A Linhagem Sagrada escrita por elleinthesky


Capítulo 9
Capítulo 7 - Sunset On The Beach


Notas iniciais do capítulo

Gente, desculpem a demora mas é que quando eu cheguei no fim desse capítulo e fui revisá-lo, tive a ideia pra um cap totalmente diferente, daí escrevei ele todo de novo. Acho que o tamanho dele compensa a demora (ou não). O nome do capítulo é em inglês porque a tradução não fica tao bonitinha como nome de cap, pra quem não sabem o título significa: pôr-do-sol na praia.
Pra quem gosta da ideia de Amy e Scott ser "o casal" da fic, bom... uma surpresa aguarda você!
Não falarei mais nada, boa leitura ♥



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As aulas no Acampamento não foram tão puxadas como Amy achou que seriam. Talvez Chiron estivesse apenas se divertindo às suas custas pois, depois de dez dias de treinamentos, o tutor avaliou tudo o que a garota aprendeu naquele período e, por alguma razão, ele achou que ela deveria ter mais aulas apenas com McHale e Bel’aqua, que havia sido promovida a assistente do filho de Hades.

- Ei, Amy! Posso falar com você? – perguntou Sam, o filho de Apolo, enquanto ela saía da arena a passos largos a caminho do chalé de Zeus.

- Ah, oi Sammy? O que foi? – disse ela, parando onde estava até que o garoto a alcançasse.

- E-eu queria te levar em um lugar, mas não sei se você iria. Então já que hoje é sua última noite aqui, achei que seria minha última oportunidade de te convidar. – o garoto não parecia desconfortável com o que falava, ele só era... tímido demais pra ser tão direto. Apesar de achar que os filhos de Apolo eram conquistadores natos, a garota achou fofo como ele parecia pensar em cada palavra antes de dizê-las e mesmo assim continuava a atropelá-las.

- Mesmo? E que lugar seria esse?

- Se você for, terá que manter segredo ok? – depois que a garota assentiu, ele continuou. – Nós teríamos que sair do raio de proteção do Acampamento e talvez tivéssemos sérios problemas quando voltarmos, mas juro que vale a pena. – disse ele levando-a em direção à floresta. – É a coisa mais bonita do mundo.

- Esse lugar tem um nome? – perguntou Amy, curiosa. Ela tentou manter um tom casual enquanto ambos adentravam o emaranhado de árvores.

- Sim, é o Wildwood State Park. Você conhece?

- Não, na verdade nunca ouvi falar. Me desculpe. Pra ser sincera, eu não conheço muito dos EUA.

- Não precisa se desculpar, é até melhor que você não saiba. Aumenta a surpresa e a expectativa.

Ambos andaram por mais alguns metros e de repente Amy sentiu como se um lençol atravessasse seu corpo. Sam riu da reação da garota e pegou na mão dela.

- Agora você é oficialmente uma transgressora de regras, senhorita Graycastle.

- Me chame de Amy, por favor. – disse a garota, corando.

- Só se você prometer me chamar de Sammy mais vezes.

- Combinado. – respondeu ela e ambos sorriram timidamente.

- Bom, a partir daqui você não pode mais ver onde estamos indo. – disse o garoto, quando percebeu que a luz do sol começava a transpassar as árvores que os cercavam.

- Por que? O que houve? – Amy assumiu um tom preocupado.

- Não se preocupe, Amy. – disse ele, escondendo um risinho. – É mais um procedimento necessário pra não estragar a surpresa. Eu vou vendar você e nós vamos sair do meio das árvores. Você confia em mim o suficiente pra me deixar guiá-la?

- Claro que sim. – Amy não quis ser tão óbvia, mas ela duvidava que conseguiu disfarçar o tom de sua voz.

Sam tirou sua camisa do Acampamento, enrolou-a e vendou Amy. O perfume do garoto estava impregnado na camisa que, embora ela soubesse que tinha sido lavada recentemente – dava pra sentir o leve aroma de sabão –, possuía um cheirinho agradável de floresta, sol e... Sam. Ela simplesmente não conseguia decifrar essa essência, logo Amy assumiu que deveria ser seu cheiro natural e isso a extasiava. Não que o pensamento dele sem camisa logo atrás dela a acalmasse.

- Bom, acho que chegamos ao lugar certo na hora certa.

- Sam, eu to realmente curiosa. Que surpresa é essa?

- Sammy, querida. Sammy!

- Desculpe, Sammy. – ela sentiu que ele reprimia uma risada em protesto ao tom que ela usou ao pronunciar seu apelido.

- É, acho que acabou o suspense. Aproveite a vista, Amy. – tendo dito isso, Sam tirou sua camisa dos olhos de Amy e, quando ela abriu os olhos, estava de frente pra paisagem mais linda que já tinha visto em toda sua vida.

- Uau, isso é... é... incrível. – ela olhou pra ele, que admirava o pôr-do-sol com um imenso sorriso no rosto. – Sammy, me trazer aqui foi a coisa mais linda que alguém já fez por mim. Obrigada, de verdade.

- De nada. Esse lugar é especial pra mim, eu nunca trouxe ninguém aqui... até hoje. – ele sorriu para a garota e esticou sua camisa sobre a areia para que ambos pudessem sentar sobre ela. – Agora você sabe pra onde eu venho quando desapareço subitamente do Acampamento.

- Eu amei vir até aqui, a vida parece mais fácil sob o pôr-do-sol. Mas eu tenho uma pergunta pra te fazer, posso?

- Sempre. – disse ele, dando palmadinhas sobre o espaço livre em sua camisa para que Amy sentasse ao seu lado.

- Posso parecer meio rude, mas... Qual o motivo de você ter me trazido aqui? Você faz isso com todas as garotas que quer conquistar? – ela se contraiu levemente ao fazer a última pergunta.

“Isso mesmo, sua trouxa. Quem garante que ele quer alguma coisa com você? Agora você se superou, Amelie. Isso que dá achar que todo garoto gatinho que vem falar com você quer alguma coisa. Só não quero que ele me dê um fora digno que eu me afogue agora neste rio.”

- Não, eu não trago garotas que quero conquistar pra lugares especiais como esse. Aqui nessa praia, à margem do Wading River, eu nunca trouxe alguém, pra ser sincero. Acho que é o único lugar que eu me sinto em casa, na verdade. Eu venho pra cá pra me sentir mais perto do meu pai, o pôr-do-sol no acampamento nunca é tão bonito quanto aqui; e saber que eu sou a única pessoa que vem aqui me faz sentir especial, como se meu pai quisesse que eu tivesse com ele nesse momento. Eu sei que parece meio bobo e inocente, mas é como eu me sinto. É a minha versão do que acontece com os garotos mortais da minha idade: seus pais passam o dia todo trabalhando fora e quando eles chegam os filhos tiram um tempo pra dar e receber carinho do pai. Eu vejo o sol brilhar o dia todo pra todo mundo todos os dias, mas quando ele está no fim eu venho pra cá ter um momento especial com aquilo que mais representa a presença do meu pai nesse mundo.

- Sammy, isso é lindo. Eu não sabia que você sentia assim sobre seu pai, até porque a maioria das pessoas lá do acampamento odeia ou ignora seu pai ou mãe olimpiano. Eu queria sentir pelo meu avô a metade do que você sente por Apolo, mas na verdade eu não sei como me sentir em relação a ele. Eu não o conheço e... Não sei, ainda ta tudo meio confuso pra mim.

- Amy, você acha que eu conheço meu pai? – ele deu um sorriso torto. – Eu nunca o vi pessoalmente, mas isso não me impede nem um pouco de amá-lo, ou sequer faz com que o ame menos. Ele é meu pai e pra mim isso basta.

A garota não sabia realmente o que dizer pra ele naquele momento, mas ela jamais vira Sammy tão radiante quanto naquele momento enquanto ele falava do próprio pai. Talvez Apolo sequer soubesse que ele tinha um filho tão doce e com tanto amor para dar a ele. Ela desejou do fundo do coração que Sam tivesse um momento para falar com Apolo, um minuto que fosse, apenas para que ele pudesse dizer ao pai que o amava. Então, Amy sentiu o braço de Sam passar por seu ombro e ouviu sua voz baixinho em seu ouvido, como se ele estivesse lhe confidenciando um segredo.

- Olha lá, esse é o momento mais bonito de todos.

O sol se aproximava cada vez mais do horizonte e a cada minuto que passava parecia que o astro-rei estava sendo dragado para dentro das águas do Wading River. Quando os últimos raios sumiam no horizonte, um último clarão iluminou o céu e então ele já não estava mais lá; o sol finalmente se pôs.

- Isso foi... – começou Amy.

- Mais uma das travessuras do meu pai. É meio raro isso acontecer, geralmente o sol parece mergulhar lentamente no rio. Esse brilho foi novo pra mim também. Parece uma tarde de primeiras vezes. – ambos começaram a rir.

Eles se olharam fixamente por alguns segundos quando, finalmente, Amy desviou o olhar e colocou uma mecha de cabelo que caía em seu olho atrás da orelha.

– Agora que o sol se pôs, acho que meu presente de última noite já foi dado. – disse Sam, tentando quebrar o gelo. – Além do mais eu não sou muito bom com direcionamento durante a noite, sabe como é... Filho do sol e tudo o mais. – ele sorriu timidamente e estendeu a mão para Amy, ajudando-a a se levantar.

Assim que ela se pôs de pé, eles ficaram incrivelmente próximos um ao outro; consequentemente, ambos estavam embaraçados e corando. Amy estava desconfortável com a visão de Sammy sem camisa, ela só não admitia a si mesma que se sentira atraída pelo corpo bem desenhado do semideus. Isso certamente mexeu com alguma coisa dentro dela, porque a garota não fez cerimônia em pegar a camisa dele da areia e sacudi-la para tirar os grãos de areia que estavam grudados.

– Aqui, toma. – disse ela, estendendo a camisa pra ele. Quando ele começou a vesti-la, Amy segurou no tecido da camiseta laranja. – Eu apenas entreguei, não disse que era pra vestir. – interveio ela, seguramente. Ele sorriu e colocou a camisa em volta do pescoço.

“Amelie, querida, de onde saiu isso? Desde quando você é ousada assim?”

Sam tirou a garota de seus devaneios quando se aproximou lentamente dela e colocou as duas mãos na sua cintura, pedindo silenciosamente permissão para chegar mais perto. A única forma que ela encontrou de ceder ao toque do semideus foi fazendo o que ela desejava desde que o viu tirando a camisa para vendá-la entre as árvores: tocando seu peito levemente musculoso e olhando no fundo dos seus olhos verdes.

– Sammy, eu... – qualquer coisa que Amy fosse dizer foi dissipada de sua mente quando Sam chegou mais perto dela, literalmente colando seus corpos.

O filho de Apolo olhou no fundo dos olhos da neta de Zeus e ela sentiu como se ele pudesse ver cada pedacinho de sua alma. Ela imaginou que talvez ele pudesse. Então, libertando-a de seus pensamentos, Sam selou seus lábios em um gesto doce e tenro. Logo depois Amy abriu delicadamente os lábios dando passagem para que Sam pudesse aprofundar o beijo. Ela subiu suas mãos, que repousavam sobre o peito do garoto, até a nuca dele e, com uma das mãos, passou a brincar com seu cabelo.

Amy e Sam se beijaram pelo que poderiam ter sido horas e tão intensamente que sequer tinham noção do quanto. Eles se entreolharam e sorriram um para o outro até que sentiram a presença de uma outra pessoa.

“Droga, estamos ferrados!”

– Me desculpem não tem me anunciado, mas é que eu não queria estragar o momento dos pombinhos. Aliás, vocês fazem um belo casal. – disse um homem de estatura mediana, de cabelos loiros bem escuros e olhos tão verdes quanto os de Sammy. Ele usava uma calça jeans e uma camisa xadrez preta e vermelha aberta sobre uma camiseta branca. Amy achou que ele tivesse no máximo trinta anos e, bom, ele era um gato.

– Obrigado, mas... Quem é você? – perguntou Sam.

– Incrível como são as crianças de hoje em dia, né? – disse o homem, olhando para Amy e fingindo indignação. – Como você não reconhece seu próprio pai, moleque? – o homem virou-se para Sam e abriu um largo sorriso.

– P-pai? É você, tipo... de verdade?

– E eu estaria aqui se não fosse, garoto besta? – Apolo puxou Sam para um abraço e, depois de soltá-lo, bagunçou o cabelo do filho. – Eu prefiro quando você deixa ele assim, bagunçado. E pela cara da sua namorada, ela concorda comigo.

– Senhor Apolo, nós não... Quer dizer, eu não sou namorada dele. – respondeu Amy, corando.

– Sem essa de Senhor, só Apolo. E depois do que eu vi... Bom, vocês são definitivamente alguma coisa.

– Pai, não... Nós só...

– Qual é, Sammy?! Quanto mais vocês negaram, mais me confirmam o que tem entre vocês. – o deus não fez cerimônias e riu estrondosamente enquanto os dois coravam quase que simultaneamente.

– É... então, o que exatamente podemos fazer pelo senhor? – perguntou Sam, tentando tirar o assunto “casalzinho Amy-Sam” do pensamento do pai.

– Fazer por mim? De onde tu tirou isso, moleque?

- Bom, todo mundo lá no acampamento sempre diz que seus pais olimpianos só aparecem pra eles quando querem algum favor, então eu pensei que esse seria o caso.

- Uau, vocês tem uma imagem horrível da gente aqui embaixo. Isso não é verdade, cara. – o deus passou os braços sobre os ombros de Amy e Sam, iniciando uma caminhada pela praia. – Se tem uma coisa que vocês precisam saber é que nem sempre a gente tem tempo pra ficar visitando todos os nossos filhos e filhas. Eu, por exemplo, passo o dia todo lá em cima iluminando vocês. Tudo bem que de vez em quando o avô da mocinha aqui se invoca e me ofusca, mas eu continuo sempre lá, procurando uma brechinha que seja pra voltar a brilhar. Isso é trabalhoso e a maioria de nós tem muitos filhos, seria injusto com os outros se um recebe visitas e tudo o mais. Agora, por exemplo, estou sendo injusto visitando só você e não aos seus irmãos e irmãs.

- É, eu sei... mas estaria mentindo se dissesse que me sinto culpado por isso.

- Esse é dos meus, ta fazendo jus à descendência, moleque. – os três começaram a rir juntos. – Falando sério agora, ser egoísta não é bom; não siga esse lado do seu pai, viu?! Aliás, fiquei sabendo que você tinha uma coisa pra me falar. – disse Apolo, parando a caminhada e olhando diretamente para o filho.

- E-eu não sei como dizer. Sempre falei que seria a primeira coisa que te diria quando te conhecesse, mas agora simplesmente não sai. – disse Sam, envergonhado pelo próprio bloqueio.

- Ei Sam, lembra o que conversamos durante o pôr-do-sol? Lembra tudo o que você disse pra mim? – perguntou Amy, o garoto apenas assentiu. – Agora é o seu momento. São palavras que vem do seu coração, eu sei que você consegue. – ela pegou na mão de Sam, encorajando-o.

- Tudo bem, eu vou tentar. – disse ele, dando um último apertão na mão da garota.

- Anda logo, moleque. Deixei uns encarregados tomando conta da minha carruagem lá em cima e, bom, digamos que eles não trabalham tão bem quanto eu. – disse Apolo, ao mesmo tempo apressando o filho e fazendo piada dele.

- Desculpa, pai. É que... bom, deixa pra lá. Eu só queria dizer que mesmo você estando distante, mesmo te conhecendo só depois de dezoito anos, eu nunca deixei de acreditar que você viria por mim um dia. Todas as tarde eu venho aqui pra me sentir mais perto de você e, isso pode soar meio idiota, mas sinto como se esse fosse o momento do dia que você realmente estava comigo. Pai, eu... eu te amo.

- Vem cá, pirralho. – Apolo abraçou o filho e deu um beijo na cabeça dele. – Sabe, eu sempre vejo você aqui sentado e sozinho mas nunca entendia o motivo. Ai de repente você aparece com uma garota bonita, achei que quisesse impressioná-la com o papai aqui. Sabe como é, eu sou quente baby. – essa última parte ele disse olhando diretamente nos olhos de Amy e sorrindo para a garota. Apolo soltou Sam do seu abraço, mas manteve o braço descansando nos ombros do filho. – Achei que o moleque estava seguindo os passos do pai e tratei logo de fazer uma graça, afinal ele é meu filho. Eu precisava ajudar de alguma forma, as garotas sempre adoram coisas de última hora. – completou o deus com uma voz naturalmente sensual e um sorriso de tirar o fôlego.

- Pai! – advertiu Sam.

- Foi mal, cara. Juro que foi sem querer. Ela é bonita, po; não deu pra segurar. – Amy reprimiu uma risada enquanto corava pela milionésima vez na presença do deus-sol.

- T-tudo bem, eu...

- Relaxa, criança. Sei que ficou mexida, essa era a intenção mesmo. – o deus abriu um imenso sorriso, desta vez brincalhão. Em seguida, se afastou de Amy e Sam dando dois passos à frente e estalou os dedos duas vezes.

“Uau, agora entendo porque ele é um dos deuses que tem os filhos mais bonitos e charmosos do acampamento”, pensou Amy. Logo depois ela repeliu o pensamento, talvez Apolo tivesse esse efeito sobre as pessoas.

- Enfim, eu só vim pra dar um oi mesmo. – disse o deus, enquanto sua carruagem descia até ele pelo céu. – Passei esse tempinho com vocês graças à mocinha aqui – Apolo passou a mão na bochecha de Amy, carinhosamente –, porque Zeus achou que a devia um favor a ela. Do nada, ele disse que estaria pagando o favor se eu viesse visitar você, Sammy. Te contar, viu?! Nunca vi cara mais folgado; ele quem deve, eu que pago. Onde já se viu? – um relâmpago brilhou à distância. – Relaxa, cara. Esse estresse todo vai te deixar com rugas, eu hein?! – o deus olhava para o céu como se estivesse conversando com alguém lá em cima. – Enfim, agora tenho mesmo que ir. Já fiquei tempo demais e vocês precisam voltar pro acampamento antes do jantar. Boa noite, voltem logo antes que esteja escuro demais.

Apolo subiu na carruagem e, depois de se acomodar, jogou um embrulho dourado na direção de Sam.

– O nome dela é Solis, use com carinho. Ah, e feliz aniversário, filho. – pai e filho trocaram sorrisos; tão logo quanto apareceu, o deus do sol se retirava.

Sam se abaixou e abriu a caixa cor de outro enquanto Apolo desaparecia pelo céu. Dentro dela havia uma espada forjada em ouro e bronze celestial, onde lia-se “Λάμψη του Απόλλωνα” (“Apolo há de brilhar”, em grego) gravado na lâmina da mesma.

– Sammy, é sério o que seu pai disse? Sobre ser seu aniversário.

– É, eu faço 18 anos hoje. – respondeu ele, sem tirar os olhos da bela espada.

- Eu não sabia, na verdade nunca perguntei sua idade. Mas e seus irmãos? Te deram os parabéns?

- Não, ninguém sabe ao certo o dia do meu aniversário. Eles especulam, claro, mas o dia certo mesmo só você. E meu pai, claro.

- E quanto à sua mãe?

- Minha mãe não fala comigo. Ela diz que meu pai foi embora por minha culpa, porque eu era um bebê chorão demais e ele se irritava fácil. Eu fugi de casa com doze anos, não aguentava mais viver com alguém que amaldiçoava a minha existência. Não sabia o motivo, mas sabia que precisava chegar a Long Island e isso bastava. Vim de Iowa pra cá pedindo caronas e ocasionalmente tomando um ônibus com o dinheiro que peguei da bolsa da minha mãe enquanto ela dormia. Ela nunca me procurou e, honestamente, eu achei que não me procuraria mesmo. Às vezes eu fico pensando se ela é mais feliz agora, sem mim.

- Você não precisa pensar nisso. Ela era sua mãe, com certeza te amava. Do jeito dela, mas amava.

- Sabe Amy, seria muito melhor se eu fosse como você, que não tem mãe.

- Você não sabe o que está dizendo. Eu daria tudo pra ter a minha mãe.

- Você não pensaria assim se sua mãe não tivesse sido tão amorosa com você. A minha vida era um inferno antes de fugir de casa e essa é uma das coisas que eu não me arrependo de ter feito, na verdade foi a melhor delas. – disse Sam, colocando Solis de volta na caixa dourada. Ele vestiu novamente a camisa e pegou a caixa da areia.

- Tudo bem, chega do assunto “mãe” por hoje. – disse Amy, pegando na mão que Sam estendeu a ela. – Droga, eu queria ter algo pra te dar. Me sinto mal de saber que é seu aniversário e não ter um presente para a ocasião.

- Bom, o dia do meu aniversário termina à meia-noite e você tem até lá pra pensar em alguma coisa. Além disso, temos uma caminhada inteira até o acampamento, então acho que já dá pra ter uma ideia do que posso querer. – ele sorriu, enquanto adentravam a floresta que os levaria até o Acampamento Meio-Sangue.

* * *

- Por que não voltamos por onde saímos? Assim vão saber que não estávamos no acampamento. – questionou Amy, confusa.

- As barreiras permitem que a gente saia por qualquer canto, mas entrar só passando pelo portal mesmo.

- Mas que coisa! Existe alguma possibilidade de não conseguirmos entrar? – o tom da garota era de preocupação.

- Bom, se a Lexis que estiver fazendo guarda hoje, é bem provável que você não consiga entrar. – disse Sam, reprimindo uma risada.

- Por que eu não entraria? E quem é Lexis? – questionou Amy, a segunda pergunta mais ácida que a primeira. Ela tentou disfarça uma pontada de ciúmes, sem sucesso.

- Ei, o que é isso, Amelie? Eu to vendo uma lasquinha de ciúmes nesse rostinho lindo? – disse Sam, completamente sarcástico.

“Droga, ele percebeu. Que droga, Amy. Será que você não consegue se controlar perto dele? O que aconteceu com você? O cara te beija uma vez e você já se derrete toda a ponto de sentir ciúmes dele? Muito madura, Amelie Katherine Graycastle. Muito madura!”

- Não é ciúmes coisa nenhuma, Samuel. Eu só quero saber porque ela não me deixaria entrar.

- Digamos que a Lexis e eu... bom, a gente teve um lance. O nome dela é Alexandra Johnson, filha de Afrodite. Agora vamos ao porque você não entraria: digamos que ela não superou o nosso... hã, rompimento. Por isso se ela nos ver juntos pode pensar que te eliminando eu vou ficar com ela.

- E você fala isso assim, como se fosse a coisa mais natural do mundo?

- E você pergunta isso assim, como se eu fosse deixar que ela toque em algum fio de cabelo seu? – perguntou Sam, imitando o tom da garota.

- Eu sei me virar sozinha, além do mais se eu me ferrar pelo menos vou saber como me curar da maioria dos ferimentos. Sabia que tive um ótimo professor?

- Sabe Amy, preciso deixá-la zangada mais vezes. Seu sotaque fica mais forte e seus olhos ficam ainda mais azuis, sem contar o biquinho lindo que você faz quando quer ignorar o que eu digo. – e Sam deu um sorriso, passando o dedo indicador levemente sobre a ponta do nariz de Amy.

- Me deixe zangada mais vezes e vai sentir o poder de corte do meu sabre. Sabia que tive um ótimo professor disso também? Kev é incrível com lâminas e me ensinou perfeitamente. – disse Amy, acelerando o passo. Ela parou quando estava a cerca de dois metros de distância de Sam, virando pra trás e assoprando um beijo na direção do garoto.

“Baby, desse joguinho eu também sei brincar.”

- Kev, é? Até outro dia ele era “o idiota do McHale”. – disse Sam, o ciúmes na fala do garoto era quase palpável.

- Pois é, baby. As pessoas mudam. – a garota deu um selinho relâmpago nos lábios de Sammy. – Me diz quem está com ciúmes agora, hein?

Amy abriu um amplo sorriso e começou a subir correndo a pequena elevação que dava no portal de entrada do acampamento. Sam a alcançou bem a tempo de perceber que os encarregados da guarda essa noite eram ninguém menos que Alexandra Johnson e Kevin McHale.

“Caramba, agora ferrou de vez.”

- Olha só quem deu as caras! – disse a garota de olhos verdes e cabelos castanhos escuros cortados em tamanho chanel. Ela era realmente linda, inquestionavelmente uma filha da deusa da beleza. – Sammy, meu amor, há quanto tempo não o vejo. – o sorriso da garota a deixava ainda mais bonita, se é que isso era possível.

- Lexis, querida, não nos vemos a um bom tempo mesmo. E então, você faria o enorme favor de nos deixar entrar?

- Em circunstâncias normais eu não te negaria nada, querido. Só que eu preciso saber de uma coisa antes de dar meu aval: o que você fazia com ela fora das barreiras?

- Bom, você sabe que meu senso de direção não é dos melhores durante a noite não é mesmo? Eu sou professor da mocinha aqui e estávamos procurando algumas plantas pra um remédio que Chiron me pediu pra preparar. Acabamos saindo dos limites sem querer e viemos aqui entrar novamente.

- Sammy, eu sou bonita e não burra. Cadê a tal planta que vocês foram atrás? E por que precisavam procurar essa tal planta hoje a noite? Por que não amanhã durante o dia?

“Quero ver sair dessa agora; se for inteligente não vai pedir minha ajuda. Sou péssima em mentiras. Principalmente cara a cara.”

- Ai é que está, estávamos tão doidos pra voltar sem que o Chiron ou o Sr. D nos pegassem que acabamos deixar a erva pra lá. E por que procurar a noite? – Sam sorriu, provavelmente pensando no que falar pra ludibriar a filha de Afrodite. – Talvez você não saiba, mas amanhã depois do almoço a senhorita Graycastle vai voltar pra Manhattan e ela terá a manhã toda ocupada com a senhorita Czobarov. Lady Arthemis pediu que ela voltasse para a guarda, por isso não há como desmarcarem. Quando Amelie voltar pra cá, a General das Caçadoras não estará mais conosco.

- E a senhorita Graycastle não pode ficar até mais tarde? Já que é só uma erva.

- Eu tenho hora pra chegar em casa amanhã. Meu pai é bem rigoroso com essas coisas. – respondeu Amy, num estalo. A garota se perguntou se Sammy conseguiria sair de uma dessas. – E eu realmente preciso aprender como fazer esse remédio antes de ir embora, ordens do Chiron.

- Sam, eu acredito em você porque conheço seu péssimo senso de direção e você só entra porque tenho meus planos pra nós dois, mas a loirinha fica. Eu não confio nela.

“Ah para, vai. Ela implicou mesmo comigo, é sério?”, pensou Amy. Em um momento de puro desespero, ela para Kevin esperando fielmente que aquela coisa de interpretar a necessidade do companheiro pelo olhar funcionasse. “Kevin, por favor, me ajude. Essa doida não vai me deixar entrar se você não interferir. Por favoooooor!”

- E por que ela não entraria, Johnson?

- Primeiro que essa desculpinha de ter ido atrás do meu Sammy por causa da tal planta não colou; segundo porque... porque eu não fui com a cara dela.

“Isso é sério? É o melhor que pode fazer? Eu mesma seria bem mais convincente.”

Por fora, o rosto de Amy se transformava na mais cínica máscara de temor; por dentro, a garota gargalhava.

- Esses seus motivos que “não colaram”, Alexandra. Amy é minha amiga e ela entra, porque eu quero que ela entre.

- Não mesmo, McHale. Essa inglesinha não entra!

- Se seu amigo puder entrar, a minha amiga também poderá. Caso contrário, eu o chutarei pra fora com a maior satisfação. Se você for inteligente, perceberá que não vale a pena gastar o fio da minha espada com um filho de Apolo. – ao contrário do que possa parecer, ou até mesmo ao contrário do que se esperaria de Kevin McHale, o tom dele não foi nem um pouco desdenhoso ou ameaçador; na verdade, foi bem... polido.

- E então, Alexandra, posso passar? Ou será que Kev terá que enxotar Samuel? – perguntou Amy, o tom provocativo inundando suas palavras.

- Droga, Sammy. Tudo bem, você entra, mas que fique bem claro que é por ele.

- Estou entrando, de qualquer forma. Obrigada.

Amy foi até Kevin e o abraçou, supreendendo-o. Ela disse “Obrigada” baixinho no ouvido do garoto, sorriu para ele e começou a descer a Colina Meio-Sangue.


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Notas finais do capítulo

Esse foi o maior capítulo que já escrevi em toda a minha vida. Informação inútil, mas achei que gostariam de saber. Ah, e eu escrevi ele todinho durante a madrugada (comecei 11h da noite e terminei quase 5h da manhã) pelo celular enquanto não tinha luz na rua onde eu moro.
O próximo capítulo é uma continuação desse, mas na verdade os dois eram um só. Como ficou muito grande eu dividi em dois, mas pelo tamanho dava pra ser três. Só nao fiz isso pra história não ficar muito massante (:
E então, gostaram da surpresinha? Ou será que shippavam mais a Amy com o Scott?
Mereço reviews?
2bjs



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