Deusa Ou Humana? escrita por LM


Capítulo 5
Peça diferenciada


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, eu estava em época de provas!



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Quíron me dissera que eu saberia quem eram meus pais logo. Não passaria de uma semana. Mas já faziam duas.

— Bom, as vezes, os deuses ficam ocupados e não têm tempo para seus filhos. - ele disse. Dei um sorriso irônico, como se não soubesse disso.

— Mas o que custa parar por 5 minutos? Por que sempre estão ocupados para todos os semideuses daqui? Se meus pais estiverem ocupados por uma crise de amor eu prefiro não saber quem são. Porque é impossível... - percebi a confusão que fiz naquele bolo de palavras, e consegui ser interrompida.

— O que os deuses fazem não são de nossa conta. Não se importe com a pergunta "Quem são meus pais?", só tente descobrir através de seus talentos. É assim que surgem os heróis. Treinei tantos, e me orgulho deles até hoje. Alguns morreram, mas foram todos de forma gloriosa. E logo vou sentir falta dessa geração de heróis. - Quíron olhou para cima, e suspirando e sorrindo. Logo percebi que ele estava quase chorando, e que provavelmente estava com várias lembranças na cabeça.

— Espero que eu seja algo que preste... - e saí da Casa Grande.

Quando cheguei no chalé, senti lágrimas escorrendo pelo meu rosto. Não havia nenhum filho de Hermes lá, mas havia três pessoas que eu sabia que não haviam sido reclamadas. Todos estavam entretidos fazendo alguma coisa. Uma delas estava mexendo com engrenagens, outra com maquiagem, e outra dormindo. Naquele momento, me pareceu que todos eles já sabiam quem eram seus pais, já reconheciam seus talentos. Por que eu não?

Deitei em minha cama e fiquei lá, a espera de que eu quisesse fazer algo. Mas não veio nada. Não quis fazer nada.

"Se vou ficar mofando aqui, então é melhor eu sair." pensei.

Não olhei para trás ao bater a porta, e andei sem ver para onde eu estava indo.

—------

Por quanto tempo eu andei, eu não sabia. Mergulhei dentro da floresta do acampamento. Só tomei consciência disso quando apareceu uma criatura estranha na minha frente. Era um cão, porém o triplo do tamanho de um cachorro grande. Ele tinha olhos vermelhos, e dentes afiados (e dali caía muita baba). Aquilo seria um... cão infernal?

Ele estava sentado, olhando para mim com um olhar apetitoso. Meu sangue gelou. Se era a criatura a qual Riley mencionou, eu estava morta. Me afastei devagar, de costas, sem tirar os olhos dele.

O cão começou a rosnar e se posicionar para um ataque. Soltei um berro desesperado e saí correndo por onde vim, mas parecia que tudo havia mudado de lugar. Eu não me lembrava mais como diabos fui parar ali. Eu estava berrando sem parar. As árvores podiam se mexer ali, pois muitas não eram árvores, de fato. Ninguém iria vir me ajudar. Então, trombei com alguém que era alto.

— Katie? - olhei para cima, me deparando com Riley assustado - O que está acontecendo? - ele colocou a mão em meu ombro, me afastando para trás dele e olhou para a direção de onde saí correndo. - Já entendi, já entendi! Fique atrás de mim!

Então, de suas costas, pegou seu arco e uma flecha, as quais eu jamais tinha reparado. Ele mirou, atirou, e a flecha acertou em cheio o coração do cachorro. De repente, a criatura tinha se desintegrado.

Estava novamente chorando, e o abracei, agradecendo:

— Obrigada. É sério. Sem você, eu teria morrido... Duas vezes ainda.

Riley riu e respondeu:

— Na primeira vez que eu te salvei, talvez, mas agora acho que você teria se virado de alguma maneira e descoberto o seu dom.

— E o seu dom é usar arco e flecha, sendo que você é filho de Poseidon? Esperava algo como... Você tacar nos monstros um tridente. - ele deu risada, me dando um leve empurrão.

— Você só fala coisas sem sentido, Katie.

— Obrigada, isso realmente me deixou bem! - nós demos risada, caminhando de volta para os chalés.

— Você não tem a mínima noção de quem seja filha?

— Talvez eu seja mortal, para falar a verdade. Se não me encaixo em nada, parece que todos aqui são peças de um quebra-cabeça, e eu sou a peça perdida... Ou pertenço a outro jogo. Fazem três semanas que eu estou esperando, e já não aguento mais...

Seu olhar era de dó, como se não pudesse fazer nada. E na verdade, não podia. Mas não queria ser vista assim.

— Riley, preciso ir... Mais tarde nos vemos. - ele tentou protestar, mas eu já tinha batido a porta do chalé.

—----

Na hora da reunião em volta da fogueira, todos cantavam felizes. Eu só fingia que estava cantando, e quando alguém me olhava, forçava um sorriso. A noite estava clara, sem nuvens, com estrelas destacadas. Ali, várias pessoas apontavam ao céu e diziam "Olhe, a constelação da Zöe Doce-Amarga está brilhando!". Diziam que ela era uma caçadora de Ártemis, filha de Atlas. Ela havia sido muito importante para salvar a história da humanidade. Mas não me explicavam muito além disso.

Estávamos nas últimas músicas da noite, quando um brilho acima de todos nós começou a quase nos cegar. Mais um a ser reclamado, e não seria eu. Provavelmente seria um sortudo com menos de três dias no acampamento.

Quando olhei para cima... O brilho partia de mim. O brilho normalmente era contínuo, mas esse acima de mim oscilava, com dois símbolos querendo se destacar. Todos faziam silêncio e se olhavam, confusos. Eu era o centro das atenções, e senti meu rosto esquentando.

Um martelo tremeluzia, antes de dar lugar a um floco de neve. Nenhuma das figuras ficava nítida.

— O que exatamente é aquilo?

— Ela é filha de quem?

— Será que existe outro deus?

— Que símbolo é esse?

Durante um minuto, a luta entre os símbolos continuou, e eu não conseguia entender. O brilho durava 5 segundos, e as pessoas não compreendiam de quem eu era filha. Quando se apagou, o silêncio voltou. Então Dionísio, o diretor do Acampamento, perguntou:

— A senhorita poderia se explicar o que aconteceu?

— Eu n-não sei... - senti meu rosto corando novamente.

— Isso só pode ser uma pegadinha dos Stoll.

Os dois irmãos começaram a gritar, dizendo que não, que juravam pelo Estígio que nunca fariam aquilo. Então uma garota loira, de olhos cinzas, alguns anos mais velha do que eu, levantou-se e disse:

— Oi Katie. Eu sou a Annabeth. Seu caso é extremamente raro, mas de acordo com os meus pensamentos, você não é uma semideusa. Talvez você seja uma humana.

Vários murmúrios surgiram ali.

— Mas ela não pode ser mortal! Se fosse, nem aqui ela poderia estaria. - alguém disse.

— Os símbolos são de deuses opostos. Os dois a reclamaram pois algum motivo os convenceu de que seria melhor deixar claro de que você é filha dos dois. Porém, se você fosse filha de dois deuses, seria uma deusa. E provavelmente estaria no Olimpo.

— O que eu sou, então? - um pânico surgia em meu peito.

Annabeth hesitou em falar, mas continuou:

— Você é filha de dois semideuses. É a primeira aqui, pois nenhum semideus passou dos 20 anos. Você pode ser quatro coisas: mortal, uma "quase" semideusa, semideusa ou deusa.

Várias pessoas arfaram na roda, surpresas.

— Se você herdasse só o divino, você seria uma deusa, com poderes originados dos seus pais. Se metade, pode ser uma semideusa com poderes ou do seu pai, ou da sua mãe, ou dos dois. - ela continuou - Caso você herdou um terço do divino, esse terço poderia ser um pequeno poder de um deles ou ambos. Por fim, se mortal, herdou a genética humana de seus pais. Mas você pode enxergar através da névoa.

— O que...?

Quíron anunciou, então:

— Katie Green, você é filha de semideuses... Filhos de Hefesto e Quione.


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