Quando ela falou aquele nome eu senti um breve calafrio, o Miguel aqui? Como isso? A primeira coisa que veio na minha mente foi ir até ele e lhe fazer algumas perguntas, mas me faltou coragem, então decidir pegar informações ali mesmo com a Nai e espero que ela me ajude.

- Hunn Miguel – falei sem mostrar reação – bonito nome.

- Espera um pouco – disse ela me olhando – quando você me contou a sua historia tinha um garoto chamado... Aaah - ela gritou rindo, e me olhando.

Fiquei sem graça, por incrível que pareça ela me conhecia e por mais que eu desmentisse, ela não iria acreditar em mim. Então só fiquei calada tentando demostrar nenhuma reação que pudesse me entregar, porque isso? Nem sei.

- Então foi por isso que você ficou daquela maneira quando ele... - ela disse - nossa que estranho aquilo que aconteceu com vocês lá na terapia.

- Huunn - eu disse

- Laura, fala alguma coisa!

- Alguma coisa.

- Ah sua palhaça.

Eu estava perdendo tempo com aquilo tudo tinha que ter aquela situação em controle ou a Naielly iria obter de mim muitas informações que só eu e meu diário sabia.

- Pronto! Chega dessa palhaçada toda – disse para ela que ficava me encarando.

- Só me fala, é ele?

- Não sei, não vi o rosto dele pra te dar a certeza que é ele – falei a verdade.

- E aquele “momento de filme romântico” foi o que então?

- Não sei – disse – a voz me parecia conhecida e acho que isso foi como uma chave que desencadeou tudo aquilo.

- Sei – ela sorrio.

Começamos a conversar e eu fui aos poucos tentando pegar algumas informações com ela o que era meio difícil ela mal falava e o que falava não ajudava em nada ou até mesmo o que ela me contava eu meio que já sabia, então me dei por vencida sabendo que eu não iria ganhar em nada conversando com a Naielly, que quando não era pra ser psicóloga ela se tornava uma.

- Ultima pergunta eu te prometo – falei – mais você tem que me responder.

- Você sabe que eu não posso fazer isso, vai contra meus conceitos de psicóloga Laura.

- Aii, Nai mais é pra uma causa nobre – expliquei.

- Não! – ela disse – qual é a pergunta que iria me fazer?

- Pra que? Você não vai responder mesmo.

- Então tá, não custa tentar – provocou.

- Só queria saber o que ele tá fazendo aqui na clinica.

- Essa eu não sei, não tinha nada na fixa sobre isso – explicou – mas porque não pergunta pra ele?

- Não, você tá louca?

- Você é quem sabe, eu estou indo, felizmente você não vai ficar aqui nesse quarto pra sempre vai ter que sair – ela concluiu.

Por mais que eu não quisesse ela tinha toda a razão não ia conseguir fugir pra sempre, uma hora ou outra eu iria me encontrar com ele, mas pode até ser que ele não lembre mais de mim ou não queira papo comigo, sabe de uma vou deixar a vida me levar se for pra acontecer que aconteça.

Peguei meu diário e comecei a escrever nele, sempre fazia isso antes de dormi, enfim eu tinha terminado e então me deitei o que foi meio difícil, pois pensava em varias hipóteses de como seria, como eu posso dizer, o encontro com o Miguel, será que ele é o mesmo idiota que eu conheci ou mudou? E queria tanto saber por que ele veio parar aqui.

{***}

O dia amanheceu e logo eu estava de pé, já tinha feito minhas higienes e estava vendo o tempo passar para ir ao refeitório, pois nesse dia tinha acordado mais cedo do que de costume e também queria chegar um pouco atrasada, não sei pra dá um suspense, então comecei a fazer o que sempre me ajudava a passar o tempo que era ler. Depois de dois capítulos lidos já dando inicio ou terceiro ouço o som de alguém batendo na porta.

- Oi – falei com a pessoa que estava na porta.

- Oi, é que me mandaram te entregar esse bilhete – disse me entregando.

- Obrigado.

- De nada.

Fechei a porta e me sentei na cama abrindo aquele papelzinho e comecei a ler o que estava contido nele.

Oi, queria ver você, tem como me encontra? Se quiser venha até aquele local aonde a gente se reencontrou as 10:30 eu estarei lá te esperando e ficaria muito feliz se você fosse, desde já agradeço Miguel.

Fiquei feliz e estava com um sorriso bobo no rosto pulando abraçada com o papelzinho, a coisa mais infantil que alguém poderia fazer mais sei lá estava bem só com aquele papel então imagine ao vê-lo novamente e aquilo enfim seria o nosso “encontro” que na primeira vez não deu muito certo e aconteceu varias coisas ruins. Fiquei ali muito distraída com toda aquela situação e quando olhei por relógio era 10:28 que merda o tempo passa muito rápido quando estamos felizes.

Sai às pressas do meu quarto indo em direção ao refeitório estava com fome e não poderia ir encontra-lo com fome enfim, quando cheguei lá e vi uma fila e ao olhar pro relógio que estava lá e que já marcava 10:31, não pensei em duas vezes e deixei minha fome de lado e fui ver a pessoa que a muito tempo não via, sai dali corri passei pela pequena ponte chegando pelo caminho com as arvores ao lado e por fim no local marcado.

- Tinha desistido de mim e ia embora? – perguntei ao vê-lo saindo.

- Você demorou pensei que não vinha mais.

- Mais só são apenas...

- 10:33 – ele disse me interrompendo – e eu marquei com você as 10:30.

- Só foram 3 minutos de atraso, mas estou aqui.

- Que bom – ele disse.

- E então, qual é o motivo que você me chamou aqui? – comecei com as perguntas.

- Saudades – falou – isso serve como respostas?

- Serve – disse meio sem graça – porque você não me avisou que tinha se mudado?

- É que eu me esqueci.

- Se esqueceu? – fiz uma pausa – ta bom.

- Você ficou chateada? – falou ao se aproximar de mim – se ficou me desculpa.

- Não, não foi nada – falei recuando um pouco – e então Miguel o que você faz aqui?

- O mesmo que você, me reabilitando.

- Mais por quê? Você fuma? Bebe? Ah não tá usando drogas?

- Hei! Calma ai mocinha, nenhuma das opções citadas.

- Então pode me contar o por quê? – perguntei curiosa.

Ele abaixou a cabeça e por um bom tempo o silencio ecoou naquele lugar, percebi que estava mexendo com a intimidade dele, mas queria muito saber ela estava na clinica e dependendo do que seria eu estaria ali pra ajuda-lo, ainda mais que amigos sempre ajudam um ao outro.