Eu estava lendo sobre o colar quando ouvi um barulho vindo da floresta, de primeiro eu não liguei, mas depois começou a ficar mais perto, e passou a me incomodar, me levantei e entrei na floresta, acionei minha espada e fiquei preparada pra qualquer coisa que acontecesse. Ouvi alguns trotes e Grover apareceu, eu quase investi contra ele, mas consegui recuar.

- Grover?- perguntei e ele riu.

- eu mesmo- Grover suspirou- só que um pouco assustado, vê se não tenta me matar da próxima- o ataquei com um abraço e ele riu.

- o que você está fazendo aqui?

- Quíron me mandou, ele sentiu que vocês estavam precisando de ajudas, cadê o casalzinho?

- estão lá- apontei para a saída floresta e caminhamos até lá, quando chegamos os dois levaram um susto e depois abraçaram Grover.

- cara, o que você está fazendo aqui?- Percy perguntou ainda eufórico e Grover riu.

- vim ajudar. Aliás, Annie, seus conselhos foram ótimos, Juníper e eu estamos tão felizes- Grover pareceu encantando e eu corei.

- ah que isso, mas, sabe, garotas são ótimas em conselhos pra relacionamentos- rimos e Percy e Annabeth pareciam não entender nada.

- ah, ela me ajudou com o meu namoro- Grover explicou e os dois assentiram. – eaí, no que posso ajudar?

- bom, temos certeza de que o colar está na Califórnia, em montanhas na costa de santa Mônica, só não sabemos exatamente qual e como vamos pra Califórnia- Annabeth explicou não muito animada.

- a resposta está logo ali- Grover apontou pra caminhonete- uu, você matou um minotauro, uau.

- coisa de filho do deus dos mares- Percy riu.

- vamos pessoal, porque temos uma longa viagem- Grover falou e entramos todos no carro novamente, eu fiquei o tempo todo lendo sobre o colar e treinando baixinho meu grego.

- gente, acho melhor pararmos pra dormir não?- Grover perguntou e nós assentimos.

Ele parou e eu esperei todos dormirem pra sair do carro, caminhei lentamente até a floresta, eu não sabia bem porque estava indo pra lá, acho que hoje não era um ótimo dia pra vislumbrar alguma coisa sobre meu passado tão confuso, mas... Acho que simplesmente estava indo pra lá pra encontrar Cam, por meio dos anunciadores ou talvez se desse sorte ele estaria me seguindo e me acharia lá, mas não tinha muitas esperanças.

Apertei minha blusa mais ao corpo e adentrei no mato, cada galho que eu pisava fazia um estralo que sempre me assustava, eu estava parada observando a floresta quando uma mão tampa minha boca, eu queria gritar, mas ninguém iria me ouvir.

- ei, fique calma- eu reconheci a voz, Nico?

Ele me soltou e eu virei lentamente pra encara-lo.

- o que você está fazendo aqui Di Ângelo?- perguntei e ele riu.

- eu estava viajando pelas sombras e te achei aqui.

- muito curioso- sussurrei- viajar pelas sombras, você está dizendo, anunciadores?

- não, não, são sombras mesmo, essas aí que te perseguem na luz do sol e te assusta a noite- ele tentou me assustar, em vão. - não ficou com medo?

- nem um pouco- me virei procurando um anunciador, ia mesmo fazer aquilo?- conheço “sombras” muito mais assustadoras.

- que tipo de sombras?- seu tom estava misterioso, eu estiquei o braço e consegui segurar uma, mas um barulho na floresta a fez escapar, alguém estava correndo por ali e aquilo não era bom. Olhei pra Nico e seu olhar parecia dizer “o que é isso?” ou “socorro”, mas não tive tempo pra decifrar, quando um pária apareceu.

O pária nos encarou, mesmo eu sabendo que ele era cego eu senti que ele estava me encarando. Nico arrancou sua espada e o golpeou em vão, a espada não o machucou nem um pouco.

- o que é isso?- ele me perguntou.

- um pária, impossíveis de matar, são anjos- eu fiquei pensando, onde iria arranjar uma seta estelar? Quando me dei conta um arco e flecha estava em minhas mãos, eu o encarei e estava escrito em hebraico “para matar anjos”, mamãe! Mirei o arco no pária e atirei, obrigada arqueiros de Apolo. O anjo se desfez em pó e eu comecei a rir e comemorar.

- como você fez isso? Da onde você tirou esse arco?- Nico me perguntava, quase sem parar pra perguntar e eu ri.

- a minha mãe me mandou esse arco Nico! Grover estava certo! Mamãe se importa comigo- eu abracei Nico, um abraço apertado e então percebi o que estava fazendo e me afastei envergonhada. – me, me desculpe- murmurei e ele riu.

- não tudo bem, fico feliz que a sua mãe se importe com você.

- e a sua mãe?- perguntei, Nico me olhou meio triste e suspirou.

- não gostaria de falar sobre isso. – ele disse já encerrando o assunto, fiquei imaginando o que disse de errado- bom, eu já vou indo Annie, boa sorte na missão.

- adeus Nico. Obrigada- ele desapareceu nas sombras e eu senti um aperto no coração, eu tinha magoado ele? O que tinha acontecido com a mãe de Nico? Caminhei até o carro e abri a porta, não percebi o barulho que estava fazendo e os acordei.

- onde você estava?- Percy me perguntou ainda acordando.

- senti que tinha que ir até a floresta e quando cheguei lá encontrei com um pária e o matei- expliquei.

- você matou um pária?- Annabeth disse já acordada- como?

- parece que a minha mãe me mandou um arco e flecha- falei mostrando a arma.

- eu falei que ela se importava com você- Grover falou com um sorrisinho de “eu te avisei” e eu entrei no carro sorrindo, consegui ter uma noite de sono mais sossegada.

**                                                                  

Eu tive um sonho realmente muito estranho, eu estava debaixo d’agua e caminhava lentamente, então a correnteza me empurrou, eu tentei ficar no mesmo lugar, mas a correnteza me levava e então eu encontrei um palácio era o palácio de Poseidon, eu não tive muito tempo para observar quando o deus dos mares apareceu a minha frente.

- Olá, Annie- ele disse calmamente e eu me rendi a sorrir, certo, ele nunca sequer tinha falado comigo, mas eu não tinha motivos pra ficar brava com ele, na verdade eu tinha, mas eu preferi apagar aqueles motivos da mente.

- Olá- hesitei um pouco e me obriguei a falar- pai.

Ele sorriu ao perceber que eu o chamei de pai.

- Annie, eu gostaria de me desculpar...

- Já sei, já sei aquela coisa de sempre “oh, me desculpe por não ser o pai que você sempre sonhou”, é normal, você é o deus dos mares, tem muito mais que se preocupar do que com a sua filha- tentei não parecer irônica e nem demonstrar as minhas mágoas, mas acho que não deu certo.

- você foi irônica?- ele me perguntou com as sobrancelhas arqueadas.

- eu tentei... – brinquei e ele riu.

- Annie, eu gostaria de lhe dar um presente- ele disse e eu assenti, meu pai (era tão estranho falar isso) murmurou algumas palavras em grego e eu me senti automaticamente mais forte. Respirei fundo, ele tinha me dado a sua benção? Limitei-me a sorrir, um sorriso verdadeiro, o mais sincero.

- obrigada- eu falei feliz e ele esticou os braços meio sem graça, me aproximei e o abracei.

- ainda bem que você não guarda magoas minha filha- ele sussurrou desfazendo o abraço.

- na verdade, eu guardava até te ver sabe?- brinquei e ele riu. Então a imagem se desfez e eu pude ouvir Grover me chamando.

- Annie! Annie! Acorde- abri meu olho e soltei um enorme sorriso atraindo olhares confusos.

- você esta bem?- Percy me perguntou.

- estou ótima!