Era começo de ano após o término da escola e eu e minhas melhores amigas da escola Luana, Alice e Mari, tínhamos 18 anos e nos reunimos novamente na casa da Luana para resolver os detalhes da viagem, que aos 13, combinamos fazer para o exterior. Quando terminamos a oitava série e estávamos indo para o colegial, Luana e Alice tiveram de se separar de mim e da Mari, pois foram para outra escola, enquanto eu e ela continuamos na mesma. Mesmo assim, nossa amizade, era forte, continua e sempre vai ser, e nós tentamos nos encontrar e conversar sempre que dava.

Estava tudo como nós tínhamos planejado, exceto pelo fato de que Alice não passara na faculdade. Agora, estava praticamente sem rumo, pois não sabia o que queria prestar. Porém, tinha um ano para decidir, enquanto fazia cursinho com sua prima um ano mais nova, que estava se preparando para prestar o vestibular pela primeira vez.

Eram quatro da tarde quando Alice chegou, atrasada como sempre:

- Oi meninas! Que saudade! A gente não se vê faz mais de uma semana... – Alice comentou, abraçando todas nós.

- Eu sei! Também estava morrendo de saudades! – comentou Mari, a mesma melosa de sempre.

- Nossa, eu não lembrava de como a sua casa é tão grande, Lu! – eu comentei, me separando do abraço e olhando em volta. A casa era realmente grande, com duas escadas, uma para descer e uma para subir, um lustre pendurado no teto do hall de entrada iluminando a mesa de centro com orquídeas roxas e brancas, minhas preferidas.

- É, não é nada de mais... – Luana respondeu olhando em volta, dando de ombros. – Bom vamos para o meu quarto? Aí, já podemos começar a pesquisar para onde vamos em julho.

- Então vamos, galera! – disse Alice, seguida pelos nossos gritinhos felizes. Corremos, subindo pela escada de descer.

- Por aqui, gente! Minha mãe fica brava se subimos por aí! – disse Luana, a certinha. Subindo pela escada certa, é claro.

- Ah, deixa disso, Lu! A gente já está aqui em cima! – comentou Alice. Às vezes, era impossível acreditar como dois opostos como Alice e Luana eram melhores amigas.

Quando chegamos ao quarto de Luana, eu, a Alice e a Mari ficamos boquiabertas. O lugar era simplesmente incrível, do tipo quarto de revista.  A cama ficava no meio, estava coberta por uma colcha roxa cuja barra ia até o chão. Ao lado da cama, havia uma prateleira com bichos de pelúcia e porta-retratos coloridos com fotos nossa e da família de Luana. Ao lado, havia uma escada que dava em várias prateleiras com livros de todos os tipos e com almofadas espalhadas na espécie de chão.

- Uau, Lu! Eu realmente não lembrava do seu quarto! É literalmente in-crí-vel! – disse Mari, pronunciando todas as sílabas da última palavra.

- Pois é! Ele foi feito pela Candice do Design Devino, aquele programa do Discovery Home and Health? – brincou Alice, e todas nós rimos.

- Então, eu pesquisei uns lugares que eu acho que seria interessante visitar... – disse Luana, mudando de assunto e abrindo o laptop. – Que tal... Orlando? – propôs.

- Ai não! Orlando, Disney... Não, nada disso. Todas nós já fomos para lá. – eu disse.

- É, verdade. – as outras concordaram.

- Então, que tal Londres? – propôs novamente Luana, olhando a segunda opção que estava na tela de seu computador.

- Londres? Ahh, eu não sei... Acho que não tem tanta coisa para fazer com as amigas lá. – disse Mari, pensativa.

- Bom, eu fui com meus pais no ano passado e o que tem para fazer, em geral, são os passeios mais turísticos, sabem? – informou Luana.

- Nós precisamos de um lugar perfeito. Vai ser o palco das nossas aventuras,  prováveis romances, mas ao mesmo tempo muita zoação! – Alice falou, gesticulando com as mãos, como se estivesse representando em uma peça de teatro.

- O que é isso, Alice? Pirou de vez? Até parece que está em uma peça de teatro! – comentou Luana, rindo, acompanhada por Mari.

- Alice! Taí, uma carreira que você pode seguir! Teatro! – eu exclamei.

- Eu? Teatro? Ah, não sei não... Minha mãe não vai gostar nada dessa ideia, ela quer que eu tenha uma ‘’carreira de verdade’’ e ela não considera teatro como uma. – disse Alice, negativa.

- Como é que é? Cadê aquela Alice que eu conheço, com um parafuso a menos, que faz o que dá na telha, sem se preocupar com o que os outros vão pensar? – eu disse. Na maior parte do tempo, Alice fazia o que queria, mas às vezes, ela só precisava de um empurrãozinho.

- Bom... Você está certa, eu vou pensar. – Alice concordou.

- Meninas, sem querem ser chata nem nada, mas... – Luana começou.

- Como se ela já não fosse! – Alice sussurrou para mim, e nós rimos, o que fez Luana fechar a cara. – Só to de brinks, amiga! Continua, continua.

- A gente precisa resolver para onde a gente vai! – ela disse.

- Então, vamos! Qual é o próximo destino dos sonhos? – Mari perguntou para Luana.

- Bom, o próximo que eu coloquei aqui, mas eu não sei se vocês vão querer, é Paris. – disse Luana, incerta.

- Paris... Paris! Gente, Paris! O que vocês acham? Eu acho perfeito! – eu disse.

- É mais do que perfeito gente! Por mim, eu pego o próximo voo! – concordou Alice.

- Essa é a Alice que eu conheço. – eu disse e as outras meninas riram.

- Eu estou super de acordo! – disse Mari.

- E eu sempre quis ir para Paris. Por mim, está fechado! – Luana falou.

- Gente, nós vamos para Paris!!! – disse Alice, seguida por mais gritinhos felizes.

Nossos pais já sabiam dessa viagem há tempo, e já estavam convencidos de que jamais aceitaríamos ‘’não’’ como resposta. Então, o que eles fizeram fora se encontrar para conversar sobre o assunto, e decidiram que nós poderíamos viajar  mas teríamos que ficar em um apartamento alugado, a algumas quadras da onde a tia da Mari mora.

Nós aceitamos, afinal, era isso ou nada. Decidido o local, comemoramos comendo panquecas que a cozinheira incrível da Luana fizera, e pulamos na piscina.

Estava tudo indo às mil maravilhas. Por enquanto.