A História De Sally Jackson escrita por Kori Hime


Capítulo 4
Capítulo 4 - Sopa de marisco para o deus dos mares


Notas iniciais do capítulo

Criei uma "amiga" para a Sally. Ela estava precisando de uma ajudinha nesse momento.



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Nos últimos cinco dias, Sally trabalhou em horários dobrados. Três garçons foram despedidos no restaurante, e devido a um vazamento de óleo no quiosque, um dia inteiro foi perdido, mas Sally e as outras garotas que trabalham com ela passaram a manhã organizando o estoque em um pequeno armazém. O horário do almoço no sábado estava agitado.

Ela foi chamada para cobrir um garçom no restaurante, só foi permitido a troca de horários, porque os donos dos dois estabelecimentos eram irmãos, e o trabalho no quiosque estava mais sossegado.

Sally terminou de se arrumar no vestiário do restaurante. O uniforme feminino era uma saia preta até os joelhos, uma camisa branca e avental na cintura, com um bolso para guardar o bloquinho de anotações e caneta. Ela usava uma sapatilha preta. Não podia comprar um sapato melhor, que servisse para ficar muito tempo em pé, por isso sentia dores nas pernas. O pé estava inchado, mas precisava aguentar até o domingo terminar. Ela recebia por semana, e daria para comprar um par de sapatos novos com o que receberia de hora extra.

Assim que amarrou o avental, ela saiu do vestiários e passou pela cozinha, conversou com o cozinheiro sobre os pratos do dia e logo depois seguiu para o salão. Era amplo e as mesas espalhadas em fileiras, com toalhas cor de vinho cobrindo a madeira envelhecida. As cadeiras eram artesanais, com almofadas de estampas coloridas.

Cada mesa possuía um porta guardanapo, saleiro, e porta palitos. O menu era revestido com plástico para durar mais. No final do salão, havia um aquário quase do mesmo tamanho da parede. Peixinhos coloridos e outros bem grandes dividiam a água. Lagostas e caranguejos ficavam em outra área, para que o cliente pudesse escolher ainda fresco.

Uma hora depois, Sally estava sentindo o machucado no dedo do pé doer mais do que nunca. Ela deu uma pausa e foi ao vestiário fazer um curativo. Ao retornar, ordenaram que ela levasse a sopa de mariscos para a mesa três. Ela levou com muito cuidado para não cair, já que foi esse um dos motivos para os garçons terem sido demitidos.

A mesa três ficava ao lado da janela, de frente para a praia, que geralmente era reservada ainda de manhã por convidados ou parentes de seu chefe, mas, naquele momento, uma outra pessoa ocupava a cadeira.

— Senhorita Jackson. — Disse Poseidon, com os dedos cruzados sobre a mesa. – Não posso dizer que essa é uma coincidência. Peço mil desculpas, eu estava ansioso para te ver mais uma vez.

— O que o senhor faz aqui? — Ela perguntou surpresa, servindo a sopa.

— Por favor, me chame de Poseidon.

— Eu diria o mesmo, mas estou no trabalho, entã-

— Sim. É perfeitamente justo. — Ele esticou o braço e alcançou a mão de Sally no momento que ela organizava a mesa e a cesta com os pães. — Não me tenha como um perseguidor.

— Jamais pensaria isso. — Ela recuou, porque haviam a chamado na cozinha.

Ao retornar para o salão, Sally não conseguia controlar seu olhar, ele seguia em direção à praia. O mar tranquilo ao fundo, e Poseidon na mesa três, tomando a sopa de mariscos. Sally ouviu dizer que os surfistas estavam decepcionados que nos últimos dias estava tudo muito calmo, diferente do que a previsão havia informado.

Mas não demorou muito para que Sally se ocupasse completamente, e seus pensamentos fossem tomados pelo trabalho. Mas ela ainda podia sentir a brisa do mar se espalhar, e aquilo trazia um prazer agradável.

Quando pediu a conta, Poseidon entregou uma gorjeta e junto com ela, um bilhete. Sally não quis aceitar o valor alto da gorjeta, era desconfortável para ela receber dinheiro de um homem que sentia um interesse pessoal. Mas Poseidon não quis ouvir desculpas, pediu então para que ela compartilhasse a gorjeta com os demais colegas, e foi o que ela fez. Ninguém entendeu nada, mas aceitaram o dinheiro.

No intervalo da tarde, Sally levou seu almoço para o vestiário. Sentou-se no banco, de frente ao armário que ocupava, e enquanto almoçava, abriu o bilhete.

Era um convite, um pedido para eles jantarem juntos, ou se possível, tomar café da manhã, dependendo do horário livre que teria, devido aos horários confusos de trabalho. Sally guardou o bilhete no bolso do avental e terminou de comer. Só após escovar os dentes que percebeu o grande problema que tinha em suas mãos.

Ela precisava usar o dinheiro para comprar uma sapatilha, não sobraria quase nada para comprar alguma roupa bonita, nem mesmo fazer o cabelo. E olha que estava precisando de uma hidratação, do jeito que o mantinha preso o tempo todo, estava quebradiço e seco.

No final do expediente, ela teve uma surpresa. O rapaz magrelo da sorveteria a aguardava do lado de fora do restaurante. Ele desejava saber a resposta de Sally, sobre o convite de Poseidon. Ela ficou um pouco agitada e sem saber o que responder, mas aceitou o jantar para a terça-feira à noite. Ele poderia encontrá-la em seu chalé logo depois do pôr do sol.

O rapaz sumiu das vistas de Sally em segundos, quase como se tivesse voado rapidamente para dar a notícia.

Na segunda-feira ela trabalhou normalmente os dois turnos no restaurante, e um turno no quiosque. Chegou ao chalé e a única coisa que pensou em fazer foi tomar banho e dormir. Na manhã da terça-feira Sally se atrasou para o trabalho no quiosque, mas, seu chefe ainda não havia chegado, e Dalila, uma das garotas que trabalhava ali a mais tempo, não contou para o chefe sobre o atraso.

Dalila também trabalhava a noite no restaurante, ela ficava na recepção, atendendo os clientes e os levando ao bar, quando não havia mesa disponível. Era um trabalho mais tranquilo em visto do que Sally fazia.

Como não trabalharia na parte da tarde, Sally foi tomar um banho no vestiário, para ir embora. Dalila também estava de folga aquele dia, mas passou ali somente para ajudar a treinar a nova garçonete.

— Dalila eu preciso de um favor. — Sally não era muito intima dos colegas de trabalho, mas Dalila costumava ajudá-la quando podia. — Nem sei como pedir isso.

— O que é? Aconteceu alguma coisa? — Ela pareceu preocupada. Sally sabia que Dalila não tinha família, vivia sozinha em um apartamento pequeno, e trabalhava muito para pagar o aluguel. Por isso, Sally acreditava que ela era a pessoa perfeita para pedir ajuda.

— Eu tenho um encontro essa noite.

— Uau. — Dalila sorriu. — Quem é o rapaz? Aquele moreno do turno da noite?

— Quem? Não, não é daqui. — Sally ficou envergonhada por um instante, mas decidiu revelar de uma vez quem era. Dalila o conhecia bem, ele costumava almoçar ali e não havia como ignorar um homem tão bonito.

— Onde vocês vão jantar?

— Não sei. Estou com medo de que ele me leve para um lugar muito chique, porque não tenho roupas bonitas e muito menos dinheiro para comprar roupa nova.

— Posso ajudar em alguma coisa. — Dalila analisou Sally por alguns segundos. — Tenho uma roupa que não serve mais em mim, com certeza vai ficar bem em você. Vamos na minha casa.

Sally não recusou, afinal, ela quem foi atrás de ajuda.

O apartamento de Dalila era muito pequeno, como Sally ouviu alguém dizer. Mas era completamente organizado, possuía prateleiras de livros nas paredes, e um sofá com almofadas coloridas. Havia plantas e flores, um jardim suspenso na janela. A cozinha também pequena possuía apenas o necessário.

Dalila abriu a porta do armário de parede, ao lado da mesa de computador. Tirou de lá um vestido esverdeado e entregou para Sally experimentar. Ela entrou no banheiro, também minúsculo, o que não era novidade, e vestiu o vestido verde.

— Deixe-me ver. — Chamou Dalila, sentada no sofá, segurando uma de suas almofadas.

— Acho que serviu, mas eu não tenho um sapato que combine. — Sally saiu do banheiro e parou de frente a colega.

— Você está linda. — Dalila se levantou e tirou de seus cabelos uma precisa, fazendo os cachos avermelhados caírem sobre seus ombros. — Deixe eu prender seus cabelos.

Depois de prender o cabelo de Sally, ela ainda foi até seu jardim na janela e retirou uma rosa amarela, com cuidado, enfeitando o cabelo de Sally. Em seguida procurou por um par de sapatos, apesar de Dalila ser um pouco mais alta, o sapato que encontrou serviu moderadamente.

Em seguida, ela maquiou Sally e abriu novamente a porta do armário, que possuía um espelho interno. Sally se olhou no espelho, e por alguns segundos mal podia se reconhecer ali. Ela olhou no relógio, já passava das cinco horas e havia marcado ao pôr do sol. Por sorte, os chalés não ficavam muito longes dali. Após uma breve despedida, Sally deixou Dalila e partiu para seu primeiro encontro.

Ela não poderia considerar ocasionais encontros que tivera no passado, como um verdadeiro encontro. Sally nunca foi uma garota popular, ou possuía muitos amigos. Passou por algumas decepções que a fez isolar-se completamente. Mas aquele momento não era a hora de amargurar o passado.


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Notas finais do capítulo

Então, não sejam tímidos, me conte o que achou :D