Harry Potter Por Olhos Negros escrita por CY


Capítulo 41
Relíquias da Morte - 06


Notas iniciais do capítulo

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Harry Potter e as Relíquias da Morte - (Parte 06)



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Harry acordara mais tarde, já que fizera vigia durante a noite toda. Hermione também não dormira direito, já que ficara olhando Rony, que ardia em febre, por causa de seu braço estrunchado. A barraca do trio não podia ser vista por ninguém já Hermione colocara feitiços de proteção, ainda mais depois que ouviram a Potterwatch, a rádio que noticiava os principais acontecimentos do dia. A rádio contara sobre os sequestradores e isso deixava a missão de achar as Horcruxs mais difícil ainda. Pelo menos os feitiços de Hermione não deixavam vestígios do trio por ali. Harry já saíra da barraca depois que comeram os últimos biscoitos que restavam da bolsinha de Hermione. Os biscoitos eram ao almoço daquele dia. Harry viu as árvores altas e passou os olhos pela orla. Ninguém por ali. Estavam totalmente sozinhos. Ele se sentou encostado em uma árvore, e puxou o pomo de ouro de seu bolso. O analisava por inteiro, mas o pomo não lhe respondia nada em troca.

– Harry, você viu meu livro de poções? – Hermione colocara a cabeça para fora da barraca – Eu queria ver se tem algo para dar ao Rony. O livro da Ellie deve ter alguma coisa sobre cura...

Harry fez que não com a cabeça. Ela suspirou, lembrando que devia ter deixado o livro na Toca. Não havia o que melhorasse o braço de Rony, e eles nem podiam aparatar dali ou levá-lo para algum lugar. Ron não aguentaria. Hermione foi até Harry e se sentou ao seu lado, também encostando na árvore.

– Ainda com fome? – Ela sorriu

– Acho que sim...Ando pensando tanto que não lembro que temos que nos virar.

– Vai melhorar, você vai ver... – Hermione olhou para Harry e ele sorriu de novo.

Não havia o que conversar. O tédio invadia cada dia que passavam e pensavam em como seria ainda estar em Hogwarts cursando o último ano. Harry ficou vendo um passarinho que estava em cima de uma árvore. Ele pulava cantando e um galho a outro. O passarinho encontrou outro e Harry pensou em Gina. Ele franziu ao ver o sol cortar seu olho e voltou para os passarinhos, mas as aves voaram assustadas.

– Hermione... – Harry cutucou a amiga e a fez olhar para a mesma direção.

Do outro lado da proteção, Harry viu o porquê dos passarinhos levantarem voo. Um labrador preto passava por ali cheirando as folhas secas do verão.

– Deve ter fugido. – Hermione sorriu. Ela adorava os labradores de seu bairro trouxa – Devem ter chalés por aqui. É comum saírem para caçar. Meu tio fazia o mesmo com o pastor dele.

– Acha que ele tem dono?

– Provavelmente, olhe... – Hermione apontou para o cachorro e realmente ele tinha uma coleira.

Os dois viam o cachorro cheirar a esmo, e só contemplavam esperando que logo o dono chamasse por um assovio. O cachorro cheirou mais um pouco e entrou na floresta sumindo. Voltando a mirar a paisagem, Harry já se esquecera dele, quando ouviu um latido de dentro da floresta, mas nem ele ou Hermione se importaram. O labrador preto surgiu mais uma vez agitado. Latiu mais duas vezes para o nada e abanou o rabo freneticamente. Isso fez Harry se levantar.

– Onde vai? – Hermione olhou pra cima – Ele deve ter visto um coelho Harry...

O cachorro latiu mais uma vez e arrepiou o pelo nas costas. Aquilo atraíra Harry, que tinhas seus olhos fixos no cão.

– Harry... – Hermione se levantara atrás de Harry que quase saía da proteção – O dono já vai aparecer. Esqueça.

– Hermione. Eu já vi esse cachorro.

– O que? – Hermione franziu.

O labrador continuava cheirando loucamente, quando deu um latido tão alto e rouco, que Rony saiu da cabana para ver o que acontecera. O braço estava enfaixado, mas ele conseguia se levantar.

– O que aconteceu Hermione?

– Harry quer sair da proteção e ver esse cachorro!

– Ele enlouqueceu? Pode ser de um comensal!

Enquanto Hermione olhava para trás e se surpreendera com a suposição de Ron, Harry já estava no limite do feitiço de proteção. Se desse um passo, qualquer um o veria.

– Volte Harry! – Hermione gritou. Mas Harry viu a coleira do cachorro e se revelou dando um passo a frente.

O cachorro o fitou. Harry ficou ali parado e o labrador preto como a noite, só tinham o que Harry mais queria ver. Ele tinha olhos negros. Harry sorriu e o labrador abanou o rabo e correu em direção a Harry como se fosse pegar uma bolinha de tênis no ar. Quando saltou, o labrador se transfigurou e Ellie o abraçou com força.

– Eu sabia que você ia entender! – Ellie o soltou devagar.

– Você é uma animaga? – Harry ergueu as sombracelhas.

– Sabendo de quem sou filha... Porque o espanto?

Os dois sorriram e Hermione e Rony também saíram da proteção, já que viram Ellie chegar.

– Eu sabia! – Rony tinha a voz fraca, mas sorria – Eu falei que ela não ficava se encontrando com a Minerva por acaso!

– Isso é demais Ellie! – Hermione se aproximou.

Ellie abraçou cada um, e sorria em resposta.

– Como soube que era ela? – Rony se virou.

– Eu não sei. Só me chamou a atenção... Eu tinha que me aproximar. Quando vi de perto, não era uma coleira. Era o nosso colar!

– Estávamos com saudade Ell! – Hermione era doce – Mas como sabia onde a gente estava?

– Depois eu conto tudo Mione, mas antes preciso falar com Harry...

– Claro, fale... – Harry tinha o sorriso de orelha a orelha.

– Eu... – Ellie desfez o riso – Eu trouxe alguém comigo...

– Alguém? – Harry franziu – Quem? Lizzy?

– Não... – Ellie deu alguns passos para trás enquanto Harry tentava adivinha e seguia até a orla da mata – Não pirem, por favor...

Ellie foi até uma árvore e o trio a acompanhava. Ela puxou uma mão de trás da árvore e Draco apareceu um pouco encolhido. Os três arregalaram os olhos. Ellie se aproximou deles trazendo Draco pela mão.

– Oi... – Draco acenou discretamente e Harry fitou Ellie.

– Você só pode estar brincando com a minha cara! – Harry desfez totalmente o sorriso.

– Harry... Calma. Eu posso explicar...

– Você enlouqueceu Ellie? Eu confiei em você! E você me traz um Malfoy pra cá!

– Harry...

– Sabe o que você está arriscando Ellie? Isso não é um jogo!

– Se acalme!

Ellie puxou o braço de Harry e o trouxe para um canto deixando Hermione e Rony ignorarem Draco do outro lado. Nenhuma das caras era boa. Harry e Ellie sussurravam alto, mas os três não o ouviam.

– Ele mudou Harry...

– Ninguém muda de um dia pro outro Ellie! Por Merlin, ele quase assassinou Dumbledore esse ano!

– Harry... – Ellie tentava se explicar – Ele tentou me salvar... Voldemort ameaçou a mim. Ou ele fazia algo, ou eu não estaria aqui! - Harry olhou pra cima - E se fosse você, não me salvaria? Pior... se fosse com Gina, Harry. Você faria o que?

– Ellie, eu posso até pensar em relevar se isso for verdade. Mas eu não posso arriscar tudo entende? Eu não posso errar dessa vez.

– Ele não vai contar nada...Eu prometo...

– Não é questão de contar Ellie. Você já pediu demais trazendo o pra cá...

– Harry...Ninguém estendeu o braço pra Você-Sabe-Quem quando ele precisou. Ninguém acreditou no meu pai quando ele era inocente. E olhe o que aconteceu com eles... – Ela o fitou – Eu sei que vocês se odeiam. Eu peço por mim Harry... Eu já viu alguém que eu amava indo embora...Eu não quero perder mais ninguém...

– Ellie...

– Só uma chance...por favor.

Harry olhou para Draco ao lado de Hermione e Rony que faziam cara feia também. Ele olhou para o céu buscando paciência. Respirou fundo e fitou Ellie.

– Você quando quer alguma coisa... não tem jeito não é?

– Ele pode ficar então? – Ellie sorriu forte.

– Se ele tentar alguma gracinha, Ellie, eu juro que mato...

– Obrigada, obrigada, obrigada!! – Ellie abraçou Harry com força mais uma vez e seus olhos brilhavam. Ela o soltou lembrando que Draco estava ali do lado – Não vai se arrepender...eu juro!

Harry e Ellie se aproximaram dos três, mas Harry fitou somente Draco.

– Isso é por Ellie...

Hermione e Rony franziram entre si. Não podiam acreditar nisso. Ellie sorriu para Draco, que estava mais afastado e ele entendeu que podia ficar. Harry entrou na proteção sumindo de vista.

– Ele está brincando não está, Hermione? – Rony não sorria.

– Dessa vez não... – Hermione cruzava os braços, mas queria voar no pescoço de Ellie. – Acho que vamos ter que conviver com a doninha agora... - Os quatro entravam na proteção atrás de Harry. Ellie entrou na barraca seguida por Draco. Hermione a fitava e quando finalmente Draco deu uma brecha, ela puxou Ellie para um canto, onde ficava a sala da barraca dos Weasley.

– Ellie...Porque trouxe ele?

– Eu não tive escolha Mione!

– Deus Ellie! Harry está uma fera. Você não devia ter feito isso!

– Ele disse que me amava...

– Você podia pelo menos...Ele o que?! – A ficha de Hermione caiu

– Não é maravilhoso? – Ellie sorria bobo, do mesmo jeito que Lizzy fazia às vezes.

– Ellie, o que você comeu que estava estragado? – Hermione estava séria, mas Ellie nem ligava.

– Ele me beijou na chuva...Foi lindo...Você tinha que estar lá pra ver...Na verdade não, mas...

– Merlin! Eu achei que vocês eram irmãos!

– Nós éramos, somos...Eu sei lá. Minha vida é um desastre! Nem eu sabia. Eu só percebi quando cheirei Amortentia...Eu nunca o considerei um irmão de verdade, muito menos aquela família. Mas eu me apeguei...E deu nisso...

– Isso é muita informação pra mim...Espera! – Hermione a fitara – Harry sabe disso?

– Espero que não...

– Então não conte a ele, por favor. Já basta tudo isso.

– Acha que ele está bravo?

– Só não está mais porque estava morrendo de saudades de você e muito preocupado. Se não ele te matava! – Elas se calaram e finalmente Hermione sorriu a contra gosto – Anda vai...me conta! Quero saber tudo!

Ellie riu e Hermione a acompanhou. Hermione estava pasma, mas pensando bem, talvez sempre desconfiara. Como alguém conseguia conviver com Draco? Será que Ellie podia ser tão cega? Hermione estava feliz pois sabia do quanto Ellie gostava dele, mas ao mesmo tempo, se preocupada de Ellie se decepcionar.

– O que aconteceu com seu braço, Weasley? – Draco viu Rony sentado em uma cama encostada.

– Como se você se importasse. – Ron era grosso.

– Ele estrunchou... – Harry estava em pé encostado na parede de braços cruzados.

– Posso ver?

– Vai terminar de arrancar meu braço Malfoy? – Rony o irritou de novo, mas Draco engoliu.

– Deixe me ver...

– Não! Porque eu faria isso? – Rony fez cara feia.

– Rony... – Ellie chegara com Hermione – Deixe ele ver...

Rony fez cara feia, mas Hermione ergueu a sobrancelha para ele. Depois de ouvir algumas coisas de Ellie, só podia tentar ajudar no clima pesado. Rony desenfaixou o braço e a carne exposta se mostrou. Um pedaço da faixa improvisada havia grudado na pele.

– Deite. - Draco fitou Rony.

– Eu não vou deitar...você não manda em mim.

– Vai deitar pra eu cuidar desse seu braço podre ou eu vou ter que arrancá-lo antes Weasley?

– Como se atreve... – Hermione tentou, mas Ellie puxou o braço dela.

– Rony... – Harry lhe olhou – Ele já cuidou de Ellie uma vez. Deite.

Harry se lembrara da visão de Ellie quando se machucou ainda criança. Rony se inclinou contra vontade, e Draco tirou a varinha do bolso. Antes de qualquer coisa, Harry pôs a mão na sua varinha em seu bolso por precaução. Ellie viu, mas ignorou. Draco sussurrou palavras difíceis de se entender e contornou o braço de Rony. A pele se fechou mais um pouco, e por dentro alguns ossos cresceram, deixando Rony gemer. Harry puxou a varinha lentamente, mas a pele nova de Rony crescendo o parara ao pensar em atacar Draco.

– Como fez isso? – Hermione arregalara os olhos e chegara perto vendo o ferimento se fechar mais do que com o simples Ditamno, o líquido que usara para melhor Rony.

– Não é só você que conhece tudo Granger... – Draco sorriu, mas não foi correspondido – Ele tem febre?

– Só a noite quando a temperatura cai. Ele soa frio e às vezes delira.

– Não tem nada aqui perto, não é? – Hermione fez que não com a cabeça – Dê Ditamno a ele. Podíamos usar a poção de Wiggenweld completa, mas não vou achar nada por aqui...Quando a febre aumentar coloque folhas ou toalhas úmidas na testa e nos pulsos dele. O corpo dele está lutando contra alguma infecção. Não deixe ele se cobrir e me chame se ele tremer demais a noite.

– Okay... – Hermione abaixou a voz e estava pasma.

– Vou ver se acho algo por aqui.

Draco se levantou, passou por Ellie e ela sorriu para ele. Rony, Hermione e Harry se entreolharam assustados. Draco cuidando de alguém...Cuidando de Rony? Aquele era o Malfoy? O mesmo Draco Malfoy? Ou era alguém usando a poção Polissuco com o cabelo de Draco? Ellie sorriu para eles e se retirou.


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O dia seguinte amanheceu claro e ensolarado, mesmo que o fim do verão estivesse chegando. Rony ainda dormia por causa da noite agitada de dor, e Hermione trocava as toalhas úmidas que estavam em cima de Rony a fim de protegê-lo da febre, como Draco propôs. Ellie saiu do banheiro secando o rosto e viu Harry deitado em um sofá. Ela o mirou.

– Vamos? – Ellie sugeriu e Harry levantou.

– Vamos, deixa só eu guardar isso. – Ele mostrou o pomo de ouro e pôs em cima da mesa.

Os dois saíam da barraca, quando Draco parou o que estava fazendo e os seguiu. Hermione também fora atrás. Do lado de fora da barraca, Harry arrumava o tênis enquanto Ellie amarrava o cabelo, em um rabo de cavalo alto.

– Onde vão? – Draco franziu fazendo Ellie e Harry lhe fitarem. Ellie olhou de relance para Harry e se aproximou de Draco.

– Nós vamos caçar. A comida está acabando, tanto a dele como a que nós trouxemos ontem.

– Tudo bem... - Draco sorriu e Ellie estranhou - Mas eu vou junto com você... - Era bom demais pra ser verdade.

– Não vai não... – Ellie viu Hermione sair da barraca também – Você vai ficar aqui com ela. – Ellie mostro Mione com os olhos.

– Com a Granger? Não, obrigado. Prefiro ir com vocês.

– Draco, eu vou com Harry porque ele não sabe cuidar de Rony como vocês, e eu vou porque posso me transformar em cachorro e caçar melhor.

– E eu devo dar um biscoito pra você de recompensa por esse raciocínio brilhante? - Draco fez aquela voz nojenta. A voz do ciúmes.

– Draco, você fica! – Ellie ergueu a voz e Harry e Hermione só assistiam rindo por dentro – Já falei com Hermione ontem à noite, você vai ajudá-la.

– Ajudar em que? – Draco não estava nada feliz.

– A ficar de olho em Rony e recolher lenha pra lareira. Ou você vai deixar uma dama se virar sozinha? – Ellie ria por dentro também – E outra coisa. Enquanto eu estiver fora, e em qualquer tarefa, será Hermione que mandará em você.

– Você não pode estar falando sério! – Draco viu Hermione sorrir maliciosa para ele.

– Bom, você quem sabe. É isso ou ir embora.

Draco olhou para Harry, que ergueu a sobrancelha. Viu Hermione cruzar os braços atrás de Ellie, e não tinha saída. Ele queria era ir com Ellie e Harry. Imagine só, deixar os dois a sós. Ele deu um último olhar para Ellie, mas ela nem ligava. Ele não queria obedecer Hermione, mas era isso ou deixar Ellie sozinha. Sozinha com Harry durante mais que uma caçada.

– E então? – Ela o incentivou.

– O que eu tenho que fazer? – Draco fechou a cara e perguntou para Hermione.

– Não importa, só obedeça. – Hermione sorria – Vou adorar brincar com você...doninha.

– Que bom que vocês se entenderam... Agora eu vou com meu amigo e somente amigo, Harry, caçar algo e... – Ellie sorriu – Se divirta!

Draco viu Ellie sair da proteção e ir de braços dados com Harry. Aquilo era tortura! Ele sabia que Ellie estava fazendo de propósito. O ciúme e a raiva de ter que obedecer a Granger eram válidos pra todo mal que ele já causara. Ele olhou Hermione sentar no chão e abrir um livro.

– Achei que nós íamos pegar lenha...

– Não. Você vai pegar lenha.

– Acha mesmo que eu vou te obedecer Granger?

– Não acho. Você vai. Se não eu conto a Ellie que você me bateu.

– O que?! Eu não fiz nada!

– Em quem você acha que ela vai acreditar, na melhor amiga sangue-ruim – Hermione imitou o tom nojento de Draco – Ou em você? Acho que não está com moral pra isso Malfoy. E acho melhor você começar logo... – Ela olhou pro céu e sorriu provocante – Vai chover já já...

– Eu te odeio sabia? – Draco a fitou, mas Mione se sentou novamente e virou uma página do livro sorrindo satisfeita.

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Ellie viu Harry quieto enquanto andavam pela mata a procura de um lugar bom pra caçar. Harry viu alguns passarinhos passando, mas achava covardia fazê-los de frango. Procuravam algo como um coelho ou uma galinha da mata mesmo. Eles avistaram um lago ali próximo onde também podiam pegar água. A cascata que dava ao grande lago, tinha a água cristalina e as pedras faziam labirintos nas águas rasas que desciam até se juntar ao lago. O som da água descendo era um dos melhores naquela paisagem. Ellie tirou o casaco e o deu para Harry. Ele se impressionou mais uma vez ao vê-la se transformar em cachorro. Ainda não se acostumara. O labrador preto andou em passos leves até a água. Como labradores adoram água! Ellie sentiu suas patas molharem. Era uma experiência nova para ela. Minerva sempre a ajudou na transformação, mas poder sair por ai, livre como um animal de verdade, era uma sensação ótima. Agora sabia porque seu pai vivia como cachorro. Era mil vezes melhor.

– Tome cuidado! – Harry se sentou na beira do lago e assistiu Ellie entrar na água.

O labrador preto latiu para ele e logo viu abaixo, na água transparente, alguns peixes passarem correndo. Vinham em muitos, mas o cachorro os espantara. Quando um peixe pulava na escada natural, o labrador tentava pegá-lo com a boca. Harry dava risada das falhas de Ellie. Parecia impossível pegar um. O cachorro tentou mais dez vezes, e sempre mordendo mais água e ar do que algum peixe. Finalmente um deles caiu na boca do cão. Ellie veio até onde Harry estava encostado e soltou o peixe grande com a boca. O labrador se chacoalhou para se secar em cima de Harry e deixou uma mini chuva molhá-lo. Um castigo pelas risadas. Ellie se transformou em humana e estava toda molhada ainda.

– Como é? – Harry olhava ela espremer o cabelo a fim de secá-lo.

– Se transformar? - Ellie sorriu - Engraçado. Mas tem que ter muita concentração. Isso é meio que genético, mas não é tão fácil. Tive muita dificuldade no começo e Minerva quase desistiu...Eu sofri muito... No começo, a sensação é que sua pele está rasgando aos poucos. Até calejar, eu chorava de dor todas as vezes. – Ellie olhou pro céu lembrando-se daquela época.

– Como soube que podia fazer isso?

– Uma vez quando era pequena, Dumbledore me deu uma boneca. Minha primeira. Dei o nome de Lizzy... Fiquei tão feliz que quando Dumbledore viu, eu estava abanando um pequeno rabo atrás. – Ellie riu e se sentou. – Foi espontâneo e não doeu, mas uma coisa é fazer um rabo crescer...Outra coisa é se transformar por inteiro.

– Por isso você tinha aulas com a Minerva?

– Sim – Ellie espremeu o cabelo mais uma vez - Eu comecei pequena. Dumbledore pediu a Minerva que me treinasse escondida do Ministério, mas ela relutou bastante já que queria que eu fizesse um registro. No final ela cedeu quando Dumbledore disse era crucial que isso fosse segredo para minha missão.

– Acha que isso vai te ajudar como?

– Não sei...Mas pelo menos estou caçando pra vocês...Já é últil. E se eu for parar em Azkaban por tudo que menti... – Ellie riu-se – Pelo menos fujo igual meu pai.

– Sinto falta dele... – Harry desfez um pouco o sorriso ao lembrar de Sirius.

– Quem não sente... – Ela desviou da saudade e deu uma gargalhada de repente. Harry franziu - Você tinha que vê a cara do Draco quando viu eu me transformar em cachorro. Ele quase surtou!

– Imagino... – Harry riu também – Eu tomei um susto também. Falando nisso...Como você nos achou? Cheirando como cachorro desde a mansão? - Harry franziu e Ellie deu uma risada alta.

– Nossa! Sua imaginação é horrível Harry...

– Como foi então? Não vejo outro jeito...Nem eu sei que lado estamos!

– Sério mesmo! Você ainda não descobriu? – Ellie sorriu e Harry fez que não com a cabeça. Ela pôs a mão no peito de Harry – Acha que eu te dei o colar por quê?

– O colar? – Harry viu ela pegar o pingente.

– Nossos pais não usavam a toa Harry. Eles o fizeram quando a Primeira Guerra Bruxa começou. Com toda aquela agitação...O filho dos Potter correndo perigo, minha mãe doente, a Ordem se estruturando... Eles precisavam ter uma segurança de que podiam se encontrar se algo acontecesse.

– Ah! Agora eu entendi!

– O que?

– Quando eu vi o cachorro passando, não havia nada demais. Mas eu precisava...não sei...Eu precisava mexer com ele. Pensando bem, eu senti o colar tremer um pouco, mas achei que fosse por causa dos feitiços de proteção.

– Não...é assim mesmo – Ellie sorriu – Quando eu fui aparatar com Draco, eu só me concentrei no colar. E ele me trouxe para cá. Mas como eu sabia que vocês devia estar sob proteção, achei melhor achar pelo cheiro.

Harry pegou o pingente do colar e o fitou. Sorriu dele para Ellie, e mirou o colar dela também. Magia era simplesmente incrível. Harry se sentia tão bem novamente tendo Ellie por perto. Era como ter Sirius ou Dumbledore ali...ou seus pais. A sensação era a melhor possível, e o barulho da mata e da corrente de água passando, só ajudava.

– Soube que terminou com Gina... – Ellie embrulhava o peixe que caçara em um pano.

– Achei melhor assim...Quanto mais próximo de mim, mais ela vai correr perigo.

– Entendo...faria o mesmo. – Ellie pensou em Draco, mas viu Harry distante, provavelmente pensando em Gina – Você gosta mesmo dela, não é?

– Assim como você gosta de Draco?

Ellie engasgou.

– Do que você está falando?

– Ellie, eu não sou idiota! – Harry ergueu uma sobramcelha e Ellie bufou.

– A Hermione te contou não foi? Sabia que não devia ter falado nada! – Ellie se enchera de raiva.

– Não, foi a sua cara mesmo! – Harry sorriu e Ellie não tinha como negar. – Por que outro motivo você o traria pra cá? – Ellie desistiu, mas só precisava saber se uma coisa.

– Você não está chateado comigo, não é?

– Lógico que eu estou! O que raios você viu nele Ellie? Você enlouqueceu?

– Não sei...ele...sempre esteve comigo. – Ellie sorria boba ao lembrar - Mesmo tendo a família que tem, ele é diferente Harry, eu juro. E nunca daria certo entre eu e você...

– Porque não?

– Você corre muito risco de vida...Eu não tenho mais psicológico pra isso... – Ellie segurou, mas a risada veio forte. Harry riu também.

– Acho que você gosta mesmo é de se meter em confusão...Por isso gosta dele. Só espero que ele seja mesmo como você diz...Não quero ver você se machucar... – Harry a fitou e ela sorriu. Só então ela se tocou que os papéis se inverteram. Draco era seu amor e Harry seu irmão.

– A vida é muito estranha mesmo... – Ela percebeu que Harry entendera também – Acha que meu pai aceitaria?

– Sirius aceitar Draco? Ele deve estar juntando forças lá em cima pra descer e te bater!

– Harry! – Ellie gargalhara alto e batera no ombro dele, que também ria.

– Se você acha mesmo que Draco é diferente...e eu espero que você esteja certa...Sirius aceitaria sim. Ele te conhecia Ellie. Sabia que você tinha dom pra se meter em encrenca. E deve ser genético ir contra o que a família quer. Assim como ele ficou como Camille. – Harry deu uma risada, mas logo ficou sério – Ele também sabia que você tinha um dom... Talvez seja o de mudar as pessoas com seu encanto. Isso é raro Ellie...

– Obrigada. – Ellie sorriu de volta e os dois fitaram a água descendo mais uma vez.

– Bom...acho melhor voltarmos... – Harry se ergueu e ela também.

– Acho que quando chegarmos lá vamos encontrar Hermione atirando um pedra em Draco, ou ele voando no pescoço dela...

– Ou a barraca pegando fogo...

Os dois sorriram com a possibilidade e Ellie guardou o peixe grande caçado. Ela ainda conseguiu um coelho no caminho, e os dois adentraram a mata de novo a procura do acampamento, esperando que Draco e Hermione não tivesse começado uma terceira Guerra Bruxa entre si.


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Notas finais do capítulo

Capítulo 42 em breve!