Help Me, Please escrita por Yasmim Speretta


Capítulo 9
Capítulo 9 - Don't Get Yourself In Trouble




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/310265/chapter/9

   Quatro horas, foi isso que eu dormi nessa noite. Ezra parece um maníaco super controlado, algo que me assusta cada vez mais.

  Sam veio ao meu quarto me acordar, de um jeito bem meigo, devo dizer.

   -Como foi o seu “treinamento” ontem? – ele perguntou.

   -Inacreditavelmente estranho. Quer dizer, eu nunca soube que tinha tanta força e... Sei lá.

   -Isso é bom, não é?

   -Não quando seu treinador é um psicopata.

   Ele riu.

   Tomei um banho e fomos comer alguma coisa; parecia que todos ainda dormiam. Assim que acabamos, Felix apareceu. Parece ter chorado muito essa noite...

   -Bom dia... – eu disse.

   -Bom dia, acho... – ele respondeu. Decidi deixá-lo quieto. Era um direito dele.

   Ezra também entrou na sala, com uma cara nada cansada. Incrível.

   -Bom, tem uma coisa que quero falar com vocês. Treinamento. Tanto para os Jogos como para a entrevista. Effie e eu vamos dar algumas dicas pra vocês.

   Como se ele não estivesse fazendo aquilo comigo. Era inacreditável a calma dele quando falava sobre isso. Tá, eu minto e convenço as pessoas a fazerem o que quero, grande coisa. Mas isso era ter sangue frio.

   -Mas vamos fazer separadamente. É o mais justo a se fazer.

   Nós dois concordamos. Felix saberia de tudo, coisa que não posso deixar acontecer. Era minha única chance.

   Agora era a hora de treinarmos. Fui para meu quarto trocar de roupa e Ezra me seguiu.

   -O que foi? – perguntei.

   -Não treine com as armas, eu posso fazer isso. Treine o básico, camuflagem, essas coisas.

   -Vai me treinar hoje à noite?

   Ele sorriu como se isso lhe desse prazer.

   -Claro que vamos...

   [...]

Minha conversa com o mentor foi rápida, me disse para não dar na cara o que posso fazer contra os tributos, para que parecesse despreparada, burra. Isso seria fácil. Dean me puxou para o quarto depois disso.

-Tem certeza que nada vai te acontecer lá em baixo?

-Claro que não, é contra as regras. E mais, se tentarem, você sabe o que posso fazer.

Ele iria dizer algo, mas travou. Se sentisse medo, seria essa sua feição…

-Fica bem, garota.

[…]

Pirados. Era isso a primeira impressão que meus “colegas” me deram. Totais malucos sedentos por morte. Tanto que fui a única a ficar na seção de camuflagem, algo que deixou a instrutora bem feliz.

Como sempre, os tributos dos primeiros distritos eram melhores, mais bem treinados e mais esquentadinhos que os outros. Sabiam manejar qualquer tipo de arma, algumas que nunca havia visto em minha vida. Fui estudando cada movimento, como cada um se portava: alguns tinham caras violentas, outros mais calmos, alguns mal sabiam o que faziam, como Félix. Comecei a desconfiar de que talvez meu “treinamento particular” não seria tão útil…

-Isso, um pouquinho mais de força na mão – ia me indicando a treinadora. Ela parecia mais calma do que estou acostumada com essa gente da Capital. Pelo que lembro, seu nome era Huded.

-Tente não olhar tão fixamente para eles – ela me disse com um tom baixo – Se quer saber o que são capazes, não deixem que percebam.

A mesma ideia que meu mentor me deu. Parecer ingênua. Mas por que uma treinadora iria me ajudar? Sei que não faria isso pelos outros. Mas segui seu conselho mesmo assim.

Um tempo depois passei para as armadilhas. “Não havia pensado nisso, como vou conseguir comida?”. O instrutor me dizia tudo o que sabia sobre elas, como fazê-las, onde fazê-las e SE fazê-las.

-Como assim, se fazê-las? – perguntei.

-Você tem que estar atenta a sua volta. Não deixe que nenhum deles tire vantagem de você e roube sua caça. Alem disso, os bichos não são burros, se você fizer muitas, vão acabar percebendo e fugindo mais rápido.

-Mas não vou ser a única com armadilhas.

-Por isso eu digo a você: não se aproxime deles. Principalmente dos mais fracos. Eles terão medo de você, mas vão tentar lutar, isso pode ter prejudicar.

-Mas se são mais fracos, não seria uma vantagem pra eu lutar contra eles?

Ele não respondeu. Teria que descobrir da minha própria maneira.

Fiquei mais um bom tempo nesses estágios básicos, até que deu a hora de subirmos e sermos aconselhados sobre a entrevista e sobre nossa apresentação.

[…]

 -Tente levantar um pouco mais a cabeça. Isso mesmo. Cuidado! Ah, cuidado com esses sapatos, foi um luxo consegui-los. Agora volte para onde veio.

Effie só não foi uma mandona chata porque eu sabia me portar em situações importantes. Sabia usar saltos, a gramática correta e tudo mais, mas aquela voz aguda me dói os ouvidos até hoje.

-Ah, ela vai se sair muito bem, não é Chan? Ah, vai sim.

Sam parecia interessado no que estava fazendo, me olhava com certo interesse, como se temesse que pudesse me machucar ou colocar tudo a perder. Ou era outra coisa?

Dean não estava lá, disse que vigiaria um pouco Ezra, pra saber se tem “segundas intenções”, mas devo admitir que a ideia de ganhar, de ter algo pra oferecer até que me animava, por mais que uma parte do meu corpo gritasse não.

-Você já está totalmente pronta para a entrevista. Só não se esqueça de dar esse seu lindo sorriso.

“Com que motivo?”

Uma Avox me trouxe um lanche, e assim que acabei, Ezra pediu para conversar comigo mais uma vez.

-É só uma coisa para amanhã, continue fazendo o que você faz. E faça melhor agora. Mais tarde vou te ensinar algumas coisas.

[…]

Depois do jantar, que devo dizer, me serviu muito bem depois de um dia horrível com matadores quase profissionais, fui para meu quarto e tomei o banho mais longo de minha vida e me atirei na cama. Devo ter dormido por duas horas, até que bateram na porta.

-Como você tá? – perguntou Sam.

-Um pouco assustada. Eles parecem fortes e determinados.

-Mas você se saiu bem no treinamento com Ezra, então isso é vantagem.

“Uma vantagem suja”.

-Ah, achei você, não faz mais isso – disse Dean, entrando no quarto.

-O que você fez? – perguntei esfregando os olhos.

-Só deixei o Dean fazer seu trabalho…

-É, com uma louca purpurinada.

Não tinha forças pra rir ou achar engraçado, dei um sorriso fraco e voltei a deitar. Daqui a pouco tempo, teria que me encontrar com meu psicopata e amado mentor e não sentia nenhum entusiasmo sobre isso.

-E agora, o que vai acontecer? – perguntou Dean.

-Agora vou ter minha avaliação individual. É como se eu mostrasse meus talentos para os patrocinadores, para que eles se interessem por mim e me mandem ajuda na Arena.

-E o que Ezra mandou você fazer?

-Bom, o que eu fiz de melhor até agora. Parecer fraca e depois destruir tudo o que estiver na minha frente…


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Help Me, Please" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.