Rosalie Hale

-Tem certeza que é aqui?-indaguei a Alice que estava ladeada por Jasper, a minha direita.

-Tenho. Eu vi tudo claramente.-ela respondeu em um sussurro e eu bufei.

Francamente, eu estava exausta dessa saga se repetindo: Bella e Edward estavam bem, mas em seguida, um vampiro qualquer aparece e sabe-se Deus porque, vê graça na humana e tenta mata-la, o que nos obriga a fazer o serviço pesado: matar o vampiro e depois descansar para o ciclo recomeçar.

-Será que vai demorar?-Emmett perguntou, ansioso ao meu lado.

Semana retrasada, Edward sentira o cheiro de uma vampira desconhecida e pronto, nossa rotina voltara a ser miseravelmente tensa.

Ele ficou tenso graças ao “possível” risco a humana, e isso piorou quando um dos cachorros veio até nós falar que havia um novo clã na cidade.

Não nego que fiquei um pouco abismada e interessada.

Vampiros vegetarianos fixando moradia em Forks, o que praticamente nos forçava a apelar para a política de boa vizinhança e conversar com eles.

Eu e Esme ficamos imediatamente interessadas em saber de quem se tratava, se eles não nos causariam problemas e etc.

Mas é claro, o paranoico Edward achou que tudo era para a Bella. Tudo por ela.

E já começou a odiar os tais vampiros sem lhes dar um voto de confiança.

-Pode ir embora se quiser, Rosalie.-ele disse áspero, lendo meus pensamentos.

-Saiba que se estou aqui, é porque Carlisle convocou a família inteira para estar aqui. Não é pela humana.-respondi tão gentil quanto ele.

-Calem a boca, eles estão quase aqui.-com o olhar perdido no horizonte, Alice murmurou em desespero.

-Vamos ficar todos calmos. Deixem Carlisle falar.-Esme intercedeu, encarando a todos nós, mas todos sabiam que a parte de deixar Carlisle falar era estritamente para Edward.

Então eles surgiram em um piscar de olhos, apesar dos cheiros e dos ruídos terem chego bem antes.

Eram cinco. Na direita estava um casal de mãos dadas e expressão apreensiva. A mulher era loira de cabelos longos e o homem era bem alto de cabelos castanhos. Os dois me lembravam Esme e Carlisle com seus olhares paternais. Do lado esquerdo, outro casal, porém mais relaxado e mais despojado, de aparência mais tranquila e juvenil, nem um pouco preocupados conosco, mas sim, ansiosos.

E havia uma mulher na frente, de rosto angular e imponente. Os cabelos longos e negros, a expressão séria e fria e os olhos extremamente carregados de um sentimento impossível de descrever.

-Sentimos muito. Faz parte da política de “Boas Vindas” trazer um bolo caseiro não é?!-irônica, ela cruzou os braços e deu um passo a frente. Fosse ela quem quer que fosse, o jeito dela me agradava.

Assim como eu, ela não estava satisfeita em estar alí e deixava aquilo claro.

-Se fosse por essa política, nós deveríamos trazer algo. Somos os anfitriões.-Carlisle disse, parecendo não entender as notas de irônia na voz da garota, ou as estava ignorando. Amigável, ele deu um passo na direção dela.-Sou Carlisle Cullen e essa é minha família. Essa é minha esposa Esme e meus filhos, Edward, Alice, Jasper, Rosalie e Emmett.-ele disse e cada um de noz fez um gesto ou moveu a cabeça, para demonstrar quem era quem.

-Sou Evelyn Wright. Esses são meus pais, Laurie e Joseph.-ela apontou para a loira e o alto.-E esses são meus irmãos, Nathaniel e Liberty.-ela finalizou, apontando para o outro casal e eu presumi que a garota fosse a amiga dos lobos da qual o cachorro havia falado.

A vampira com passe-livre para a “viralatalândia”. Patética.

-Soubemos pelos lobos da existência de vocês.-Carlisle tornou a falar.

-Digo o mesmo.-ela murmurou com uma careta. Parecia odiar aqueles pulguentos tanto quanto eu.-Não os procuramos antes por obrigações no restaurante, mas creio que Alice tomou conta disso e nos forçou a essa reunião.-carregada de irônia, ela não disfarçada a falta de desaprovação para o comportamento de Alice. Francamente, ficar vigiando os novos moradores da cidade era extremamente deselegante.

-Isso só não ocorreu antes porque você, a líder, eu presumo, estava invisível a ela.-Edward meteu-se na conversa e eu bufei, rolando os olhos. Estava demorando.

-Não é culpa minha se sou um ponto-cego a vocês e se bloqueio suas habilidades. Pensa que não sei que você, nesse exato momento, acredita que quero aniquilar sua humana?-ela zombou dele.-Posso ler cada pensamento aqui e os seus não são os mais agradáveis, diferentes de sua irmã alí.-ela gesticulou em minha direção.-Acho que eu e ela concordamos que mais discussões são desnecessárias. Não causaremos danos a imagem de vocês, Esme. Também não iremos expô-los de maneira alguma ou causar danos ao ecossistema local com nossa caça, Carlisle. Viemos em paz,  Emmett, não tenho culpa de atrapalhar suas previsões, Alice. Também temos habilidades, Jasper. Eu sou um espelho. Toda habilidade lançada contra mim é repelida e refletida automaticamente, portanto esforce-se em tentar aclamar os ânimos de Edward e não os meus e definitivamente, eu concordo com Rosalie. Nem tudo é sobre sua humana, Edward.-respondendo cada pensamento, ela deu mais um passo quando Edward fez o mesmo, rosnando baixo.

-Filho, acalme-se.-Carlisle pediu e ele deu um passo para trás, sem piscar, encarando-a de um jeito feroz, o que não a abalava, já que um sorriso zombeteiro bailava nos lábios rubros da garota.

-Está tudo bem, Carlisle?-ela indagou, estendendo a mão direita para ser apertada.

-Sim, temos um acordo de paz aqui.-sorrindo, ele estendeu a mão e apertou a mesma, selando nossas relações.

-Vou contar a Bella que está tudo em paz.-com a voz desconfiada, Edward partiu.

-Ótimo, eu estava louco pra caçar.-Emmett murmurou em meu ouvido, puxando-me para próximo dele, depositando um beijo no topo de minha cabeça.

-Nem me fale! Essas coisas de reuniões não são a minha cara.-o rapaz –Nathaniel- comentou animado, saindo da formação de clãs e invadindo nosso espaço sem medo.-Eu achei uns ursos legais por aqui. Quer ver quem encontra um primeiro?-ele propôs a Emmett, estendendo a mão para um toque masculino de praxe.

-Ninguém entende mais de ursos do que eu.-Emm respondeu sorrindo enquanto o cumprimentava.

-Ah, eu duvido. Esse garoto é um nerd!-em milésimos de segundos, Liberty surgiu ao lado do irmão, empurrando-o, tão simpática quanto ele.

-Isso é o que veremos.-e disparando na frente, ele entrou novamente na densa floresta, forçando os dois a saírem da clareira e partirem atrás dele.

-Eles esquecem que sou mais rápida.-Alice comentou sorrindo, também correndo com Jasper a seu encalce.

Parecia um acampamento barato de fim de ano, sem Edward,

-Nunca conheci outra “mãe de família vampira”, isso é bem animador!-a loira do clã deles deu um passo humano em direção a Esme que foi sorridente até ela, trocando dois beijinhos.

-Nem me diga! Vai ser bom ter alguém pra trocar experiências.-nossa mãe comentou animada enquanto Carlisle era um pouco indelicado, indagando porque a filha era a líder e não ele.

-Parece mesmo um acampamento barato.-ela confirmou meus pensamentos, parando a meu lado. Éramos as únicas aleatórias na clareira.-E respondendo a pergunta de seu pai, que está realmente absorto, empolgado com Joseph, sou a líder porque criei esse clã. Criei todos, menos Laurie. Ela veio até nós.

-Os criou por livre e espontânea votade?-indaguei, arqueando as sobrancelhas.

-As situações de quase morte ou total desgraça me obrigaram. As vezes eu me arrependo.-ela confidenciou.-Os sentenciei a esse tipo de vida eterna e incerta.

-Você pensa como eu.-admiti.-Isso não é realização, é castigo.

-As vezes eu só queria estar...

-Morta?-eu completei a frase.-Pois não é a única. A idéia de nunca evoluir me é fétida.

-Sem possibilidades novas, sem família, sem filhos...-ela comentou com o olhar vago e eu me perguntei se era um truque mental ou se ela realmente concordava tanto assim comigo.

-Não é um truque.-ela respondeu, lendo meus pensamentos. Aquilo era irritante, mas sem dúvidas, com Edward era mais ainda.-Eu apenas tinha sonhos que não pude realizar com a pessoa que eu amava.

-Sou toda ouvidos. Não tenho nada de interessante pra fazer mesmo.-dei de ombros.

-Meu antigo parceiro. O conheci quando humana. Eu o perdi antes que pudéssemos casar, adotar crianças já que gera-las é impossível.-ela comentou com o olhar baixo e eu compartilhei com ela aquela tristeza. Sentíamos, afinal, a mesma frustração.

-Onde ele está agora?

-Os cachorros o mataram.-o ódio era visível nos olhos dourados de Evelyn.

-Eu sinto muito.-sem jeito, eu disse baixo. Era raro eu utilizar palavras delicadas ou de consolo.

-Bom, enfim...-ela deu de ombros.-Parece que todos estão se dando bem.-era verdade. Esme e Laurie conversavam animadas, Joseph e Carlisle não eram diferentes, sem dizer que de longe, nós ouvíamos os barulhos e gritos, vindos de Emmett e os demais.

-Menos Edward.-lembrei-a.

-Ele é sempre hostil daquela forma?-ela perguntou, interessada.

-Sempre hostil quando o assunto é a humana.-rolei meus olhos.-Não entendo a fixação dele por ela. Quer dizer, meio quilo de osso e cabelo e pronto, ele está insuportavelmente protetor.

-Não o critico por se sentir atraído por humanos...-a voz dela era incerta, o que me deu a impressão de estar escondendo algo envolvido ao assunto em pauta, como uma paixonite por algum humano.-A questão é: precisa ser tão exagerado?

-Esse é Edward Cullen. A primeira vista ele é de tirar o fôlego, mas no segundo depois, você se pergunta por que alguém transformaria alguém tão chato!-eu estava exagerando, é claro, mas a conversa estava entrando em um rumo divertido.

-Eu a vi na mente dele. A garota.-era visível que ela reprimia uma gargalhada.-Bom, ela não é exatamente um motivo para perdição.

-Não precisa dizer mais nada, eu entendi!-sem fazer questão de reprimir qualquer risada, eu gargalhei.

-Bom, eu tenho que ir.

-Algo me diz que se você não chama-los, eles não irão embora nunca.-eu disse certa do que dizia. Os “animados vampiros” pareciam realmente dispostos a nunca mais saírem dalí.

-Foi bom conversar com alguém que pensa como eu.-ela disse, agora desmanchando o deboche.

-Foi bom conversar com alguém que pensa!-sorrimos juntas com meu comentário enquanto dávamos as costas, uma para a outra.

Ela recolheu seu clã e eu notifiquei o meu, dizendo que estava indo para casa sozinha.

Enquanto o fazia, não pude deixar de sorrir.

Alice e Esme eram minhas irmãs, minhas amigas, minha família, porém desde Vera, eu não tinha uma amiga ou outra mulher com quem eu pudesse conversar e concordar comigo em alguns assuntos que fossem.

Aquilo era novo.

Aquilo era bom.