A História De Sally Jackson escrita por Kori Hime


Capítulo 21
Capítulo 21 - Planejando um futuro




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Dalila achou que Sally precisava de um tempo sozinha para colocar os pensamentos em ordem. Deixou o apartamento assim que Sally dormiu, ela estava cansada e havia passado mal nas últimas horas. Tanta informação deveria tê-la deixado confusa e cansada.

Quando acordou, já passava das cinco da tarde. Sally não sentiu desejo de levantar-se, permaneceu deitada no sofá, olhando o teto como se ele fosse a coisa mais interessante que já vira antes. Estava tentando ignorar seus pensamentos. Não queria recordar da conversa que teve mais cedo. Não queria pensar em assuntos referentes a deuses e coisas parecidas. Mas era impossível trancar aquilo em sua mente.

As palavras de Calyce flutuavam em sua cabeça, também a forma como ela parecia abalada ao falar do próprio filho. Pensou em quem seria o pai da criança, um pescador. E então lembrou-se do que Poseidon lhe disse. Sobre invejar os mortais.

Viver com eles era então algum tipo de prazer?

Sally acariciou a barriga, e pensou no que poderia acontecer a criança. Será que seria saudável? Uma criança normal? Dalila era uma jovem normal. Ela sempre muito dedicada e prestativa, inteligente e bonita. Nesse caso, seu bebê poderia nascer também assim. Talvez se ninguém soubesse onde ela mora, ninguém irá perturbá-lo.

Essa ideia permaneceu na cabeça de Sally por algumas horas, até o anoitecer quando Dalila retornou. Ela carregava algumas sacolas e as deixou sobre a bancada, para organizar tudo na geladeira e no armário. Perguntou como Sally estava, e a resposta foi um simples 'bem'.

Bem ela não estava, era visível sua preocupação, mas não deveria piorar a situação forçando uma conversa que ela não estava preparada. Dalila foi ao banheiro, tomar um banho e depois dormir. Ao sair do banheiro, já vestindo um pijama e com os cabelos presos numa trança folgada, deu boa noite para Sally.

— Espere. — Sally disse. — Eu preciso saber de uma coisa.

— O que?

— Como é ser assim? Como é ser um filho de... você sabe.

— Ah. — Dalila sentou-se na mesa de centro. Ela gostava de falar com as pessoas frente a frente. — Descobri isso a pouco tempo, mas... sabe. Eu sempre vivi com meu pai, sempre achei que faltava algo. Como se a minha vida fosse começar a partir de um momento, até ele morrer e eu ficar sozinha. Estudar, trabalhar e cuidar de tudo sozinha sempre foi muito esforçado, por isso eu as vezes me dava mal em algumas coisas, no começo, esqueci fácil dos pedidos dos clientes, e confundia as mesas, mas depois, eu decidi que precisava me esforçar mais para ser alguém importante. Como meu pai sonhou.

— Entendo. E sua mãe. Digo, o que você sabe dela? Guarda algum rancor?

Dalila tomou uma expressão completamente diferente quando passou a falar da mãe. Seu rosto suavizou e os olhos brilharam.

— Ela é uma mulher doce. Como eu imaginei, ou melhor até. Estou feliz por saber que não sou mais sozinha no mundo.

— Será que meu filho terá o mesmo destino que você? — Sally abaixou a cabeça. — Será que um dia meu bebê poderá conhecer o pai?

— Sally, há muitas coisas sérias acontecendo, que você não sabe. Se deseja realmente proteger seu bebê, acho que deveria conversar com Poseidon. Ele poderá ajudá-la.

Ela considerou a sugestão de Dalila, mas não agora, naquele momento ainda estava abalada, processando todas aquelas informações.

No outro dia, Sally decidiu trabalhar, ela precisava de dinheiro, por isso deveria adiantar o serviço das bolsas, para depois encontrar uma forma de ganhar mais dinheiro e conseguir se manter nos meses seguintes de quando não pudesse mais trabalhar por conta da gravidez avançada. Com a ajuda de Dalila, fez um planejamento do dinheiro que iria receber do trabalho e da herança de seu tio. Era pouco, mas o suficiente para complementar a renda.

— Eu posso costurar algumas coisas do enxoval do bebê. Também aprendi a tricotar, poderei fazer alguns casaquinhos bem quentinhos para o inverno. Luvinhas e sapatinhos. — Ela segurava uma revista de enxoval de bebês nas mãos, Dalila deu uma olhada e sorriu, apaixonada por um conjunto de roupinhas com flores e bichinhos.

— Será que é uma menina?

— Ainda é cedo para saber, não é? Marquei uma consulta para hoje, irei perguntar para o médico quando poderemos saber o sexo do bebê.

Naquela tarde, ela foi ao consultório. Dalila a acompanhou até a clínica que ficava na região central, próximo onde moravam. O local era uma casa reformada, ali clinicava diferentes médicos e especialidades. Sally aguardou na sala de espera, enquanto Dalila buscava um copo de água. Antes que ela voltasse, o médico chamou por Sally.

Eles conversaram bastante. As dúvidas dela não seriam todas respondidas naquela consulta de vinte minutos, mas pode ouvir o coração do bebê bater através do aparelho. Seus olhos marejaram, e uma sensação maravilhosa tomou conta dela, seu coração se encheu de amor por aquele bebezinho que era gerado.

Sally chorou, tentando controlar as emoções. Ao fechar os olhos, ainda deitada na maca, ouvindo o coração do bebê, Sally teve a mão capturara e naquele instante, sentiu como se o coração fosse saltar do peito. Ela abriu os olhos, mas não era necessário abrir para ter certeza de quem segurava sua mão. Já sabia que era Poseidon.

Era possível ouvir o palpitar acelerado do coração do bebê, no monitor, nem o deus dos mares pode distinguir o que na tela era a criança, o médico apontou a região, mas era somente um vulto branco se movendo. Porém, isso era mais do que necessário para fazer os dois se emocionarem.

— Está sentindo alguma coisa? — Poseidon perguntou, ainda abobalhado.

— Não, ainda não, é cedo para sentir movimentos. — Sally disse e o médico confirmou.

Ao final da consulta, Sally recebeu uma lista de recomendações. Poseidon pegou o papel impresso das mãos dela e começou a ler em que poderia ajudar. Por um momento os dois deixaram toda a historia de deus e criança meio-sangue de lado, parecendo um casal de verdade.

— Eu não sabia que uma mulher grávida precisava tomar tanto remédio.

— São vitaminas. — Sally pegou o papel das mãos dele. — É importante para a mãe e o bebê. Você ouviu o que o médico disse.

Eles caminharam para fora do consultório. Dalila não estava mais ali, Poseidon não contou a Sally que foi tudo um plano dela para fazer os dois se encontrarem. Deu certo.

Tomaram suco e Poseidon insistiu para Sally comer alguma coisa, para convencê-la, ele apontou as anotações do médico.

— Amanhã cedo poderemos ir para Nova Iorque fazer esses exames. Os resultados serão mais rápidos. Também podemos comprar algumas coisas, sempre quis entrar naquelas lojas enormes de departamentos. Uma vez eu vi um urso tão grande em uma loja, era maior que eu. — Ele ergueu os braços para o alto, tentando exemplificar o tamanho do urso de pelúcia.

— Mas como uma criança vai conseguir brincar com um urso tão grande assim?

— Tudo bem, tem os pequenos. — Ele sorriu. — E as casinhas de bonecas?

— Sempre quis ter uma dessas quando era pequena, eu costumava empilhar as caixas de sapatos uma sobre as outras, e tinha uma única boneca. Era tão velha que o cabelo dela se desfazia quando eu mexia, então decidi fazer um chapéu e lenços.

— Se for uma menina você a ajuda fazer as roupinhas das bonecas. Mas se for um menino eu vou ensinar ele coisas de homens...

— Como assim? Você acha que mulher não pode fazer coisas que homem faz? — Sally descordou da ideia de Poseidon.

— Não foi o que eu disse. — Ele tentou se justificar. — Que tal os nomes... — ele pensou, roçando os dedos na barba. — Cálamo, é um nome forte.

— Cálamo? — Sally fez uma careta. — Pensei em... David.

— De jeito algum. — Ele balançou a cabeça negativamente. — Corina.

— Não.

— Márica, Mégana, Mera, Mira.

— Nada de nomes gregos.

— Porque não? — Poseidon anuiu.

— Quero um nome normal para meu bebê. Não vou chamá-lo de Demétria, Ébano, Hades, Zeu-

— Nem me fale nesses nomes. — Ele balançou as mãos na frente do rosto. — Não gosto nem que os diga em voz alta.

— Então pare de dar esses palpites. — Sally terminou o suco, ela se sentiu nauseada, mas não a ponto de sair correndo para o banheiro.

Poseidon segurou sua mão, ajudando-a se levantar, mesmo ela protestando sobre tais cuidados.

Eles caminharam pela calçada, Poseidon ainda falando um nome estranho atrás do outro, pelo menos estranho para Sally. Ela negava com a cabeça todos eles.

Naquela tarde eles não se preocuparam com os problemas, passaram horas falando sobre a criança que estava por vir. Uma criança que ainda não sabia sobre os perigos de ser um meio-sangue.


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Notas finais do capítulo

AWNNNN Poseidon papai *--* fala sério, eu tive que desviar totalmente a história para escrever essas coisas.
Beijos



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