A História De Sally Jackson escrita por Kori Hime


Capítulo 5
Capítulo 5 - A sobremesa (quase) mortífera


Notas iniciais do capítulo

Gosto tanto de "brincar" com a Sally, to sempre fazendo alguma pequena maldade com ela kkkkk



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/311038/chapter/5

Sally caminhava o mais rápido possível em direção ao chalé. O sapato emprestado por Dalila era um número maior, por isso estava folgado no calcanhar, e a cada passada, escapava. Ela precisou parar algumas vezes para calçá-lo novamente.

E quando chegou, achou estranho a movimentação lá dentro. Ela procurou a chave na bolsa, mas logo notou que a porta estava aberta. Geralmente naquele horário suas colegas estavam trabalhando, ou passeando na praia, ou em alguma festa se divertindo. Mas assim que Sally fechou a porta atrás de suas costas, percebeu qual era o motivo da agitação.

Poseidon estava sentado no sofá de dois lugares e ao seu lado, Beth e Lara, duas garotas que vieram do Colorado. Pelo que Sally sabia, elas eram primas e vieram fugidas de casa. Já Rose, servia cerveja para o convidado. Essa era uma nova-iorquina que sempre passava as férias ali, para tirar uma grana extra e pagar a faculdade. Ainda restava Suzana, que não estava lá. Mas essa apareceu logo em seguira, usando biquíni e uma toalha de banho enrolada na cabeça, alegando que a água acabou antes dela terminar o banho.

Assim que todos notaram a presença de Sally, na pequena sala de visitas, cada uma das garotas passou a fazer diversas perguntas constrangedoras. Percebendo o embaraço de Sally, Poseidon levantou-se do sofá.

— Acho que minha ansiedade fez com que eu chegasse mais cedo, eu não sabia que iria trabalhar até mais tarde. — Poseidon disse, agradecendo formalmente a gentileza das senhoritas ao seu redor. Ele utilizou exatamente essas palavras, e todas sorriram encantadas, dando risadinhas umas para as outras, como se fossem colegiais.

Sally não precisou responder nenhuma das perguntas, porque o braço de Poseidon era protetor ao redor de seus ombros, levando-a em direção a porta para saírem. Sally sentia cada partícula do seu corpo estremecer conforme deixava o chalé. A sensação de ser resgatada de uma situação desagradável pela pessoa certa não tinha uma descrição. Mas era ótima. Melhor do que em seus pensamentos mais íntimos.

Enquanto caminhavam, Poseidon comentou sobre o sucesso que o novo sorvete de Ambrosia estava causando na sorveteria, e também várias outras ideias para o negócio prosperar, como se Sally não o achasse já bem encaminhado. O entusiasmo de Poseidon era contagiante da maneira que ele falava. E isso a agradava, pois não era como outros homens, que, quando falavam com sobre seus feitos, eram arrogantes, de peito estufado, como se fossem as pessoas mais importantes do mundo.

Chegaram então em uma área particular da praia. Um homem de meia idade abriu o portão de madeira, pintado de branco, dando passagem aos dois. Sally estava curiosa em saber o que a aguardava. E não demorou para que colunas brancas erguidas até o céu tomarem conta da paisagem, a mansão poderia ser confundida com uma das antigas construções gregas, hoje em ruínas. Mas para sua surpresa, não caminharam em direção a entrada da mansão, ao contrário, passaram por ela como se não estivesse ali. Ao menos foi o que Sally tentou transparecer, mas ainda olhou para o alto, observando que o teto possuía um fim mesmo, ou se alcançava as nuvens.

Um caminho de pedras os levou até o píer particular. Havia ali um grandioso barco os aguardando. Uma mulher os esperava. Ela era alta, vestindo um longo vestido branco. Seus cabelos dourados caíam em cachos sobre seus ombros. Ela era tão linda que Sally se sentiu intimidada naturalmente.

Nesse momento, a mão de Poseidon escorregou dos ombros de Sally, até encontrar a mão dela trêmula. Apertou, não tão forte, mas o suficiente para que ela relaxasse, e sentisse que era ela ali, ao lado dele.

Foram levados até a cabine interior, uma sala, maior que o chalé onde Sally estava morando, muito maior, talvez do tamanho do chalé. Sally não soube dizer se era realmente, porque perdeu-se em meio aos detalhes que cintilavam em sua frente. Era tudo branco e dourado.

— O jantar será servido em alguns minutos. — A mulher informou e, após preparar as bebidas sugeridas por Poseidon, partiu, deixando um rastro de jasmim no ar.

— Algum problema? — Ele a tirou da confusão que era sua cabeça naquele momento.

— Não. — Disse, apertando os lábios. — Digo, sim. Eu não sei se esse é meu lugar. Quero dizer, o que pretender com tudo isso? Me impressionar? Se é isso, seu objetivo já foi conquistado. Porém, não sou o tipo de mulher que faz qualquer coisa em troca de passeios luxuosos e presentes. Seja lá o que esta pensando de mim quero que saiba que...

Poseidon começou a rir, enquanto Sally o olhava completamente desconcertada, não esperava que ele debochasse dela. Estava prestes a ir embora.

Poseidon caminhou tranquilamente até o bar do barco. As taças de cristal, penduradas, tilintavam suavemente, criando uma melodia própria. Sally sentiu a movimentação. O barco estava partindo.

— Mande parar, agora! — Disse, nervosa porque o homem não parecia dar-lhe ouvidos, ele continuava servindo mais bebida em seu copo. — Já ouvi falar de homens como você, há muitas histórias de garotas que desapareceram na praia, depois que saíram para um passeio com uma pessoa. Mas eu nunca achei que isso fosse acontecer comigo. — Ela correu em direção a janela, já estavam bem afastados do píer. Sally não era uma boa nadadora, por isso, pular na água não era uma alternativa viável. A não ser que fosse a única opção de sobrevivência, mas com certeza morreria afogada antes de dar meia braçada no mar.

— Por favor. Senhorita Jackson. — Ele começou falando, levando a bebida para Sally. — Não pense mal de mim. Concordo que é muito curioso o fato de algumas senhoritas estarem desaparecendo nessa praia. Eu mesmo estou compromissado de descobrir o que aconteceu com elas.

Desconfiada, Sally demorou para aceitar a bebida.

— Você é algum tipo de milionário excêntrico?

— Não muito.

— Uma sorveteria, mesmo com piso de mármore e sorvetes afrodisíacos, não traria tanto dinheiro para alguém comprar um barco como esse. — Ela afastou-se, segurando a bolsa, como se fosse um escudo protetor.

— É. — ele concordou. — Mas o barco não é meu.

— O aluguel de uma coisa como essa deve ser um absurdo. — Ela ainda não estava completamente convencida.

— Não aluguei, peguei emprestado. — Poseidon foi em direção ao sofá de couro branco e sentou-se. — Um amigo que me devia alguns favores.

— Que tipo de favores seriam esses para que alguém emprestasse um barco? Quero sair imediatamente. — Ela foi até a porta, e no mesmo instante, a mulher de antes entrou, avisando que o jantar estava servido.

— Por favor, eu insisto que jante comigo essa noite. Irei explicar tudo o que desejar.

Sally odiou-se por ser fraca.

Decidiu que não iria cair mais naquela cama de gato criada pelo homem, por mais charmoso e atencioso que ele parecesse.

A sala de jantar, sem surpresa, era tão incrível como deveria ser qualquer espaço daquele barco. Sally dispensou a ajuda de Poseidon, quando ele puxou a cadeira. O homem não insistiu, e deu a volta na mesa, sentando-se do outro lado.

A comida servida não era como Sally imaginou. Ela estava esperando algo complicado de se comer. Mas iniciou com uma salada, sopa e depois vieram os pratos principais. Peixe temperado com limão. Era simples, e gostoso. Indescritivelmente saboroso. Isso fez o sorriso de Sally retornar a sua boca, o que agradou e muito ao deus do mar.

— Esta muito bom o peixe. — Ela disse, após usar o guardanapo mais macio que já havia sentido em sua vida.

— Que ótimo. Fui eu quem pesquei os peixes essa tarde. — Ele revelou, sorridente.

— Acho que devo me desculpar pelas bobagens que disse agora pouco.

— Não é preciso. — Poseidon serviu o vinho branco.

— Está sendo gentil, quando na verdade eu preciso sim oferecer minhas desculpas. Acho que entrei em pânico. Essas coisas estão tão ao meu alcance como as estrelas no céu. — Sally suspirou, observando o prato a sua frente. — Não posso me dar ao luxo de acreditar em contos de fada.

Ela disse, quase como se estivesse falando para si mesma.

— Posso garantir que esse aqui não se trata de um conto de fadas. — Poseidon movimentou a taça na mão, e bebeu o vinho. — Coisas boas acontecem para pessoas boas. Claro que, às vezes, não podemos interferir nesses acontecimentos, mas quando está ao nosso alcance...

— Esta me dizendo que vive a realizar os sonhos das pessoas, quando estão ao seu alcance?

— Quando posso, porque não?

— Algumas noites, quando estava na minha cama, após um dia de trabalho, pensava se tudo seria melhor caso meus pais não tivessem morrido quando eu era um bebê. Mas logo desperto e vejo que sonhar com coisas que não se pode realizar, é sonhar em vão.

— Sonhar nunca é em vão. — Eles terminaram o jantar e a sobremesa logo chegou. — Um novo sabor de sorvete, mas dessa vez, nada de divindades gregas.

Sally aguardou ansiosa a mulher bela e misteriosa, já que ninguém disse seu nome até o momento, levantar a tampa de prata que escondia a preciosa sobremesa.

— Parece ainda mais maravilhoso que o sorvete de ambrosia. — Ela pegou a colher e levou a boca, provando o gosto da sobremesa.

— Não tive muito trabalho com esse. As castanhas vieram do Brasil.

— Castanhas? — Ela perguntou largando a colher de sobremesa, e alcançando a taça de água com gás.

— Algum problema? — Poseidon se levantou, preocupado. — Calyce, traga mais água para a senhorita Jackson. — Bradou o homem, e imediatamente sua ordem foi atendida. — Por favor, me diga o que eu posso fazer para ajudá-la.

Sally respirou fundo.

— Pegue minha bolsa.

Calyce rapidamente trouxe a bolsa da mulher, e Sally ficou aliviada por finalmente saber o nome dela, e agradecer de forma gentil.

— Precisa de um médico?

— Não é necessário. — Sally bebeu mais água, assim que tomou o remédio que pegou da bolsa. — Eu sempre ando com esse remédio que ajuda a amenizar minha alergia.

— Alergia? — Ele sentou na cadeira ao lado de Sally. — As castanhas, me perdoe.

— Não é sua culpa, não sabia que eu era alérgica. Ainda bem que eu provei apenas um pouco. Só estou sentindo minha língua adormecer. É um pouco estranho. Desculpe, acho que estraguei todo o jantar.

— De maneira alguma, não estragou.

— Esta dizendo isso porque ainda não viu minha cara toda inchada.

— Mas você não tomou o remédio?

— E por acaso está mais preocupado com minha cara inchada?

— Bem... — Poseidon balançou os ombros, com um semblante divertido.

— Que abuso de sua parte, não esperava isso. — Ela desferiu um tapa no ombro dele, acompanhado de uma risada.

— Tudo bem, se ficar inchada demais, podemos passar o resto da noite olhando só para as estrelas.

— Eu ficaria ofendida, mas se é para olhar as estrelas, concordo.

Ambos riram, enquanto Calyse os deixava a sós.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Beijosss