Demigoddess escrita por Pacheca


Capítulo 65
First Strike


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas :3 Como vão vocês? Bom, vim deixar um capítulo antes de (provavelmente) me isentar um pouco...Decidi tentar o Nanowrimo desse ano e são cinquenta mil palavras em um mês .q Brincadeira não ahaha Se tudo der certo, a criatividade estará explodindo e eu vou conseguir escrever tudo ao mesmo tempo, mas não vou fazer promessas incertas, né? Aproveitem e dps eu posto o que eu escrever pro Nanowrimo :3



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Aquela história de 12 ia acabar me enlouquecendo. Eu não conseguia dormir direito, e minha cabeça não funcionava direito. A única vantagem foi que eu pude ver os três deixando o acampamento. Não cheguei a falar com nenhum deles, mas pedi Hades para não chamá-los tão cedo.

Na manhã seguinte, sr. D. me designou para ajudar nos treinos em equipe. Coordenar não era bem minha coisa, mas fiz sem reclamar. Alguma distração me faria bem. E já se passava de uma da tarde, então eu tinha algumas horas de paz.

Solace estava me ajudando, para minha sorte. Eu não imaginava que Quíron sofria tanto com as capturas de bandeira. Minha cabeça começava a latejar com toda aquela gritaria e pirralhos querendo enganar alguém sobre quem tinha feito o que.

— Pausa! – Berrei, querendo socar alguém. Solace suspirou, esticando uma garrafa na minha direção. Aceitei, esperando que a água fosse me deixar um pouco mais paciente. – Eu sei que não é uma diferença de idade muito grande, mas uau.

— Eu sei bem. Dizem que entre os 12 e 19 é quando a gente mais muda, não é?

— Bom, eu já sai desse limite.

— Teoricamente. – Acho que ele se assustou com o olhar sério na direção dele. – Só brincando. Bem, já podemos retomar, sim?

— Retornem às posições. Sabem o comando, apenas avancem como treinado.

Debaixo do sol quente, continuamos a bateria de exercícios. Suspirei, enquanto Solace incentivava nosso batalhão mirim. Guerra. Realmente não tinha outro jeito de chamar aquilo. Veja só onde já estávamos. Treinando adolescentes para matança, boicotes à montanhas e traições em missões de extrema importância.

Realmente, parecia um ótimo resumo da decência humana. Morte e egoísmo, uau. Por mais que a gente sempre diga que é pelo bem maior, no fundo no fundo é só pelo próprio pescoço.

“Não devia estar pensando assim, Elgin. Alguém fez isso, mas outros realmente acreditam na causa.”

— Tudo bem ai, El?

— Tanto quanto pode estar. Vamos lá. – A tarde ia ser ainda mais longa.

 

Alguns dias se passaram. Tivemos mais uma missão falha por traição, mas ninguém se feriu dessa vez. Pelo menos não mortalmente. A garota do chalé de Afrodite ficou devastada ao saber que ia ganhar uma cicatriz de presente no rosto. A missão de Dante deu certo, imagino. Ele não quis me dizer o que era, e eu acabei respeitando. Japa e Chad passaram um pequeno aperto quando viram que a suposta saída de emergência não serviria de rota de fuga. Como eles conseguiram sair, não sei. Sempre que um tentava contar a história, o outro ria.

Aproveitei os dias em que eu não era chamada para nada para treinar com as espadas. Dante me ajudava, mas por algum motivo ele escolhera duas armas um tanto distintas. Ele carregava um par de sai nas costas, e o kusarigama no cinto da calça jeans. Confesso que quando vi que ele passou a andar com os três objetos, ele finalmente tinha decidido com o que lutar.

O sai era feito uma adaga em forma de tridente, com os dentes do lado bem menores. Aquilo furava que era uma beleza e, vantagem evidente, os dois dentes de lado serviam de defesa. Você impedia o caminho da lâmina e, com uma certa habilidade, torcia a arma e quebrava a arma do inimigo. Ataques muito próximos, dizia ele.

Já o kusarigama era uma foice presa numa corrente com um peso na ponta livre. E eu adorava quando ele decidia treinar comigo. O kusarigama me servia de desafio e, como exigia um certo esforço físico ficar rodando aquela coisa, Dante logo logo se desfazia da blusa. E ele sabia que eu acabava espiando.

Até o dia em que fomos treinar pouco antes do almoço. Eu vi o sol subindo devagar e meu coração começou a bater forte dentro do meu peito. Tentei fingir que estava tudo bem. Mas a sombra dele começava a encurtar sob seus pés e aquele aperto ia crescendo cada vez mais.

Quando ele estava para descer os sai sobre meus ombros, travei. O sol estava bem no pico. E por um milésimo de segundo e reflexos excelentes, eu não fiquei com os dois braços inutilizados. Dante estava ofegando, soltando os sai assim que eles ficaram longe de nós dois.

— Que que foi isso?

— Des...desculpa.

— El, tudo bem? Não me deixa ganhar assim.

Mas eu estava praticamente muda. Olhei o relógio mais próximo. 12:03. Tinha sido ao meio dia. 12. Eu quase me feri às 12. Dante me chamou de novo, finalmente conseguindo da pose que ele teve que armar para me salvar. Resmunguei o mesmo “desculpa” de antes e sai correndo, já planejando para onde ir me esconder.

“O que foi isso? Argh.”

Soaria engraçado dizer que passei a tarde escondida dentro de um buraco, mas era a verdade. Dante até chegou perto de mim, mas ele não se preocupou em procurar no subsolo. Até porquê, não era nem pra eu estar ali. De início eu cheguei a descer até a recepção de Caronte, mas desisti de ficar por lá e subi um pouco de novo. As vozes lá fora chegavam levemente abafadas pela terra, mas eu conseguia ouvir.

Era patético. Eu literalmente surtei por uma paranóia minha e não conseguia mais sair de dentro de um buraco e ir atrás do cara que ficou preocupado comigo.

Por mais que a vergonha ainda não tivesse passado eu me forcei a sair do buraco quando meu estômago reclamou pela falta de comida. Bati a poeira da calça e fui para o Pavilhão, sentindo o cheiro do jantar. Vi o jeito aliviado e surpreso que Dante me olhou, mas meio que o ignorei e fui me sentar entre os gêmeos.

Não consegui fugir na Fogueira. Apesar de não mais tão leves e divertidas, o hábito de cantar ao redor do fogo não morreu. Sr. D., muito surpreendentemente, tinha dito que sem aquilo todos acabariam enlouquecendo ou esquecendo que não são máquinas mortíferas. Ele se sentou ao meu lado e me esticou um papel dobrado ao meio.

“Tá tudo bem? O que foi aquilo?”

Não me lembrava da letra dele ser aquele garrancho. Ok, Dante não era muito de escrever nada, e quando fazia era com pressa e falta de paciência, mas ainda assim. Não estava exatamente disposta a explicar que eu estava começando a enlouquecer, mas aceitei falar.

Saímos caminhando na direção da praia. A brisa carregada pelo mar estava fria, mas serviu pra me acalmar um pouco. Ele deitou na areia depois de descalçar os tênis e ficou encarando o céu nublado. Imitei o ato, enrolando no meu depoimento.

— Eu travei, também não sei o motivo. O sol estava bem a pico e de repente eu só conseguia...não sei, sentir aquele aperto gelado na espinha.

— O que que o sol tem a ver?

— Não sei. – Antes que eu tivesse notado, a mentira tinha saído. Ele me olhou, preocupado.

— Da próxima vez berra antes que eu quase te fure pra valer.

— Acredite, não vou querer treinar com você e seu sai tão cedo.

— Não é tão assustador.

— Não é quando você quem manuseia.

— Sabe que pode contar comigo, certo? Seja coisa boba ou não.

— Eu tive esse sonho. Pesadelo, na verdade.

— Ok.

— Eu virei pó às doze. Não sei se da manhã ou da noite. Mas era Cronos.

— Então, só travou pelo susto? A ideia de já ser meio dia?

— Não, eu não sei. Era realmente como se alguém estivesse me segurando. Mas não duvido se for só paranóia.

— Isso é coisa de semideus, essa história de sonhos proféticos e coisas assim. E acredite, profecias tendem a aumentar tudo. Vai ficar tudo bem.

— Espero que sim. Eu nem devia estar tão louca assim, mas…

— Relaxa, ok. Não vou deixar nada te acontecer.

— Você também tem esses sonhos, sim? – Ele deu de ombros. – Algum recente?

— Não, de verdade. Ando até estranhando. Meu irmão parece estar um pouco desligado, no entanto. De toda forma, não vamos pensar nisso agora. Aproveita um pouco minha companhia, é sua sorte de hoje.

Ri e aproveitei o abraço que ele me deu, relembrando algum dia distante do passado, quando só éramos amigos de escola e ele bebia todas. Fiquei grata por ele ter matado aquele hábito, apesar de ainda vê-lo tomando algo às vezes.

Apesar de nublado, o céu ainda estava bonito. A noite parecia um manto sobre nós e o abraço acolhedor me deixou relaxar por um instante, antes que o peso de uma guerra voltasse.

Eu estava deveras disposta a acreditar nele. Sonhos são exagerados, horas são apenas medições de tempo, vai dar tudo certo. Aconchegada naquela abraço e observando as ondas quebrando, dormi.


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Notas finais do capítulo

Bjs ♥



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