Madeleine ouviu um som oco no andar de cima, lentamente subiu as escadas, entrou em seu quarto e fechou a porta ligando a luz e viu uma sombra encostada em sua janela, não pôde conter a reação involuntária: sorriu. Era Nikolai.

— Minha bela. – sussurrou Nikolai ao chegar perto de Madeleine e segurar seus longos cabelos dourados. – Quanto tempo. – ele inspirou sentindo o cheiro que sua pele recém-lavada disseminava. – Percebo que o vermelho dos teus lábios não se perdeu e que o verde de seus olhos ainda me olha sarcástico.

— Rei Nikolai Jan-Patrick. – sussurrou Madeleine. - Esperei ansiosamente que me encontrasse.

O cortês rei riu.

— Mente tão bem, majestosa Madeleine. Adoraria que fosse verdade.

— Faça de mim sua rainha, Nikolai. Leve-me ao seu reino. Leve-me de volta a França.

Nikolai riu e soltou os cabelos de Madeleine, andou lentamente pelo quarto procurando o Coração de Prata, mesmo que provavelmente não estivesse lá.

— Ah, minha pequena Madeleine. Cartas foram enviadas aos cantos do mundo anunciando o exílio de vocês. Não acredito que nenhuma chegou as suas ardilosas mãos. – ele sorriu para ela - E não finja não saber a razão, não se faça de desentendida. Sabemos que essa sua época já passou.

— Nikolai, meu senhor. Você me transmutou no monstro que sou. Tirou-me do meu arraial, roubou-me de meus responsáveis e levou-me a seu reino.

— Ah, minha bela devassa e libertina. O fogo da tua paixão é abarcante. Foi imprevisível a maneira como amei a ti. Não estava em meus planos transformá-la, mas não viveria sem você, minha eterna debutante. – o nobre suspirou. – Mesmo se eu soubesse que tudo ficaria tão confuso como agora.

— Não me chama novamente de sua debutante, Rei. Não te dei tal direito. Não sou sua. Sou minha. - Nikolai estava andando com passos lentos até Madeleine e roubou dela beijos suculentos. - Nikolai. – ela murmurou lambendo os beiços, brincando de amar novamente. – Por que não me ama agora?

— Não posso. – ele articulou entredentes e enlaçou a cintura dela. – Não posso te amar, meu anjo.

— Mas o faz, não é? – a libertina lentamente serpenteou as palavras no ouvido do rei.

— Apesar de ter me traído e humilhado. Amo e tem minha alma e meu coração.

Madeleine sorriu sarcasticamente e o empurrou.

— Sei o que quer, Nikolai. Quer o Coração de Prata, mas ele não está comigo. Sou a terceira do Ciclo, o Coração de Prata está com Lívia. – ela rolou os olhos – Me admira Nicholas e sua egocêntrica inteligência não terem pensado nisso.

— Sei que ele está com Lívia, Gregory foi atrás dela. – Nikolai disse sentando-se numa poltrona de couro próxima a janela.

— O ex dela? Seria interessante assistir o reencontro deles. - a loira pôs um indicador no queixo, pensante – Seria... surpreendente, tenho certeza – ela riu.

— Ah, minha querida leviana. Acha que o reencontro deles é mais interessante que o nosso?

— Claro que não, meu senhor. – Madeleine disse ao andar a seu encontro e sentou-se ao seu colo. – Eu amo você, Conde. – segredou-lhe - A diferença é que o fogo do amor nos faz forte e a eles queima.

— Gregory a ama mais do que a si próprio. – concordou Nikolai.

— E você? Me ama mais do que a si próprio? – perguntou Madeleine deixando a clavícula exposta enquanto descia levianamente a gola da blusa.

— Ah, pequena irresponsável. Arranque meu coração e coma-o no jantar. – o rei disse ao admirar a pele branca de Madeleine sendo sujeitada a ele.

— Sabe que o Ciclo vai acabar com você, seus irmãos e aquela corte medonha de vocês, não sabe?

— Faremos o possível para que isso não aconteça.

— Vai me matar quando chegar a hora?

Nikolai sorriu e roubou outro beijo profundo de Madeleine, enlaçando sua cintura com os braços vigorosos.

— Tenho certeza que se chegar a esse ponto vou me matar antes de tocar em sua pele, minha libertina.