Demigoddess escrita por Pacheca


Capítulo 63
Terrorism


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas. Era pra eu ter postado ontem, mas a jumentinha aqui fez o favor de apagar o documento e perder o progresso todo ;-; Então tive que reescrever tudo, mas essa gripe maldita tá me deixando meio morta .q Aproveitem lindjos ♥



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  A parte mais difícil das missões dos semideuses estava longe de serem os monstros ou as experiências de quase morte. Isso era a parte comum. O complicado ficava na movimentação. Principalmente na parte de explicar para um senhor de seus 50 anos o motivo que te levariam a atravessar um belo pedaço de mar para ir até um rochedo que, aparentemente, não tinha nada de especial.

  – Olha, senhor, eu preciso mesmo ir até lá.

  – Nada feito. Não vou ser eu quem vai te carregar pro seu plano suicída. – Ah sim, quando o tal rochedo fica conhecido na região como “Pico da morte”, não facilita muito.

  – É realmente urgente.

  – Se precisa de fotos pode pegá-las na internet.

  – Olha, eu te dou o que você quiser, mas é realmente sério.

  Acho que cheguei em algo interessante. Achei que ele fosse me pedir algo difícil ou caro demais, mas fiquei surpresa quando ele suspirou e cedeu.

  – Tudo bem. Eu te levo, desde que me traga uma pedra daquele lugar.

  – Uma pedra?

  – É aniversário da minha filha esse mês. Queria dar algo especial. Dezesseis anos, sabe?

  – Ah. Tudo bem, mas uma pedra?

  – Minha esposa é artesã. Acho que ela consegue fazer um colar ou algo assim.

  Concordei, entrando no barco antes que ele mudasse de ideia. Ouvi o motor ligando e me segurei. O mar estava calmo, mas eu não. Depois de descobrir que eu era filha de Hades e que eu, teoricamente, era um segredo, barcos me deixavam enjoada. Acho que Poseidon não estava realmente disposto a me matar, mas ele sabia de mim. Ou não? A ideia me deixava tensa.

  Não demorou muito até o senhor encostar o barco há poucos passos de uma margem. Agradeci e, meio desanimada, desci do barco. Molhei os pés para conseguir chegar até a margem escura, estudando meu ambiente. Comecei a subir, tomando cuidado.

  Aliás, outra ideia que me aterrorizava. Se os semideuses tinham o mar e os céus a seu favor, eu tinha a morte. Herança do meu pai. Podia ser ótima companheira pros chás da tarde, mas para missões arriscadas, acho que não.

  Achei a primeira entrada poucos metros acima, um túnel um tanto largo e escuro. Um lugar adorável. Como eu não sabia quem encontraria pelo caminho, tive que ir me guiando pelo escuro. Não gosto de assumir derrotas, mas Nico provavelmente estaria melhor nesse ambiente.

  Demorei um pouco, tendo que encontrar esconderijos quando algum monstro estranho passava pelo túnel principal, mas consegui, enfim, alcançar a forja. O centro da montanha, com um tom alaranjado criado pelas fornalhas. Aquele cenário me lembrou ainda mais que estávamos em guerra. Eles tinham pilhas de armas, de todos os tipos.

  Tirei o cilindro do bolso. Um dos meninos do chalé de Hefesto me entregara o aparato, explicando como funcionava. Eles ainda estavam bem abalados pelo que acontecera com Beckendorf, mas não falavam muito. Só trabalhavam, como se pra fugir da realidade. Que um de nós acabara matando-o.

  Ele tinha feito uma inscrição no metal pouco maior que a palma da minha mão. “Pelos que amamos”. De novo, miha cabeça berrava a palavra “guerra”.

  Olhei a forja mais uma vez. Se eu entendera bem, aquele cilindro ia explodir aquele lugar praticamente inteiro. Não sabia nem se a montanha em si continuaria de pé. Não contei aquela parte pra Dante, mas eu não tinha certeza se sairia viva dali. Ou sequer se sairia.

  O ferro estígio do meu anel brilhava com a luz do fogo lá embaixo. Respirei fundo e girei o cilindro, rolando-o pelo chão para evitar chamar a atenção. E corri. Não tinha tempo pra checar se funcionaria. O estrondo, as pedras começando a cair, e o calor que me alcançaram me deram a dica. Funcionou.

  Acho que o único jeito de descrever a cena seguinte seria com “digno de um filme dirigido por Michael Bay.” Eu já podia ver o céu azul, quando o ar que se expandiu com a explosão me alcançou. Fui jogada metros de distância, com as costas da camisa pegando fogo. Pelo menos até eu cair na água com um chiado.

  Lembra o desespero que me dava no mar? Aparentemente eu não tinha razão. Eu emergi quase de imediato, com o cabelo colando no rosto. O que atrapalhou minha visão por alguns instantes e, talvez a sorte não fosse tão minha amiga, quase me fez ser atropelada pelo barco desesperado do senhor.

  Agarrei um lado da embarcação, fazendo-a oscilar. O homem me olhou chocado, com o barco no limite, fugindo das pedras que caiam no mar e desestabilizavam a água. Quando já estávamos fora de risco, ele encostou o barco e me levou até uma margem.

  – Qual seu problema, garota? O que te fez...

  – Eu espero que o senhor tenha esquecido isso até o final do dia. – E eu realmente tinha essa esperança, mesmo que fosse remota. A expressão dele de quem estava prestes a me dar um soco ou uma porrada com uma vara de pesca, imaginei que ele não ia esquecer nunca. – O senhor não acreditaria mesmo, ok?

  – Você é uma daquelas terroristas?

  – O que? Não, não é isso.

  – Então...

  – Eu esqueci sua pedra. – Ele olhou para mim, suspreso com minha fala súbita. – Olha, eu não sei se o senhor vai conseguir enxergar, mas é o máximo que posso fazer. Obrigada.

  Eu passara tanto tempo com aquilo no pescoço que eu nem me lembrava dele direito. E tirá-lo foi como perder quinze quilos de uma vez, mas num péssimo sentido. Olhei o presente de Chad, a paisagem conturbada que aparecia no anel pendurado na corrente. E, como se desse parte de mim para alguém, entreguei-o ao senhor.

  Ele encarou o presente. E pelo choque, ele conseguia ver que a paisagem mudaria. Murmurei mais uma vez pedindo desculpas e, como uma fugitiva, sai correndo. Aquele sentimento ruim, de que algum bicho me consumia por dentro, retornara. Eu já comentei que detestava matança? Mesmo que fossem só monstros, sentí-los se esvaindo me deixava enjoada.

  Como se eu estivesse junto deles.

  Agora, a missão cumprida, eu tinha que voltar logo ao acampamento. Eu tinha gastado mais tempo do que tinha calculado, o que me dava menos de doze horas para atravessar o país.

  Uma coisa bem divertida que se descobre quando se é filha de Hades e precisa se esconder num campo aberto. O subterrâneo está sempre lá. Respirei fundo e, mentalizando bem, afundei no chão.

  Não era o submundo. Não ainda. Se eu descesse mais, apareceria num dos campos de asfódelos, ou algo assim. Ali era feito o forro de uma casa. Almas e mais almas desciam os túneis na direção de uma sala conhecida. A recepção. Corri para lá e, quando Caronte viu que a viva que chegara era eu, voltou a ler sua revista de moda inglesa. Olhei ao redor. Nova York, Nova York. Estava à minha direita. Subi para aquele túnel e segui viagem.

  Nico era o viajante do escuro, eu era a das profundezas. Sem sarcasmo. Tive que fechar os olhos quando voltei à superfície, um beco em Manhattan. Um táxi até o acampamento e tudo estaria pronto.

  Antes fosse tão fácil. Eu perdera duas horas na viagem abaixo da terra. E ao que parecia, estava para perder mais algumas. Olhei meu relógio, por precaução. Três horas até o meio dia. Doze. Aquele número maldito me atormentava. Deixei de lado e me concentrei no meu problema imediato. As benditas fúrias que me seguiam.


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Notas finais do capítulo

Até a próxima, gatos.



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