Demigoddess escrita por Pacheca


Capítulo 43
Real Nightmares


Notas iniciais do capítulo

Então, fortes emoções...Boa leitura



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/310057/chapter/43

POV Elgin

Quando acordei, já tínhamos encostado num hotel de beira de estrada. Dante foi pegar um quarto para nós, com três camas dessa vez. Fiquei com Yamamoto, perto do carro.

Minha mente vagueava até a garota no ferro velho, pálida e sem vida. Aquela sensação de conexão ainda estava lá, mas eu não conseguia explicá-la. Talvez eu estivesse vivendo um deja’vú.

– Desistiu do brinco? – Yamamoto parou do meu lado, brincando com a bijuteria, me tirando do meu devaneio.

– Oi? Ah. Não, mas você não quer devolver. – Coloquei as mãos nos bolsos, encarando o chão. Estava cansada.

– Posso devolver, com uma condição. – Ele ergueu o brinco até meus olhos, sorrindo de um jeito sugestivo.

– Digamos que eu concorde, qual seria a condição? – Olhei para ele, cruzando os braços.

– Coisa simples. Só isso. – Antes que eu respondesse, ele me agarrou. Travei, enquanto ele me beijava. Depois de alguns instantes, consegui afastá-lo.

– O que... – Tentei perguntar alguma coisa, mas gaguejei. Ele me cortou.

– Toma seu brinco. – Me entregou o acessório e foi atrás de Dante, sorrindo. Coloquei o brinco de volta. Sacudi a cabeça e fui até o hotel também.

Dante conseguiu um quarto com três camas de solteiros, que eram tão coladas que quase pareciam uma única cama grande. Abri o pequeno armário do quarto, achando algumas roupas esquecidas. Uma das camisas me servia de vestido.

– Vou tomar um banho. – Os dois me olharam. Dante se levantou.

– Vou conseguir alguma coisa pra comer. – Deixou o quarto, em silêncio. Fui pro banheiro, desesperada pra tirar minhas roupas sujas.

Tomei um banho rápido, lavando minhas roupas junto. Saí do banheiro com a camisa no meio das minhas coxas, sentindo frio. Yamamoto estava com o cabelo solto, penteando-o por mechas.

– Gente. Quanto cabelo você tem? – Me joguei na cama perto da janela, abraçando o travesseiro.

– Ele não é muito grosso, não é tanto assim. Mas ainda dá muito nó. – Ele passou o pente mais uma vez por uma das mechas.

– Por que você não corta o cabelo?

– Gosto dele assim. – Ele parou de pentear o cabelo, me encarando. – E a propósito, eu consigo ver sua calcinha desse jeito.

Me sentei no mesmo instante, fazendo-o rir.

– Era mentira, mas eu gostaria de ver. – Revirei os olhos, pegando meu iPod.

– Descarregando. Droga. – Ele voltou a pentear o cabelo, com o elástico no braço. – Me empresta o pente depois?

– Claro. – Ele concordou com a cabeça. Olhei pela janela. Mais uns dois dias e chegaríamos ao monte.

Dormi antes que Yamamoto me desse o pente.

POV Yamamoto

Acordei assustado com o grito. Dante também parecia confuso. Me levantei num pulo, indo até Elgin. Ela estava completamente suada, com vários fios de cabelo colados à testa e tremia.

– El. El, acorda! – Dante a agarrou pelos ombros e a sacudiu com força. Ela acordou sobressaltada, ofegante. – Calma, garota.

– Ei, tudo bem. – Ela passou a mão pelo cabelo, controlando a respiração. – O que houve?

– Nada. É só um pesadelo. – Ela se sentou, passando a mão pelo rosto. – Desculpa.

– Tudo bem. – Dante se levantou. – Vou buscar alguma coisa pra você tomar.

Ela só anuiu com a cabeça, mas não disse nada. Fiquei sentado ao seu lado, sem saber o que fazer.

– O que era? O pesadelo?

– Um penhasco. Alguma coisa querendo me pegar. Dante caindo. Chad sendo esmagado. Você nos traindo.

– Valeu.

– Desculpa. Pode ser paranoia minha. – Ela passou a mão pelos cabelos de novo, olhando pela janela.

– Eu entendo. Afinal, os tempos estão difíceis, pelo que eu ouvi de vocês. Nada mais justo do que duvidar de mim.

Ela ficou em silêncio, olhando pela janela. Elgin passou a brincar com o anel azul com o metal estranho. Nunca descobri o que era. Dependendo do ângulo, você poderia achar que era um pedaço de latão ou da mais fina prata. Acho que nem ela saberia.

– Então, qual a coisa desse seu troço? – Apontei pro anel, chamando sua atenção.

– É um anel.

– É mesmo, gênia? Perguntei porque você sempre anda com ele.

– Foi um presente. – Ela deu de ombros, antes de completar. – E não é como se eu tivesse escolha. Eu tentei jogá-lo fora e ele simplesmente voltou, então...

– E isso tem alguma função?

– Ele esquenta na presença de monstros ou seres mitológicos em geral. E pode virar qualquer coisa. Tipo, de armas. Até pás. – Ela pareceu um pouco abalada em falar das pás, mas podia ser pura impressão.

– Legal. Quando fui pro acampamento, tive que me contentar com um punhal velho. E nem era um dos legais.

Ela deu uma risada, mais tranquila. Sorri com a risada dela, coçando um dos olhos.

– Por que você não quis voltar? Hermes não te reclamou?

– Ah, ele o fez. Alguma coisa brilhante sobre minha cabeça e todo mundo se ajoelhando e me cumprimentando. – Me deitei na cama dela, enquanto ela revirava os olhos. – Não foi por isso.

– Por que então?

– Eu era um moleque de 12 anos, completamente inútil com meu pequeno punhal idiota e largado pela mãe. Simplesmente não tenho boas lembranças.

– A missão? – Concordei, meio hesitante. – O que teve que fazer?

– Sabia que ia perguntar isso. Sinceramente, não era nada importante. Só me pediram para ir atrás de um artefato. Nem lembro direito o quê. Talvez uma espada velha? Pode ser.

– E como conseguiu isso? – Apontou para a cicatriz no meu braço.

– Pra simplificar, algum tipo de monstro. Não adianta me perguntar o tipo, nunca soube. – Fiquei em silêncio um instante. – E você? Alguma marca memorável?

– Tenho uma na barriga. E bem, alguns arranhões nos braços, mas nada demais.

– Como conseguiu a da barriga? Durante sua missão pelo Elmo?

– Não, depois. Quando o pinheiro estava morrendo.Tivemos que ficar de vigia, fui pega por um Minotauro. Achei que fosse morrer.

– O que você tanto vigia nessa janela? – Me levantei, me debruçando sobre ela.

– Não acha estranho, não sofrermos nenhum ataque? Quais as chances de três semideuses passarem despercebidos?

– É, acho que tem razão. É estranho mesmo.

POV Elgin

Assim que ele acabou de falar aquilo, meu anel começou a esquentar, todo de uma vez só. Senti meu dedo queimar. Queimar, não doer. Olhei pela janela, procurando alguma coisa, tanto no céu quanto no chão.

Nada. Olhei em todas as direções, mas nada. E o anel continuava esquentando. O que infernos estava acontecendo? Me levantei, como se melhorasse alguma coisa.

Dante entrou no quarto no instante que Yamamoto tentou me ajudar.

– O que foi?

– Eu não sei, mas tá queimando. Não vejo nada, droga.

– Eu vejo. – Yamamoto apontou para um ponto no escuro lá fora. – Envolve um certo deus ferreiro e um bicho gigante de metal. Parece nos esperar.

– Tem razão. – Dante olhou pela janela também. – Ele não ataca, está esperando.

– Temos que sair daqui. – Me virei para a porta, mas um deles me puxou de volta. Yamamoto.

– É o que ele quer?

– Por quanto tempo acha que ele espera? – Apontei pro touro de ferro lá fora. – Ele pode machucar alguém.

– Argh, tudo bem, tudo bem. – Ele concordou. – Vamos logo.

Dante escancarou o armário e tirou uma mochila de dentro dele, completamente esfarrapada.

– O que tem ai?

– Nada, só um par de luvas. – Yamamoto pegou o par de luvas e os estudou.

– Cara, você precisa prestar mais atenção no par de luvas. – Ele as colocou nas mãos. Só então percebi que apesar de parecerem de tecido elas eram de bronze celestial. E que era cheio de espinhos do tamanho do meu polegar.

– É, isso é bem mais legal que um par de luvas. Vou ter que me contentar em correr. – Ele se virou pra mim. – Me ajuda nessa, El.

– Tudo bem. Vamos. – Saímos do quarto, quietos. De repente, tudo parecia muito mais vazio do que deveria estar.

Assim que saímos, ele se mexeu. Apesar de relutante, pensei nas minhas duas espadas. Me lembrei dos meus treinos com Luke, mas tentei não pensar naquilo. Naquele maldito traidor.

Fomos caminhando devagar, querendo chegar até o carro. Claro que não conseguimos. Quais as chances de um touro mágico, aparentemente com o sistema corrompido, não tentar te matar? Exatamente, nenhuma.

Ele correu pra cima de nós a todo vapor. Corri em qualquer direção, vendo Yamamoto pouco atrás de mim, correndo também. Dante tinha ido em outra direção.

Parei quando vi que o touro seguia atrás de Dante. E não me pergunte como, eles estavam distantes. Muito mais do que eu imaginei.

– Dante! Volta pra cá! – Me virei pro outro. – Pega o carro.

Ele correu até a caminhonete, tomando cuidado.

POV Dante

Agora tudo fazia sentido. Um touro louco correndo atrás de mim. Confere. E um precipício à minha frente. Confere também. Aquilo era meu sonho.

E o pior é que eu nem sei de onde surgiu aquele buraco. Jurava que antes aquilo era simplesmente era um monte de terras vazias, mas ainda assim, terras.

Elgin me mandou correr de volta, mas não era como se eu fosse conseguir me manter fora do alcance daquele troço. E mesmo se eu conseguisse, não podia atraí-lo de volta pros dois. Pra cima dela.

Ignorei os gritos dela e continuei correndo. Nunca me senti tão devagar. Talvez porquê eu soubesse que não tinha muita escolha ai. O precipício se aproximava. Vi o japonês chegando até a caminhonete e ligando-a.

Se eu conseguisse correr mais que aquilo. Mas eu estava lento. Muito lento. Àquela altura, eu não tinha mais pra onde correr. A não ser adiante.

Foi o que eu fiz. Fechei meus olhos e continuei correndo. Até perceber que não tinha mais chão abaixo de mim. Finalmente abri os olhos, ouvindo o grito desesperado de Elgin.

– DANTE! NÃO! – Fechei os olhos, esperando pelo impacto que acabaria comigo. O touro ficou lá em cima, me olhando. O eco do grito dela me fez pensar uma última coisa.

“Cara, como eu sou um imbecil. Que os deuses a ajudem.” ACALMEMSE


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

ACALMEM-SE, por favor! Eu vou retomar no próximo capítulo...sofram enquanto isso muahahahaha



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Demigoddess" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.