria mais dor de cabeça. – respondera séria – Não tenho tempo para isso agora; tenho coisa demais na cabeça, e não preciso dessas sensações estúpidas que me fazem hiperventilar.

Rose estreitara os olhos para o desabafo da colega.

-Foi isso que te fez ir para a ala hospitalar? – perguntou Rose, com os olhos incisivos.

-Mas você estava com o Malfoy... – então Mona se interrompera, compreendendo – Você... você... Malfoy te deixou desconcertada, Bo? – perguntou risonha.

Annita desviou os olhos, sem graça.

-Annita, você está tendo crises de mulherzinha! – concluiu Rose, escandalosa.

-Shh! Não é nada crise de mulherzinha! É só que eu percebi que... – então a garota se interrompeu; percebeu que não havia contado aquele detalhe para as meninas, e não sabia se queria.

-O que, Annita? – insistiu Rose, um pouco preocupada.

Annita suspirou. “Ah, que se dane!”, pensou.

-Que lembrar do rosto dele – disse indicando Malfoy – me impediu de... De deixar as coisas rolarem com Ian. – admitiu Annita, baixando a cabeça.

As duas garotas na sua frente pararam para encará-la.

Então Annita desatou a falar:

-É só que eu estava com ele quando percebi isso, e fiquei muito sem graça! Quando ele me segurou, eu entrei em desespero, não queria que ele me visse daquele jeito, mas então eu comecei a passar mal, meu coração disparou e eu não conseguia respirar...

Mona colocou o dedo indicador na boca da menina que estava surtando.

-Isso é normal, Bo. Você é adolescente. – dissera ela, surpreendentemente compreensiva. Rose acenara com a cabeça, concordando.

Depois de algumas risadas que fizeram Annita revirar os olhos, as três seguiram para a aula.

Mais longe no jardim, uma garota parecia extremamente interessada na pequena conversa que testemunhara embaixo da árvore.

-Já sei como acertar as coisas. – dissera a voz de Alyann atrás de uma árvore.


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Notas finais do capítulo

Hmm, comentários a parte, eu achei esse capítulo um pouco difícil de terminar; toda hora eu queria por mais e mais informações.
Mas chegou num ponto muito bom para terminar!
Espero que vocês não sintam raiva de mim, mas os finais com a Alyann são os que eu mais gosto de escrever, na moral UAHSUAHSUASHHASA
Espero que tenham gostado!
Ajudem essa fic a ir para frente, eu amo quando vocês comentam!
Beijão!