A História De Sally Jackson escrita por Kori Hime


Capítulo 22
Capítulo 22 - Nova Iorque continua a mesma




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Nova Iorque estava exatamente do mesmo jeito que antes. É claro que Sally não pensou que ela estaria diferente, pelo menos não os mesmos prédios de sempre. Na verdade, o que estava diferente era ela mesma. Dessa forma, seu humor se refletia a tudo ao seu redor. Porém, ela podia ver.

Poseidon não sabia porque Sally podia ver através da névoa. Sally revelou que sempre vira coisas diferentes, mas ela achava que eram coisas de sua mente fértil. Ela costumava ter uma imaginação muito boa, principalmente porque sempre foi interessada em histórias e claro, escrevê-las. Poseidon assentiu, com um sorriso, e a viagem prosseguiu.

Sally estava sentada no banco traseiro do carro, ao seu lado, Poseidon estava sério, sendo que há alguns minutos falava pelos cotovelos. Dalila também estava lá.

Além da consulta ao médico, Sally também aproveitaria aquela viagem para se encontrar com o advogado de seu falecido tio. O escritório de Adams Levine ficava na Quinta Avenida. Um endereço muito famoso, e também perigoso de certa forma, já que era próximo a um certo... Olimpo.

Não demoraram muito no escritório do senhor Levine. Ele era um homem alto e vestia um terno bem cortado e fino. Recebeu Sally em sua sala, assim como Poseidon, que insistiu em acompanhá-la.

— Eu conheci seu tio ainda na época da escola. — Ele disse, sentando-se em sua cadeira atrás da mesa. Sally e Poseidon sentaram-se nas poltronas de frente a ele. — Quando ele descobriu que estava doente, me procurou. Viu em algum jornal que eu era advogado.

— Ele nunca me contou essas coisas. — Sally suspirou, conviveu com uma pessoa que sequer sentia confiança nela.

— A venda do apartamento e a conta no banco foi o suficiente para pagar as dívidas. Felizmente, sobrou algo para você. Eu não vou cobrar meus honorários, mesmo se o fizesse, o dinheiro restante não é o suficiente.

— Nesse caso eu pago. — Poseidon ofereceu-se, ignorando o olhar de reprovação da mulher ao seu lado.

— Eu já disse que não irei cobrar. — O velho moveu as mãos enrugadas, pegando alguns papéis para que Sally assinasse. Não houve demora, dai eles foram ao médico para os exames marcados.

Encontraram-se com Calyce e Dalila em um restaurante na Avenida Madison.

— Acho que deveria ter ido comigo ao médico. — Sally estava senda ao lado de Poseidon. Calyce e Dalila do outro lado da mesa, assim que o garçom os atendeu. Poseidon riu, deixando-a envergonhada. — O que foi? Eu disse algo errado?

— Não, querida. Não disse. — Ele alcançou a mão dela por baixo da mesa, e apertou confortando-a. — Calyce é filha de dois... — ele procurou a melhor palavra para descrever. — Duas pessoas diferentes. As coisas são diferentes com ela.

— Compreendo, me desculpe, é que eu esqueço dessas coisas.

— Não se preocupe, Sally. Logo partirei. — Calyce informou.

— Para onde vai?

— Retornarei a ilha das Nereidas.

— E depois? Quando o bebê nascer? — Sally se tocou de que era um assunto delicado. Calyce encolheu os ombros, mas não disse nada.

Para quebrar aquele clima desanimado, Poseidon começou a contar uma de suas histórias.

***

A tarde estava quase em seu fim. O sol logo ia se por, e o calor não deu trégua, mas o vento fresco do fim do dia era mais geladinho, indicando o final do verão e a proximidade do outono.

Eles caminharam pelo parque, pararam de frente ao lago. Sally contou que nunca havia estado ali, não tinha tempo para sair. Poseidon a abraçou, acariciando os cabelos enrolados dela. Queria pedir a ela para aceitar sua proposta, ficar em um apartamento, queria que ela não fosse tão teimosa. Mas não falou nada, não queria estragar aquele momento.

— O que Calyce irá fazer quando o bebê dela nascer? — Sally perguntou. Sua cabeça encostada no peito de Poseidon, ela podia ouvir seu coração bater. Era estranho pensar que aquele não era um simples homem.

— O bebê será entregue ao pai.

— Isso é triste.

— Não, minha querida. Não é. — ele respondeu calmamente. Sally o olhou sem compreender como não seria triste deixar o filho. — A criança irá crescer com o pai, quando chegar a hora, será levado ao acampamento. Calyce não deixará de ser sua mãe e protegê-lo.

— Eu não consigo me imaginar tão tranquila no lugar dela.

— É porque você é diferente. — Ele segurou o rosto dela com as duas mãos, e alisou a pele quente com os dedos. — Você é especial, é a mulher que eu estive procurando há anos.

— Não me fale bobagens. — Ela moveu a cabeça, afastando-se do deus dos mares. — Como posso acreditar nisso, depois de saber quem é de verdade. Há quanto tempo vive? Quantas mulheres conheceu? Quantas foram a mulher da sua vida?

— Não vou negar que esse número seja alto. Mas eu não tenho o hábito de mentir sobre meus sentimentos. — Ele a capturou novamente e a prendeu em seus braços, beijando-a em seguida. — Quero ficar com você, Sally. Eu te amo. Fique comigo, me deixa cuidar de vocês dois.

Poseidon apertou Sally em seus braços, não desejando abandoná-la jamais. Olhou-a nos olhos, um olhar suplicante cheio de verdade. Ela ficou assustada com a declaração, abraçou-o também, sem saber o que dizer em seguida. Claro que queria aceitar, desejava de todo o coração ouvir aquilo. E sua teimosia poderia colocar tudo a perder. O que poderia acontecer para impedir deles ficarem juntos.
Infelizmente muitas coisas. Mas naquele momento, nada era grande o bastante para acabar com a alegria que sentiam.

***

Ao sair de uma loja, Calyce carregava algumas sacolas, Dalila outras. As duas caminharam em direção ao estacionamento para guardar as compras e depois iriam se encontrar com Poseidon e Sally no Central Park. Após o jantar, faria a viagem de volta.

— Você vai chegar na casa do cara e despejar esse tanto de roupas de bebê? Aliás, porque só esta comprando coisas de menina?

— Dalila perguntou, organizando as sacolas.

— Eu sei que é uma menina. — Calyce respondeu com firmeza.

— Isso é coisa de filha de deuses? Vocês podem prever o futuro?

— Eu sonho com ela. Sonhos que eu não sei se são reais, ou se são apenas uma brincadeira que fazem com minha mente. — Ela encostou no carro, cruzando os braços na altura dos seios. Seus cabelos estavam soltos e caíam sobre os ombros, um loiro tão incrível que Dalila jamais tinha visto antes. Sua meia-irmã era sem dúvida uma mulher bonita. Mas seus olhos denunciavam uma solidão. Dalila não sabia como isso era possível. Quero dizer, ela não sabia como poderia definir isso.

— Há muitos anos em Delfos... — começou a falar. — Eu recebi uma profecia de uma sacerdotisa. Não compreendi o que aquilo significava, mas hoje tudo começa a fazer sentido.

— E o que dizia essa profecia? É tipo alguma coisa que vai acontecer? É uma coisa boa pelo menos?

— Sim, é algo bom. Se ver por um lado, muitas pessoas vão sair felizes.

— E você? Vai ser feliz?

— Tenho muitos anos para viver, minha irmã. Os mortais vivem os dias com tanta sede de ser feliz que acabam aproveitando os pequenos momentos, visando os grandes acontecimentos futuros ou passados. Para nós, viver muito não quer dizer deixar as coisas para manhã, mas sim aproveitar cada pequeno momento. Como esse que estamos tendo agora. Eu estou me divertido e você?

— Vamos ver, acabei de ganhar uma bolsa Prada incrível, então... é estou feliz. — Ela riu. — Será que um dia eu também receberei alguma profecia?

— Nós podemos ver isso.

— Como?

— Empire State. — Calyce girou a chave do carro no dedo e mandou Dalila entrar.


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Notas finais do capítulo

Beijos ;*



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