A História De Sally Jackson escrita por Kori Hime


Capítulo 14
Capítulo 14 - Coisas boas, simplesmente acontecem




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O dia amanheceu chuvoso.

O meteorologista no jornal matinal explicava sobre a nuvens carregadas que vinham do mar em direção a praia. Entre uma brincadeira ou outra, o âncora do jornal dava algumas dicas aos telespectadores, sobre o que eles poderiam fazer em casa.

Poseidon assistia a televisão, sentado no sofá, com as pernas esticadas sobre a mesinha de centro do apartamento de Dalila. Ele comia pipoca e bebia cerveja enquanto Sally colava conchinhas em uma bolsa. Poseidon a olhou, com um olhar típico de homem apaixonado, deixando-a corada com os elogios declarados, com pipoca entre dentes.

Sally não era acostumada aquilo. Ela não se achava tão bonita quanto Poseidon garantia que era. Nem tão especial assim. Era maravilhoso alguém que a desejasse e sentisse por ela um sentimento ao qual nunca provara antes, mas também dava medo.

— Não é perigoso ter deixado Dalila e Calyce sozinhas acampando? — Sally terminou de enfeitar a bolsa e a deixou sobre a cama de solteiro da amiga, junto com mais quinze bolsas que já havia feito. Precisavam secar por algumas horas.

— Não se preocupe, elas sabem se virar. São bem crescidas. — Poseidon estendeu a mão e chamou Sally para juntar-se a ele no sofá. Quando ela se aproximou, ele a puxou, fazendo com que Sally caísse em seu colo. Poseidon a abraçou apertado, não deixando espaço para fugas. — Eu estou mais interessado em nós dois.

— Bem, eu preciso terminar pelo menos mais dez bolsas, e assim conseguirei entregar o pedido até o final da semana. — Sally não tentou fugir dos braços do moreno, ao contrário, poderia descansar mais um pouco, afinal, passou a noite em claro. E foi uma surpresa receber a visita de Poseidon no inicio da noite, mas não pode lhe dar toda a atenção que ela desejava.

— O que me diz de dar uma voltinha na praia.

— Está chovendo!

— Ah! Então você não me dá outra alternativa. — ele a beijou carinhosamente nos lábios.

Sally encolheu os ombros inicialmente, mas em seguida já se derretia nos braços de Poseidon. As dez bolsas tiveram que esperar.

À noite, naquele mesmo domingo quando Dalila chegou, encontrou Sally organizando as bolsas que já havia secado dentro de uma caixa. Não fazia nem cinco minutos que Poseidon deixara o apartamento. Dalila o encontrou na entrada do prédio, Calyce o aguardava no carro, sem muita paciência.

— Como foi o passeio? — Sally esperou que Dalila tomasse um banho e relaxasse para fazer todas as perguntas sobre o final de semana dela.

— Como foi o seu... — Dalila pegou uma caixa de suco de laranja de dentro da geladeira e encheu um copo.

— Perguntei primeiro.

— Foi divertido. Escalamos uma cachoeira enorme. A água era tão fria que eu achei que fosse me transformar em um cubo de gelo, mas depois que mergulhei no lago... — ela se jogou no sofá. — Foi maravilhoso.

— Nossa, você parece outra pessoa. — Sally decidiu preparar o jantar.

— E porque você esta preparando meu jantar ao invés de cuidar do seu namorado?

— Poseidon me disse que precisava resolver alguns assuntos amanha de manhã. Ele vai viajar. — Sally não sabia o que era exatamente que Poseidon iria fazer ou para onde estava viajando, ela não queria parecer intrometida.

Dalila sabia qual era esse assunto que ele deveria resolver. Calyce lhe contou que ele precisava prestar contas sobre o aparecimento de um de seus monstros marinhos na praia, além dos Orcs e a maluca da rainha Cassiopeia. Mas como prometeu, não iria falar nada para Sally.

— Sally, quero aproveitar para te contar uma coisa. — Dalila se levantou para ajudá-la a preparar o molho do macarrão. — Recebi uma proposta para trabalhar em um lugar.

— Sério? Que ótimo. — Sally lavou as mãos. — Que lugar é esse?

— É um acampamento de férias.

— Então vai trabalhar somente nas férias? Vai abandonar a praia?

— Não exatamente. — Dalila não poderia dar muitas informações. Foi uma decisão difícil ao qual teve que tomar, mas era importante. Principalmente porque o pedido partiu de sua mãe. Dalila não sabia como dizer não para ela, era tão doce e de uma pureza incrível que se encantou completamente. — Mesmo quando os campistas não estão lá de férias, eles precisam de alguém que fique lá durante os outros dias do ano. Sabe, trabalho no escritório entre outras coisas que eu preciso checar ainda. Irei lá no final do verão que é mais tranquilo.

— Então tem praticamente um mês até lá. Vou sentir sua falta, posso te visitar no final de semana.

— Eu também Sally. Mas acalme-se, ainda não sei se vai rolar mesmo.

— Você é organizada e muito inteligente. Se eles não te aceitarem, são uns babacas.

Dalila sorriu, estava ansiosa para conhecer o acampamento meio-sangue. Mas triste porque sabia que Sally não poderia ir visitá-la.

— Agora vamos falar de algo mais interessante, como por exemplo o seu final de semana. — Dalila terminou o molho de tomate e despejou na panela, mexendo o macarrão com uma colher de pau. Ela colocou a panela dentro da pia e abriu o registro da torneira. — Você não ficou aqui colando conchinhas o final de semana todo, não é?

— Sim e não. — Sally pegou os pratos do armário, organizando-o sobre a bancada da cozinha, enquanto Dalila servia o macarrão. — Eu estou me sentindo tão feliz, que tenho medo de que algo ruim aconteça.

— Como você pode ter certeza disso? Não dá para saber se algo ruim vai acontecer.

— Vai por mim. Coisas ruins sempre acontecem comigo. É como um carma. Um maldito carma. Quando tudo parece seguir seu caminho certo, algo ruim acontece. Estou cansada de juntar os cacos que quebram no final.

— Você é muito nova para achar que não consegue mais se reerguer.

— Pode ser, mas esse medo me assombra.

— Você acha que algo ruim esta para acontecer agora?

— Agora não. Mas esta tudo muito bom para ser verdade.

— Relaxa, coisas boas acontecem simplesmente porque é natural. Não quer dizer que algo ruim esta por vir. Aproveite. Aliás, o que pretende fazer no final do verão?

— Com o dinheiro que consegui até agora, somado a venda das bolsas, poderei ir para a faculdade. Claro que eu preciso arrumar um emprego rapidamente. Morarei no campus mesmo, assim fica mais barato. Eu ainda tenho que receber uma herança do meu tio, não é muita coisa, mas o advogado que esta cuidando disso me falou que precisa aguardar um pouco mais até que eu seja afirmada como única herdeira viva mais próxima dele.

— Então... as coisas boas finalmente estão acontecendo para você. — Dalila encheu dois copos com o suco de laranja e decidiu fazer um brinde em homenagem a Sally.

— Eu realmente desejo que as coisas finalmente estejam acontecendo. Estou aguardando por isso a minha vida toda.

— E o seu namorado? Já sabe sobre seus planos?

— Ainda não, mas... eu não posso simplesmente enfiá-lo nos meus planos futuros, sendo que não sei se eu faço parte dos planos dele. — O sorriso de Sally desapareceu de seus lábios. — Como dizem, esse é um amor de verão. Estou me convencendo de que tudo isso vai ter um ponto final quando as férias acabarem.

— Eu sinto muito.

— Não precisa. — Sally voltou a sorrir. — Eu estou feliz assim.

— Vamos brindar novamente, mas dessa vez a nossa felicidade.

Elas bateram os copos em um brinde e beberam o suco.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Querem mais?
Levanta as mãos e rebola e... ahh não pera..
hahahah ;*