Talvez eu seja uma pessoa infeliz.

Ah, a quem eu quero enganar?

Eu sou uma pessoa infeliz.

Não tenho um bom jeito de ser - a partir do ponto de vista das pessoas.

Sou rejeitado em todos os sentidos.

Minhas opiniões são todas negadas.

Então... eu tento me prender.

E os outros me veem como um louco.

Retardado.

Demente.

Mas talvez o que eles não saibam,

é que ninguém pode ler a mente dos outros.

Minhas lamentações jamais poderão ser interpretadas,

de uma forma fiel.

Não pelos olhos dos outros seres humanos.

Talvez...

Realmente, todos me odeiem.

Eu não tenho ninguém.

Então, eu choro.

Bato no travesseiro.

Fico no canto do quarto,

com a lamparina acesa do lado.

E de fundo, a música mais depressiva tocando.

Vou para a janela e olho o céu.

As pessoas passando com os seus amigos.

Ah, como eu queria uma festa...

Espere.

Festa com quem?

Talvez eu possa ir a uma.

Não...Eu iria com quem?

Talvez meu computador seja meu único amigo.

Talvez... não seja.

Eu jamais poderei me conhecer completamente.

Eu posso contar comigo mesmo?

Aguento todo esse peso nas minhas costas?

Acho que não...

São tantas coisas passando pela minha mente...

Não sei mais o que pensar...

Eu não tenho um lugar.

Eu não tenho um apoio.

Os outros é que se apoiam - minto, pisam - em mim.

Me usam.E largam.

Será que...

o ser humano não consegue realmente usar a empatia?

Será que eles realmente não veem o peso que certas palavras têm?

"Saia daqui."

"Cara, ninguém quer ouvir sua voz."

E então me perguntam a razão dos meus gostos,

os meus gostos tão diversificados.

Eu nunca tive sequer um amor.

E nunca terei.

Não sei a razão de tanta rejeição...

Vai ver eu sou um teste.

"Até que ponto ele aguenta?"

Enquanto a plateia me assiste ao fundo...

Analisando cada parte da minha alma e reações.

Como se eu fosse um robô sem destino.

Mas então eu penso...

Por quê eu aguentei até agora?

Esse teatro de pessoas e coisas.

He... é irônico ver que eu aguento...

O passar de todos esses dias.

Como se não fossem nada.

Eu sou a marionete do tempo.

Eu sou o teste da vida.

Eu olho para o terraço do prédio,

a faca na cozinha,

a seringa na caixa,

os potes de remédio no armário do banheiro,

a corda no quarto...

São simples coisas que podem definir o meu passamento.

Todas essas coisas são fatores que podem mudar...

O meu sofrer.

Mas parece que não vim com a opção de --terminar--.

Por medo.

Não sei.

Só sei que terei que aguentar todo esse pesar...

Por todo o resto da minha vida.

Ao menos eu posso me cortar,

tentar apertar a corda no pescoço,

chegar a olhar a rua lá de cima...

Tomar uma pílula ou outra.

Mas...

jamais poderei dar um fim a mim mesmo.

Nesse passar de tantos anos e lamentações...

Ah...

como eu queria ter feito os meus gostos.

Ter rodado esse mundo com um sorriso no rosto.

Mas parece que esse sorriso não existe.

Para os solitários que não desistem.