A História De Sally Jackson escrita por Kori Hime


Capítulo 29
Capítulo 29 - Encontros e Despedidas




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Sally estendeu a mão, aceitando a ajuda, mas não conseguiu se reerguer sentindo suas pernas sem força. Temeu deixar o bebê cair no chão, entretanto ambos foram seguros por dois braços. Ouviu uma voz suave, dizendo que tudo ficaria bem. Sally fechou os olhos, sentindo que realmente podia confiar naquelas palavras.

Ao acordar, estava em seu apartamento. Sua primeira reação ao se dar conta de onde estava foi procurar pelo bebê.

O quarto fora pintado por Sally. Ela passou algumas horas, quando grávida, pintando um mural na parede onde ficaria o berço. Que também foi reformado por Sally, quando ela o ganhou da vizinha, já que a filha menor dela havia acabado de ganhar uma nova cama.

Agora o berço estava ali e seu filho dormia tranquilamente. Sally o pegou, segurando-o com cuidado em seus braços. Mexendo nos dedos pequenos e beijando-o no topo da cabeça, sentindo os cabeços finos da criança. Ela chorou emocionada e então notou a presença de um lobo cinza e branco entrando no quarto.

Poderia ter gritado ou entrado em pânico, mas Sally nada fez. Estava mais do que agradecida pela presença do lobo e claro, a deusa Ártemis, que em seguida entrou pelo quarto. Vestia um curto vestido dourado com um cinto de couro preso a sua cintura, uma tiara de ouro e pedras verdes na cabeça. Além do arco em suas costas.

— Senhora eu não sei como posso agradecer tudo o que fez por nós. — Sally deixou o bebê no berço, cobrindo-o com a coberta. Ela virou-se para a deusa Ártemis, sem saber como agir diante dela.

— Eu a abençoei, fui conivente com sua união. Mesmo sabendo que não havia futuro nessa relação. — A deusa olhou a criança, não pôde deixar de sentir uma pontada de pena por ele ser um menino, talvez caso fosse uma menina, Ártemis saberia muito bem o que pedir a Sally.

— Então porque permitiu que eu casasse com ele? Porque nos abençoou?

— Eu lhe dei a opção de ser uma imortal ao meu lado, mas você não aceitou. Era tudo o que eu poderia fazer. Suas escolhas pertencem somente a você, Sally Jackson. Assim como meu tio, sendo o senhor do mar, tem suas decisões e uma parcela de culpa. Além de ser completamente irresponsável.

Sally apertou os lábios, sentindo seu coração doer com a lembrança de Poseidon.

— Ele nada tem a ver com minhas decisões. Não quero vê-lo nunca mais.

Ártemis não se sensibilizou com os olhos marejados de Sally, ela não sentia dor ou piedade pela mulher apaixonada. Mas por tê-la abençoado, não pode deixar de intervir em sua causa, quando ela orou em seu nome no hospital.

— Não quero que se acostume a me chamar achando que eu virei ajudá-la. Daqui para frente nada poderei fazer. Pelo menos por enquanto, não é chegada a hora ainda. — Ela olhou para o bebê, depois para Sally. — O futuro da criança está traçado, porém, não depende apenas dela para que sua predição futura seja cumprida. Você Sally, é a grande responsável pelo sucesso ou fracasso de seu destino.

Sally passou a mão no berço, enquanto o lobo farejava algo no ar. Ele uivou e Ártemis olhou na direção da janela com seus olhos atentos.

— O que eu devo fazer?

— O que as mães fazem. Proteja-o. — Ártemis afastou-se. — Pois seu filho será um herói. Eu devo ir, Sally Jackson, não acredito que nos veremos novamente. Não em uma situação de perigo, eu espero.

Sally desejou que a deusa não fosse embora tão imediatamente. Queria agradecer sua ajuda, queria pedir para que esclarecesse o que estava por vir. Havia tantas dúvidas, tanto medo em seu coração.

Ela ficou ali, apaixonada pela ideia de ser mãe, observando seu filho dormir. Então se deu conta de que ele ainda não tinha um nome. De repente sentiu-se uma mãe péssima por não ter pensado no nome a dar para seu filho. Nenhum nome vinha a sua mente.

Peter, David, James, Jonathan, Henry, Harry, John, Derek, Adam, Blake, Victor.

Nenhum desses nomes combinava com o bebê em seu colo.
Sally caminhou pelo quarto, ninando o bebê. Ela recordou-se do que Ártemis lhe disse.

“Seu filho será um herói”

Seu pequeno bebê iria crescer e se transformaria em um herói.

Ela foi para a sala, o bebê tranquilo em seu colo bocejou. Sally pegou um livro na estante e o colocou sobre a mesa, abrindo-o. Era um livro de mitologia que havia lido há alguns anos atrás e sempre o mantinha guardado por gostar das imagens e gravuras impressas. Sally pulou algumas páginas, principalmente referente ao deus dos mares.

Sua história favorita era a do filho de Zeus e uma mortal. Perseu era justo, honesto e protetor. Abdicando do trono de seu avô, pois não era a sua intenção tê-lo matado, como proferiu a profecia antes mesmo dele nascer.

Era esse o futuro que Sally desejava para seu pequeno semideus. Ela desejava que ele fosse justo, honesto e corajoso. Lutasse pelo que fosse certo e o que acreditava. Sally queria que seu filho fosse feliz e tivesse o mesmo sucesso que aquele semideus teve no passado.

— Perseu Jackson. — Ela o beijou na testa.

Era noite. Sally dormia e já havia dias que nenhum pesadelo perturbava seus sonhos. Percy, como costumava chamá-lo, dormia em seu berço.

A primavera estava no fim, mas a cidade ainda era enfeitada por árvores frutíferas e flores coloridas. Mas já era possível sentir a brisa de verão, o calor aumentava gradativamente. Sally sentiu um calafrio percorrer seu corpo, ela girou na cama, cobrindo-se com o lençol. Houve um pequeno momento em que pensou ser observada, abriu os olhos assustada.

Uma sombra se movia na penumbra do quarto. Sally esticou o braço e acendeu a luz do abajur, revelando a presença do homem que segurava o bebê em seus braços.

Os olhos de Sally marejaram, ela segurou o lençol com força, trincando o maxilar. Sentiu o ar faltar quando os olhos de Poseidon pousaram sobre ela.

Ele usava suas roupas de praia, camisa estampada e bermuda. Os cabelos negros penteados para trás e a leve barba por fazer.

Sally queria arremessar o abajur em cima dele. Queria ordenar que saísse de sua casa. Obrigar ele a falar porque a abandonou. Queria socar seu peito por tê-la feito chorar todas as noites, acreditando que havia sido abandonada.

Mas as palavras não saíram de sua boca, e ela sequer podia arremessar alguma coisa no deus, já que ele segurava Percy em seus braços. Então escorregou para fora da cama, cobrindo-se com um roupão. Ela alisou os cabelos com seus dedos, jogando-os para trás. Também passou as mãos no rosto na tentativa de melhorar a imagem.

— Meu filho. — Poseidon disse, sorrindo para a criança. — Como se chama?

Sally hesitou por um momento, até juntar forças para se aproximar dos dois. Aquela cena de pai e filho cortava seu coração, pois sabia que aquilo não se repetiria tão cedo.

— Perseu Jackson. — Respondeu, ajudando-o a segurar melhor a cabeça do bebê. Suas mãos se tocaram, mas Sally recuou rapidamente.

— Oh! Perseu! Um grande nome, para alguém que se tornará um grande herói. — Poseidon sorriu, segurando-o no alto, fazendo o bebê acordar e chorar. Sally pegou-o, acalentando em seus braços. — Sally, eu...

— Não sei como isso funciona. Mas se quiser vê-lo novamente, por favor, toque a campainha. — Sally respirou fundo, olhando nos olhos de Poseidon. — Eu passei os últimos dias temendo qualquer barulho ou passos pela casa. Aparecer no meio da noite me assustando não é de muita ajuda.

— Sinto muito querida.

— E não me chame assim. — Ela viu que Percy dormiu, colocando-o de volta ao berço.

— Por favor. Precisamos conversar. — Disse seriamente. Sally queria expulsá-lo de sua casa, mas conteve seu impulso.

Deixaram o quarto e foram para a cozinha. Sally colocou o pó de café e água na cafeteria. Não queria ser solicita e fazer café ou sequer precisava de uma xícara quente. Mas era mais uma forma de se manter ocupada.

— Diga o que faz aqui. Como me encontrou... — o restante da frase morreu em sua boca. Como poderia ela achar que Poseidon, sendo um deus, não saberia onde mãe e filho estavam?

— Eu precisei partir. Precisei deixá-la. Ou seu destino seria igual ao de Maria.

— Quem? Por favor, não me venha dizer que foi uma de suas mulheres. — Sally pegou as xícaras do armário, batendo-as sobre a mesa, com fúria. — Eu não preciso saber a verdade.

— Maria não foi uma mulher de Poseidon, mas sim do meu irmão. E seu fim trágico me levou a fazer essas escolhas.

— O que aconteceu? Ela morreu porque se casou com um deus?

— Sim.

— Oh! — Sally levou as mãos a boca. — Eu não vou morrer, eu vou proteger meu filho.

— Sim, minha querida, você vai. — Poseidon a abraçou, mesmo que no inicio Sally tenha tentando empurrá-lo, batendo as mãos no peito do moreno. — Eles não sabem quem é você, ainda. Mas agora que Perseu nasceu, eu temo por sua segurança.

— Porque todos me abandonaram?

— Ninguém a abandonou, minha doce Sally. — Poseidon acariciou seus cabelos, dando-lhe um beijo na testa. — Estamos sempre com você. Todos.

— Dalila, Calyce... você. — Sally afastou-se. — Tem ideia do que passei? O que senti?

— Sim. Eu sei. Foi necessário. Se você me der a chance de explicar.

— Não adianta mais. Nada do que você me falar irá mudar o que eu senti. Não vai preencher a solidão e a dor. — Sally cobriu o rosto. — Vá embora. Somente vá.

— Sally...

— Vá! — Sally deixou a cozinha e foi para o quarto, fechando a porta.

Não poderia ouvir o que Poseidon tinha a lhe contar. Não poderia viver com a verdade. Era melhor que se afastassem, do que lamentar o que jamais poderiam viver.


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Notas finais do capítulo

Minha Ártemis é diferente do livro, o que parece óbvio :D prefiro a minha



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