Paramos no fim da tarde, já quase no outro limite de Nova York. Eu não sabia bem porque, mas achei que seria um bom lugar para começar a busca.

– Então, o que fazemos agora? – Dante ligou o rádio, procurando uma estação a seu gosto. – Ficaremos sentados esperando sua bijouteria formigar?

– Eu não sei, mas se você calar a boca um minuto eu talvez possa pensar. – Dante estava voltando a ser o babaca de sempre, infelizmente.

Respirei fundo, sentindo os olhares dos outros quatro sobre mim. Olhei pela janela, procurando alguma coisa que me desse uma luz. Cheguei a pedir que meu pai me ajudasse. Ergui a cabeça de novo e vi um letreiro de neon.

– LA. – Claro, poderia não ter nada a ver, mas me pareceu tão importante naquele momento, que chegava a me pressionar, como uma força invisível.

– Como? – Chad me olhava pelo retrovisor.

– Eu não sei, mas acho que é LA. Nosso destino.

– Eu realmente vou ter que atravessar o país com essa belezinha aqui? – Ele agarrou o volante com mais força.

– Não. Nós vamos devolver o carro, anonimamente. – Ele ia começar a falar alguma coisa, mas ergui a mão calmamente. – Não podemos fazer isso nesse carro.

Ele concordou, muito facilmente. Estranhei aquilo, mas não comentei nada. Sai do carro, esperando os outros me seguirem. Dante foi o último, realmente se prendendo ao carro.

Assim que ele saiu caminhei até um telefone público e liguei para a polícia. Quando atenderam eu falei de uma só vez aonde estava o carro e que sentia muito. Desliguei antes de receber uma resposta.

Atravessei a rua correndo, os outros me olhando de uma forma estranha. Ignorei-os, parando do outro lado. Não sei o que eu estava fazendo, mas continuei.

POV Dante

Eu não conseguia entender o que ela estava fazendo, mas não fiz nada para pará-la. Olhei para os outros três do grupo, todos com a mesma expressão que eu.

Ela então parou um momento e entrou numa loja de antiguidades. Chad já estava atravessando a rua com Trianna, mas o garoto das pernas estranhas ainda não.

– Não vai fazer nada?

– Assim que eu conseguir atravessar a rua. – Ok, a hostilidade na voz confirmou que ele não gostava de mim.

Fui atrás do meu irmão, deixando o garoto das pernas esquisitas para trás. Não sabíamos o que ela estava fazendo, mas como ela era a líder, fomos todos atrás dela.

Elgin parecia estar descontrolada, como se soubesse o que tinha que fazer, mas não soubesse como. Na verdade, estava bem estranha, a ponto de me preocupar.

Mas quando é que eu não me preocupava com ela?

POV Chad

Consegui alcançar El antes que ela esntrasse num bar. Ela estava me assustando, agindo como se estivesse no modo automático. Ficou daquele jeito depois de ver um letreiro escrito LA.

– El, para. – Ela me olhou surpresa. – Respira fundo. Vem cá. – Consegui sentá-la no meio fio. O que tinha acontecido?

Trianna sentou-se do outro lado, Scirus e Dante pararam na nossa frente. Elgin respirou fundo e me olhou, me agradecendo por ajudá-la. Acho que nem ela sabia o que tinha acontecido.

Sorri tentando animá-la, mas ela se levantou e voltou a andar, dessa vez mais lúcida. Me levantei e ajudei Tri, também preocupada. Fomos atrás dela, sem dizer uma palavra que fosse.

POV Elgin

Me sentei na beira da elevação ao lado de Dante, soltando meus cabelos mal cortados. Dante passou os dedos nos nós na parte de trás, no meio das minhas costas.

Tínhamos pego um ônibus e atravessamos New York e depois pegamos carona com um caminhoneiro até Ohio, aonde estávamos agora. Até agora tínhamos seguido sem problema.

– O que foi? – Dante ainda olhava o céu, pensativo.

– Não sei. – Suspirei. – O que aconteceu hoje não pode mais acontecer.

– Você quer dizer aquela loucura sua? De sair por ai?

– É, Dante. – Puxei uma folhinha de grama e comecei a enrolá-la nos dedos.

– Fiquei preocupado com você. – Agora ele olhava pra mim. – Com medo por você.

– Amanhã começa. Nosso prazo. – Aquilo estava me deixando ansiosa, e eu precisava colocar aquilo pra fora.

E, por mais estranho que parecesse, Dante parecia o melhor ouvinte. Chad era meu melhor amigo, junto com Trianna, mas naquelas situações era Dante quem me entendia, porque ele não tentava me confortar, ele me dizia a verdade.

– Acha que vamos conseguir?

– Quem sabe? Só temos quatro dias, e talvez nem cheguemos até lá em tempo.

– Acha mesmo que a resposta é LA? Por causa de um letreiro?

– É o único sinal que eu tive. E aliás, se não for a resposta já vamos ter fracassado mesmo.

– Só temos uma chance, que bom que você sabe. – Olhei pra ele. Dante não estava normal, ao menos não o normal dele.

– Qual seu problema, Dante? Porque você não é assim.

– Assim como?

– Uma pessoa normal, que fica mais que duas frases sem tentar me cantar. – Ele deu um sorriso torto. – É sério, o que houve?

– Eu só estou em choque, só isso.

– Por causa do seu pai?

– Por você. Como agiu hoje.

– Já disse que se preocupou, mas você já estava estranho antes, quando ainda estávamos na sua casa.

– Meu pai liga pra gente. Claro, ele continua sendo um babaca, mas ele se importa, um pouco.

– E você gostou disso.

– Sim. – Ele respirou fundo e mudou de assunto. – Mas, só para você não desacostumar, seu cabelo te deixou ainda mais linda.

– Pelo amor de Deus, Dante.

– Todos eles. Mas é sério, gostei dele solto. – Sorri agradecendo, observando ele se levantar. Olhei para trás, Trianna me olhando como se perguntasse se podia chegar mais perto.

Inclinei a cabeça ainda sorrindo, indicando o ponto em que Dante estava. Ela veio num passo rápido, me olhando curiosa, e indicando Dante. Revirei os olhos e ri com ela.