Demigoddess escrita por Pacheca


Capítulo 40
Skinny Love


Notas iniciais do capítulo

Perdoem-me a demora, minhas aulas voltaram ;-; Juro que esse ano ainda eu termino todas as minhas fics .q
Boa leitura ;3



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Dante parou com o carro em uma pousada de beira de estrada. A ideia não me trazia boas recordações, mas eu não podia reclamar. Bem, na verdade podia, mas ia acabar tendo que dormir no carro.

Yamamoto desceu antes de nós, indo pegar um quarto, enquanto eu me lembrava da nossa primeira missão.

– Vamos rezar que eu não tenha que atirar em Fúrias. Nenhuma delas. – Dei de ombros e desci da caminhonete. Dante veio logo atrás.

Parei no vão da porta, séria. Só tinha uma cama, de casal. Encarei Yamamoto, que só deu um sorriso e se jogou na cama. Dante cruzou os braços, parado no meio do quarto.

– O que? Achei que um de vocês tivesse decidido dormir na caminhonete. – Ele pôs as mãos atrás da cabeça.

– O que falou para a recepcionista? Que éramos um casal gay? – Dante deu um sorriso, surpreso.

– Teria se incomodado? – Yamamoto deu de ombros.

– Por que fez isso? Sabia que éramos três. – Me virei para o garoto deitado na cama. – Tudo bem, eu durmo no chão.

– Esquece, não vou dormir com um japonês. – Dante se virou pra mim.

– E dormiria se fosse um africano? – Dei de ombros.

– O que? Não! – Dante me olhou, franzindo o cenho. – El, eu não acredito nisso...Oh minha nossa. Você realmente falou isso?

– Falei o que? – Ergui uma mão, sem entender.

– Ai, os estereótipos. – Yamamoto sorriu, me encarando. – Posso te afirmar que está errado, ao menos ao meu respeito.

– Hein? Que estereótipo? – Olhei Dante, esperando a explicação. Ele só ergueu uma sobrancelha e ficou me encarando. Pensei um pouco. – Oh meu Deus. Deuses, não! Não era o que eu estava falando, obrigada.

Os outros dois deram uma risada rápida, me deixando vermelha. De raiva ou de vergonha eu não sei.

– Japa, você dorme no chão então. – Puxei o travesseiro de debaixo da cabeça dele.

– Por que? Não quero dormir no chão.

– Pedisse um quarto com 3 camas. – Respondi, o empurrando para fora da cama. Ele se levantou na metade do caminho e deitou sobre o tapete, com um travesseiro a mais que havia na cama.

– Ao menos eu posso me cobrir? – Ele perguntou, emburrado. – É frio aqui embaixo.

– Toma. – Joguei um cobertor para ele. Achei um outro dentro de um armário num canto e me deitei de novo. – Boa noite.

– Apague a luz. – Ele respondeu, irritado. Dante fez o favor de apagar a luz e se deitou ao meu lado.

Me deitei de costas para ele, colocando o braço sob o meu travesseiro. A respiração dele roçava minha nuca, me dando um arrepio, mas não me movi.

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Acordei com Dante, se virando na cama. Mais uma vez. Fiquei de olhos fechados por alguns instantes. O quarto estava num silêncio absoluto. Talvez Dante dormisse de novo e eu voltasse aos meus sonhos.

Abri os olhos quando ele se virou de novo, mas não me virei. Só quando ele pôs o braço na minha cintura. Suspirei e me virei para ele, tirando meu braço de baixo do travesseiro.

– O que foi? – Sussurrei para ele. – Por que não dorme?

– Pesadelos, ok? – Ele sussurrou de volta.

– E esse braço? – Pus a mão sobre a dele.

– Que quê tem? Deixa ai. – Ele sorriu. – Desculpa, estava procurando uma posição para dormir.

– Ei, Dante. – Eu me aproximei mais dele. Estava frio, mesmo com o cobertor. E eu não queria que Yamamoto ouvisse. – O que você sonhou?

– Uma coisa gigante de Hefesto tentando me matar. É bem comum, esse pesadelo. – Ele deu de ombros. – Por que não quis dormir com o asiático?

– Não sei. Te conheço a mais tempo, achei mais seguro. – Minha vez de dar de ombros. Ele sorriu, rindo sem som.

– O que te faz achar que é mais seguro comigo? – Ele franziu a testa, ainda sorrindo.

– Não me faria nada, Dante. – Revirei os olhos. Tentei me virar de novo, mas ele me segurou. – Que foi?

– Nunca esteve tão errada. – Ele estava sério agora.

Dante acabou de me puxar para perto dele e me beijou, me travando pelas costas. Pus minhas mãos contra o peito dele, espremidas. Fechei meus olhos, deixando ele deitar por cima de mim.

– Nunca. – Ele se separou, ofegante. Ele me prendia entre seus joelhos agora, com meus punhos presos acima da minha cabeça. Minha cabeça girava. – O que foi, El? Queria que eu continuasse?

– Me solta. – Trêmula. Minha voz estava trêmula. O encarei, séria. – Anda, me solta.

– Se pensar direito, vai ver que minhas mãos estão nos seus pulsos, mas não te prendem. – Ele sorria, daquele jeito torto de novo. – Não me respondeu, El.

O sussurro no meu ouvido me fez tremer completamente. Puxei meus punhos, que deslizaram sob os dedos de Dante. Pisquei, tentando desviar meu olhar dele, mas não consegui.

– Só vou te deixar dormir quando me responder. Anda. Queria? – Ele perguntou de novo. O olhei direto nos olhos agora. – Queria, El?

– Sim. – A voz agora firme. Apertei minha boca, tentando tirar a sensação de quando os dele estavam lá. – Agora me solta?

– Isso vai acabar muito mal, Elgin. Você sabe bem. – Ele se deitou de novo, me soltando com os joelhos. Me virei também, de costas.

Minha cabeça ainda girava, eu não conseguia ar o suficiente para respirar. E aquele beijo... Pisquei de novo, tentando esquecer aquilo, mas não conseguia.

Aquele tinha definitivamente sido o melhor beijo da minha vida. Fechei os olhos, tentando dormir de novo. Só tinha mais algumas horas de sono.

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Voltei para a caminhonete, no meio de novo. Yamamoto já estava na direção, só esperávamos Dante acabar de pagar nossa conta e comprar alguns lanches na loja ao lado.

Olhei para o céu, procurando alguma coisa. Só por precaução. Afinal, eu podia pensar em uma arma a qualquer instante. Yamamoto olhou pelo para-brisa também.

– O que procuramos? – Ele perguntou, se inclinando para mim, mas sem tirar os olhos do céu.

– Qualquer coisa estranha. – Dei de ombros. Olhei pela janela. – Dante está vindo.

– Muito bem. – Ele pôs o cinto e deu a partida. Dante me entregou uma sacola e colocou o próprio cinto. Eu já estava com o meu.

– Batata chips, água, refrigerante, dois saquinhos de bala e dois pacotes daquele biscoito que você gosta, El. – Olhei os itens dentro da sacola.

– Obrigada. – Peguei o saco de batata chips. – Não é o café da manhã mais saudável do mundo, mas serve.

Dante e eu alternávamos em enfiar a mão no pacote de batatas. Yamamoto tinha tentado pegar por conta própria também, mas sempre acabava me acertando. Então, por mais que a ideia não me agradasse, passei a dar as batatas na boca dele.

As batatas duraram meia hora. Pus a embalagem vazia na sacola que Dante me entregara. Liguei o rádio. Estava tocando Skinny Love, não vi em qual estação.

As janelas estavam fechadas, por causa do vento frio. A música tocava na versão original, do Bon Iver. Cantei a letra junto com o rádio. Dante encarava a paisagem. Yamamoto cantou comigo.

Continuamos viajando, sempre procurando algum perigo, sempre em silêncio, não fosse a música. A noite continuava na minha mente, com Dane me perguntando. E eu respondendo na maior sinceridade.

E o pior de tudo. Eu sabia que ele estava certo, aquilo não ia dar certo. Eu teria que escolher um deles. Nesse exato momento, cantei outra frase da música.

“Quem vai te amar? Quem vai lutar? Quem vai cair logo atrás? ”

Mais um nó se formou na minha cabeça, mas não consegui desfazer esse.


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Notas finais do capítulo

E ai, Violet? O que acha? Satisfeita ou quer mais? E quanto a vocês, outros leitores, o que acham? Contem-me ^~^



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