Shooting Star escrita por valeriafrazao


Capítulo 13
Capitulo 12 – Encontro Inesperado.




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POV Bella

Mais ou Menos Duas Semanas depois...

Londres, 25 de Janeiro de 2010

 

Certa vez meu pai me disse que para todas as coisas que a vida nos proporciona ela nos da sempre dois caminhos a seguir, duas escolhas a serem feitas e são através desta escolhas que ganhamos o nosso final feliz, ou não.

 

Desde que decidi que era hora de deixar Edward viver sua vida e manter Alice e todas as pessoas que eu amo longe da confusão que mais uma vez eu estava causando, eu havia mantido distância suficiente para que minhas ações não afetassem de nenhuma maneira as suas decisões e conseqüentemente o final feliz que eles poderiam ter para si.

 

Foi logo que vi Alice que percebi o quão tola estava sendo. Eu jamais teria o carinho de minha irmã e jamais seria a irmã que ela sempre sonhou que eu fosse.

 

Eu nunca dividiria com ela meus melhores momentos ou mesmo os dela, nunca falaríamos de garotos juntas e eu nunca poderia contar a ela que conhecer Edward fora a melhor coisa que pudera me acontecer ou sobre a noite maravilhosa que tivera nos braços dele.

 

A morte, ao menos para mim, era mais injusta que para muitos. Ela me mantivera no convívio de todos aqueles que eu amava, me trouxera a pessoa mais especial que eu poderia conhecer e ao mesmo tempo me privava de todos, martelando em minha mente todos os dias, como um relógio velho de ponteiros, o quão inútil me tornava minha condição e o quão distante – apesar de tão perto – eu estava de todos os quem eu simplesmente queria estar.

 

A morte era injusta? Sim, mas a vida também não me parecia muito justa.

 

Caminhei dias a fim pelas ruas de Londres, me mantendo longe de tudo e todos em especial de uma pessoa. Edward.

 

A cada passo que eu dava pela cidade onde nasci e me criei, pude ver as divergências que a vida humana provocava em seu cotidiano.

 

A mesma cidade onde por tantas e tantas vezes agi inconseqüente de meus atos, desfrutando de uma vida de forma a nunca pensar que um dia ela acabaria e hoje eu avistava o vai-e-vem frenético de Londres com outros olhos.

 

Enquanto muitos nada tinham, como os sem teto que cruzavam meu caminho sem notar minha presença, outros, famílias inteiras e sorridentes com seus filhos em uniformes caros e carros luxuosos tinham tudo em suas mãos em um estalar de dedos.

 

Lembrei-me mais uma vez do que meu pai me dissera a respeito de escolhas e finais felizes e me perguntei o que pessoas como as que eu vira pedir esmolas em calçadas haviam feito para terem aquele final em suas vidas.

 

Havia mesmo escolhas a serem feitas que levassem a finais diferentes?

 

É. Olhando por essa perspectiva talvez não.

 

Talvez nem todos tivessem tido a opção de fazer suas escolhas, de traçar um final diferente para suas histórias, mas eu havia feito as minhas e elas me levavam a lugar algum.

 

Certo sábio certa vez disse que “para quem não sabe aonde quer chegar, qualquer lugar basta”.

Eu tinha que me contentar com o lugar onde estava e a vida que estava mantendo, eu não sabia onde queria chegar e cheguei mais longe do que imaginava ir, mas agora este era o meu lugar e ele tinha que bastar.

 

Bastar por mim, por Alice, por Renné e bastar principalmente pelo homem ao qual eu estava apaixonada.

 

Ter o que eu tive com Edward me fez ser uma pessoa melhor, algo que eu não procurei para mim, mas que ele me mostrou que seria possível.

 

Edward me salvou de muitas maneiras, a principal delas foi ele ter me salvo de mim mesma, pois através dos seus orbes verdes eu podia ver algo de bom em mim e foi assim que decidi que era hora de deixá-lo.

 

O vento soprou carinhoso contra mim, tocando meu rosto em uma brisa leve de um janeiro Londrino e só então me dei conta de onde estava.

 

De frente ao meu tumulo, olhando a lápide que tinha as inscrições de meu nome me ajoelhei e chorei, desejando do fundo do meu ser que o tempo voltasse e eu pudesse ser uma pessoa diferente, pudesse amar minha mãe e minha irmã irrevogavelmente e conhecer Edward e Emmett em outra situação que não essa.

 

Mas tudo era tão impossível, não havia chances para mim, estava consumado e o meu final de história seria aquele.

 

Ao menos era o que eu acreditava.

 

Com meus olhos inundados por uma avalanche de lágrimas olhei a lápide ao lado da minha e li o nome de meu pai desejando que ele pudesse estar ao meu lado, que pudesse me abraçar e me confortar como fazia quando eu era apenas uma criança.

 

A razão de ser o que eu era sempre fora Charlie. Não por que ele me ensinara a ser a pessoa egoísta a qual me tornei, não. Isso jamais Charlie me ensinaria.

 

Mas eu havia me tornado egoísta o suficiente para não demonstrar meus sentimentos às pessoas, para ignorar os dos outros e para me fechar em minha própria bolha de dor e sofrimento pela ausência do meu pai. Quando havia me dado conta apenas minha dor importava e a das pessoas a minha volta já não fazia diferença.

 

Fora assim que fiz mamãe e Alice sofrerem.

 

Enquanto levava a mão aos meus olhos tentando inutilmente limpar a cortina das grossas lágrimas que se formavam ali, não pude deixar de suspirar por meu pai.

 

- Sinto tanto sua falta pai. – Disse encarando a lápide fria a minha frente. – Como queria que você estivesse aqui comigo agora, como queria estar sentada em seu colo... ouvindo seus conselhos, rindo de suas piadas...

 

Fora inútil tentar cessar o choro, as lágrimas eram as vencedoras naquela batalha e por fim eu as deixei ganhar enquanto soluçava a falta de meu pai já há muito tempo distante.

 

Deitei-me sobre a gélida lápide procurando sentir o cheiro de meu pai, a respiração dele e eu poderia jurar que estava conseguindo. Talvez as lembranças em minha mente fossem mais fortes do que eu imaginara.

 

O cheiro da loção pós-barba parecia ainda estar ali, vivo como anos atrás.

 

Uma mão tocou meu ombro e não importei. Quem quer que fosse não me tiraria daquele momento tão meu, tão único, onde por uma fração de segundos o cheiro de meu pai estava ali.

 

- Bella. – A voz de Charlie entrou pelo meu canal auditivo e me virei lentamente constatando que não estava tendo nenhum tipo de ilusão auditiva.

 

Ele estava ali, parado a minha frente, vestindo uma camisa branca, a mesma que eu lhe dera em seu ultimo aniversário conosco e calças de brim azul, tão Charlie.

 

O cabelo penteado delicadamente, a barba feita que sempre mantinha, mantendo apenas o bigode que me fazia cócegas tantas e tantas vezes nas maças do meu rosto quando ele queria me arrancar um riso.

 

Olhei entre as lágrimas que ainda transbordavam de meus olhos sem permissão e tive que piscar algumas vezes tentando expulsa-las de minha visão.

 

Seu sorriso ainda era o mesmo do qual eu me lembrava e ele estava em seu rosto enquanto me fitava.

 

Carinhosamente meu pai se abaixou até mim, tocando-me em meus ombros e puxando-me levemente contra o seu corpo em um abraço.

 

Eu estava chocada para acreditar, então levei um minuto para perceber que o cheiro que eu sentira de loção pós-barba era realmente de meu pai.

 

- Pai. – Disse quase que sem voz me agarrando ao terno que ele vestira, manchando-o com as lágrimas que ainda corriam dos meus olhos.

 

Eu estava chocada com a presença do meu pai na minha frente, o homem quem representava tudo em minha vida de repente estava ali. Acolhendo-me, assim como quando eu era apenas uma criança.

 

- Oh Bells. O que houve com você garota? – Ele disse puxando-me mais forte para o calor de seus braços.

 

- Você esta mesmo aqui, eu não estou sonhando? – Perguntei sem que me sentisse ridícula pela pergunta esdrúxula afinal era o meu pai na minha frente.

 

- Sim, sou eu. – Ele respondeu com um sorriso zombeteiro, enquanto afagava meu rosto na tentativa de limpar as lágrimas.

 

- Ah pai. – Me acomodei em seus braços. - Senti tanto sua falta.

 

- Eu também, eu também. Queria poder te tido mais tempo com você filha.

 

- Mas agora você esta aqui e ficaremos para sempre juntos. – Eu poderia passar a eternidade com meu pai, isso me confortaria não ter Edward, Renée ou Alice em minha vida.

 

- Ainda não. – Seu tom de voz era cauteloso nas palavras pronunciadas. Senti meu corpo entrar em choque quando absorvi que não estaria com ele, automaticamente minhas mãos se prenderam com mais força ao seu terno, na tentativa de não deixá-lo partir.

 

- Por que não? – Perguntei e percebi que as lágrimas estavam voltando com mais força.

 

- Por que esta aqui Bells? – Ele me perguntou, ignorando a pergunta que eu fizera.

 

- Por que não pode ficar comigo? – Se ele achava que iria me enrolar estava redondamente enganado, eu queria saber por que afinal de contas eu não poderia estar com ele. Era a única chance que eu tinha de não estar sozinha por toda uma eternidade.

 

- Depois Bells. – Ele disse afagando meus cabelos, então levantei meu olhar encontrando o seu demonstrando minha reprovação quanto àquelas palavras. – Depois falaremos disso, mas o que você está fazendo aqui.

 

Suspirei derrotada. Eu não queria perder o tempo, ao qual eu nem sabia de quanto se tratava exatamente, brigando com meu pai. Decidi que o melhor a fazer era contar o que estava acontecendo.

 

- Hummm.. – Foi tudo que meu pai disse assim que terminei de lhe contar tudo que havia acontecido até ali.

 

Contei a ele a forma estranha como havia conhecido Edward, o tempo que passei tentando descobrir qual era a nossa ligação e o porquê das coisas acontecerem daquela forma.

 

Falei sobre Gabrielly e como ela havia me ajudado a chegar à conclusão de que eu estava aqui por Edward, mesmo quando eu não o conhecia, do encontro com Alice e de como todas as coisas pareciam ser uma só pela ligação misteriosa de nossa família com os irmãos Cullen.

 

Contei também sobre o primeiro amor de Edward e de como ele perderá de forma dolorosa, a forma como ele ainda sofria por ela após dois anos de sua perda.

 

Não tive coragem de lhe falar sobre a noite que tivera com Edward, afinal ainda era o meu pai ali na minha frente e ele ainda me chamava de Bells, o mesmo apelido que me dera ainda quando criança e isso só poderia significar que a seus olhos eu ainda era sua garotinha, então por que quebrar este encanto?

 

- Isabella. – Olhei com espanto para o meu pai quando ele pronunciou meu nome completo e não mais o apelido carinhoso, estávamos sentados sobre algum banco que o cemitério possuía e se não fosse um lugar de tanta tristeza e dor eu poderia dizer que era um lugar bonito.

 

Havia arvores e eu nunca notara como ali a grama era incrivelmente verde, havia também pássaros que juntos pareciam formar uma pequena sinfonia e também pequenos esquilos que corriam despreocupados.

 

O sol estava se pondo então, quando olhei para os olhos do meu pai, pequenos raios iluminavam as iris de seus olhos, tão castanhos quanto os meus, tornando-os, um pouco mais claros que o tom habitual.

 

- Você se apaixonou por este rapaz? – Eu sabia que viria uma pergunta deste nível para mim, mas não esperava que Charlie acertasse tão bruscamente sobre a ferida, mas o que eu poderia esperar, ele sempre fora perceptível demais quanto a mim.

 

Um livro aberto, ele dizia.

 

Parecia que todas as coisas que pelas quais eu acabara de observar simplesmente haviam sumido do meu campo de visão e tudo que eu conseguia ver era meu pai em minha frente aguardando por uma resposta, eu não sabia qual seria sua reação, mas eu também não tinha o direito de mentir para ele.

 

- Eu, eu... – Engasgando em minhas próprias palavras, não consegui responder. Fitei meus pés enquanto brincava com os dedos de minhas mãos em meu colo e pude sentir o afago de Charlie novamente sobre os meus cabelos.

 

- Acho que você não precisa responder. – Ele disse e senti sua voz leve, ele não estava bravo.

 

Levantei meu rosto vagorasamente e pude vê-lo sorrir, será que Charlie não percebia que era justamente esse amor recém descoberto que me deixara triste, simplesmente pelo fato de eu não poder vivê-lo.

 

- Ah pai... – Me acomodei em seu ombro recebendo o carinho que eu tanto sentira falta. – É um amor impossível.

 

- Por que diz isso?  Foi você quem desistiu e esta aqui enquanto este rapaz, Edward, está em Londres ainda.

 

Desencostei-me de seu ombro, fitando-o nos olhos, buscando qualquer indicio de que meu gracioso pai estivesse fazendo qualquer tipo de piada, mas só encontrei seriedade e convicção no que vi.

 

- Você esta louco pai? Não vê minha situação?

 

- Isabella. – Meu pai me repreendeu pela forma como eu havia colocado as coisas. Eu não o via há tanto tempo e agora o estava tratando daquela forma, me chutei mentalmente por ser tão estúpida.

 

- Desculpe pai, eu não quis ofende-lo. Mas me entenda, olhe bem para mim, Edward esta vivo, vivo pai... e eu... bem, você já sabe qual é a minha condição, a mesma que a sua.

 

- Ah Bella. Você tem sofrido muito não é garota?

 

- Eu mereço. – Respondi lembrando de Alice e minha mãe. – Eu te falei como tratei a mamãe e Alice depois que você se foi, então eu mereço o que esta acontecendo comigo.

 

- Não Bells, você não merece. Lembra-se do que eu te disse uma vez, todos têm escolha Bella, você ainda tem as suas, então faça as escolhas certas garota.

 

Eu podia sentir a ruga se formando em minha testa, não conseguia entender o que Charlie queria me dizer com aquelas palavras.

 

- Eu não entendo pai.

 

- Bells, não há nada para ser entendido agora, uma hora, um dia, você entenderá tudo, mas agora você ainda tem tempo, e escolhas a serem feitas. Eu tive as minhas, você tem as suas então as faça valer a pena.

 

Eu aprendi muito Bells, aprendi que não devemos deixar de lado as coisas boas que temos, e as pessoas que amamos, eu nunca deixei vocês, mas eu nunca pude fazer o que você pode. Estar tão próxima como você esteve. Seu tempo é curto filha, mas ainda há tempo para mudar algumas coisas antes que ele se acabe de vez.

 

Então volte Bells, volte para perto de Alice, de Renée e de Edward. Acerte em suas escolhas e você encontrará o final feliz que tanto procura.

 

- Pai, eu não entendo o que você quer dizer. – As palavras de Charlie pareciam tão confusas para mim, soavam como um quebra-cabeça espamarrado na minha frente do qual eu teria que organizar.

 

- Você entenderá, não se preocupe, mas agora eu quero que você volte, quero que você lute por este amor que esta dentro de você e que faça o fim do seu tempo valer à pena.

 

Meu pai estava me confundido cada vez mais, mas me apeguei às palavras “lute por este amor”.

 

- Ele não me ama pai, não posso fazer isso.

 

- Ele te ama Bells, ele só não sabe disso ainda.

 

- Como pode ter tanta certeza? – Perguntei encarando incrédula meu pai.

 

- Não tenho, mas você também não terá se ficar parada aqui. – Ele me disse por fim e notei que estava se levantando.

 

- Aonde vai pai? – Perguntei enquanto agarrava a barra de sua camisa em desespero, ele não poderia partir, não de novo.

 

- Tenho que ir Bells, não tenho permissão para ficar mais do que já fiquei. Faça o que eu te disse, volte Bells.

 

- Pai...  não me deixe sozinha. – Implorei, as lágrimas tinham voltado novamente.

 

- Você não estará sozinha, só me faça um favor. Proteja sua mãe, ame sua irmã e seja feliz.

 

- Como? – Perguntei ainda sem soltar sua camisa. – Eu não sei como fazer isso pai.

 

- Mas você saberá Bells, eu confio em você.

 

- Pai, não vá, eu não sei como fazer isso sozinha. – Implorei mais uma vez.

 

- Eu te amo Bells. – Charlie segurou meus braços, me levantando, levando-me de encontro a um ultimo abraço.

 

Aproveitei tudo que podia, eu não queria que ele se fosse, mas eu sabia que ele iria de qualquer forma.

Me agarrei com  força aos braços do meu pai e em seguida eu abraçava o vazio e a escuridão. Não percebi quanto tempo havia passado até notar que a lua dominava o céu rodeada de estrelas ao seu redor. Juntas, elas eram a única fonte de luz presente no lugar.

 

Parada, olhando para aquelas estrelas, me lembrei de dois anos atrás, me lembrei de uma noite parecida com essa onde uma estrela cadente cruzou o céu e eu fiz um pedido a ela, pena que fora tarde demais que ela o realizara.

 

 

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Meninas, espero de verdade que tenham gostado...foi feito com todo o carinho para vcs, agora faltam apenas tres caps para terminamos SS, espero que gostem do final que tenho preparado...

 

Um beijo enorme.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


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