Sam continuava a percorrer o olhar ao redor, onde Dean havia se metido! Agora três disparos deixaram os freqüentadores do bar histéricos e logo em seguida um homem era erguido na multidão eleito o herói da noite. Sam fixou o olhar na jaqueta de couro que via, parou se questionando. O que Dean teria feito agora para ser o herói da noite daquele bar? Não precisou esperar muito, a loira que seguia a frente do grupo gritava:

— Ele salvou meu namorado! Salvou! Salvou da morte o meu amor! Obrigada, herói! Obrigada! — a mulher gritava histericamente.

Dean sentia as mãos da moça nas suas em agradecimento, depois de ser colocado no chão. Estava tão confuso quanto o irmão que o observava a certa distância. Dean apenas acenou com a mão, e foi de encontro ao caçula.

— Dean, que raios aconteceu aqui? — Sam o puxava pela jaqueta em um canto mais reservado. Percebeu um leve vermelhão no supercílio do mais velho.

— Cara, foi tudo muito rápido. Estava esperando a morena me atender, olhei para um cara de capuz que se aproximava sorrateiramente em um casal. Ví o brilho da arma, pulei nele e puxei a mão dele para cima, quando ele puxou o gatilho. Sam o cara estava limpo, mas, louco. Havia muito ódio, rancor e... não sei, acabei nocauteando o cara. —o loiro estava tão espantado tanto quanto o irmão que o fitava.

— Para quem não queria chamar a atenção...— Sam divertia-se com o constrangimento de Dean quando as pessoas passavam a sua frente com um copo de chopp e o saudavam como herói da noite.

Dean sentiu uma mão pousar em seu ombro, olhou para trás. A bela garçonete o fitava com seu sorriso encantador, deixando a mostra seus dentes alvos, sua boca carnuda e sensual mover-se.

— Por conta da casa,” herói”. — Ela entregou um generoso copo de chopp deixando amostra um belo par de seios apertados pela blusa encarnada.

— Ah, hã... obrigado. A propósito meu nome é Dean. E o seu? — Ela seguiu os lábios do caçador encontrar-se no espumante chopp.

—Casey. Você foi muito valente, podia ter se ferido ou coisa pior. — a morena jogou a cabeleira para trás da orelha.

— Bom, nesse caso perderia essa honra de conhecê-la. — Dean largou o copo vazio e sorriu para a moça.

Sam deixou as covinhas aparecerem em sua face, estava sobrando naquele lugar. Dean certamente se daria bem nessa noite. Resolveu ir para o hotel investigaria a cidade mais tarde.

— Dean, eu vou para o hotel. Te vejo mais tarde. — Dean anuiu com a cabeça dando uma piscada de sacana.

Horas se passaram, ambos conversavam animadamente. Até que o loiro puxou uma foto amassada e mostrou para Casey.

— Você viu esse homem por esses lados? — Dean analisou a expressão da moça, que pareceu um pouco contrariada.

— É, vi sim. Noite passada, levou uma surra dos grandões ali. Estava roubando no jogo, foi descoberto e saiu meio torto, não antes de tentar me comprar para uma noite de orgia.

Dean engasgou com a cerveja, a moça sabia ser direta. Deu um meio sorriso. Havia algo que não estava certo, viu os dois homens enormes saírem, resolveu segui-los. Já havia bebido o suficiente, pagou a conta e despediu-se da moça. Ela era muito bonita, simpática e cativante.

— Solto ás 23h, caso te interesse. — Casey limpava o balcão sem tirar os olhos do loiro.

— Estava contando com isso. — Dean sorriu encantadoramente, mais tarde voltaria a se encontrarem, agora o trabalho o chamava.

***

As Moiras pareciam muito interessadas no desenrolar dos acontecimentos da vida dos jovens Winchester, olhavam a poça de água cristalina o que ocorria no mundo dos mortais.

— Ousadia é que não falta para esse jovem loiro, é tremendamente corajoso e destemido. Não podemos negar, mas é um mortal. — a mulher do meio continuava a sorrir.

—Átropos, sinto uma certa afeição de sua parte por esse humano. — a mulher sentiu o olhar da outra fulminá-la.

— Láquesis me tomas por quem? Ouça bem o que dissestes, e, para seu próprio bem espero não ouvir tal disparate. — seus olhos tomaram uma cor que mesclava-se com algo indecifrável, como infinitas estrelas perdidas naquele escuro violeta.

— Parem você duas. Logo poremos um fim nesse rapaz, não podemos deixá-lo andar pela terra depois de ter seu fio cortado, é uma afronta para nós irmãs! — a voz esganiçada ecoou pelas paredes daquela espécie de caverna.

Átropos assentiu e voltou sua atenção ao líquido ao qual mostrava agora bem de perto o rosto de Dean. Ela não podia demonstrar o quanto aquele homem mexia com seus pensamentos.

Elas, as Moiras, não tinham sentimentos, não podiam amar e nem se apegar a quem quer que fosse, um dia elas ceifariam todos. Mas, Átropos começou a sentir-se diferente e essa confusão estava deixando-a inquieta e arredia. Ela sempre se viu uma mulher velha, carrancuda e sem piedade, agora seu reflexo junto ao do misterioso guerreiro atrevido, transformava-se em outra pessoa, alguém que ela pensou ter deixado para trás há muitos séculos, uma mulher bela e cheia de vida. Suas outras irmãs estariam vendo isso? Olhou de soslaio, ficou aliviada ao não perceber nenhum tipo de alteração na rotina das mulheres de negro. Átropos teria que cortar o fio desse jovem, talvez ele possuísse um poder que nem ela sabia combater e o medo começou a invadir-lhe seus pensamentos.

***

Dean não soube explicar a sensação de estar sendo observado, seguira os homens e nada encontrara. Pegou o celular que vibrava em seu bolso.

— Fala, Sammy. —ele ouviu atentamente o que o irmão lhe dizia. —Estou voltando para o bar, te vejo mais tarde e... — o loiro deixou uma risada escapar de seus lábios antes de continuar a conversa com o moreno. — Eu sei me cuidar, pode deixar. Fiquei de encontrar com a Casey depois do expediente e, cara ela é muito linda. Alô? Sam?

Dean ficou sorrindo, imaginando a cara do irmão. Talvez Sam tivesse razão, Dean Winchester era um cafajeste! No entanto, o loiro adorava essa sensação de predador ou seria o contrário?