A Filha do Inimigo escrita por Perola


Capítulo 4
O Plano de Sakura




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O Plano de Sakura

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- Eu tenho um plano.                                    

Tsunade e Jiraya observavam a garota. Buscavam traços da antiga kunoichi e tentavam procurar semelhanças entre ela e seu antigo colega de equipe. Porém, havia algo a mais. Alguma coisa que eles não conseguiam distinguir. Algo que os intimidava a obedecer qualquer que fosse o plano dela. Eles iriam resistir, mas se renderiam aos olhos não mais carinhosos.

Antes de sair da sala, a garota observou a lua branca uma vez mais pela janela. Decidida a provar que não era Orochimaru, protegeria a vila até o fim.

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Sasuke e Naruto ainda estavam desacordados após o encontro com os sannis e os Hokages. Deitados lado a lado no campo em que costumavam treinar na época em que eram gennin, descansavam com a feição transtornada. Sai estava sentado perto deles, observando o céu. Kakashi, sentado em uma árvore próximo ao local, não lia seu precioso livro, mas pensava sobre o ocorrido mais cedo. A presença do Sandaime era algo que ele não conseguia entender. Que tipo de jutsu será que o trouxe de volta? Qual será a relação dele com a Haruno? Qual será o interesse de Orochimaru nela? Quantos segredos sua querida pupila escondeu? Ela parecia tão surpresa quanto o resto do time. Seja lá o que for, será que ocultaram dela também? Óbvio que sim. Quantos anos até o Naruto descobrir a Kiuuby? Nem mesmo nesse caso houve todo esse alvoroço. Qual será o segredo de Sakura?

- “O que você não nos contou Sandaime?” – Kakashi perguntava em pensamentos para o vento pela resposta que em breve teria.

Naruto despertava lentamente e piscava os olhos confuso. Repentinamente, flashes de momentos anteriores invadiram sua mente e ele sentou-se rapidamente, em busca da companheira. Ao perceber que ela não se encontrava presente no local, virou indagador para sai.

- Cadê a Sakura-chan? – Perguntou após alguns segundos de silencio do outro.

- Com a Hokage. – Sai respondeu calmamente.

- Vocês deixaram eles levarem ela? Por que não impediram? – Perguntava irritado e erguendo-se pronto para resgatar a amiga.

- Eles precisavam conversar com ela a sós, Naruto. – Kakashi alegou interceptando o outro que já se virava em direção a Konoha.

- E se ela precisar de ajuda? – O medo nos olhos azuis era previsível. O Uzumaki não descansaria enquanto não tivesse certeza da segurança de Sakura.

- Eu li em um livro que é bom permanecer ao lado de um amigo quando ele está passando por momentos difíceis, isso inclui noticias de grande importância pessoal. Estreita os laços. Não seria o caso da feiosa? – Sai se posicionava ao lado de Naruto, contra o Hatake que, sinceramente falando, não os impediria de nada. Contudo, antes precisam montar um plano.

- Por isso estamos voltando para Konoha. – Sasuke informou enquanto levantava-se. Acordando somente agora, já estava mais calmo que Naruto, extamente como Kakashi previra.

- Yoshi! Falou tudo Teme. Vamos! – O loiro erguia o punho fechado e olhou para o Hatake em busca da decisão do último membro.

Com todos decididos, o copynin sorriu por baixo da máscara e, como líder na missão, deu as novas instruções.

- Pois bem. Time Kakashi, estamos voltando para Konoha.

- Mas e a missão? – O ANBU perguntou para ter a certeza de que ninguém havia se esquecido do trabalho.

- Depois a completamos. – Kakashi respondeu balançando a mão ao lado da cabeça e olhando por sobre o ombro para o moreno. - Como você não estava presente no dia em que me tornei o sensei desses desmiolados e da Sakura, deixe-me repetir o que ensinei a eles naquele dia: Um ninja que desobedece às ordens de seus superiores é como o lixo, a escória. Mas quem abandona seus companheiros é pior que a escória.

- Espere Sakura-chan, estamos indo salvá-la. – Naruto prometia ao vento.

Sem mais nada a ser discutido, ou argumento a ser analisado, o restante da equipe retornava para a Vila de Konoha com o objetivo de resgatar sua companheira das mãos da própria Hokage. Podia-se considerar uma invasão, o que de fato era. Eles estavam prontos para lutar pela amiga. Não se renderiam até obter as respostas para as dúvidas que destruíam por completo qualquer tranqüilidade. Enquanto avançavam velozmente, não imaginavam que seu objetivo estaria os esperando próximo aos portões da vila. Contudo, aquela não aparentava ser uma recepção amistosa.

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Após escutar o plano da garota, os sannins não concordaram com ele, como era de se esperar. Contudo, após alguns argumentos dela, eles acabaram cedendo. Era arriscado. Porém, a jovem gritava que era uma kunoichi de Konoha e que jamais faria mal a vila, não importasse o que estivesse selado dentro dela. Ela aceitou as condições. Jurou não lutar contra eles. Prometeu avisar quando sentisse o inicio da perda da razão. Os dois lendários, muito a contragosto, aceitaram as idéias da menina. Ela queria se arriscar para acabar com uma das ameaças à vila, por que não auxiliá-la? A jovem era teimosa o bastante para correr os riscos sozinha. Seria mais prudente ficar perto dela. Sem nada a dizer, pelo menos, por enquanto, os três se direcionaram para os portões da vila.

Durante o curto percurso, Tsunade buscava uma maneira de impedir a garota. Por mais que confiasse em sua pupila, tinha-a como sua própria filha. Não poderia vê-la correndo perigo e não fazer nada. Tinha que se preparar também para quando a informação vazasse. Não sabia o que esperar dos conselheiros. Porém, protegeria sua menina deles. Ninguém machucaria sua criança.

Jiraya observava as feições da antiga companheira de time. As expressões dela eram mais interessantes que a capa da rosada balançando a frente. Sakura ainda não tinha trocado de roupa, no entanto o sannin dos sapos estava mais interessado na quinta Hokage que em qualquer outra coisa. Sabia do carinho que a loira nutria pela kunoichi a frente. Contudo, sabia também que aquele plano praticamente suicida teria um efeito colateral perigoso. Na pior das hipóteses, a Haruno perderia a consciência rapidamente e atacá-los-ia. Nesse caso não restariam muitas opções, devia estar pronto para matá-la, por mais que isso lhe ferisse também. A idade começava a incomodá-lo. Tinha conhecimento que, se isso acontecesse, vencê-la seria quase impossível. Se não recebesse ajuda de Tsunade estaria condenado, ou pior, já considerava se não teria que lutar com a mesma antes de tocar na jovem shinobi.

Os portões da vila se aproximavam. Por algum motivo, o escritor do livro predileto do copynin tinha a sensação de que aquela seria a última vez em que os atravessaria. Sem conhecer o futuro, entregou sua vida nas mãos das duas mulheres que o acompanhavam. Pela primeira vez em anos, sentiu medo. Não o medo da morte. Foi treinado a vida inteira para nunca sentir medo de uma batalha. Nunca vacilou perante um inimigo e não seria hoje que isso aconteceria. No entanto, sentia medo de nunca mais pisar nas terras de Konoha. Nunca mais andar por sob aquelas belas árvores. Nunca mais sentir o perfume das mais belas flores. Nunca mais olhar o lar da mais bela das mulheres. A probabilidade de que não conhecesse alguma vila, seja ninja, seja civil, era muito pequena, beirando a nulidade. No entanto, sabia também que nunca haveria outra mulher como aquela com a qual sempre sonhou. Nunca existiria mais forte, mais inteligente, mais determinada, mais corajosa, mais leal, mais bela. Só existe uma Godaime, uma Tsunade. Não podia negar os sentimentos que sempre nutriu pela loira. Porém sempre foi um covarde. Nunca admitiu isso a ninguém. Somente em seus livros se permitia fingir que era o protagonista, ela sua mocinha e que no final ficariam juntos, vivendo loucas cenas de amor que perdiam toda sua perversão quando vistas pelos olhos de um apaixonado.

Atravessaram os altos muros. Agora não tinha mais volta. Teve uma vida inteira para se declarar, mesmo que fosse rejeitado. Agora, era tarde demais. A lua já denunciava que começaria a baixar. Em algumas horas um novo dia teria inicio. O dia que mudaria muitas vidas. O dia em que se decidiria: o fim de uma das maiores ameaças à vila, ou a possível destruição da mesma? Em pouco tempo teria a resposta. Jiraya engoliu em seco. Os olhos de Tsunade transbordavam medo e ansiedade pelo fim daquilo. Sakura olhou em volta como que garantindo a localização. Com tudo verificado, a Haruno olhou por sobre o ombro para os dois acompanhantes. Sem dizer uma única palavra, apertou a frente da capa contra os seios enquanto permitia que a parte de trás deslizasse, deixando-a com as costas expostas. Puxou o cabelo com uma mão, deixando-os caídos por sobre o ombro direito. A mão esquerda apertava o tecido com firmeza. Única indicação que também não tinha certeza sobre os acontecimentos futuros. Entendendo o momento em que ela mirou a lua como o correto, o sannin de cabelos brancos acumulou chackra em suas mãos e avançou.

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Um pouco isolados dos três, alguns shinobis observavam detalhadamente a cena que se desenrolava a sua frente. Tsunade havia mandado um ANBU chamá-lo em sua casa. Precisaria de seu doujutsu para garantir a segurança da pupila. O gênio Hyuuga analisava cada mudança na corrente de chakra da jovem chunnin. Ao seu lado, o time Gai estava pronto para agir.

No extremo oposto ao campo, Hinata fazia o mesmo que seu primo. Kiba e Akamaru a ajudavam farejando qualquer mudança na médicanin que já os salvou mais de uma vez. Shino e Kurenai se preparavam para uma difícil batalha.

Sakura, apesar de não sair em muitas missões, era tida como uma das mais poderosas kunoichis da vila. Não se graduara jounnin, pois não o desejava. Sabiam que se ela realmente quisesse, o faria rapidamente. A jovem, no entanto, se dedicou a se especializar na medicina. Hoje, sua fama era mundial. Pessoas vinham do mundo todo para ser tratado pela kunoichi que realizava verdadeiros milagres. Onde vários outros médicos já desistiram, ela venceu. Não era milagrosa, não podia salvar todos. Mas as lágrimas que derramava sobre a prova de seu fracasso faziam com que ninguém exigisse demais dela. Apesar de tudo, muitos a viam como uma criança.

A Haruno já teve vários alunos. Treinou a equipe médica de Suna. Os ensinou tudo o que sabia. O Kazekage simplesmente ficava sem ação perante a jovem. Sua vida já havia sido salva por ela, a de seu irmão também e a de vários outros shinobis de Suna. O hospital só chegou ao que é hoje por causa dela. Ninguém se surpreendia quando ela aparecia repreendendo o Kazekage, como médica particular do mesmo, ela tinha autorização para falar com ele como bem quisesse.

Só havia uma pessoa para a qual a poderosa kunoichi baixava a cabeça: sua mestra. Para os Times Gai e Kurenai, a possibilidade de ter de atacar a rosada era torturante. Sua missão, no entanto, era proteger a vila; e era de seu conhecimento que nunca seriam perdoados se permitissem que ela ferisse qualquer civil de sua amada casa.

A mão de Jiraya se aproximava velozmente da Haruno. A cada passo dele os jovens shinobis sentiam a respiração faltar. Todos possuíam muito carinho para com ela. Finalmente o choque. O impacto. Um golpe. Um selo a menos. Um grito, repleto de dor, que provinha da kunoichi caída de joelhos no chão. A respiração ofegante. Uma mão esmagando a grama entre os dedos. Os olhos perdidos. O cérebro trabalhando rápido. O sangue correndo mais forte. O suor deslizando pelo rosto. Ninguém reparou nas mudanças em seus olhos, escutaram simplesmente a ordem para remover mais um selamento. Tsunade pensou em intervir, mas a visão da pupila se erguendo sozinha e pronta para o próximo movimento a fez ficar quieta. Tinha de ser forte como aquela que treinou. Se Sakura estava disposta a suportar aquilo, ela também resistiria. Ninguém percebeu o aumento do chakra, ninguém viu o brilho escuro no cabelo, ninguém notou o reflexo rubro sob os verdes olhos. O cruel sorriso não foi visualizado por nenhum shinobi que a observava cuidadosamente. Mais um choque. Mais um impacto. Um selo a menos. Dois gritos. O primeiro, de dor. O segundo de desespero.


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Notas finais do capítulo

Bem...
Isso é um dos meus caps favoritos n.n
Espero que também tenham gostado
Beijos



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