Outsider - A Estrangeira escrita por Bruna Guissi


Capítulo 11
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Notas iniciais do capítulo

Aooooooo, capítulo novo na área :DD
Esse é maior, praticamente uma overdose de palavras :B
Espero que vocês gostem, eu tomei bastante cuidado com a edição deste aqui, deixei um dia só revisando (mas sabe como é, sempre sobram erros).
Espero que vocês curtam esse capítulo e todas as notícias que ele trará!

E para finalizar, um agradecimento especial para Leiticia Toigo Boeno,
LivGenaro s2, e para a Iara Lima por favoritarem essa fic! Vocês são lindas !

Boa leitura :DD



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Seus passos rápidos ecoavam no corredor, enquanto seus olhos determinados pareciam assustar os transeuntes inocentes.

“Três pessoas interessadas.”, pensou Alyann.

A expressão em seu rosto tornou-se pensativa em quanto se dirigia para a biblioteca. Deveria estar na última aula da semana, mas a garota considerava-a dispensável no momento.

Alguns dias mais cedo naquela mesma semana o professor de “Feitiços Estrangeiros” pediu aos alunos que buscassem algumas magias antigas, e anunciou também que a monitora faria uma pequena “demonstração” ao final da aula.

Boderdad pareceu involuntariamente ansiosa com a notícia, mas não fez objeções. “Provavelmente ela se sairá bem.”, pensou.

Mas este não era o motivo de estar na biblioteca de fato, uma vez que a pesquisa já estava pronta e revisada em seu material. A verdade era que a biblioteca ajudava Alyann a raciocinar, e era isso o que queria no momento.

Alyann precisava da oportunidade perfeita para desfazer a perigosa afeição que Scorpius cultivava pela estrangeira.

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Mona estava incomumente quieta naquela aula de transfiguração; não que Annita presasse a distração que a colega oferecia, mas aquilo trazia a sensação de algo errado, e isso incomodava demais a brasileira.

-Está tudo certo, Mona? – perguntou Annita sussurrando.

-Oi? – perguntou a outra, percebendo que fora chamada.

-Acho que não... – murmurou a amiga, rindo de leve – Você está menos distrativa do que costuma ser, sabe?

Mona sorriu de uma maneira estranha, como se reprimisse algo na garganta; tombou a cabeça para o lado e franziu as sobrancelhas.

Annita suspirou.

-O que você quer saber, Mona?

Mona respondeu à pergunta direta com um biquinho, como se pensasse.

-Eu juro que não quero pressionar você, mas... O que está pensando em fazer sobre esse assunto dos seus “amigos”? – perguntou por fim, como se um sapo tivesse saído de sua garganta.

Annita riu de leve. Não tinha dado muito pensamento ao assunto; não sabia bem o porquê, mas definitivamente não queria se envolver em uma situação tão embaraçosa como aquela.

Depois de muito surtar escrevendo em seu caderno de couro (que já estava com marcas, devido ao uso intenso), decidiu não pensar no assunto; deixar as coisas como estão.

-Nada. – respondeu mais baixo, quando a professora Lovegood virou-se para falar com a classe.

A ave a qual a professora mostrava como mudar algumas características lembrou Annita da pequena coruja que quisera adotar algum tempo atrás. Todo fim de semana a pequena “bolinha de penas” passava voando em frente a janela da menina, esperando ela abrir para poder receber as migalhas de bolo que ela guardava.

Em meio ao seu pequeno devaneio, Annita não ouviu a voz aflita de Mona chamando-a, avisando que não respondera à pergunta da professora.

-O quê? – perguntou, quando notara que agora a sala toda a encarava.

-Como fazemos para mudar um detalhe tão pequeno quanto as manchas das penas sem ferir a ave, srta Boderdad. – disse a professora com um sorriso leve, repetindo a pergunta que fizera.

-Ah, sim, me desculpe. – começou Annita – Precisaríamos... - começou a responder, avermelhando um pouco.

A aula seguiu-se bem tranquila depois da explicação da menina, que conseguiu cinco pontos para sua casa com seu acerto.

Ao termino dela, a professora se dirigiu a Annita:

-É normal nos distrairmos um pouco. – disse sorrindo – No que pensava naquele momento?

-Ah... – Annita não soube o que dizer, à medida que ficava sem graça. Olhou para Mona, em busca de apoio, e tudo o que recebeu foi um dar de ombros. Resolveu ser sincera – Pensava em que nome dar a uma coruja a qual me apeguei.

Luna sorriu pensativamente.

-É algo mesmo importante. – disse – Me diga depois o que decidiu. Ou se precisar de ajuda. – ofereceu por fim, despedindo-se das garotas que ficaram para trás.

-Ela é realmente alguma coisa, não é? – perguntou Mona, observando a professora sair.

Annita sorriu em concordância.

Caminhou com Mona até o dormitório durante alguns minutos.

-Vai tomar banho antes de jantar? – perguntou Mona, jogada na própria cama.

-Acho que sim. – respondeu a outra, de pé ao lado dela – Você não?

Mona respondeu com um resmungo.

-Eu vou antes, então. – decidiu Annita.

Enquanto preparava suas coisas, Alicia entrou a todo vapor no quarto.

-Ei, Boderdad! – chamou quando viu a garota ainda no quarto.

-Sim?

-Leia isso. - disse Alicia sorrindo triunfantemente.

Era um pergaminho com os nomes das pessoas aceitas no time. O seu era o único.

-Mas como..?

-Você foi ótima, garota! Conversei com o resto do time, e todos concordaram de que você tem habilidades que podem ser muito úteis. – explicou Alicia, sentando-se ao lado de Mona em sua cama.

-Ei! – reclamou ela, sendo ignorada pelas duas.

-Eu entrei? – perguntou incrédula.

-Sim. – respondeu Alicia – Precisa de um pouco de treino, mas você dá conta.

Annita não conseguiu evitar de sorrir ao pensar no que seus pais diriam. Seu pai daria risada de sua incredulidade, dizendo que era óbvio que entraria, e sua mãe sorriria docemente, dando os parabéns.

Annita precisava escrever urgentemente.

-Ok, eu vou jantar. Vocês vêm? – perguntou Alicia.

Mona mordeu os lábios, indecisa sobre tomar banhou ou comer.

-Eu tomo banho depois! Até porque está meio frio.

Alicia revirou os olhos, e encarou Annita.

-Eu ainda vou tomar banho, obrigada.

Alicia acenou e desceu as escadas, seguida por Mona.

Annita tomou um banho rápido; amarrou os cabelos úmidos em um coque e abriu a janela do quarto.

Sabia que a corujinha apareceria em poucos minutos, então pegou seu caderno e mais alguns pedaços de pergaminho.

“Eu entrei para o time, Sr Caderno. E eu percebi que eu tenho pessoas --”

Annita foi interrompida por um par de pequeninas garras que pousou agitadamente em cima do caderno, deixando algumas penas cair. Ela riu ao ouvir o piar alegre da bolinha de penas.

Tirou a pequena ave do caderno e colocou em cima da mesa, dando uma bolacha para ela comer.

Escreveu em um pergaminho:

“Não sei o quão relevante é o fato, mas eu sou oficialmente batedora.”

-O pergaminho é para Scorpius Malfoy, pequena. – disse Annita acariciando a cabeça da ave.

Amarrou o pergaminho na pata da coruja e deixou-a sair pela janela.

Pegou sua moeda-carta-instantânea e escreveu uma mensagem para Alvo e Rose:

“Estou no time de quadribol; será que torcer para Grifinória ainda é interessante?

AB”

Annita sorriu de leve quando a resposta de Rose chegou, seguida pela de Alvo.

“Sinto muito, você é uma exceção à regra, mas dizer a palavra ‘Sonserina’ ainda queima minha língua.

Rose”

“Eu acho que agora eu poderia gostar de verde.

Se você usar dourado nos meus jogos, claro.

Parabéns, Annita.

Alvo”

Annita pegou o caderno novamente, e continuou a frase interrompida.

“Eu entrei para o time, Sr Caderno. E eu percebi que eu tenho pessoas para quem quero contar.”

Annita colou magicamente uma pena da pequena coruja em sua folha, e escreveu ao lado.

“Eu não me lembro se mencionei antes, mas tem essa coruja pequenina a qual eu acabei me apegando muito; ela é linda. Acho que eu acabei adotando ela, apesar de tê-la achado no corujal. Não sei até que ponto eu posso ser punida por isso, mas eu já a considero como minha. E acho que ela também gosta da ideia.

Preciso dar um nome a ela.

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“Estranho.”, pensou Annita, saindo do dormitório depois de já ter jantado e se trocado para a ronda diária.

Caminhou em silêncio até o Salão Comunal, pensando.

Scorpius não havia respondido sua carta ainda. Na verdade pouco se falaram nesses últimos dias, tirando momentos nos quais fizeram duplas em aula ou algo do gênero.

Não chegaram a conversar de verdade, e Annita esperava que ele respondesse à sua carta, uma vez que ele sempre tinha algo para dizer sobre as coisas.

Annita interrompeu a linha de raciocínio quando Radmilla começou a falar.

-Weasley chamou a todos nós hoje; ela quer passar os detalhes da festa.

Chegando na sala da monitoria-chefe, todos os outros monitores já estavam se acomodando quando Molly começou a falar.

-Bem, eu disse a vocês que a diretora me passaria os detalhes da “festa”, então aqui estou. – começou ela o seu discurso.

Molly explicou nos mínimos detalhes do projeto da festa, que estava sendo elaborado por ela mesma e o outro monitor-chefe.

O único detalhe inesperado foi quando Molly dispensara Annita de trabalhar no dia.

-A diretora acha que é melhor você descansar; aproveitar a festa. Mas isso não significa que não ajudará no processo e no planejamento. – cobrou mandona.

-Tudo bem, então. – disse Annita, concordando. Na verdade era um alívio não ter de ficar como oficial e fazer relatórios por pelo menos uma noite. Poderia aproveitar.

Depois de mais algumas palavras, avisando que a festa seria divulgada a partir do dia seguinte, Molly liberou os monitores para o fim do horário de ronda.

Quando o expediente já estava para terminar, Annita encontrou Scorpius parado no final do corredor, próximo ao salão principal. Ele carregava um sorriso cansado no rosto.

Annita não conseguiu segurar o sorriso satisfeito quando viu o garoto.

-Você sabe que eu posso te colocar em detenção, não sabe? – perguntou a garota, se aproximando.

-Sei. – respondeu simplesmente.

Annita ficou encarando, esperando alguma reação da parte dele. Como não veio nada, resolveu tentar:

-Você recebeu minha carta? – perguntou ela, querendo puxar assunto.

-Sim. – respondeu ele.

E só. Ele não disse mais nada, então Annita revirou os olhos, com a paciência diminuída.

-Acho melhor ir, antes que eu te dê uma detenção, garoto. – disse emburrada.

Scorpius somente acenou. Annita encarou-o, coçando a testa. Virou suas costas e saiu.

Alguns segundos depois, uma mão encostou de leve em seu braço, fazendo-a virar-se.

Deparou-se com o sorriso debochado do garoto.

-Me desculpe, mas é realmente interessante te ver irritada. – disse ele, deixando um pacote comprido nas mãos da garota. Então ele virou as costas e partiu para o seu dormitório.

-Mas o quê...?

Então Annita notara o objeto em suas mãos: era uma caixa embrulhada uma espécie de papel reciclado com desenhos de nuvens quase que na mesma cor do fundo.

Annita sorriu ao ver o embrulho; era algo tipicamente trouxa. Sem querer esperar para chegar ao quarto para abri-lo (e evitar perguntas incessantes), Annita passou os dedos nas beiradas do papel, descolando-as.

Tirou de dentro uma caixa de madeira com um pequeno fecho em um metal escurecido. Só ela em si já era linda.

Mas mais sorridente ela ficou quando abriu a caixa; dentro havia um pequeno cartão e uma espécie de óculos sem hastes.

A nota dizia:

“Eu demorei um pouco, mas acho que achei algo útil para você. Coloque no rosto, ele se ajusta automaticamente.

SM”

-Um óculos de voo...? – sussurrou Annita, lendo a informação esculpida no interior da tampa de madeira.

Um sorriso se espalhou pelo rosto da menina enquanto ela processava a situação; ele comprou o objeto no mesmo dia em que ela havia contado a boa notícia. Quanto esforço da parte dele fora necessário para achar aquilo?

Annita posicionara as lentes redondas em frente aos olhos.

-Como será qu...

A garota se interrompera surpresa quando tiras de couro se estenderam das bordas largas das lentes, prendendo o objeto em sua cabeça.

-Uau! – dissera surpresa. Annita olhou para uma janela, a qual refletia fracamente sua imagem. O óculos parecia se adequar ao rosto e às condições de tempo, adquirindo forma e tamanhos diferentes.

Para retirar, bastava apertar a haste em cima no nariz e atrás da cabeça, e ele se retrairia ao formato original.

Um sorriso se formou nos lábios da garota.

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“Eu só queria deixar claro que, apesar de não estar no Brasil, achei estranho as pessoas não receberem presentes hoje. Mas acho que como você também é inglês, Sr. Caderno, você não sabe que hoje é dia das crianças. Sim, dia 12 de Outubro.

“Estranho eu sei; a maioria dos adolescentes da minha idade não gosta de ser considerada criança, mas a verdade é que eu adoro isso. Adoro a infância e todas as coisas que ela envolve (obviamente eu ganhava um chocolate ou um passeio à qualquer lugar que eu quisesse nesse dia).

“Ironicamente, mesmo sem os meus pais aqui, esse dia não passou em branco; Scorpius me deu um presente que ele realmente não precisava ter me dado, mas isso me deixou muito feliz.

“Acho justo dizer que o presente ganho foi uma comemoração ao fato anteriormente mencionado nessas páginas: eu ser aceita no time.

“Sem segundas intenções.”

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Na manhã seguinte, todos já haviam lido o pequeno cartaz. Infelizmente, para muitos aquilo era obra ou piada de alguém que tinha muito tempo livre, pois era levemente impressionante o fato da diretora promover a ideia de uma festa.

Para acalmar o burburinho naquele salão logo cedo, McGonagall decidiu falar por si.

-Como todos vocês aqui já devem saber, Hogwarts dará sua primeira festa de Halloween neste dia 31. – começou ela, silenciando os alunos – Para deixar a situação clara: faremos esse evento, e como é esperado de todos vocês, a ordem deve ser mantida durante toda a noite. Representarão essa escola para o Ministério, e não serão toleradas tolices. – disse veemente. Então suavizou a expressão enquanto continuava – Espero que aproveitem a noite com responsabilidade, e que venham devidamente mascarados.

Uma rodada de aplausos e assovios encheu o salão; todos aqueles jovens rostos demonstravam muita empolgação, alguns até se iluminaram naquele momento.

Alguns deles estavam sentados ao lado da distraída Annita, que estava rabiscando em um pergaminho alguns itens que teria de encomendar no nome da escola.

-Uau, uma festa. Não achei que a diretora já tivesse sido adolescente antes. – disse Rose, pensativa, fazendo Annita rir.

-Não diga isso. Aposto que ela quer que tiremos da cabeça as críticas incessantes do Profeta. – disse a outra, protetora.

Rose pareceu ponderar.

-Não imaginava um lado tão tocante na diretora. – insistiu a ruiva.

Annita revirou os olhos. Vai ver a garota só tinha essa opinião porque não se relacionara tanto com ela. McGonagall podia ser a pessoa mais amável do mundo, e Annita sabia que ela era.

Levaram alguns minutos para que o burburinho passasse, e enfim Annita anunciou que iria treinar.

-Jura? Mas já? – perguntou a amiga, interessada.

-Sim. – respondeu sorridente – Vocês vêm? – perguntou se dirigindo também a Alvo, que não se fizera notar até aquele momento.

Então o garoto levantou o rosto, pensativo.

-Seria bom observar as táticas do inimigo. – disse tímido.

-Claro, quero ver se você merece o cargo, garota. – respondeu também Rose – Vou chamar a Mona. Vem comigo, Al?

Ele ponderou por alguns segundos, e então algo pareceu convencê-lo a concordar.

-Vejo vocês no gramado? – perguntou Annita, agora um pouco nervosa.

-Chega de ataques de menininha, Boderdad. – vociferou Rose, fazendo a outra revirar os olhos.

-Se colocarmos um trasgo e você lado-a-lado, vai ser difícil dizer quem pensa menos para falar. – reclamou Annita, partindo.

A risada de Alvo fora interrompida por um olhar assustador de Rose. O garoto engoliu em seco.

-Ro, foi uma piada, e foi engraçado sabe... – começou ele, dando um passo para trás.

Rose balançou a cabeça, como se aquilo não fosse importante naquele momento.

-O que você quer me falar? – perguntou a garota, de repente sussurrando.

-O quê? – perguntou o garoto, sem entender.

-Vamos, diga logo. Pode perguntar. – insistiu ela, dando-lhe um olhar sugestivo – Você estava mais quieto que o normal. – adicionou.

Alvo encarou a melhor amiga; ela conseguia ser realmente esperta para alguém que se esquecia de não ferir os sentimentos alheios.

-Você é inacreditável. – disse ele sorrindo.

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Annita entrou no vestiário, com os punhos cerrados, tentando conter a animação. Caminhou até onde se encontravam os armários, e um tinha o seu nome. A garota estendeu a mão e tocou de leve as letras magicamente colocadas ali.

-Annita Boderdad. – disse uma voz grossa ao pé do ouvido da menina.

-Ian! – disse a garota assustada, tomando distância do garoto – Você não sabe o que é espaço pessoal? – perguntou com a mão no peito.

O Garoto riu da reação da menina, aproximando-se mais descontraidamente.

-Sua chave, com os cumprimentos do capitão. – disse estendendo o objeto dourado para a garota.

Annita aceitou de bom grado, e se dirigiu para o armário novamente. Colocou a chave, e abriu a porta lentamente. Todo processo parecia causar certa pressão psicológica, ainda mais com os outros integrantes do time entrando no vestiário.

-O que é isso? Todos resolveram usar o lado das garotas agora? – perguntou Alicia, jogando a bolsa em cima de um banco, encarando alguns dos outros integrantes do time que entraram para recepcionar a novata.

-Relaxa, pirralha. – disse Ian, apoiando sua mão na cabeça dela. Alicia respondera com um tapa no braço dele, nervosa.

Algumas vozes concordaram em sair, enquanto Alicia dizia que poderiam recepcionar a novata no campo.

Annita olhou para o uniforme pendurado no cabide dentro do armário, com seu taco apoiado no fundo; podia ver seu nome nas costas da capa. A vestimenta era linda.

-Bem vinda. – sussurrou Ian, quase encostando os lábios na orelha da menina. Annita tremeu um pouco.

-Ela já disse Ian, espaço pessoal, pode ser? – disse Alicia, empurrando o garoto que ria para fora do vestiário.

Annita virou para a colega que agora colocava o uniforme. Alicia sorriu para ela.

-Anda logo, ponha. – disse.

Annita sorriu em reposta, pegando a roupa.

-Bem vinda ao time, garota.

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-A Alyann e o Ian você já conhece. - disse Alicia, apontando para os dois. O time já estava todo reunido no campo – Este aqui é o Player. – disse apontando para um garoto alto e esguio, de cabelos castanho-claros.

-Player? – perguntou Annita.

-Joel Vincent Player; Player é meu sobrenome. – explicou ele, sorrindo.

-Legal. – respondeu a garota, sorrindo.

Alicia revirou os olhos, e se virou para continuar, mas a garota a ser apresentada foi mais rápida.

-Meu nome é Laureen Paige Pole. – disse sorrindo confiantemente – Prazer.

-Prazer. – respondeu tímida.

-Bom esse é o time. – disse Alicia sorrindo – Na verdade temos o capitão, mas ele costuma ser uma pes... – mas Alicia interrompeu-se quando sentiu uma sombra alta atrás de si.

-Vamos treinar. – dissera o garoto atrás dela, com a voz fria.

Todos concordaram e subiram em suas vassouras.

O treino seguia-se pesado, mas Annita manteve-se animada; Rose, Mona e Alvo estavam assistindo da arquibancada, de onde Alvo gritava algumas dicas úteis quando a garota passava voando por ali.

Annita percebera mais tarde que aquele era o capitão do qual Alicia falava, e que ele parecia descontente com a frequente troca de olhares que ela mantinha com as pessoas da arquibancada.

-Você, novata. – chamou o garoto, pousando a vassoura – Continuem. – disse falando com o resto do time, que seguiu a ordem.

Annita se aproximou de onde o capitão estava e pulou da vassoura, mantendo-a no ar.

-Sim? – perguntou cautelosa. Agora que se aproximara do garoto, podia entender porque o time não contradizia suas ordens; ele era ainda maior que Ian, e tinha ombros largos e músculos torneados e esguios.

Ao se aproximarem, Annita notou o olhar feroz dele, que a lembrava vagamente o de algum animal.

-Para o chuveiro. – disse ele, virando-se de lado para analisar o treino do resto do time.

Annita continuou olhando para ele, esperando uma explicação que não veio.

Então Annita ficou nervosa. Se ele quisesse puni-la logo no primeiro treino, era bom ter um motivo razoável para isso.

-Não. – disse ela, estendendo a mão para a própria vassoura.

O garoto virou o rosto para ela, sem acreditar que alguém estava o desafiando. Notou incrédulo que ela já estava querendo montar na vassoura.

-Você não vai treinar mais hoje. – disse ele, pegando a vassoura da mão dela.

Annita olhou para ele, com uma expressão controlada.

-Me dê o motivo disso. – disse ela.

-Quando você levar esse treino a sério, poderá voltar. –disse ele friamente.

Annita suspirou, e inclinou a cabeça. O garoto virou para ela, com um olhar gelado por apenas um momento, e voltou os olhos para o campo.

-Eu levo isso a sério. – disse ela, demonstrando calma.

-Não, não leva. Para você isso é só uma oportunidade de se mostrar para seus amiguinhos ali. – disse ele sem virar para ela, apontando a arquibancada.

Alvo parecia estar olhando para direção deles. O garoto estava se referindo ao Alvo?

-Não é verdade. – disse ela, agora com uma expressão mais séria no rosto – E o garoto para quem você apontou estava me dando dicas. Eu quase caí da vassoura, e ele me ajudou a voltar.

O garoto mais velho virara finalmente para encarar a garota, aproximando-se perigosamente. Annita não vacilou.

O garoto pareceu avalia-la.

-Time. – chamou ele, sem se virar para os outros, sabendo que eles já se aproximavam – Vamos fazer um jogo.

O capitão montou dois times de três, fazendo de Player o juiz.

Alicia chegou perto de Annita, sussurrando.

-É a primeira vez que ele participa de alguns dos times.

-Qual é o problema dele? – perguntou Annita, intrigada.

-Ele pega pesado com os preguiçosos. – explicou Alicia – Não que você seja, mas saiba que além da Alyann, ele foi único contra sua entrada no time. Alyann cedeu antes dele. – adicionou, sorrindo de algum pensamento próprio.

Annita semicerrou os olhos. Ele estava testando-a.

O time de Annita era composto por ela, Ian e Laureen; o oposto por Alicia, Alyann e o capitão.

O esquema da partida se baseava em dois batedores e um apanhador para cada time; os batedores tinham de proteger o apanhador até que ele achasse o pomo, mantendo os balaços inimigos longe. Um pouco diferente do normal, mas útil para os treinos.

A primeira jogada foi feita, e fora violenta. Se Ian não estivesse atento, teria levado um balaço direto no braço que estava apoiado na vassoura.

-Mostre o quão isso é sério. – disse o capitão quando passou voando pela garota, segurando um bastão.

Acontece que o time deles tinham mais vantagens ao seu lado; além de ter a batedora mais experiente e o capitão que sabia como cada jogador agia durante os jogos, Annita era muito menos experiente em quadribol que qualquer outro jogador.

É verdade que Ian e Laureen eram muito habilidosos, mas todos os balaços se dirigiam agora à Ian, e Laureen não tinha muita habilidade como batedora.

O trabalho caíra nas costas de Annita.

O capitão encarou-a do outro lado do campo, esperando. Annita sorriu, sentindo o desafio claro nos olhos sérios do garoto.

Um balaço seguiu em direção à cabeça de Ian, que perseguia Alyann em busca do pomo. Annita rebateu-o rapidamente, direcionando não para a apanhadora, mas para o taco de Alicia. Desprevenida com a estratégia da colega, Alicia deixou o taco cair no chão, que fora apanhado por Annita.

-Hei, isso vale? – perguntou Alicia, sem acreditar.

Annita nem se dera ao luxo de sorrir; seguiu em direção ao próximo balaço, mirando a vassoura de Alyann.

O capitão rapidamente reagiu, e evitou a pancada. Tamanha fora a força com que ele rebatera, que o balaço acabou parando do outro lado do campo, nas arquibancadas na Grifinória, de onde foi possível ouvir uma ofensa vinda de Rose.

A pequena partida assumiu um ritmo muito mais rápido do que o do treino, e mais tarde começou a chover. Annita tirou do bolso da capa um objeto, e posicionou-o no rosto.

Os óculos que Scorpius lhe dera prenderam-se ao seu rosto, assumindo um formato diferente da última vez em que o colocara; as lentes se aproximaram, tornando-se uma única e maior, e o protetor nas orelhas evitava da chuva entrar em seus ouvidos.

Annita agradeceu mentalmente ao amigo pelo objeto.

A partida foi se estendendo mais e mais, e logo os amigos que vieram assistir ao treino se retiraram mandando acenos para a garota, que compreendeu.

A chuva começou a esfriar demais o campo, que começava a ter a visibilidade diminuida. Annita ainda tinha o fator de ter se prevenido com os óculos, mas isso ainda não era o suficiente para manter o jogo.

Os outros jogadores já estavam começando a reclamar das condições e do frio, mas todos ainda queriam saber quem conseguiria pegar o pomo.

Annita estreitou os olhos, voando mais acima do que os outros jogadores; Ian e Alyann voavam lado a lado, perseguindo o pomo. Que acertasse aquele balaço garantiria a vitória.

E Annita o achou. Inclinou a ponta da vassoura em direção à bola que se remexia, e começou a persegui-la. Parecia que a bola sentia o fim do jogo se aproximando, e começou a reagir aos jogadores.

Para o azar da garota, o capitão também sabia da condição do jogo, e também visualizara o borrão do balaço no ar.

Ambos partiram de posições opostas em direção à bola, voando em alta velocidade. Quando Annita percebeu, deveria estar a menos de cinco metros de distância do capitão. Se alguém não desviasse, eles iriam bater. Annita teve apenas um segundo para pensar e então inclinara a vassoura para o lado, passando entre o mínimo espaço da base das arquibancadas e do corpo do capitão.

O garoto só percebera a situação quando ambos bateram os braços pela falta de espaço. A pancada levou ambos ao chão, encerrando a partida.

O garoto olhou para a menina deitada no chão, ofegante. Felizmente não estavam a uma grande altura do chão, mas o susto sim fora grande.

Ela virou o rosto para ele, notando a expressão atordoada do garoto.

-Nós... Iríamos bater. – disse em meio fôlego.

Ele continuou quieto, apenas encarando. Então Annita voltara a olhar para cima, e em uma questão de um segundo, notou o balaço voltando rapidamente em direção ao chão.

Bem onde os dois se encontravam.

Annita puxou o braço do garoto mais velho, que não entendeu o que estava acontecendo, e levantou somente uma parte das costas para rebatar precariamente a bola violenta que vinha em sua direção.

O balaço acabou enfiado em uma das vigas de madeira da arquibancada oposta.

Annita jogou-se no chão novamente. Que sorte dera!

A garota sentia o corpo pesar, e não se levantou do chão enlameado quando o capitão liberou o time para ir para o vestiário. Na verdade suas energias haviam sido esgotadas, e ela estava faminta. Ainda não havia almoçado e metade da tarde já havia passado.

Depois de cincos minutos embaixo da chuva, decidira que já estava suficientemente imunda para tomar um banho.

Quando chegou ao vestiário, as outras meninas já estavam prontas para deixar o lugar.

-Jogou bem Boderdad. Poucas pessoas tiram as palavras do capitão. – dissera Alicia, pegando sua bolsa.

Annita agradeceu sem graça.

-Jogou bem mesmo. Você e a Alicia serão a melhor dupla de batedoras do campeonato. É bom que nenhum balaço me atinja. – dissera Laureen, sorrindo.

-Então você é artilheira? – perguntou Annita, confirmando suas expectativas anteriores.

-Sim. – respondeu a garota, pegando sua bolsa – Eu, Ian e o capitão.

-E o Player é o goleiro. – dissera Alicia, completando.

O que levava Annita à epifania do dia: Alyann era a apanhadora do time.

Annita refletiu por alguns momentos aquela nova descoberta. Alyann aparecera de um dos boxes do fundo, com sua bolsa já pronta para sair.

Alyann olhou para a garota suja de lama, avaliando-a.

-Foi um bom jogo. – disse ela – Bem vinda ao time.

E virou as costas e saiu, sendo seguida por Alicia e Laureen.

Annita se deu ao luxo de levar mais de meia hora no banho. Tirou toda a lama do corpo e do cabelo, separando as vestes para deixa-las para lavar.

A garota parou para olhar o presente que o amigo lhe dera no dia anterior; estava gelado, mas não sujo. Ele tinha um feitiço impermeabilizante, o que não permitia que sujeira ou água se infiltrassem nele.

Enquanto terminava de se trocar, ouvir um barulho de chaves ao fundo.

-Hei! – chamou a garota, colocando uma camiseta qualquer.

Então o barulho de chaves se aproximou, e ela ouviu a resposta.

-Ainda tem alguém aqui? – perguntou a voz do capitão.

Annita fechara os olhos. Já bastava uma bronca em seu primeiro dia.

-Eu já estou terminando! – gritou em direção à porta, enquanto colocava seus sapatos.

Pegou sua mochila e seguiu para fora. Assim que passou pela porta, se deparou com o dono da voz encostado na parede, esperando-a.

-Me desculpe, eu estava muito suja. – explicou Annita, colocando os cabelos molhados atrás da orelha.

O garoto não fez questão de olhar para a menina. Simplesmente desencostou-se da parede e fechou a porta do banheiro.

Ele seguiu em direção ao gramado, seguido por Annita. A garota não sabia como despedir-se, e optou por deixar o lugar em silêncio.

Porém, quando fez menção de virar para sair, o garoto na sua frente virou-se para ela, com uma expressão suave no rosto. Não chegava a ser um sorriso, mas era de longe mais convidativa do que sua comum postura.

-Você joga bem. Acho que no fim, deixa-la no time foi uma boa ideia. –disse ele com a voz grave.

Annita sorriu involuntariamente, orgulhosa de si. Então uma dúvida que não havia a incomodado até aquele momento surgiu.

-Eu não sei seu nome. – disse ela.

O garoto arqueou levemente as sobrancelhas, já com os olhos voltando aos poucos ao modelo feroz.

-Caleb Kurt Sion. – respondeu.

Annita franziu o cenho.

O garoto pareceu entender.

-O time acha que meu nome não me identifica. Eles preferem me chamar de capitão. – explicou ele; obviamente não estava acostumado a falar tanto com uma mesma pessoa, ainda mais dar informações (por mínimas que fossem) pessoais. Ele demonstrava isso.

O garoto virou as costas e acenou de leve, sem virar-se para cumprimenta-la.

A garota entendeu o recado, e se dirigiu para o castelo.

Antes que ela pudesse se afastar demais, conseguiu ouvir a voz dele se dirigindo a ela.

-Obrigado.

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 “Então meu time se organiza da seguinte maneira; Alyann, eu e Alicia somos as mais novas, com treze anos; depois vem Laureen com quinze anos, Ian com dezesseis, e por fim o capitão e Joel com dezessete.

“Os três artilheiros são Ian, Laureen e o capitão; eu e Alicia somos as batedoras; Joel é o goleiro; e por fim, Alyann é a apanhadora.

“Eu não sei muito bem o porquê, mas essa última informação me surpreendeu. Não que isso seja importante, de qualquer jeito.

“Mudando de assunto, Sr. Caderno, a festa de Halloween foi divulgada hoje. O interessante foi ver que muitos dos alunos não acreditaram nessa notícia logo de cara. Parece que festa não é algo que as pessoas encaixem em um mesmo conceito com a McGonagall.

“A festa vai ser uma daquelas de máscaras – como nos de filmes. Acontece que como é no meio da semana, McGonagall estabeleceu o término do evento às onze e meia da noite, e muitos septanistas reclamaram disso. Mas a discussão foi logo perdida quando McGonagall os lembrou dos N.I.E.M.s.”

Annita começou a rabiscar em baixo do texto recém-escrito. Uma máscara larga apareceu na folha, com uma pluma adornando um de seus lados.

Annita conteve-se quando sentiu um calor em seu bolso, reconhecendo sua moeda-carta-instantânea. Era uma mensagem no mínimo inesperada:

“Annita,

Você vai ter de monitorar nesta festa?

A verdade é que eu gostaria de te fazer companhia. O que você acha da ideia?

Alvo”


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Notas finais do capítulo

HIHEHOIEHOIEHOEHIO -- sim, achei a mensagem uma ótima maneira de terminar o capítulo.
Espero que você tenham gostado!
Esse capítulo tem a cena do treino de quadribol da Annita, que vem sendo pedido vigorosamente pela minha insaciável leitora Barbara, que tinha mais certeza do que eu de que Annita entraria para o time.
Espero que vocês continuem lendo e comentando! aos poucos essa fic está crescendo e enchendo meus dias de felicidade!
Se acharem erros, ou tiverem dúvidas e/ou opiniões, por favor, comentem!
Divulguem!
Abraços, e muito obrigada!!



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