Demigoddess escrita por Pacheca


Capítulo 15
Outside Help


Notas iniciais do capítulo

Perdão a demora, mas acho que já falei umas quinhentas vezes sobre o horário curto e tudo mais, então...



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Olhei pela janela da van, o vento bagunçando meu cabelo. Scirus estava comendo uma lata de Coca Cola do meu lado e Chad tentava ligar pra mãe.

Coloquei os fones de ouvido e apertei o play no ipod, presente de Trianna. A voz de Eddie Vedder cantando Black me acalmou um pouco. Como eu amo essa música.

Meu telefone vibrou no bolso da minha calça. Me retorci no banco da van, mas enfim consegui pegar o aparelho. Era uma mensagem de Dante. Abri curiosa.

Você sequestrou meu irmão, é isso?

Não. Aliás, ele está desesperado tentando ligar pra sua mãe.

Ah, então ele ainda tem o celular?

Avisa pra sua mãe que estamos voltando pro Brooklyn.

Por que eu deveria?

Então ela não passa o dia preocupada com o sumisso do seu irmão?

Touché. Liga pra Tri.

Por quê?

Ele não respondeu. Cutuquei Chad e falei pra ele que já tinha mandado uma mensagem pra Dante. Ele não ficou muito satisfeito, mas não tentou mais ligar.

Tentei falar com Trianna depois, mas ela não atendeu. Não sabia mais se devia ficar preocupada ou só curiosa. Decidi ficar com a segunda.

– Aonde vamos, você sabe, enquanto não sabemos o que temos que fazer? – Chad perguntou se virando pra mim e passando a mão nos cabelos loiros, pouco maiores que o usual.

– Brooklyn. Acho que devíamos começar a procurar algo num lugar conhecido. E o único lugar que eu conheço é o Brooklyn. – Tanto Chad quanto Scirus concordaram com a lógica.

Me recostei e troquei de música. Coloquei Wish You Were Here pra tocar e encostei minha cabeça no banco. O vento me dava sono, e logo minhas pálpebras começaram a pesar.

Acordei num sobressalto. Chad e Scirus também estavam preocupados, mas nenhum de nós parecia enxergar qualquer coisa que pudesse ter caído no capô da van.

Argos, o nosso motorista/segurança de vários olhos, parou no acostamento e abriu a porta. Descemos e ficamos olhando ao redor, procurando algo de estranho.

Nada. Eu procurava algo no céu, mas não via nada. Chad e Scirus também não encontravam nada. Argos achou melhor voltar a viagem, não demoraria muito mais, mas já estava escurecendo.

Fiquei pensando no que poderia ter sido aquela coisa que esmagou capô. Parecia um morcego, ou pássaro, ou algo do gênero. Não achei que fosse algum monstro nem nada, eu já tinha percebido que todas as vezes que algum deles estava próximo meu anel formigava no meu dedo.

Olhei o prédio por um tempo, apenas uma janela estava acesa. Com sorte, eu ainda morava naquele apartamento. Respirei fundo antes de abrir a porta e sair da van.

Scirus e Chad me seguiam de perto. Argos foi embora, indo para o acampamento, provavelmente. Vasculhei minha mochila à procura da chave, enquanto atravessava a rua.

Scirus já estava com as muletas de novo, então demorou um pouco mais, mas como era uma rua mais deserta não fez muita diferença. Entrei no prédio, me sentindo diferente.

Eu só tinha passado uma semana, ou um pouco mais, no acampamento, mas já parecia ser meu lar mais do que meu apartamento. Abri a porta, Chad ao meu lado. Acho que ele percebeu como eu estava.

Acendi a luz e coloquei a mochila no chão. Scirus pareceu gostar do lugar. Minhas coisas ainda estavam lá dentro, então o apartamento ainda era meu.

Chad e Scirus ficaram olhando alguma coisa na cozinha. Fui até o quarto e abri a gaveta da cômoda. Meu dinheiro ainda estava lá, cada nota. Sorri aliviada, aquilo era tudo que eu tinha.

– Então, por onde começamos? – Nos sentamos na mesa da cozinha, olhando um pro outro – Algum de vocês tem alguma ideia?

– Eu não sei. – Scirus respondeu – Talvez devêssemos olhar lugares que vocês dois conheçam. A casa dele, ou da amiga de vocês, ou a escola.

– Eu tenho que falar com minha mãe e Dante, de qualquer jeito. E temos tempo, não? Quatro dias, não é isso?

– Seis, o Oráculo falou que começaria em três dias, mas só se passou um, por enquanto.

– Então vamos resolver as coisas na minha casa e passar na casa de Tri, depois nos dedicamos à missão.

– Então, passamos a noite aqui. – Nos levantamos, andando pelo pequeno apartamento. Fui a primeira a ir dormir. A última coisa que me lembro, vagamente, é um movimento na cama.

Abri os olhos devagar. Assim que o vi me assustei e cai da cama. Chad se sentou na cama assustado, bocejando. Respirei fundo, tentando me controlar.

– Você está bem? – Chad falou num bocejo.

– Sim, mas o que você está fazendo na minha cama? – Minha voz tinha um tom de indignação.

– Oh, sim. Desculpa, mas eu não queria dormir no sofá com Scirus. Eu poderia dormir no chão, mas esfriou muito.

– Você poderia ao menos me avisar que estava deitado ai.

– Você estava dormindo de um jeito tão bonitinho, me sentiria mal se te acordasse.

Me levantei, tentando ignorar o fato de que ele estava sem camisa. Mas afinal, eu não poderia deixar de fazer aquele comentário.

– Estava frio mas você dormiu sem camisa? – Ele só riu e bagunçou me cabelo. Scirus bateu na porta todo sorridente, carregando meu rádio de pilha, ouvindo Jack Johnson.

Tomei meu banho enquanto Scirus e Chad conseguiam alguma coisa pra comer. Prendi o cabelo e fui para a cozinha. Scirus comia um guardanapo e Chad fez um omelete pra nós.

Saímos do apartamento e fomos para a casa de Chad. Mas é claro que nossa vida estava muito fácil. Assim que viramos a esquina meu anel começou a formigar. Parei de repente.

– O que foi? – Levantei a mão e ele se calou. Mais do que formigar, meu anel estava esquentando, ou algo com uma sensação parecida. Chad continuou me olhando.

A sensação diminuiu um pouco. Continuei andando, com passos hesitantes. Scirus e Chad não perguntaram nada, só me seguiram. Pensei no que poderia estar nos seguindo.

Chad tocou o interfone, ele não tinha a chave. Dante atendeu, com o mesmo tom arrogante de sempre.

– Pois não?

– Abre o portão, Dan.

– Então você se lembrou que tem casa, irmãozinho?

– Abre logo, Dante.

– Ok, ok. Calma.

O anel voltou a formigar no meu dedo. O portão abriu, Chad nos deixou passar antes. Ouvi ele fechando o portão e nos seguir. O formigamento aumentou, junto com uma sensação de desconforto.

Dante abriu a porta abrindo os braços, exibindo um sorriso sarcástico. Claro que ele tinha que estar sem camisa, pra mostrar que tinha ganhado um pouco de massa muscular.

– Sejam bem vindos. Olá, muleque estranho.

– Não fala assim, Dante.

– Perdão. Criança com problemas de locomoção. – O sorriso sarcástico ficou ainda maior.

– Babaca. – Dei um suspiro e entrei no apartamento.

Aquela sensação estranha não passava dessa vez. Olhei ao redor, achei que estar dentro de uma casa, de um prédio diminuiria a sensação, mas parecia piorar.

– Péssima hora, irmãozinho. Nossa mãe não está em casa, foi na delegacia.

– Fazer o q... – Chad parou no meio da frase quando percebeu a situação. – Seu maldito, eu te pedi pra avisar pra ela que eu estava bem.

– Não, senhor. Elgin me pediu. Mas ela poderia ter te sequestrado,né?

– Dante, seu maldito. – Scirus pulou na frente de Chad e eu segurei seus braços. Ela estava até vermelho de raiva. Dante estava sério agora.

Então meu anel começou a esfriar no meu dedo, tipo, como uma pedra de gelo. Tanto que começou a queimar, e eu acabei sentindo um pouco de dor.

Me dobrei tentando tirar o anel, mas ele parecia estar preso no meu dedo. Chad parou de tentar avançar em Dante e veio me ajudar. Scirus estava sem reação, e Dante ficava procurando algo ao redor, algum ser.

O cômodo ficou quente, brilhante. Parecia um clarão. Algo parecido aconteceu na rua. E então o anel parou. Me levantei, já bloqueando a dor.

Levantei os olhos e fiquei olhando embasbacada. O cara ficou olhando pra nós e, deuses, deus, sei lá, como ele é lindo. Demorou um pouco para eu perceber uma certa semelhança entre ele e os irmãos Maener.

– Como estão? Docinho. – Ele piscou pra mim, acabando com qualquer dúvida que eu poderia ter. Eu estava encarando Apolo.


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Notas finais do capítulo

Deixem reviews, favoritem, recomendem e tudo o mais hehe :D